Universidade do Vale do Paraíba Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação Curso de Jornalismo. Rodolfo Reis Rodrigo Martinis

Documentos relacionados
Dicas Crie um estilo pessoal

Você já ouviu a história de uma tal "garota legal"? Bem, se não, deixeme contar uma história:

UFRN PIBID Subprojeto PIBID-Pedagogia SEQUENCIAS DIDÁTICAS

TEXTOS SAGRADOS. Noções introdutórias

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2202D - Comunicação Social: Jornalismo. Ênfase. Disciplina A - Telejornalismo II

10 DICAS PARA AUMENTAR SEU INÍCIOS!!!

Oficina de Roteiro. Oficina de Roteiro. copyright - Felipe Neves

CARREIRA COMERCIAL CHAVES PARA O CRESCIMENTO DE EQUIPE DISSOLVENDO OBJEÇÕES

Abordagem fria. Por que fazer abordagem fria? Onde fazer abordagem fria?

Os s estão com os dias contados

TABUADA DAS OBJEÇÕES

Os Principais Tipos de Objeções

Transcriça o da Entrevista

Transcrição da Entrevista

Um Guia para Elaborar Boas Apresentações. Profº:Ricardo Leal Lozano MSc

Acreditavam em vários deuses (Politeístas); Seus deuses viviam no Olimpo (sinônimo de Céu); Os deuses podiam tanto ser bons com os humanos como

AUTÓPSIA DO MEDO (Contos) Clóvis Oliveira Cardoso

Parte Um Minha_Vida_Agora.indd 7 Minha_Vida_Agora.indd 7 11/06/ :19:05 11/06/ :19:05

Sequência didática Práticas pedagógicas e cinema: contribuições à Educação Ambiental Crítica

IMPORTANTE: Este livro é recomendado para pessoas solteiras. Caso você seja louco comprometido e coloque em prática essas dicas, que seja com seu parc

Copyright 2013, Igor José Leão dos Santos. Capa: autor. 1ª edição (2013)

A bela no jardim 1 RESUMO

Descobrindo a Carreira Executiva Mary Kay. Fundamentos, Prática, Possíveis Desafios e Quebra de Objeções

COMO É QUE APRENDES? TIPOS DE APRENDIZAGEM FORMAÇÃO

Foto Publicitária Puc 1

O mar na gota de água

Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVI Prêmio Expocom 2009 Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação

INTERVENÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DE UMA SESSÃO DE REGRESSÃO DE MEMÓRIA

Você sofreu: um videoclipe da cantora Gaby Viégas 1

coleção Conversas #24 Respostas perguntas para algumas que podem estar passando pela sua cabeça.

O criador de ilusões

Teatro e Cinema PROFESSORA: HILANETE PORPINO 7 ANO/2017 PARNAMIRIM/RN

como diz a frase: nois é grossa mas no fundo é um amor sempre é assim em cima da hora a pessoa muda numa hora ela fica com raiva, triste, feliz etc.

Vinhetas para o programa de TV Pare o Carro 1

CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC. Roteiro de Rádio Turma A 4ºsemestre. Vozes do Cinema. Diego Ruscitto Giulia Marques Guilherme Pazzetti Patricia Rodrigues

Meu Nome é David Rocha Amante da Colorimetria capilar estou aqui para entregar o meu conhecimento que adquiri em anos de Profissão.

ORIENTAÇÃO ON LINE AO VIVO

M U L H E R E S D O B R A S I L

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO MARÇAL RAMOS PORNOGRAFIA, SENSUALIDADE E VULGARIDADE. Orientadora: Carmem Zeli Vargas

*PRECCI* Programa de Evangelização e Catequese Católico InfantoJuvenil TiaJane. Roteiro

Time Code Vídeo Áudio Tema Comentário imperdível (interno ao material)

COMO TER SUA ESPOSA DE VOLTA

Você conhece a sua bíblia?

Consultoria em Vendas Online Do Home Office ao seu Primeiro Escritório e Equipe

Oficina de Teatro Ação de formação acreditada ( modalidade Curso) Conselho Científico da Formação Contínua/Acc /14

SENSO DE URGÊNCIA PARA CONQUISTAR TUDO

Desperte a DIRETORA que existe em você!!

O Poder da Sua Mente!

3º Workshop de Modos Gregos Para Iniciantes PDF #2

Daniel Duarte. 1 a edição

- Cada professor poderá organizar a participação de sua turma em função de suas prioridades curriculares.

Entendendo o processo de vendas como um todo

AQUI VIVE A ESPERANÇA!

Apresentação de resultados em power point: qual conteúdo utilizar

GANHE MUITO DINHEIRO FAZENDO SESSÃO DE BELEZA MK

coleção Conversas #21 - ABRIL e t m o se? Respostas perguntas para algumas que podem estar passando pela sua cabeça.

ANEXO III IMAGENS DO 1º BLOCO DO PROGRAMA DE FRENTE COM GABI & WANESSA

Real Brazilian Conversations #20 Premium PDF Guide Brazilian Portuguese Podcast, by RLP reallylearnportuguese.com

PLANEJAMENTO (LIVRO INFANTIL)

Como conquistar novos Clientes??

1.º C. 1.º A Os livros

Link do texto: roupa- usar- em- um- ensaio- fotografico- dicas/

I O jogo teatral na criação do roteiro

O jogo quinário na criação do espetáculo teatral

Vamos ver nesses próximos encontros, um pouco dos Livros Históricos, passando um por um. Vamos dar um mergulho em personagens interessantes, em fatos

Benefícios da leitura

Memorial. Apresentei as obras de Moacir Andrade e pedi que fizesse uma breve explanação sobre o que percebiam ali naquela obra.

Professor: TÁCIUS FERNANDES

Minha inspiração. A Poesia harmoniza o seu dia

Analfabeto funcional é o sujeito incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e escrita em atividades cotidianas (UNESCO).

Acesse: Segredo da Atração

OS 7 SEGREDOS DA SESSÃO DE CUIDADOS COM A PELE PERFEITA DO AGENDAMENTO AO FECHAMENTO COMO VENDER, AGENDAR E INICIAR

OS 5 ERROS FATAIS... que você pode estar cometendo ao escolher as cores das suas roupas de trabalho

high stakes notes 4 níveis da evolução e 2 desafios pra transformar sua performance

Você não precisa decorar nada

Roteiros Mensais para Grupos

CENTRO DE MEMÓRIA DO ESPORTE ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ALINE PELLEGRINO II

Diagnóstico Organizacional

ABORDAGEM E AGENDAMENTO

Identificação. ML01 Duração da entrevista 21:39 Data da entrevista Ano de nascimento (Idade) 1953 (59) Local de nascimento/residência

coleção Conversas #12 - SETEMBRO é no Respostas perguntas para algumas que podem estar passando pela sua cabeça.

Aprendendo a controlar Sentimentos! Uma busca pelo autoconhecimento na intenção de melhorar seu dia a dia.

Anexo Entrevista G2.5

CAMINHOS DA ESCOLA Arte na Escola

PÉTALAS E SANGUE. De: Batista Mendes

Interpretação de textos Avaliação Parcial II. Língua Portuguesa Brasileira Antonio Trindade

O começo da história

a confusão do final do ano e as metas para o próximo

COM DEUS APRENDI A PERDER PARA GANHAR

Deixo meus olhos Falar

Artefatos culturais e educação...

Especial Formação. Professor

SUPLEMENTO DE ATIVIDADES

Linguagem Cinematográfica. Myrella França

Intertextualidade na Fotografia Publicidade: o conto de fada 1

X TROFÉU OMAR Público Alvo: Alunos do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Cursos Técnicos do município de Três de Maio.

Roteiro PROF. ANDRÉ GALVAN

PROTOCOLO DA ENTREVISTA

Mensagem do dia 02 de Março Suas escolhas. Mensagem do dia 02 de Março de 2013 Suas escolhas

II ENCONTRO "OUVINDO COISAS: EXPERIMENTAÇÕES SOB A ÓTICA DO IMAGINÁRIO"

Transcrição:

Universidade do Vale do Paraíba Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação Curso de Jornalismo Rodolfo Reis Rodrigo Martinis DOCUMENTÁRIO: A VIDA DAS DRAG QUEENS NA NOITE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS São José dos Campos SP 2013 1

MADRUGADA AFORA A VIDA DAS DRAG QUEENS NA NOITE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Rodolfo Reis Rodrigo Martinis Relatório apresentado como parte da exigência da disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação da Universidade do Vale do Paraíba. Orientador: Prof. Frediano Cunha Dos Santos Co-orientador: Prof. Filipe Coutinho Soriano Co-orientadora: Prof. Msc. Vânia Braz de Oliveira UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA 2013 2

Rodolfo Reis Rodrigo Martinis DOCUMENTÁRIO A VIDA DAS DRAG QUEENS NA NOITE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Orientador: Prof. Frediano Cunha Dos Santos Co-orientador: Prof. Filipe Coutinho Soriano Co-orientadora: Prof. Msc. Vânia Braz de Oliveira Banca Avaliadora: Nota do Trabalho: São José dos Campos SP 2013 3

DEDICATÓRIA Primeiramente a Deus, à Drag Queen Morgana Loren por aceitar ser o nosso objeto de estudo e principal personagem do documentário, ao nosso orientador Fredy Cunha, que nos apoiou, acompanhou e orientou de perto o passo a passo deste projeto. 4

AGRADECIMENTOS Agradecemos em primeiro lugar a Deus por nos dar força durante estes quatro anos de curso, superando os obstáculos, preconceitos e tornando esse sonho de se formar em Jornalismo uma realidade. Agradecemos também às nossas famílias pelo apoio e por sempre estar do nosso lado. Nossos amigos que acompanharam de perto a correria do dia a dia, nessa jornada de estudos e finalização do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Ao Daniel Barbosa, que colaborou voluntariamente fazendo algumas imagens nas gravações do documentário. A toda família AlterMix que abriu as portas da boate e abraçou esse projeto de coração. Em especial ao Paulo e Kleiton Higino pelo carinho e apoio sempre. A Morgana Loren nossa personagem principal por toda paciência, amizade, orientação e carinho nesse período de gravações. Todas as Drag Queens que concederam entrevistas e sempre estiveram conosco acompanhando de perto a realização desse documentário. Um agradecimento especial aos professores do curso de Comunicação Social, que sempre estiveram prontos a nos ajudar, e por colocarem seus anos de experiência na profissão, em prol do projeto. Finalizando, agradecemos especialmente ao nosso mestre e orientador, professor Fredy Cunha, por todo ensinamento, conhecimento e disponibilidade em estar conosco nas reuniões de orientação, direcionando e ajudando a cada passo da construção deste projeto. 5

RESUMO Este documentário pretende divulgar o lado profissional e glamoroso do trabalho que as Drag Queens exercem sobre os palcos, nas noites de São José dos Campos. A opinião de cada profissional da noite que trabalha como Drag e o que motiva cada uma delas a passar o glamour, o brilho e a arte de seu trabalho ao subir no palco e interpretar/dublar suas divas/musas do mundo musical. Além de mostrar que o jornalismo não precisa ser pautado por temas totalmente engessados e pode ter outras vertentes mais modernas e de credibilidade. Utilizamos como inspiração e base programas inovadores da televisão brasileira como Profissão Repórter, da Rede Globo, A Liga, da Band, e o Conexão Repórter, do SBT. Também usamos pesquisas bibliográficas, exploratórias, descritivas e documentais. Além de pesquisa de campo, na qual realizamos entrevistas com as próprias Drag Queens de São José dos Campos durante as madrugadas, acompanhando cada uma delas na noite joseense, desde a sua transformação, maquiagem e figurino até, finalmente, o show no palco. PALAVRAS-CHAVE: Drag Queen; São José dos Campos; vídeo-documentário; jornalismo. 6

ABSTRACT This documentary intends to promote the professional and glamorous job that Drag Queens perform on stage on the night of São José dos Campos. The opinion of every professional who works as a night Drag and what motivates each of them to spend the glamor, shine and your art work to go on stage and play / dub divas / muses musical world on stage. Besides showing that journalism does not need to be fully plastered and may have other aspects more modern and credible. We use as inspiration and innovative programs based on Brazilian television as Profissão Reporter, Globo, A Liga, TV Band and the Conexão Reporter." We also use biographical research, exploratory, descriptive and documentary. In addition to field research, where we conducted interviews with their Drag Queens of São José dos Campos during the late nights watching each night Joseense since its transformation, makeup, costumes, and finally the stage show. KEYWORDS Drag Queen, São José dos Campos, video documentary, journalism. 7

Glossário DIVA: Divindade feminina. Deusa. Musa. Mulher formosa. Cantora ou atriz notável. DRAG QUEEN: Aquele que se veste ou se produz com roupas femininas, usa maquiagem de forma extravagante, se vale de grande expressividade gestual e que, normalmente, se apresenta como artista em espetáculos, festas, show etc. GAY: refere-se à homossexualidade: (relacionamento gay). Refere-se aos que se sentem atraídos (sexualmente e/ou emocionalmente) por pessoas do mesmo sexo. Que pratica relações sexuais com pessoas do mesmo sexo. Que demonstra comportamentos, particularidades e/ou ações características de homossexual. Aquele ou aquela cuja atração (afetiva e/ou emocional) é demonstrada e/ou direcionada a pessoas do mesmo sexo: ele(a) é gay, logo, tem um(a) namorado(a). Designação comum de homossexual. MUSA: Cada uma das nove deusas que presidiam as ciências e as artes. Suposta divindade ou gênio que inspira a poesia. Faculdade de fazer versos; estro. Tudo o que pode inspirar um poeta. Gênio de cada poeta. A literatura poética; a poesia. Nove deusas, filhas de Zeus e de Mnemósine (a memória), que patrocinam as artes e as ciências: Calíope (poesia épica), Clio (história), Euterpe (música), Melpômene (tragédia), Talia (comédia), Urânia (astronomia), Érato (poesia amorosa), Terpsícore (dança), Polímnia (hinos). TRAVESTI: Homem que passa por mudanças corporais, colocando silicone no peito e bundas a fim de ficar parecido como uma mulher. Trabalha na rua, expondo seu corpo a fim de atrair clientes masculinos para relação sexual. O travesti, diferente das Drag Queens, vive 24 horas vestido como mulher. 8

SUMÁRIO Introdução...11 Capítulo 1 - Referências Mitológicas...12 1.1 Musas...13 1.1.1 Tabela 1 Diferenciando as Musas...15 1.2 Os Deuses do Olimpo...17 1.1.2 Tabela 2 Diferenciando os Deuses...18 1.3 Música...20 Capítulo 2 Documentário...21 2.1 Documentário Participativo...22 2.2 Documentário Reflexivo...23 Capítulo 3 Roteiro...24 3.1 Como fazer um roteiro...24 3.2 Roteiro...25 Considerações Finais...43 BIBLIOGRAFIA...44 ANEXOS PRÉ-PROJETO DO VÍDEO DOCUMENTÁRIO Introdução...54 1. Contextualização do Tema...65 2. Objetivo...65 2.1 Geral...14 2.2 Especifico...15 3. Problema...16 4. Justificativa...16 5. Modalidade...16 6. Metodologia...17 6.1 Pesquisa Biográfica...17 9

6.2 Pesquisa Exploratória...17 6.3 Pesquisa Descritiva...18 6.4 Pesquisa Documental...18 6.5 Entrevistas...18 6.5.1 Entrevista Informal...19 6.5.2 Entrevista Focalizada...20 6.5.3 Entrevista Face a Face e por Telefone...22 7. Cronograma...23 Termo de autorização escrito...65 Termo de autorização gravado em vídeo...59 Termo de autorização fotos...60 Sugestão de pauta...61 Story Board...62 Ensaio Fotográfico Woman s World...84 Ficha técnica do ensaio fotográfico...84 Photoshoot Woman s World...85 Pré-Projeto (Capa de DVD)...91 Projeto (Capa de DVD - Final)...56 Decupagem...94 10

INTRODUÇÃO Nosso trabalho tem como cunho principal falar sobre a arte que as Drag Queens do Vale do Paraíba, principalmente as de São José dos Campos, desempenham na madrugada. Levar ao público, tanto o gay quanto o heterossexual, o que, de fato, é o real trabalho de uma Drag Queen. Quem são suas inspirações? O que cada Drag sente ao subir no palco e dar vida a sua cantora? Como trabalhar a dublagem? Suas roupas como nascem? Em quem elas se inspiram para montar o personagem? Como decidir que a Drag tem um estilo ou outro, tanto físico como a personalidade? Vai ser uma Drag caricata ou não? Drag Queen é um termo bastante antigo. Somos como as baratas, a gente existe desde sempre e vamos existir até acabar o mundo. A questão do homem se vestir como mulher é muito antiga mesmo. Remonta as antigas civilizações. As Drag Queens como se chamam? De onde vem esse nome? Remota dessa época e dizem as lendas que começou na época de Shakespeare, Idade Média. Drag quer dizer Dressed as a girl (Vestido como uma garota). No teatro, no tempo em que as mulheres não podiam representar eram os homens que interpretavam os papéis delas. E no início dos textos teatrais vinha a sigla Drag escrito na frente do nome do ator para distinguir o papel do homem e da mulher no teatro 1. A Drag Queen exerce na noite, um trabalho diferente do travesti. Enquanto a Drag Queen é uma artista, vive dos shows e do espetáculo, a mesma necessita de uma boate, de um local, de um palco para poder exercer seu trabalho e sua apresentação. Já o travesti é o profissional do sexo, e trabalha nas ruas, expondo seu corpo a fim de atrair clientes masculinos para relação sexual. E é justamente sobre esse trabalho artístico das Drag Queens que queremos abordar nesse documentário. Vamos explorar a realidade e o que cada uma dessas artistas da noite sente ao subir nos palcos e interpretar suas Divas/Musas inspiradoras. 1 Morgana Loren em entrevista com Rodrigo Martinis para o TCC e o programa Madrugada Afora 11

Queremos mostrar ao público em geral o lado profissional e glamoroso do trabalho de cada uma delas. Morgana Loren contou em uma de suas entrevistas para o Madrugada Afora como surgiu as Drags, o porquê do termo Drag ser usado até hoje. Além de entrevistas com as artistas da noite vamos fazer uma analogia entre ser Drag e a mitologia grega. Como uma coisa está ligada a outra. No capítulo 1, Musas, vamos falar um pouco dessas referencias mitológicas, diferenciar o que é musa, falar sobre os deuses do olimpo e suas filhas e também um pouco sobre música. Nosso principal objetivo é produzir um documentário participativo (Interação entre cineasta e o tema escolhido) e reflexivo (Leva o telespectador a tirar suas próprias conclusões sobre o tema) em vídeo, relatando o profissionalismo, a arte e o glamour das Drag Queens enquanto profissional nos palcos na noite de São José dos Campos. A modalidade escolhida para este projeto será um documentário participativo, para poder levar o nosso tema da maneira mais real possível para os professores e para a banca. O documentário é um gênero cinematográfico que busca mostrar ou representar a realidade. Neste trabalho fizemos o uso da técnica de documentário participativo que usa a entrevista como uma das formas mais comuns de ir ao encontro com cineasta e o tema proposto. Capítulo 1 Referências Mitológicas Segundo o autor do livro Mitologia Grega Grimal, Pierre 2005, na introdução de sua obra, as lendas sobre mitologia grega, foram as responsáveis pelo início de referências sobre diversas indagações, das quais, não se era possível encontrar nenhuma explicação plausível para tal. No primeiro capítulo desse trabalho, será feita uma explicação, com base em autores do ramo, sobre quem eram as Musas, para qual finalidade se deu o seu nascimento e, também, sobre o que cada uma era responsável, quais eram os seus papéis na mitologia. 12

Em tempo, abordaremos a temática Música, que era o universo de domínio dessas deusas femininas. Não obstante, nos dias de hoje, a principal ferramenta de trabalho de uma Drag Queen. 1.1 - Musas Nas entrevistas informais coletadas durante o trabalho noturno, em conversa com muitas Drag Queens, torna-se claro que elas associam sua imagem e seu trabalho ao de uma musa. De acordo com o autor do livro Mitologia Grega, Grimal, Pierre 2005, no passado, e ainda nos dias de hoje, muitos povos ligavam cada acontecimento à uma entidade divina e mitológica. Segundo sua obra, fosse esse acontecimento uma simples brisa a uma imensa tempestade de raios e lampejos, toda responsabilidade por tais atos recaía sobre os deuses. Na antiga Grécia, o mesmo acontecia. Grandes deuses Olimpianos como Zeus, que controlava o céu (e o chamado Campos Elíseos, que é o local para onde vão todas as almas boas e merecedoras depois de caírem no sono eterno da morte), Poseidon era o deus que governava os sete mares, local no qual habitavam as sereias, que por sua vez, eram mulheres que, da cintura para baixo, eram metade peixe. Por fim, temos o deus Hades, que era o deus do sub-mundo, o mundo dos mortos, no qual a luz jamais chegara. Segundo Brandão, (2004) As Musas pertencem, originalmente, à família das Ninfas. São as fontes inspiradoras, que comunicam aos Homens a faculdade poética, e lhes ensinam as divinas cadências. Originalmente elas eram apenas 3: Melete ( a dona da meditação ), Mneme ( responsável pela memória ) e Aoide ( a rainha do canto ). Habitualmente, as Ninfas são formadas por um conjunto de 9 irmãs, nascidas de Zeus e Mnemosina. (BRANDÃO, 2004). De acordo com a lenda 2, depois da derrota dos Titãns (mostros gigantes) pelos deuses olimpianos, a deusa Afrodite, que era a mulher que continha em si toda 2 Lendas são narrativas transmitidas oralmente pelas pessoas, visando explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais, misturando fatos reais, com imaginários ou fantasiosos, e que vão se modificando através do imaginário popular. E os Titãs eram deuses da mitologia grega que tiveram que enfrentar Zeus e os deuses olímpicos em sua ascensão de poder. Além de ser divindades muito 13

beleza, solicitou a Zeus, a criação de divindades que fossem responsáveis por cantar eternamente a vitória que acabara de acontecer. Segundo os jornalistas que escrevem para o site Significados 3, lenda é: A narrativa transmitida oralmente pelas pessoas, visando explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais, misturando fatos reais, com imaginários ou fantasiosos, e que vão se modificando através do imaginário popular. No que se tornam conhecidas, vão sendo registradas na linguagem escrita. A palavra lenda, vem do Latim, e quer dizer aquilo que deve ser lido. Inicialmente, as lendas, contavam histórias de santos, mas esses conceitos foram se transformando em histórias que falam da cultura de um povo e de suas tradições. As lendas fornecem explicação para tudo, até mesmo para coisas que não possuem explicação científica comprovada, por exemplo, acontecimentos sobrenaturais. 4 Foi então, que a partir desse momento, Zeus escolheu como esposa, Mnemósine, a deusa da memória, e com ela, teve nove filhas, as chamadas Musas. Eram elas Calíope, a musa da grande eloquência e também da poesia épica. Ela possuía a mais bela voz dentre todas suas nove irmãs, além de ser a mais velha e a mais sábia dentre ela. antigas que, por uma razão ou outra, continuaram a ter uma certa vigência dentro da mitologia grega clássica e, foram incluídos entre os descendentes de Urano no esquema genealógico dos deuses. (Fonte: http://www.significados.com.br) 3 http://www.significados.com.br. Acesso 20.Nov.2013 4 http://www.significados.com.br. Acesso 20.Nov.2013 14

Tabela 1- Diferenciando as Musas Clio A musa da história. Ela era responsável por celebrações e por ter poder de dar fama à alguém. De acordo com a lenda, foi ela quem introduziu o alfabeto fenício na Grécia. Alfabeto esse que vinha dos reinos fenícios governados pelo rei Cefeu, sua esposa, a rainha Cassiopéia e sua filha, uma das mais belas mulheres mortais do mundo, a princesa Andrômeda. Érato Era conhecida como a musa do romantismo, do romance, das poesias e canções românticas, que tocavam o coração. Era conhecida também por sua amabilidade, por ser adorável e despertar o desejo, tanto sexual quanto o da curiosidade. Euterpe Era a musa da música, que celebrava a alegria. Tinha como símbolo uma flauta dupla, cujo som era capaz de encantar até mesmo os mais duros e petrificados corações. Melpômene Comandava a tragédia e a alegria ao mesmo tempo. Possui uma maior influência e representatividade no teatro. Geralmente é reconhecida pelo uso de uma máscara trágica. 15

Polímnia Enquanto a musa Érato era considerada a comandante da poesia amorosa, sua irmã, Polímnia, é a da poesia lírica. Seu nome significa várias canções, e sua expressão, geralmente é pensativa. Fora isso, é a musa que representa a dança Terpsícore Igual sua irmã, Polímnia, Terpsícore também é considerada uma musa da dança. Todavia, a sua dança é a que possui maior frenetismo e agitação. Além disso, ela também é considerada a mãe de todas as sereias que povoam os sete mares, mundo governado pelo deus Poseidon. Talia É considerada a musa da comédia. Seu nome significa festividade. É aquela que precede a comédia e que estimula as festas e as celebrações. Urânia Essa musa é a rainha das montanhas (significado de seu nome), governa a astrologia e a astronomia. Ela carrega em suas mãos um globo e um compasso. É ela quem coloca na mente dos astrólogos a inspiração e a capacidade de ler as estrelas. Fonte: http://www.mitologia.templodeapolo.net/ 16

Na mitologia grega, há de se ressaltar quais foram os três principais deuses que reinaram no Olimpo. São eles entidade que, em sua competência regiam o céu, o mar e o mundo dos mortos. Depois de apresentar as Musas não podemos esquecer dos deuses do Olimpo. As cantoras e grandes inspirações das Drag Queens são elevadas quase a deuses/deusas por elas assim dizendo. Suas inspirações vem das Musas do Pop como por exemplo: Cher, Mariah Carey, Madonna, entre outras. 1.2 - Os deuses do Olimpo Não poderíamos deixar de citar os deuses do Olimpo neste capitulo, e falar do apego que os gregos tinham para com eles. O Olimpo é a grande morada dos Deuses, que ao total são 12: Zeus, Hera, Poseidon, Atena, Ares, Deméter, Apolo, Artêmis, Hefesto, Afrodite, Hermes e Dionísio. Porém vamos dar destaque para três Deuses principais, a saber, para este capítulo. São eles: Zeus, Poseidon e Hades. De acordo com o professor e arqueólogo Michel Goulart Zeus é o principal deus do Olimpo, rei dos Deuses e dos Homens. Poseidon é o deus do oceano e o irmão mais velho de Zeus e Hades. E por ultimo Hades deus da guerra filho de Zeus e Hera. 17

Tabela 2- Diferenciando os Deuses Zeus É o deus principal, governante do Monte Olimpo, rei dos deuses e dos homens. Era o senhor do céu e o deus da chuva, aquele que tinha o terrível poder do relâmpago. A tempestade representava a sua fúria. Sua arma era o raio e sua ave a águia, animal em que costumava se transformar. Zeus era um tanto mulherengo e teve diversas esposas e casos com deusas, ninfas e humanas, tendo vários filhos semi-deuses, entre eles, Hércules e Perseu. Poseidon O irmão mais velho de Zeus e Hades é Posêidon, o deus do oceano. Morava em seu palácio no fundo do mar, junto a sua esposa Anfitrite. Com um movimento de seu tridente, causa terremotos e tsunamis por isso os navegantes sempre rezavam para esse deus pedindo águas tranquilas e que lhes protegessem dos monstros marinhos (que eram as baleias). Posêidon vive procurando aumentar seus domínios em diferentes áreas da Grécia. Hades O terrível deus da guerra é outro filho de Zeus e Hera. Representado como um homem forte e de caráter violento, ele tinha o prazer em apreciar a dor alheia e, no campo de batalha, pode matar um 18

mortal apenas com seu grito de guerra! Quando estão perto dele, as pessoas sentem raiva e vontade de bater uma nas outras. Pai de vários heróis humanos que são protegidos ou filhos de deuses -, Hades ainda se tornou um dos amantes de Afrodite. Fonte: http://www.mitologia.templodeapolo.net/ Após essa apresentação da Mitologia grega e de seus Deuses podemos falar das Musas e a Música. 19

1.3 - Música Ainda na mitologia, Música (Mousikê) é um conceito de origem grega que significa "a arte das musas. Deste conceito, deriva a palavra música, que define a arte de organizar lógica e sensivelmente, uma coerente combinação de sons e silêncios. Para que isso aconteça, são usados os fundamentais princípios da melodia, a harmonia e o ritmo. Daí surge a analogia que as Drag Queens fazem de suas personagens para com as musas. Pois a Drag Queen vive da arte, da música, da interpretação, da sedução através de gestos, ritmos, passos, dublagens, expressões faciais e fascínio. Segundo a Drag Queen Morgana Loren 5 é imprescindível que uma boa drag tenha em mente essas referências e paute seu comportamento e sua arte nelas. Também é fundamental que uma boa artista saiba escolher muito bem a música de sua apresentação, pois é por meio de uma boa escolha de música que se faz um bom show. Pois, ainda de acordo com suas palavras, em entrevista informal, ela diz que a Drag Queen deve ser uma musa/rainha da noite e dos palcos, que a todos impressiona. No mundo contemporâneo, essas analogias também acontecem para com as cantoras de maior sucesso e alcance. Elas são chamadas muitas vezes de musas ou divas, que é um sinônimo, considerando que a diva é uma deusa e as musas são filhas dos deuses. Nesse segmento, temos uma vasta lista dessas artistas que representam essa categoria, não somente para as Drag Queens, mas também para a indústria fonográfica. São elas Cher, Celine Dion, Areta Franklin, Whitney Houston, Donna Summer, Anastacia, Shakira, Mariah Carey dentre outras. 5 Entrevista com a Drag Queen Morgana Loren para o programa Madrugada Afora (www.facebook.com/madrugadaafora). 20

Capítulo 2 Documentário De acordo com Nichols, (2008, p. 17), todos os filmes são documentários. O que diferencia cada um deles é que o documentário aborda a realidade da vida, mostrando o mundo como ele realmente é, e não a visão de um mundo fictício e imaginário de um cineasta, como acontece no cinema. A visão do documentarista é voltada para realidade do dia a dia no mundo. Todo filme é um documentário. Mesmo a mais extravagante das ficções evidencia a cultura que a produziu e reproduziu a aparência das pessoas que fazem parte dela. Na verdade, poderíamos dizer que existem dois tipos de filme: (1) documentários de satisfação de desejos e (2) documentários de representação social. Cada tipo conta uma história, mas essas histórias, ou narrativas, são de espécies diferentes (NICHOLS, 2008, p. 26). Ou seja, os documentários de satisfação de desejos são os filmes que todos nós estamos acostumados a ver no cinema, o que chamamos de ficção. Esses filmes expressam sempre nossos desejos, nossos sonhos, pesadelos e terrores. Eles sempre vão expressar o que nós desejamos. Já os documentários de representação social são o oposto dos documentários de satisfação de desejos. Já para Fernão Pessoa Ramos, no artigo O que é documentário, o documentário tem um objeto, uma ideologia bastante dominante nos dias de hoje, que seria mostrar as diferenças tênues entre dois campos: o campo da ficção e o campo da não ficção, embaralhando essas duas definições: O Documentário é visto como um campo tradicional, com regras a serem seguidas. Extrapolar estas fronteiras é um atestado de inventividade e criatividade (RAMOS, 2000, p.2). Seguindo a linha de raciocínio de Fernão Pessoa Ramos, artigo O que é documentário, o documentário é um postulado que para sua grande maioria, busca mostrar ou se tem o objetivo de mostrar e estabelecer uma representação do mundo (RAMOS, 2000, p. 3). Ao localizar o documentário no eixo de uma visão inocente da representação da realidade, carregada com o viés especular, transfere-se para fora deste campo, o universo da representação, que traz em si um posicionamento moderno, contemporâneo, do 21

sujeito em interação com o mundo que lhe é exterior, constituindo e dando ensejo à atividade de representação. Enquanto o documentário é identificado como uma posição inocente, que traz em si a representação especular do real, toda espessura da representação é depositada no lado da ficção. Campos são diluídos de qualquer especificidade e o grande sol da enunciação, das estruturas de linguagem envolvidas no movimento da representação, ocupa o horizonte indistinto da ficção e da não ficção. (Ramos, 2000, p.2). Em todo seu artigo, Fernão Pessoa Ramos faz comparações entre tipos de documentários de ficção e não ficção. Vários fatores influenciam na definição, pois as mesmas técnicas usadas no filme de ficção, também são usadas para o documentário. Tais como: personagens, cenários, locações, intervenções de câmera, do entrevistador, do narrador, etc. O autor diz que apesar de fazermos uma diferenciação entre os gêneros documentais e ficcionais, tal tentativa de diferenciar pode ser radical, já que a fronteira entre as duas se misturam e são quase iguais. O que podemos fazer é catalogar cada tipo. Nichols classificou de forma simples os tipos de documentários. Ele definiu o que seria documentário poético, documentário tradicional, expositivo, documentário de observação, documentário participativo, o documentário reflexivo, o documentário performático. O que facilitou o entendimento do que é documentário sem, assim, rotular o mesmo (NICHOLS, 2008). E neste campo no qual o documentário é classificado de forma simples, vamos retratar a realidade sobre o profissionalismo das Drag Queens mesclando dois gêneros de documentário em um só. São eles: o documentário participativo e o documentário reflexivo. 2.1 Documentário Participativo De acordo com Nichols, no documentário participativo acontece uma interação entre o cineasta e o seu tema escolhido. São feitas entrevistas ou filmagens de caráter nas quais aconteçam um envolvimento mais direto entre cineasta e tema, cineasta e personagem. O documentário participativo é tido como cinema verdade e a sua principal característica é a entrevista com os participantes. Seja a entrevista feita pelo próprio cineasta ou por alguém da equipe. O ponto de 22

vista do cineasta fica mais evidente e as técnicas de entrevista dão uma variedade no decorrer do trabalho. Pode ser feito uso de imagens de arquivos para se resgatar a história ou momentos dela. A presença do cineasta fica marcada e assume uma importância acentuada. No documentário participativo, o que vemos é o que podemos ver quando a câmera, ou o cineasta, está lá em nosso lugar. (NICHOLS, 2008, p. 155). Nichols ainda deixa claro que no documentário participativo nem sempre acontece, de forma direta, a interação do cineasta e do participante do filme. Com o documentário participativo o cineasta pode participar do documentário usando a entrevista como uma forma de ir ao encontro de seu tema, entrevistando personagens do filme proposto em vez de fazer uso da voz-over em comentários e cobrir os mesmos com imagens. O Documentário participativo fica sendo o ponto de encontro para negociações entre cineasta e personagens. E o Documentário reflexivo é o ponto de negociação entre cineasta e o espectador. 2.2 Documentário Reflexivo Ainda de acordo com Nichols, 2008, p. 162 o modo reflexivo é um estilo de documentário em que o foco do filme fica entre o cineasta e o espectador. A relação do cineasta com quem assiste, por meio de comentários, depoimentos e imagens, faz com que quem está assistindo chegue a seu próprio consenso e tire as suas próprias conclusões. Um gênero que leva o espectador a pensar, um gênero que conduz o espectador a um ponto de vista igual ou diferente do cineasta. O Documentário deve ser bem estruturado e coerente. Os Documentários reflexivos também tratam do realismo. Esse é um estilo que parece proporcionar um acesso descomplicado ao mundo; toma a forma de realismo físico, psicológico e emocional por meio de técnicas de montagens de evidência ou em continuidade, desenvolvimento de personagens e estrutura narrativa. Os documentários reflexivos desafiam essas técnicas e convenções.. (NICHOLS, 2008, p. 164). 23

Nosso objetivo não é entrar no caráter psicológico do porquê elas escolheram ser Drag Queens e, sim, mostrar a realidade e profissionalismo desse mundo desconhecido, além de levar o espectador a refletir e tirar suas próprias conclusões. Capítulo 3 Roteiro De acordo com Field, roteiro é guia, um projeto, um texto ou até mesmo um misto de várias coisas como por exemplo: uma série de cenas e sequências de um diálogo, um cenário, uma coleção de ideias. Ele explica que roteiro não é somente um romance tão pouco uma peça de teatros. É tudo. O roteiro nada mais é do que uma história contada em partes. O roteiro tem uma estrutura linear básica com começo, meio e fim que sustenta todos os elementos de um enredo (FIELD, 2001, p. 1). Roteiro é um substantivo é sobre uma pessoa, ou pessoas, num lugar, ou lugares, vivendo a sua coisa. Todos os roteiros cumprem essa premissa básica. A pessoa é o personagem, e viver sua coisa é a ação. Se o roteiro é uma história contada em imagens, então o que todas as histórias têm em comum? Um início, um meio e um fim. (FIELD, 2001, p. 2). A ideia surge, você escolhe o tema, pensa em seus personagens principais ou secundários. No caso deste documentário sobre A Vida das Drag Queens nossa personagem principal é a Morgana Loren conhecida em todo meio LGBT como a Rainha do Vale do Paraíba. Morgana Loren tem mais de 20 anos de carreira e por ter muitos anos de estrada decidimos que ela seria nosso principal objeto de estudo e, portanto, a personagem principal. 3.1 Como fazer o roteiro? O roteiro será baseado na ideia central sobre a vida de Drag Queen. A inspiração para este documentário foi programas inovadores da televisão brasileira, como Profissão Repórter, da Rede Globo, A Liga, da Band e o Conexão Repórter, do SBT. Vamos seguir a mesma linha de edição. Além de mostrar essa real vida de uma Drag, queremos mostrar que o jornalismo não precisa ser pautado por temas totalmente engessados e pode ter outras vertentes mais modernas e de credibilidade. 24

3.2 Roteiro ROTEIRO DO TCC - DOCUMENTÁRIO SOBRE A VIDA DAS DRAG QUEENS NA NOITE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS TEMPO TOTAL: 24 25 EDIÇÃO: ROD REIS IMAGEM TEMPO TEXTOS/SONORAS/PERGUNTAS INTRODUÇÃO IMAGENS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS EM TIME 00:00 ATÉ 00:56 ABERTURA DO DOCUMENTÁRIO COM APRESENTAÇÃO DAS PERSONAGENS MORGANA LOREN, KYARA DAYMON E NATHALLY HILLS. MÚSICA: SHE WOLF, DE DAVID GUETTA. GC MORGANA LOREN GC KYARA DAYMON GC NATHALLY HILLS IMAGENS DO SHOW DA MORGANA IMAGENS DO SHOW DA KYARA DAYMON IMAGENS DO SHOW DA NATHALLY HILLS MÚSICA INTERPRETADA POR MORGANA LOREN: STRONG ENOUGH, DE CHER. MÚSICA INTERPRETADA POR KYARA DAYMON: PYROMANIA [SPENCER & HILL AIRPLAY MIX], DE CASCADA. MÚSICA INTERPRETADA POR NATHALLY HILLS: BREATH OF LIFE, DE FLORENCE + THE MACHINE. VÍDEO CLIPE BELIEVE, 00:56 ATÉ 03:53 03:53 ATÉ 04:07 MORGANA LOREN INTERPRETA E DA VIDA AO CLIPE BELIEVE DA CANTORA CHER GRAVADORA WARNER MUSIC - COM INSERÇÕES DO CLIPE ORIGINAL BELIEVE DA CHER. GUIGO MARTHINI: POIS É, PESSOAL! VOCÊS ACABARAM DE VER, NINGUÉM MAIS, 25

NINGUÉM MENOS, QUE A DIVA DO VALE DO PARAÍBA, MORGANA LOREN, INTERPRETANDO A CHER. VAMOS CONVERSAR UM POUQUINHO COM ELA MAIS DE PERTO? VEM. DONA MORGANA! 04:07 A 04:14 MORGANA: OI, PAULINHO! PAULINHO, GUIGO, RODRIGO, SEI LÁ SEU NOME, CADA DIA VOCÊ ESTÁ COM UM NOME DIFERENTE! 04:14 GUIGO: POIS É, VAMOS SENTAR. 04:15 MORGANA: OH, MEU PAI! 04:16 GUIGO: VAMOS SENTAR E VAMOS CONVERSAR UM POUCO. 04:19 ATÉ 04:23 04:23 ATÉ 04:55 MORGANA: SÓ UM MOMENTO, DEIXA EU PUXAR AQUI AS CAUDAS DO VESTIDO. GUIGO: ISSO, VAMOS LÁ. MÔ, ME FALA UMA COISA: A GENTE TEM ACOMPANHADO SEU TRABALHO, DESDE O COMEÇO DO ANO, DESDE FEVEREIRO QUE A GENTE COMEÇO DE VERDADE FAZER AS FILMAGENS E DESDE ENTÃO A GENTE TEM VISTO INTERPRETAÇÕES DIFERENTES, A GENTE TEM VISTO ESTILOS DIFERENTES, E TEM FICADO MUITO CLARO, ME CORRIJA SE EU ESTIVER ERRADO, QUE VOCÊ TEM UMA LINHA DE TRABALHO MUITO INSPIRADA NAS MUSAS DA 26

MITOLOGIA GREGA. ESTOU CERTO? 04: 55 ATÉ 05:36 MORGANA: EU ACHO QUE, NO COMEÇO, NÃO É BEM QUESTÃO DA MITOLOGIA GREGA EM SI. MAS COM O TEMPO FOI EVOLUINDO PARA ISSO MESMO, PORQUE, CADA UMA DELAS TEM UMA CARACTERÍSTICA QUE ME AGRADA MUITO. (05:08 ATÉ 05:37_ INSERÇÃO DE IMAGENS DE CHER, WHITNEY HOUSTON E MARIAH CAREY) UMAS SÃO MAIS FORTES, OUTRAS SÃO MAIS SUAVES, MAIS MEIGAS, OUTRAS SÃO MAIS ESTRANHAS... 05:22 GUIGO:... MAIS TERNAS. MOGANA:... MAIS TERNAS. MAS TODAS INSPIRAM... TÊM INSPIRADO MEU TRABALHO DE ALGUMA FORMA, EM ALGUM MOMENTO. ESSA COISA DA MÁSCARA, DE TIRAR UMA MÁSCARA, COLOCAR OUTRA, EU ACHO MUITO INTERESSANTE. 05:36 ATÉ 05:58 GUIGO: HOJE, AGORA, VOCÊ FEZ, NADA MAIS, NADA MENOS, DO QUE UM CLÁSSICO DE 1998, DA CHER, QUE É UMA DAS MUSAS MAIS-MAIS, VAMOS DIZER ASSIM. NO QUE QUE A CHER TANTO TE INSPIRA? O QUE VOCÊ USA DE FATO DA CHER, NÃO SÓ EM BELIEVE, QUE VOCÊ FEZ AGORA, MAS NOS OUTROS TRABALHOS QUANDO VOCÊ ESTÁ AQUI EM CIMA DO PALCO PARA 27

ENTRETER O PESSOAL? 05:58 ATÉ 06:26 06:25 ATÉ 06:34 06:34 ATÉ 06:57 MORGANA: ACHO QUE PRINCIPALMENTE O LADO CAMALEÔNICO DELA. (06:00 ATÉ 06:16_ INSERÇÃO DE IMAGENS DE CHER) ALÉM DE ELA TER UMA FORÇA MUITO GRANDE, ELA SE TRANSFORMA MUITO. ELA PASSA MENSAGENS DIFERENTES, DE FORMAS DIFERENTES, PARA PÚBLICOS DIFERENTES. ISSO QUE EU GOSTARIA DE ATINGIR. ATINGIR AS PESSOAS DE UMA FORMA GERAL. DE FORMAS DIFERENTES, MAS PARA TODO MUNDO. É ISSO QUE EU GOSTO DELA. GUIGO: E VOCÊ CONSEGUE SENTIR A REAÇÃO PLATEIA QUANDO VOCÊ ESTÁ EXERCENDO ESSE PODER DE, VAMOS DIZER ASSIM, DE MUSA MESMO? MORGANA: EU ACHO QUE É MUITO LEGAL ISSO. EU SEMPRE FALO PARA AS MENINAS QUE ESTÃO COMEÇANDO, QUE VÊM ME PERGUNTAR, O QUE QUE EU ACHO, COMO É QUE É, COMO É QUE É AQUILO, COMO É QUE É SER DRAG, COMO É FAZER SHOW. EU GOSTO MUITO MAIS PARA PRESTAR A ATENÇÃO NO QUE EU ESTOU FAZENDO E O PÚBLICO ENTRA NA VIAGEM COMIGO... (06:56 ATÉ 07:35_ INSERÇÃO DE SHOWS DE MORGANA LOREN) 28

06:58 GUIGO: SIM. 06:59 ATÉ 07:36 07:36 ATÉ 07:50 MORGANA:... DO QUE AQUELE PÚBLICO QUE ESTÁ GRITANDO DESDE O COMEÇO DO SHOW. EU JÁ VI PESSOAS ASSIM, AH, EU GOSTO DA MÚSICA, AÍ VIRA DE COSTAS, COMEÇA A DANÇAR E NEM ESTÁ ASSISTINDO SEU SHOW, OU SEJA, NÃO ESTÁ SE PREOCUPANDO COM O TRABALHO QUE VOCÊ ESTÁ DESENVOLVENDO. E AÍ QUANDO O POVO, NÃO, ESTÁ QUIETINHO ATÉ PARECE, ASSIM, NO PRIMEIRO MOMENTO AI, ACHO QUE O POVO NÃO ESTÃO GOSTANDO. NÃO É QUE NÃO ESTÁ GOSTANDO. ELES ESTÃO O QUE QUE É ISSO? COMO É QUE É? VOCÊ OLHA NO OLHINHO DAS PESSOAS. TEM ALGUMAS QUE VOCÊ CONSEGUE VER, QUE A MAIORIA VOCÊ NÃO CONSEGUE POR CAUSA DAS LUZES MUITO FORTES. AQUELAS PESSOAS QUE ESTÃO NA BEIRA DO PALCO, ELAS FICAM, ASSIM, MARAVILHADAS DE VER COMO PODE? PORQUE ELAS NÃO ESPERAVAM QUE ISSO FOSSE ACONTECER. GUIGO: E É NESSE MOMENTO QUE VOCÊ SE SENTE DE FATO UMA MUSA DA MITOLOGIA GREGA, QUANDO VOCÊ EXERCE ESSE FASCÍNIO? POR QUE ELAS SÃO FILHAS DE ZEUS, DEUS DOS CÉUS, ELAS 29

FORAM CRIADAS JUSTAMENTE COM ESTE INTUITO. 07:50 ATÉ 08:06 MORGANA: EU SINTO ALGO DIFERENTE, PORQUE... É... COMO EU POSSO TE EXPLICAR? NÃO É MAIS O ATOR TRANSFORMISTA QUE ESTÁ ALI, NEM É O PERSONAGEM... 08:01 GUIGO: SIM. 08:02 ATÉ 08:05 08:09 ATÉ 08:16 08:16 ATÉ 08:17 08:17 ATÉ 08:34 GUIGO: PODE SER UMA ENTIDADE? PODE SER... MORGANA: AS PESSOAS NÃO VÃO ENTENDER MUITO. ATÉ SERIA LEGAL DE FALAR É UMA ENTIDADE E TAL, MAS AS PESSOAS NÃO ENTENDER, VÃO PENSAR QUE É PARA OUTRO LUGAR E TAL... GUIGO: É UM ALTER EGO? MORGANA: TOTALMENTE, TOTALMENTE. PORQUE, ASSIM, IMAGINA: EU SOU UMA PESSOA... 08:21 GUIGO: SIM, CLARO. 08:22 MORGANA: (08:22 ATÉ 08:32_ INSERÇÃO DE SHOW DE MORGANA LOREN)... QUE SE TRAVESTE DE OUTRA PESSOA... 08:23 GUIGO: SIM. 08:24 MORGANA:...E QUE NA HORA DE FAZER O SHOW, ESTÁ SE TRAVESTINDO DE UM PERSONAGEM TOTALMENTE 30

DIFERENTE. 08:28 GUIGO: SIM. 08:29 ATÉ 08:34 08:35 ATÉ 08:48 08:48 ATÉ 08:58 MORGANA: EU NÃO SOU MAIS A MORGANA QUE ESTÁ ALI. É UMA HISTÓRIA QUE EU QUERO PASSAR. GUIGO: (08:36 ATÉ 09:20_ INSERÇÃO DE SHOWS DE DRAGS) OU SEJA, VOCÊ CONTA A HISTÓRIA DA LETRA QUE FOI COMPOSTA PELA CANTORA, SE UTILIZA DA VOZ DELA E FAZ TODO UMA MÍTICA DENTRO DA BOATE, E É ALI QUE VOCÊ CONSEGUE ATRAIR AS PESSOAS DE FATO. MORGANA: É, EXATAMENTE. EU ACHO QUE AÍ NESTE PONTO É QUE CAI AQUELE COMENTÁRIO QUE VOCÊ FEZ DAS MUSAS. ALÉM DE EU INSPIRAR, QUE EU ACHO QUE É O TRABALHO DELAS... 08:58 GUIGO: CLARO. 08:59 ATÉ 09:25 MORGANA: EU INSPIRAR, A GENTE ACABA INSPIRANDO OUTRAS PESSOAS. PARA QUALQUER COISA QUE SEJA, PARA QUALQUER MOMENTO, PARA QUALQUER SITUAÇÃO. DEPENDE... ELA ATÉ PODE NÃO ENTENDER, MUITA GENTE NÃO FALA INGLÊS E A GENTE ACABA FAZENDO SÓ MÚSICAS EM INGLÊS, ELA PODE ATÉ NÃO ENTENDER A LETRA, MAS PELA SUA PERFORMANCE, PELO SEU TRABALHO, COREOGRAFADO... 31

09:25 GUIGO: VOCÊ SENTE QUE CONSEGUIU TOCAR. 09:27 MORGANA: COMPLETAMENTE. 09:28 MORGANA: COMPLETAMENTE. 09:28 GUIGO: ENTÃO É A FUNÇÃO DA MUSA. 09:28 GUIGO: ENTÃO É A FUNÇÃO DA MUSA. 09:29 ATÉ 10:03 10:04 ATÉ 10:38 GUIGO: ME FALA UMA COISA, VOCÊ ENTÃO COMO MUSA. VAMOS COLOCAR A MORGANA LOREN, ENTÃO, VAMOS FAZER ESSA METÁFORA, ESSA ANALOGIA. VAMOS COLOCAR VOCÊ COMO MUSA DA MITOLOGIA GREGA MESMO. ENQUANTO MUSA, O QUE VOCÊ SENTE, QUANDO VOCÊ ESTÁ NESTA BOATE LGBT, E VOCÊ PERCEBE QUE O PÚBLICO HETEROSSEXUAL ESTÁ CHEGANDO PARA VER O SEU SHOW E VOCÊ CONSEGUE EXERCER ESSE FASCÍNIO NÃO NO PÚBLICO GAY, NÃO NAS LÉSBICAS, E NEM NAS PESSOAS QUE ESTÃO AQUI POR ESTE SEGMENTO, MAS OS HETEROSSEXUAIS. COMO É ISSO PARA VOCÊ? MORGANA: VOCÊ SABE QUE É O CONTRÁRIO DO QUE A GENTE ESPERARIA. O PÚBLICO HÉTERO, POR ELES NÃO TEREM ESTE CONTATO DIÁRIO, ELES NÃO TEREM ESTE CONTATO ÍNTIMO CONOSCO, É MUITO MAIS FÁCIL DE 32

CONQUISTA-LOS E MUITO MAIS FORTE O MEU TRABALHO EM CIMA DELES (10:30 ATÉ 10:50_ INSERÇÃO DE SHOWS DE DRAGS) DO QUE COM O GRUPO LGBT. PORQUE O PÚBLICO LGBT JÁ ESTÁ MEIO, PARA ELES, A GENTE TEM QUE MATAR UM LEÃO POR DIA. 10:38 GUIGO: TEM SEMPRE QUE DAR O SEU MELHOR. 10:39 ATÉ 10:50 MORGANA: É. NÃO QUE NÃO TENHA QUE DAR SEU MELHOR, VOCÊ TEM QUE DAR SEU MELHOR SIM. MAS PARA O PÚBLICO LGBT, POR SER MUITO MAIS EXIGENTE, A GENTE TEM QUE MATAR MESMO, MATAR O LEÃO, CORTAR, TIRAR A PELE E FAZER UM CASACO. 10:51 GUIGO: SIM. 10:52 ATÉ 11:04 11:15 ATÉ 11:52 E PARA O PÚBLICO HÉTERO NÃO, QUALQUER AH, ELES JÁ ESTÃO ACHANDO LEGAL. ENTÃO IMAGINE QUANDO VOCÊ ESTÁ NO AUGE NO MOMENTO ASSIM QUE VOCÊ FALA ESTOU ME SENTINDO MAIS LEGAL QUE EU POSSA ESTAR, QUE EU POSSA ME SENTIR, VOCÊ VIRA PARA AQUELE PÚBLICO HÉTERO E FALA ASSIM OH, OLHA O QUE EU TENHO PARA TE MOSTRAR. ELES TE PEGAM NO COLO. MORGANA LOREN INTERPRETA A MÚSICA BREATHE AGAIN, DE TONI BRAXTON, EM UM SHOW. 33

11:54 ATÉ 12:24 12:25 ATÉ 12:55 GUIGO: COMO ESTÁ SENDO PARA VOCÊ MOSTRAR O SEU TRABALHO, MOSTRAR A SUA PERSONALIDADE, A SUA CAPACIDADE, TUDO QUE VOCÊ PODE FAZER PARA UMA UNIVERSIDADE RENOMADA DA CIDADE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. OU SEJA, VOCÊ NÃO ESTÁ MOSTRANDO SEU TRABALHO PARA UM LUGAR QUALQUER. VOCÊ ESTÁ MOSTRANDO O SEU TRABALHO PARA UMA UNIVERSIDADE QUE ESTÁ VENDO AQUILO COMO UM ASSUNTO SÉRIO, UM ASSUNTO DE PESQUISA, UM ASSUNTO POXA, ISSO REALMENTE ACONTECE, ISSO É UM FATO, PRECISAMOS SABER A RESPEITO. MORGANA: PRIMEIRO DE TUDO, NÃO PELA UNIVERSIDADE ASSIM, MAS ASSIM, POR SER ALVO DE UM ESTUDO DESTE TIPO É UMA HONRA, PORQUE POSSO DIZER QUE NEM TODO MUNDO PODE SER ALVO DE UM ESTUDO ASSIM. ENTÃO, PARA MIM FOI MUITO GRATIFICANTE. (12:43 ATÉ 13:28_ INSERÇÃO DO VÍDEO DO ENSAIO FOTOGRÁFICO E DO VÍDEO CLIPE DE WOMAN S WORLD, DE CHER) NESSA ALTURA DO CAMPEONATO, ALGUÉM VIRAR E FALAR ASSIM OLHA, EU ACHO VOCÊ INTERESSANTE O SUFICIENTE PARA DISCORRER UMA TESE, DISCORRER SOBRE ESSE ASSUNTO. 34

12:55 GUIGO: SIM. 12:56 ATÉ 13:03 MORGANA: E SEGUNDO, POR ESTAR NA UNIVAP, EU ACHEI MUITO GRATIFICANTE TAMBÉM, PORQUE EU ESTUDEI LÁ. 13:04 GUIGO: VOCÊ SE FORMOU LÁ. 13:05 ATÉ 14:06 14:08 ATÉ 14:30 EU ME FORMEI LÁ. E NA ÉPOCA EM QUE EU ESTUDEI, AS COISAS ERAM UM POUQUINHO DIFERENTES, AS PESSOAS NÃO ENTENDIAM MUITO BEM O MEU TRABALHO. ENTÃO MESMO EU NÃO INDO DESSE JEITO PARA A FACULDADE, TINHA UM MEIO UM TI-TI-TI, QUEM É A DRAG QUE ESTÁ ESTUDANDO AQUI? QUEM É A PESSOA? POR QUE ISSO?, AS PESSOAS NÃO ERAM TÃO GENTIS. E HOJE, ESTAR VOLTANDO PARA A UNIVAP DE UMA OUTRA FORMA, COM A CABEÇA DOS ALUNOS, DOS ESTUDANTES, ASSIM, BEM MAIS ABERTA E BEM MAIS INTERESSADA EM CONHECER NOSSO UNIVERSO, E SER A PONTA DE LANÇA, SER A PESSOA NA FRENTE, PARA MIM, NÃO DIGO ASSIM QUE É UMA VITÓRIA, MAS UMA REALIZAÇÃO TAMBÉM. TIPO, OLHA, AGORA FINALMENTE ANTES DE MORTA, AS PESSOAS VÃO SABER UM POUQUINHO DO QUE É ESSA CARREIRA. MORGANA INTERPRETA SHE WOLF, DE DAVID GUETTA, EM UM SHOW. 35

14:32 ATÉ 15:08 MORGANA: VOLTANDO AGORA PARA A QUESTÃO DA DIFERENÇA DO TRAVESTI E PARA A DRAG QUEEN. EU NÃO SOU ASSIM 24 HORAS POR DIA, NEM TENHO A INTENÇÃO, NEM TENHO A PRETENSÃO DE SER MULHER. PORQUE SER MULHER É MUITO DIFÍCIL, É MUITO PESADO. A TRANSFORMAÇÃO REALMENTE É TÃO COMPLETA E TÃO FORTE, QUE VOCÊ TEM QUE TER A CABEÇA NO LUGAR PARA VOCÊ AGUENTAR, PARA VOCÊ PODER SOFRER ESSA TRANSFORMAÇÃO. 14:56 GUIGO: SIM. 14:57 ATÉ 15:07 MORGANA: AS PESSOAS NÃO ENTENDEM QUE VOCÊ TEM QUE MODIFICAR SEU CORPO, MUDAR SUA VIDA SOCIAL, SUA VIDA PRIVADA PARA SE ADEQUAR A ESSA COISA NA SUA CABEÇA DE AH, EU QUERO SER MULHER. 15:08 GUIGO: É UMA COISA DE ÂMAGO MESMO. 15:08 ATÉ 15:16 MORGANA: EXATAMENTE. EU NEM ENTRO NA QUESTÃO DAS TRANSEXUAIS QUE É UM CASO TOTALMENTE ALÉM, TOTALMENTE A PARTE, QUE É UMA OUTRA HISTÓRIA. 15:16 GUIGO: É UMA OUTRA SEARA. 15:17 ATÉ 15:34 MORGANA: É UMA OUTRA SEARA, EXATAMENTE. E COMO DRAG QUEEN, EU TRABALHO 36

ASSIM PARA DESENVOLVER UMA COISA QUE EU CHAMO DE ARTE. BOTAR COURO, BOTAR ALEGRIA, DIVERSÃO NUMA EMPRESA, QUE A GENTE CHAMA DE EMPRESA... 15:34 GUIGO: CLARO, COM CERTEZA, LÓGICO! 15:35 MORGANA: E TENTAR GANHAR UM DINHEIRO COM ISSO. 15:38 GUIGO: ATÉ PORQUE AQUI É O LOCAL QUE GERA O SUSTENTO DE MUITAS PESSOAS. 15:43 ATÉ 17:07 MORGANA: EXATAMENTE. EU JÁ CHEGUEI A TRABALHAR NUMA CASA, NUMA BOATE, QUE TINHAM 45 FUNCIONÁRIOS TRABALHANDO NESSA CASA. UMA CASA PARA 1600 PESSOAS E ÀS VEZES A GENTE TINHA MUITO MAIS QUE ISSO. ENTÃO, AS PESSOAS CONFUNDEM PORQUE NÃO TEVE ATÉ O MOMENTO ALGUÉM COMO VOCÊS, QUE FIZESSE, QUE PARASSE PARA PERGUNTAR O QUE QUE É VOCÊ? O QUE QUE VOCÊ FAZ? POR QUE QUE VOCÊ É IMPORTANTE NA SOCIEDADE? POR QUE QUE A SOCIEDADE TE ACEITA? OU POR QUE QUE ELA NÃO TE ACEITA? NÃO TEVE NINGUÉM PARA FALAR ISSO. ENTÃO, NÓS SOMOS TABU. AS PESSOAS NÃO QUEREM, ELAS FICAM COM MEDO DE SENTAR E PERGUNTAR PARA UMA DRAG QUEEN, OU PERGUNTAR PARA UMA TRAVESTI, OU PERGUNTAR 37

PARA UMA TRANSEX, OU PERGUNTAR PARA UM GAY AFEMINADO O QUE É VOCÊ? POR QUE VOCÊ ESTÁ AQUI? O QUE QUE TE LEVOU A ISSO? ENTÃO É TUDO O MESMO BALAIO DE GATOS. TODO MUNDO É IGUAL, MAS NÃO É. O PRECONCEITO... EU ACHO QUE O PIOR PRECONCEITO NÃO É A QUESTÃO AH, EU NÃO GOSTO DE VOCÊ PORQUE VOCÊ TEM UMA ORIENTAÇÃO SEXUAL DIFERENTE DA MINHA. O PIOR PRECONCEITO É QUEM É VOCÊ? E EU NÃO ESTOU INTERESSADO EM SABER QUEM É VOCÊ. PARA MIM VOCÊ É IGUAL A ELA, E AQUELA, E AQUELA, E AQUELA. NÃO SOMOS IGUAIS CADA UM TEM SUA IMPORTÂNCIA, CADA UM TEM SEU TRABALHO, CADA UM TEM SUA META. 17:08 ATÉ 17:34 MORGANA, AGORA ASSIM, PARA A GENTE DIGERIR ESSA INFORMAÇÃO PARA AS PESSOAS QUE ESTÃO VENDO. FALANDO À GROSSO MODO: ENTRE A DRAG QUEEN E O TRAVESTI. O TRAVESTI QUE TRABALHA REALMENTE COMO PROFISSIONAL DO SEXO. À NOITE, A DRAG QUEEN, ELA SE VESTE, QUANTO MAIS APETRECHOS ELA TIVER, QUANTO MAIS TECIDO É MELHOR PARA O TRABALHO DELA. JÁ O TRAVESTI, NÃO, QUANTO MENOS PANO ELE TIVER, É MELHOR PARA O TRABALHO DELE. ESTOU 38

CERTO OU ESTOU ERRADO? 17:35 ATÉ 17:48 MORGANA: ESTÁ E NÃO ESTÁ. ANTIGAMENTE, HÁ DEZ ANOS ATRÁS EU TE DIRIA ASSIM VOCÊ ESTÁ CERTO PORQUE, QUANTO MAIS EXAGERADAS NÓS FORMOS, NÓS, DRAG QUEENS, MELHOR VAI SER PARA O NOSSO TRABALHO, MAIS RICAS PARA O PÚBLICO NÓS VAMOS PARECER. 17:48 GUIGO: VISUALMENTE. 17:49 ATÉ 18:08 MORGANA: EXATAMENTE. E PARA AS TRAVESTIS QUANTO MENOS ROUPAS ELAS USAREM É MELHOR, POR QUÊ? PORQUE O QUE ELAS ESTÃO VENDENDO É O CORPO DELAS. POR ISSO ELAS TEM QUE TRANSFORMAR O CORPO, DEIXAR O SEIO BONITO, DEIXAR UMA CINTURINHA LINDA, UM BUMBUM BONITO, UMA PELE, UM CABELO. QUANTO MAIS ELAS PUDEREM VENDER O PRODUTO DELAS, VAMOS FALAR A GROSSO MODO. 18:08 GUIGO: SIM, CLARO, LÓGICO. 18:09 MORGANA: O MEU PRODUTO É O PALCO. 18:10 GUIGO: SIM. 18:11 ATÉ 18:26 MORGANA: ENTÃO, QUANTO MAIS EU ESTIVER DIVERTIDA, RICA, QUANTO MAIS EXTRAVAGANTE EU ESTIVER, LEGAL. E AS TRAVESTIS, SÃO O CONTRÁRIO, QUANTO MAIS ELAS PUDEREM MOSTRAR QUE 39

ELAS SÃO BONITAS, BELAS BEM TRATADAS, ATRAENTES, MELHOR. 18:26 GUIGO: ATRAENTES. 18:27 ATÉ 18:48 MORGANA: EU GOSTO DESTA COISA DIFERENTE. EU ACHO BONITO UM CARA SE VESTIR COMO UMA MULHER E FICAR PARECENDO UMA MULHER, EU ACHO INCRÍVEL. EU QUERO ESTAR NO PALCO, EU QUERO PLUMAS E PAETÊS, EU QUERO BRILHOS, EU QUERO PEDRAS, EU QUERO PELES, EU QUERO CABELOS COLORIDOS, EU NÃO QUERO PASSAR POR MULHERZINHA. 18:48 GUIGO: SIM 18:49 ATÉ 19:01 MORGANA: PORQUE NÃO É A MINHA, EU NÃO VOU VIVER ISSO 24 HORAS POR DIA. NO MEU CASO É UMA ILUSÃO, PARA AS OUTRAS PESSOAS EU ACHO QUE É O MÁXIMO, EU GOSTO. NÃO DIGO QUE EU NÃO ME VESTIRIA ASSIM, MAS SE NÃO FOSSE PARA TRABALHAR. 19:01 GUIGO: SIM. 19:02 ATÉ 19:18 MORGANA: SÓ QUE COMO EU VIVO PARA O TRABALHO, E EU SÓ TENHO ESSAS COISAS NO FINAL DE SEMANA, QUE É QUANDO EU TRABALHO. EVENTUALMENTE, QUANDO EU FAÇO UM TELEGRAMA ANIMADO, DURANTE A SEMANA, ASSIM TAL, MAS MEU TRABALHO É FINAL DE 40

SEMANA. VIVER ASSIM É MUITO PESADO PARA MIM, PARA MIM, PARA OUTRAS PESSOAS NÃO. 19:18 ATÉ 19:34 19:35 ATÉ 20:29 GUIGO: MO, PARA TERMINAR ESTA ENTREVISTA, VOCÊ QUE FOI NOSSO OBJETO DE ESTUDO, VAMOS DIZER ASSIM. DEIXE UMA MENSAGEM PARA ELES QUE ESTÃO ASSISTINDO ESTE VÍDEO. DE TUDO QUE FOI ISSO QUE ACONTECEU, DE TUDO QUE FOI ISSO QUE A GENTE VIVEU. MORGANA: BEM, GENTE, EU QUERIA AGRADECER A OPORTUNIDADE, MAIS UMA OPORTUNIDADE QUE ME FOI DADA DE FALAR UM POUQUINHO DO QUE É UMA VIDA DE UMA DRAG QUEEN, O TRABALHO, AS ASPIRAÇÕES. NÓS NÃO SOMOS DIFERENTES DE NENHUM OUTRO BRASILEIRO, OU DE NENHUM OUTRO SER HUMANO NA TERRA, SIMPLESMENTE NÓS NOS VESTIMOS DE UMA FORMA MAIS ESPALHAFATOSA, EM ALGUNS CASOS MAIS BONITA, ELABORADA. MAS, A GENTE É GENTE COMO A GENTE. E É MUITO BOM, É MUITO GRATIFICANTE PODER FALAR, SEM PRECISAR FAZER GRAÇA O DIA INTEIRO, SEM PRECISAR ESTAR RECEBENDO ALGUMA COISA, SIMPLESMENTE PELO INTERESSE DE OUTRO SER HUMANO. ENTÃO, MUITO OBRIGADO, UM BEIJO GRANDE, E ESPERO QUE DÊ TUDO 41

CERTO PARA ESTE TRABALHO. 20:29 GUIGO: E QUE A NOSSA NOTA SEJA ALTA. 20:30 MORGANA: É, DEDINHO CRUZADO. 20:32 ATÉ 20:42 GUIGO: PROFESSOR FREDY, É ISSO O QUE A GENTE TEM PARA APRESENTAR PARA O SENHOR E AQUI A GENTE ENCERRA O NOSSO TRABALHO. ATÉ UMA PRÓXIMA, SE DEUS QUISER. 20:43 MORGANA: BEIJO, FREDY, ME LIGA! 20:46 ATÉ 24:25 CRÉDITOS FINAIS DO DOCUMENTÁRIO E VÍDEO CLIPE COM AS DRAGS NATHALLY HILLS, MORGANA LOREN E KYARA DAYMON DE WOMAN S WORLD DE CHER. Neste documentário utilizamos alguns conteúdos sobre os quais não possuímos direitos autorais e não temos a intenção de ofender nenhum artista ou organização. Qualquer solicitação favor entrar em contato pelo email: rodolfogouveia_22@hotmail.com ou guigo-31@hotmail.com 42

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Observamos a necessidade de fazer este Trabalho de Conclusão de Curso com o tema: A Vida das Drag Queens na Noite de São José dos Campos partindo do pressuposto que a mídia, em geral, pouco fala sobre o tema. Durante cerca de um ano e dois meses, acompanhamos quase que diariamente o dia a dia da vida das Drag Queens nas boates durante as madrugadas. Desde o momento em que elas chegam, se produzem, sobem ao palco e mostram seu trabalho como profissionais, realizando shows. Todo este material recolhido foi registrado em vídeo e permitiu registro das informações necessárias para a produção audiovisual deste documentário. O mesmo pode futuramente tornar-se base de pesquisa para as gerações futuras. Lembrando que, nesse período da pesquisa de campo e contato direto com as fontes e personagem, tivemos a oportunidade de amadurecimento profissional como idealizadores do documentário, assim aplicando todas as técnicas que aprendemos durante os quatro anos do curso de Jornalismo. 43

BIBLIOGRAFIA FILMES / VÍDEOS Filme: Kinky Boots - Fábrica de Sonhos Assistido em 30.08.2013 Filme: Priscila, a rainha do deserto Assistido em 30.03.2013 Vídeos Madrugada Afora <http://www.facebook.com/madrugadaafora> SITES GOULART, Michel. 12 deuses do olimpo na mitologia grega. Disponível em <http://www.historiadigital.org/curiosidades/12-deuses-do-olimpo-na-mitologiagrega/>, Acesso 29Abr.2013 DIAS, Rodrigo Francisco. Em busca da definição: mas afinal... O que é Mesmo documentário? De fernão Pessoa Ramos. Revista de História e Estudos Culturais, vol. 6, ano VI, n. 2. Abril/maio/junho 2009. Disponível em <http://www.revistafenix.pro.br/pdf19/resenha_1_rodrigo_francisco_dias.pdf>, Acesso em 05 jun.2013 HANSEN, Bert. American Physicians' Earliest Writings about Homosexuals, 1880-1900. The Milbank Quarterly, Vol. 67, Supplement 1. Framing Disease: The Creation and Negotiation of Explanatory Schemes (1989), pp. 92-108. Disponível em <http://www.jstor.org/discover/10.2307/3350187?uid=8361936&uid=3737664&uid=2& uid=3&uid=39378&uid=67&uid=62&sid=21101877358811>, Acesso 08 jun.2013 Mitologia Grega. Disponível em <http://www.templodeapolo.net/>, Acesso 29Abr.2013 Nichols, By Bill. Introdução Ao Documentário - Papirus Editora. Disponível em <http://books.google.com.br/books?id=cbxpfi5ygm0c&printsec=frontcover&dq=doc ument%c3%a1rio&hl=en&sa=x&ei=mejxufikg8hg0qguzoaq&ved=0cdqq6ae waq#v=onepage&q=document%c3%a1rio&f=false>, Acesso em 30mar.2013 44

Regras e normas da ABNT 2012 para formatação de trabalhos acadêmicos disponível em <http://www.trabalhosabnt.com/regras-normas-abnt-formatacao>, Acesso em 17out.2012 Ser e estar drag queen1: um estudo sobre a configuração da identidade queer. Disponível em <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26190309&idp=1&cid=2457650>, ultimo acesso 08jun.2013 The Historical Construction of HomosexualityRadical History Review Spring/Summer 1979; Disponível em <http://rhr.dukejournals.org/content/1979/20/66.full.pdf>, ultimo acesso 08Jun.2013 Travestis, transformistas, drag queens, transexuais: montando corpo, pessoa, identidade e gênero. Disponível em <http://www.academicoo.com/search?q=drag+queens> Acesso 29Abr.2013 LIVROS GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª. Ed. Editora Atlas, 2010 BULFINCH, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia - Histórias de Deuses e Heróis. Editora: EDIOURO, 2009 Rio de Janeiro Grimal, Pierre. Dicionário da Mitologia Grega e Romana 8 Edição. Editora: Bertrand Brasil - Ano: 2008 Rio de Janeiro RAMOS, Fernão Pessoa. Mas Afinal... O que É Mesmo Documentário?. Editora: Senac - São Paulo - 2008 NICHOLS, Bill. Introdução ao Documentário. 3 Edição - Editora Papirus Campinas SP - 2005 45

Anexos 46

PRÉ PROJETO DO VÍDEO DOCUMENTÁRIO INTRODUÇÃO Nosso trabalho tem como cunho principal falar sobre a arte que as Drag Queens do Vale do Paraíba, principalmente as de São José dos Campos, desempenham na madrugada. Levar ao público, tanto o gay quanto o heterossexual, o que, de fato, é o real trabalho de uma Drag Queen. Quem são suas inspirações? O que cada Drag sente ao subir no palco e dar vida a sua cantora? Como trabalhar a dublagem? Suas roupas como nascem? Em quem elas se inspiram para montar o personagem? Como decidir que a Drag tem um estilo ou outro, tanto físico como a personalidade? Vai ser uma drag caricata ou não? Drag Queen é um termo bastante antigo. Somos como as baratas, a gente existe desde sempre e vamos existir até acabar o mundo. A questão do homem se vestir como mulher é muito antiga mesmo. Remonta as antigas civilizações. As Drag Queens como se chamam? De onde vem esse nome? Remota dessa época e dizem as lendas que começou na época de Shakespeare, Idade Média. Drag quer dizer Dressed as a girl (Vestido como uma garota). No teatro, no tempo em que as mulheres não podiam representar eram os homens que interpretavam os papéis delas. E no início dos textos teatrais vinha a sigla Drag escrito na frente do nome do ator para distinguir o papel do homem e da mulher no teatro 6. A Drag Queen exerce na noite, um trabalho diferente do travesti. Enquanto a Drag Queen é uma artista, vive dos shows e do espetáculo, a mesma necessita de uma boate, de um local, de um palco para poder exercer seu trabalho e sua apresentação. Já o travesti é o profissional do sexo, e trabalha nas ruas, expondo seu corpo a fim de atrair clientes masculinos para relação sexual. E é justamente sobre esse trabalho artístico das Drag Queens que queremos abordar nesse documentário. 6 Morgana Loren em entrevista com Rodrigo Martinis para o TCC e o programa Madrugada Afora 47

Vamos explorar a realidade e o que cada uma dessas artistas da noite sente ao subir nos palcos e interpretar suas Divas/Musas inspiradoras. Queremos mostrar ao público em geral o lado profissional e glamoroso do trabalho de cada uma delas. Morgana Loren contou em uma de suas entrevistas para o Madrugada Afora como surgiu as Drags, o porquê do termo Drag ser usado até hoje. Além de entrevistas com as artistas da noite vamos fazer uma analogia entre ser Drag e a mitologia grega. Como uma coisa está ligada a outra. No capítulo 1, Musas, vamos falar um pouco dessas referencias mitológicas, diferenciar o que é musa, falar sobre os deuses do olimpo e suas filhas e também um pouco sobre música. 1. Contextualização do Tema As Drag Queens (homens que se vestem de mulher para fazer shows em boates durante a noite) são espalhafatosas, exageradas, gostam de cor, brilho, gliter, sobrancelhas postiças, unhas enormes de silicone, vestidos de tecidos extremamente coloridos com plumas, penas e pedrarias. Suas perucas, na grande maioria das vezes, são de cabelo natural, moldadas com grandes penteados escalafobéticos, sempre visando o exagero, mas não de forma a se ridicularizarem, mas, sim, de atrair a atenção e interesse do público, com o glamour aliado ao exagero. Para elas, o que importa é encarnar um papel onde a feminilidade e a interpretação tenham vidas próprias. A grande maioria delas se inspira em cantoras internacionais, consagradas pelo grande público como Divas. Essas cantoras pop's em sua maioria são ovacionadas, sempre têm músicas que estouram nas paradas de sucesso e conseguem sempre estar no topo das listas mais renomadas de sucesso. Grandes exemplos de Divas são: Cher, Mariah Carey, Tony Braxton, Madonna, Shakira, Cindy Lauper, Celine Dion, Aretha Franklin, Anastacia, Beyonce, Christina Aguilera, a finada Donna Summer, Lisa Stansifield, Riahnna, entre outras. 48

São nessas cantoras internacionais, que as Drag Queens se espelham, tanto na dublagem, como no vestuário, interpretação, penteados, cores de cabelo, repertório, personalidade, atitude e comportamento. Ser drag associa-se ao trabalho artístico, pois há a elaboração de uma personagem. A elaboração caricata e luxuosa de um corpo feminino é expressa através de artes performáticas como a dança, a dublagem e a encenação de pequenas peças. (CHIDIAC; OLTRAMARI, 2004, p. 1). E é justamente sobre esse trabalho artístico das Drag Queens que queremos abordar nesse documentário. Como a mídia em geral não fala do assunto, decidimos explorá-lo. 2.Objetivo: 2.1 Geral Produzir um documentário participativo (Interação entre cineasta e o tema escolhido) e reflexivo (Leva o telespectador a tirar suas próprias conclusões sobre o tema) em vídeo, relatando o profissionalismo, a arte e o glamour das Drag Queens enquanto profissional nos palcos na noite de São José dos Campos. Considera-se importante diferenciar Drag Queens de Travestis. Mesmo que sejam categorizados como cross-dresser, transformistas, ou ainda, homens que se vestem de mulher, ambos estão inseridos em meios sociais distintos, uma vez que as Drag Queens atuam sob um conceito mais flexível de travestismo. Embora sejam atores transformistas, as drags distinguem-se dos travestis por andarem, em seu cotidiano vestidos de homens, exercendo também profissões diversas, não afeitas ao transformismo durante o dia. Travestis utilizam próteses de silicone e hormônios na construção de seus corpos femininos, permanecendo travestidas em seu cotidiano, e não o fazem de maneira exagerada e caricata. (CHIDIAC; OLTRAMARI, 2004, p. 1). Queremos mostrar a forma como cada uma delas se inspiram nas suas cantoras preferidas desde o momento de ensaiar até a finalização do show. Assim, trazem sua essência para o palco de uma boate a fim de entreter tanto o público gays, lésbicas e simpatizantes (GLS) quanto o hetero com seu trabalho profissional e artístico. 49

2.2 Específicos Buscar relato com as Drag Queens; Compreender a linguagem utilizada por elas; Compreender como as Drag Queens se comportam na noite; Mostrar o glamour das Drags na noite e seu profissionalismo; Buscar relato dos fãs das Drags e o que eles pensam a respeito delas. 3.Problema Os meios de comunicação, sejam eles sonoro, escrito, audiovisual ou multimídia, não retratam ou divulgam esse trabalho com frequência nos meios de comunicação. 4. Justificativa: Uma vez em que se traz à tona o trabalho exercido por esses homossexuais nos palcos das boates nas madrugadas, o assunto se torna duas vezes mais tabu. Pois, além de falarmos de um homem que se sente atraído sexualmente por outro, falamos também de um homem que usa trajes femininos e no momento de seu trabalho se comporta e age como uma mulher, transbordando feminilidade. Em uma pesquisa realizada no período de 12/11/2012 a 19/11/2013 nos canais de TV aberta, pudemos observar que pouco ou quase nada sobre o tema é abordado. As mídias televisivas não falam do tema proposto em si. Esse documentário é uma forma de mostrar para a sociedade todo esse trabalho artístico e profissional das Drag Queens. Com base nessa premissa, resolvemos explorar esse tema e adentrar pelos cantos escuros e, ao mesmo tempo, tão cheios de brilho, desse mundo repleto de curiosidades e informações a serem estudadas. Em virtude disso, resolvemos fazer o documentário participativo e reflexivo não apenas para o tema do TCC, mas, também, como futuros jornalistas, trazermos um pouco mais de informação real, do próprio mundo das Drag Queens e deixar que elas mesmas mostrem o formato, as leis e os ditames do mundo no qual vivem. 5. Modalidade 50

Documentário sobre o trabalho de uma Drag Queen madrugada afora em São José dos Campos. A modalidade escolhida para este projeto será um documentário participativo, para poder levar o nosso tema da maneira mais real possível para os professores e para a banca. Nesta modalidade o documentarista tem a oportunidade de ir a campo e participar e vivenciar de certa forma a experiência do assunto abordado com os personagens. Desde novembro do ano passado estamos fazendo entrevistas e pesquisa de campo, sempre de madrugada em horários que as Drags costumam trabalhar e fazer seus shows. Um exemplo foi a conversa com a Drag Christinny Houston que citou nosso programa na internet, chamado Madrugada Afora, no qual exibimos parte das entrevistas realizadas para o TCC. A Christinny disse o seguinte no final da última conversa conosco. Gente do Madrugada Afora esse programa está maravilhoso, eu sei que não vai acabar depois da faculdade. Ele vai continuar e seguir mais à frente. Esse projeto de vocês é maravilhoso e eu adoro 7. O documentário é um gênero cinematográfico que busca mostrar ou representar a realidade. No documentário acontece o encontro real do cineasta com o tema proposto. E neste trabalho vamos fazer uso da técnica de documentário participativo que usa a entrevista como uma das formas mais comuns de ir ao encontro com cineasta e o tema proposto. O cineasta por sua vez vai a campo, busca mostrar a realidade como ela é, passando para quem assiste o que pretendia. Em determinados momentos ocorre a participação do cineasta interagindo com os personagens perguntando e entrevistando, dando a sensação de que o que está sendo realmente gravado é o que o espectador assistiria se ele ali estivesse no lugar da câmera na hora em que foi gravado. O documentário participativo pode enfatizar o encontro real, vivido, entre cineasta e o tema. (NICHOLS, 2008, p.155). 7 Christinny Houston em entrevista com Rodrigo Martinis para o TCC e o programa Madrugada Afora 51

Para a elaboração desse mesmo documentário trabalhamos com várias técnicas de pesquisa e apuração em campo. Visitando os locais onde as Drags trabalham e fazem seu show. 6. Metodologia 6.1 Pesquisa Bibliográfica A pesquisa bibliográfica tem baixo custo, suas informações são seguras e dispensa o contato entre a fonte e o pesquisador. Com ela, buscamos referências em livros, sites, artigos, monografias, jornais, entre outros. Parte considerável do trabalho de pesquisa consiste na utilização de recursos fornecidos pelas bibliotecas. Isso é verdadeiro não apenas para pesquisas caracterizadas como bibliográficas, mas também para os demais delineamentos. (GIL, 2010, p.60). A pesquisa biográfica dentro desse tema é bastante escassa. Não encontramos muitos livros que falem sobre o assunto em específico. Tomamos como base as entrevistas e os poucos artigos encontrados na internet. 6.2 Pesquisa Exploratória Para darmos início ao projeto, usaremos a pesquisa exploratória que visa desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias que ajudarão nos estudos posteriores. Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especificamente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis. (GIL, 2010, p.27). Por ser um tema polêmico e pouco se ouve falar do mesmo nas mídias, a pesquisa exploratória acaba sendo a melhor etapa para uma futura investigação mais ampla sobre o tema. 52

6.3 Pesquisa Descritiva O principal objetivo dessa pesquisa é a descrição das características de um determinado assunto. Sua principal característica é padronização da coleta de dados. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, nível de renda, estado de saúde física e mental etc. (GIL, 2010, p. 28). Como citado por Antônio Carlos Gil essa pesquisa é uma forma de estudar todas as características dos personagens e descrever com riqueza o trabalho de cada um deles. 6.4 Pesquisa Documental A pesquisa documental proporciona aos pesquisadores vários dados, sejam eles em quantidade, ou qualidade evitando a perda de tempo e agilizando o trabalho: Assim a pesquisa documental tradicionalmente vale-se dos registros cursivos que são persistentes e continuados. (GIL, 2010, p.147). 6.5 Entrevistas De acordo com o autor Gil, Antonio Carlos, capítulo 11, Página 109, a entrevista pode ser definida como a técnica em que o repórter se põe frente ao entrevistado e formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados e das informações que são relevantes à investigação. A entrevista é, desta feita, uma maneira de interação e coexistência social. Sendo ainda mais específico, ela é uma forma de diálogo assimétrico, no qual, uma das partes busca coletar dados e a outra se mostra como fonte de informação. A entrevista, também é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das ciências sociais. Psicólogos, sociólogos, pedagogos, assistentes sociais e praticamente todos os outros profissionais que tratam de problemas humanos valem-se dessa técnica, não apenas para a coleta de dados, mas também com objetivos voltados para diagnóstico e orientação. (GIL, 2010, p.109) Ainda, segundo o autor, a entrevista é a mais flexível de todas as técnicas de coleta de dados de que dispõem as ciências sociais. Isso, pois, podem ser definidos 53

diferentes tipos de entrevistas, em função de seu nível de estruturação. As entrevistas mais estruturadas são aquelas que predeterminam em maior grau as respostas a serem obtidas, ao passo que as menos estruturadas são desenvolvidas de forma mais espontânea, sem que estejam sujeitas a um modelo preestabelecido de interrogação. Partindo desse pressuposto, as entrevistas podem ser classificadas em informais, focalizadas, por pautas e formalizadas. 6.5.1 Entrevista Informal Seu principal objetivo é coletar dados e informações que auxiliam o pesquisador a ter uma visão geral do assunto. Uma conversa básica com a fonte em questão. A entrevista informal é recomendada nos estudos exploratórios, que visam abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador, ou oferecer visão aproximativa do problema pesquisado. (GIL, 2010, p. 111). Como o mundo das Drag Queens é pouco conhecido e a mídia mal fala sobre o assunto, foi necessária uma pesquisa, conversa com os personagens para uma primeira coleta de dados e informações. Seguida pela entrevista focalizada, na qual vamos realmente focar o objetivo do TCC, que é o trabalho profissional e artístico de cada uma delas. De acordo com o tema de nosso trabalho, corroborado com o jeito espontâneo e expansivo de ser das Drag Queens, optamos pelo modelo de entrevista informal. Isso se deve ao fato de que, no auge do momento, a imaginação flui juntamente com o estado de espírito e jeito de ser do entrevistado. Mergulhar no mundo das Drag Queens é o mesmo que entrar em um mundo no qual não existem barreiras para imaginação, não apenas no trabalho que elas desenvolvem, mas também, em suas personalidades. A entrevista informal nos proporciona toda liberdade de criação e direcionamento de como a entrevista fluirá. Pois, uma vez que não temos uma pauta específica, podemos ousar mais e sair do óbvio, mostrando um lado muitas vezes pouco explorado por muitos profissionais no que se diz respeito a nossa temática. 54

De acordo com o autor Gil, 2010, p. 111, este tipo de entrevista é o menos estruturado possível e só se distingue de uma simples e comum conversação, pois tem como escopo principal a junção, o coletar de dados. Aqui, o pretendido com esse tipo de entrevista é a captação da visão geral do problema foco da pesquisa, tal qual a identificação de certos aspectos e peculiaridades do entrevistado. A entrevista informal é recomendada durante os estudos exploratórios, no qual o escopo é abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador e, juntamente, oferecer uma visão aproximativa do problema pesquisado. Neste tipo de estudo, com frequência recorre-se a entrevistas informais com informantes-chaves, que, por sua vez, podem ser especialistas no tema do estudo, líderes formais ou informais, personalidades destacadas, etc. Em uma das entrevistas para o documentário, a Drag Queen Allaya Top contou como surgiu, nasceu a sua personagem. Eu faço show há doze anos, trabalho como Drag Queen na noite todo esse tempo. E surgiu do nada. Eu via alguns amigos meus que já faziam show. Eu criava aquela expectativa, via as mais famosas, já no ramo. Pensava: ai deve ser muito bonito, tudo muito fácil. Aí eu pedi para um amigo meu me montar. Eu corri atrás, na medida do possível e nas condições da época. E fiz o primeiro show. Bonito não foi, profissional menos, mas o esforço que a gente consegue ao longo do tempo vai adquirindo experiência, que faz eu continuar persistindo e crescendo. Crítica sempre vai ter, do melhor ao pior. Então o importante é você absorver o melhor e seguir em frente 8. Além desse depoimento em especifico Allaya Top e outras Drags responderam perguntas mais focalizadas e direcionadas para o tema abordado em nosso TCC, utilizando a técnica abaixo descrita. 8 Allaya Top em entrevista com Rodolfo Reis para o TCC e o programa Madrugada Afora. Essa entrevista está disponível na página do Madrugada Afora no Facebook. O endereço da página é www.facebook.com/madrugadaafora. 55

6.5.2 Entrevista Focalizada É direcionada para um tema específico e permite que o entrevistado fale seu principal objetivo e colete dados e informações que o auxiliam na hora de ter uma visão mais especifica do assunto. A entrevista focalizada também é bastante utilizada com grupos de pessoas que passam por uma experiência especifica, como assistir a um filme, presenciar um acidente etc. Nestes casos, o entrevistador confere ao entrevistado ampla liberdade para expressar-se sobre o assunto. (GIL, 2010, pág. 112). Kyara Daymon contou em uma das entrevistas um pouco de como é a vida da Drag. Se é rentável essa profissão ou se é necessário outro trabalho no dia a dia. Geralmente não é tão rentável. Toda Drag tem sua vida, sabe viver o menino, trabalhar. Uma grande maioria é cabelereira. Aí tem outros que têm outros serviços. É complicado viver somente com o trabalho de Drag. E todas que são Drags fazem por satisfação e pelo prazer da profissão 9. Outros assuntos foram abordados com a Kyara Daymon tais como: o preconceito, grupos de manifestação das Drags, sua rotina no dia a dia como menino, família e etc. Aliás vocês que querem se montar não façam isso. Eu comecei a me montar e fui escondendo muito. E começaram a achar peruca, salto. Minha irmã acabou encontrando, na época era Orkut e ela mostrou para a minha mãe. Minha mãe não gostou muito no começo porque ela tinha outra visão sabe. Ela achava que só porque eu me vestir de mulher, eu era garota de programa e coisas do tipo. Mais depois eu fui aprimorando, mostrei para ela os meus shows e tudo. E um dia ela entendeu e passou a ver o meu trabalho com profissionalismo 10. Fora as técnicas da entrevista focalizada, utilizamos também para a elaboração do documentário a entrevista face a face e por telefone. 9 Kyara Daymon em entrevista com Rodolfo Reis para o TCC e o programa Madrugada Afora 10 Kyara Daymon em entrevista com Rodolfo Reis para o TCC e o programa Madrugada Afora 56

6.5.3 Entrevista face a face e por telefone A maioria das entrevistas são feitas face a face, porém, hoje em dia, utiliza-se também a entrevista via telefone. As vantagens da entrevista por telefone são: baixo custo, rapidez, Agendamento mais apropriado para a entrevista, etc. 57

7. Cronograma ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PERÍODO DE REALIZAÇÃO OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI 2012 2012 2012 2013 2013 2013 2013 2013 PRÉ DESENVOLVER X X PRODUÇÃO PRÉ - PROJETO PESQUISA DE X CAMPO PROCURA DE X X CONTATOS PESQUISA X X X BIBLIOGRAFICA PRODUÇÃO TRATAMENTO DE DADOS APURAÇÃO X X X X GRAVAÇÃO X X X X X X EDIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO FINALIZAÇÃO ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL FINALIZAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO ENTREGA DO TRABALHO ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PERÍODO DE REALIZAÇÃO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 2013 2013 2013 2013 2013 2013 2013 PRÉ DESENVOLVER PRODUÇÃO PRÉ - PROJETO PESQUISA DE CAMPO PROCURA DE CONTATOS PESQUISA BIBLIOGRAFICA PRODUÇÃO TRATAMENTO DE 58

FINALIZAÇÃO DADOS APURAÇÃO GRAVAÇÃO X X EDIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL FINALIZAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO ENTREGA DO TRABALHO X X X X X X X X X 59

AUTORIZAÇÃO USO DE IMAGEM EU, PORTADOR DO RG, AUTORIZO O USO DA MINHA IMAGEM PARA EXIBIÇÃO NOS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO. SEM MAIS, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, DE DE 20. ASSINATURA 60

AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM GRAVADO EM VÍDEO EU (NOME DO ENTREVISTADO) AUTORIZO O USO DE EXIBIÇÃO DA MINHA IMAGEM NAS MÍDIAS DE COMUNICAÇÃO. 61

AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM FOTOS EU, PORTADOR DO RG, AUTORIZO O USO DA MINHA IMAGEM (FOTOS) PARA EXIBIÇÃO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO. SEM MAIS, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, DE DE 20. ASSINATURA 62

Pauta: Documentário sobre as Drag Queens Redatores: Rodolfo Reis e Rodrigo Martinis Retranca: Madrugada Afora: a vida das Drag Queens na noite de São José dos Campos Resumo: falar sobre a arte que as Drag Queens do Vale do Paraíba, principalmente as de São José dos Campos, desempenham na madrugada. Levar ao público, tanto o gay quanto o heterossexual, o que, de fato, é o real trabalho de uma Drag Queen. Fontes: Kyara Daymon Sugestão de perguntas: Perguntas para Kyara Daymon Quanto tempo você tem de carreira? Quais são suas divas inspiradoras? Como é a preparação para seus shows? Qual a identidade da Kyara Daymon enquanto Drag Queen? Como você faz para medir se o público está gostando ou não do seu trabalho? Quais suas metas como Drag Queen? Sugestão de perguntas para segunda entrevista com Kyara Daymon: Como surgiu a Kyara? Quando e como nasceu a personagem? Você teve amigos que te incentivaram ou te criticaram? Você sofreu algum preconceito por ser gordinha? 63

Storyboard STORYBOARD DO TCC - DOCUMENTÁRIO SOBRE A VIDA DAS DRAG QUEENS NA NOITE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS TEMPO: 15 A 20 MINUTOS STORYBOARD: ROD REIS DESCRIÇÃO GC IMAGENS TEXTOS/SONORAS/PERGUNTAS IMAGENS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS EM TIME IMAGENS DO SHOW DA MORGANA MORGANA LOREN ABERTURA DO DOCUMENTÁRIO COM APRESENTAÇÃO DAS PERSONAGENS MORGANA LOREN, KYARA DAYMON E NATHALLY HILLS. MÚSICA: SHE WOLF, DE DAVID GUETTA. MÚSICA INTERPRETADA POR MORGANA LOREN: STRONG ENOUGH, DE CHER. IMAGENS DO SHOW DA KYARA DAYMON IMAGENS DO SHOW DA NATHALLY HILLS VÍDEO CLIPE BELIEVE KYARA DAYMON NATHALLY HILLS CANTORA: CHER MUSICA: BELIEVE GRAVADORA: WARNER MUSIC GUIGO MARTHINI ESTUDANTE DE JORNALISMO MÚSICA INTERPRETADA POR KYARA DAYMON: PYROMANIA [SPENCER & HILL AIRPLAY MIX], DE CASCADA. MÚSICA INTERPRETADA POR NATHALLY HILLS: BREATH OF LIFE, DE FLORENCE + THE MACHINE. MORGANA LOREN INTERPRETA E DA VIDA AO CLIPE BELIEVE DA CANTORA CHER GRAVADORA WARNER MUSIC - COM INSERÇÕES DO CLIPE ORIGINAL BELIEVE DA CHER. GUIGO MARTHINI: POIS É, PESSOAL! VOCÊS ACABARAM DE VER, NINGUÉM MAIS, NINGUÉM MENOS, QUE A DIVA DO VALE DO PARAÍBA, MORGANA LOREN, 64

INTERPRETANDO A CHER. VAMOS CONVERSAR UM POUQUINHO COM ELA MAIS DE PERTO? VEM. DONA MORGANA! MORGANA: OI, PAULINHO! PAULINHO, GUIGO, RODRIGO, SEI LÁ SEU NOME, CADA DIA VOCÊ ESTÁ COM UM NOME DIFERENTE! GUIGO: POIS É, VAMOS SENTAR. MORGANA: OH, MEU PAI! GUIGO: VAMOS SENTAR E VAMOS CONVERSAR UM POUCO. MORGANA: SÓ UM MOMENTO, DEIXA EU PUXAR AQUI AS CAUDAS DO VESTIDO. GUIGO: ISSO, VAMOS LÁ. MÔ, ME FALA UMA COISA: A GENTE TEM ACOMPANHADO SEU TRABALHO, DESDE O COMEÇO DO ANO, DESDE FEVEREIRO QUE A GENTE COMEÇO DE VERDADE FAZER AS FILMAGENS E DESDE ENTÃO A GENTE TEM VISTO INTERPRETAÇÕES DIFERENTES, A GENTE TEM VISTO ESTILOS DIFERENTES, E TEM FICADO MUITO CLARO, ME CORRIJA SE EU ESTIVER 65

ERRADO, QUE VOCÊ TEM UMA LINHA DE TRABALHO MUITO INSPIRADA NAS MUSAS DA MITOLOGIA GREGA. ESTOU CERTO? MORGANA LOREN INFORMAÇÕES CLIPE DA CHER INFORMAÇÕES CLIPE DA WHITNEY HOUSTON INFORMAÇÕES CLIPE DA MARIAH CAREY MORGANA: EU ACHO QUE, NO COMEÇO, NÃO É BEM QUESTÃO DA MITOLOGIA GREGA EM SI. MAS COM O TEMPO FOI EVOLUINDO PARA ISSO MESMO, PORQUE, CADA UMA DELAS TEM UMA CARACTERÍSTICA QUE ME AGRADA MUITO. (05:08 ATÉ 05:37_ INSERÇÃO DE IMAGENS DE CHER, WHITNEY HOUSTON E MARIAH CAREY) UMAS SÃO MAIS FORTES, OUTRAS SÃO MAIS SUAVES, MAIS MEIGAS, OUTRAS SÃO MAIS ESTRANHAS... GUIGO:... MAIS TERNAS. MOGANA:... MAIS TERNAS. MAS TODAS INSPIRAM... TÊM INSPIRADO MEU TRABALHO DE ALGUMA FORMA, EM ALGUM MOMENTO. ESSA COISA DA MÁSCARA, DE TIRAR UMA MÁSCARA, COLOCAR OUTRA, EU ACHO MUITO INTERESSANTE. 66

GUIGO: HOJE, AGORA, VOCÊ FEZ, NADA MAIS, NADA MENOS, DO QUE UM CLÁSSICO DE 1998, DA CHER, QUE É UMA DAS MUSAS MAIS-MAIS, VAMOS DIZER ASSIM. NO QUE QUE A CHER TANTO TE INSPIRA? O QUE VOCÊ USA DE FATO DA CHER, NÃO SÓ EM BELIEVE, QUE VOCÊ FEZ AGORA, MAS NOS OUTROS TRABALHOS QUANDO VOCÊ ESTÁ AQUI EM CIMA DO PALCO PARA ENTRETER O PESSOAL? MORGANA: ACHO QUE PRINCIPALMENTE O LADO CAMALEÔNICO DELA. (06:00 ATÉ 06:16_ INSERÇÃO DE IMAGENS DE CHER) ALÉM DE ELA TER UMA FORÇA MUITO GRANDE, ELA SE TRANSFORMA MUITO. ELA PASSA MENSAGENS DIFERENTES, DE FORMAS DIFERENTES, PARA PÚBLICOS DIFERENTES. ISSO QUE EU GOSTARIA DE ATINGIR. ATINGIR AS PESSOAS DE UMA FORMA GERAL. DE FORMAS DIFERENTES, MAS PARA TODO MUNDO. É ISSO QUE EU GOSTO DELA. GUIGO: E VOCÊ CONSEGUE SENTIR A REAÇÃO PLATEIA QUANDO VOCÊ ESTÁ EXERCENDO ESSE PODER DE, VAMOS DIZER ASSIM, DE MUSA MESMO? 67

MORGANA: EU ACHO QUE É MUITO LEGAL ISSO. EU SEMPRE FALO PARA AS MENINAS QUE ESTÃO COMEÇANDO, QUE VÊM ME PERGUNTAR, O QUE QUE EU ACHO, COMO É QUE É, COMO É QUE É AQUILO, COMO É QUE É SER DRAG, COMO É FAZER SHOW. EU GOSTO MUITO MAIS PARA PRESTAR A ATENÇÃO NO QUE EU ESTOU FAZENDO E O PÚBLICO ENTRA NA VIAGEM COMIGO... (06:56 ATÉ 07:35_ INSERÇÃO DE SHOWS DE MORGANA LOREN) GUIGO: SIM. MORGANA:... DO QUE AQUELE PÚBLICO QUE ESTÁ GRITANDO DESDE O COMEÇO DO SHOW. EU JÁ VI PESSOAS ASSIM, AH, EU GOSTO DA MÚSICA, AÍ VIRA DE COSTAS, COMEÇA A DANÇAR E NEM ESTÁ ASSISTINDO SEU SHOW, OU SEJA, NÃO ESTÁ SE 68

PREOCUPANDO COM O TRABALHO QUE VOCÊ ESTÁ DESENVOLVENDO. E AÍ QUANDO O POVO, NÃO, ESTÁ QUIETINHO ATÉ PARECE, ASSIM, NO PRIMEIRO MOMENTO AI, ACHO QUE O POVO NÃO ESTÃO GOSTANDO. NÃO É QUE NÃO ESTÁ GOSTANDO. ELES ESTÃO O QUE QUE É ISSO? COMO É QUE É? VOCÊ OLHA NO OLHINHO DAS PESSOAS. TEM ALGUMAS QUE VOCÊ CONSEGUE VER, QUE A MAIORIA VOCÊ NÃO CONSEGUE POR CAUSA DAS LUZES MUITO FORTES. AQUELAS PESSOAS QUE ESTÃO NA BEIRA DO PALCO, ELAS FICAM, ASSIM, MARAVILHADAS DE VER COMO PODE? PORQUE ELAS NÃO ESPERAVAM QUE ISSO FOSSE ACONTECER. GUIGO: E É NESSE MOMENTO QUE VOCÊ SE SENTE DE FATO UMA MUSA DA MITOLOGIA GREGA, QUANDO VOCÊ EXERCE ESSE FASCÍNIO? POR QUE ELAS SÃO FILHAS DE ZEUS, DEUS DOS CÉUS, ELAS FORAM CRIADAS JUSTAMENTE COM ESTE INTUITO. MORGANA: EU SINTO ALGO DIFERENTE, PORQUE... É... COMO EU POSSO TE EXPLICAR? NÃO É MAIS O ATOR TRANSFORMISTA QUE ESTÁ ALI, NEM É O PERSONAGEM... 69

GUIGO: SIM. GUIGO: PODE SER UMA ENTIDADE? PODE SER... MORGANA: AS PESSOAS NÃO VÃO ENTENDER MUITO. ATÉ SERIA LEGAL DE FALAR É UMA ENTIDADE E TAL, MAS AS PESSOAS NÃO ENTENDER, VÃO PENSAR QUE É PARA OUTRO LUGAR E TAL... GUIGO: É UM ALTER EGO? MORGANA: TOTALMENTE, TOTALMENTE. PORQUE, ASSIM, IMAGINA: EU SOU UMA PESSOA... GUIGO: SIM, CLARO. MORGANA: (08:22 ATÉ 08:32_ INSERÇÃO DE SHOW DE MORGANA LOREN)... QUE SE TRAVESTE DE OUTRA PESSOA... 70

GUIGO: SIM. MORGANA:...E QUE NA HORA DE FAZER O SHOW, ESTÁ SE TRAVESTINDO DE UM PERSONAGEM TOTALMENTE DIFERENTE. GUIGO: SIM. MORGANA: EU NÃO SOU MAIS A MORGANA QUE ESTÁ ALI. É UMA HISTÓRIA QUE EU QUERO PASSAR. GUIGO: (08:36 ATÉ 09:20_ INSERÇÃO DE SHOWS DE DRAGS) OU SEJA, VOCÊ CONTA A HISTÓRIA DA LETRA QUE FOI COMPOSTA PELA CANTORA, SE UTILIZA DA VOZ DELA E FAZ TODO UMA MÍTICA DENTRO DA BOATE, E É ALI QUE VOCÊ CONSEGUE ATRAIR AS PESSOAS DE FATO. 71

MORGANA: É, EXATAMENTE. EU ACHO QUE AÍ NESTE PONTO É QUE CAI AQUELE COMENTÁRIO QUE VOCÊ FEZ DAS MUSAS. ALÉM DE EU INSPIRAR, QUE EU ACHO QUE É O TRABALHO DELAS... GUIGO: CLARO. MORGANA: EU INSPIRAR, A GENTE ACABA INSPIRANDO OUTRAS PESSOAS. PARA QUALQUER COISA QUE SEJA, PARA QUALQUER MOMENTO, PARA QUALQUER SITUAÇÃO. DEPENDE... ELA ATÉ PODE NÃO ENTENDER, MUITA GENTE NÃO FALA INGLÊS E A GENTE ACABA FAZENDO SÓ MÚSICAS EM INGLÊS, ELA PODE ATÉ NÃO ENTENDER A LETRA, MAS PELA SUA PERFORMANCE, PELO SEU TRABALHO, COREOGRAFADO... GUIGO: VOCÊ SENTE QUE CONSEGUIU TOCAR. 72

MORGANA: COMPLETAMENTE. GUIGO: ENTÃO É A FUNÇÃO DA MUSA. GUIGO: ME FALA UMA COISA, VOCÊ ENTÃO COMO MUSA. VAMOS COLOCAR A MORGANA LOREN, ENTÃO, VAMOS FAZER ESSA METÁFORA, ESSA ANALOGIA. VAMOS COLOCAR VOCÊ COMO MUSA DA MITOLOGIA GREGA MESMO. ENQUANTO MUSA, O QUE VOCÊ SENTE, QUANDO VOCÊ ESTÁ NESTA BOATE LGBT, E VOCÊ PERCEBE QUE O PÚBLICO HETEROSSEXUAL ESTÁ CHEGANDO PARA VER O SEU SHOW E VOCÊ CONSEGUE EXERCER ESSE FASCÍNIO NÃO NO PÚBLICO GAY, NÃO NAS LÉSBICAS, E NEM NAS PESSOAS QUE ESTÃO AQUI POR ESTE SEGMENTO, MAS OS HETEROSSEXUAIS. COMO É ISSO PARA VOCÊ? MORGANA: VOCÊ SABE QUE É O CONTRÁRIO DO QUE A GENTE ESPERARIA. O PÚBLICO HÉTERO, POR ELES NÃO TEREM ESTE CONTATO DIÁRIO, ELES NÃO TEREM ESTE CONTATO ÍNTIMO CONOSCO, É MUITO MAIS FÁCIL DE CONQUISTA-LOS E MUITO MAIS 73

FORTE O MEU TRABALHO EM CIMA DELES (10:30 ATÉ 10:50_ INSERÇÃO DE SHOWS DE DRAGS) DO QUE COM O GRUPO LGBT. PORQUE O PÚBLICO LGBT JÁ ESTÁ MEIO, PARA ELES, A GENTE TEM QUE MATAR UM LEÃO POR DIA. GUIGO: TEM SEMPRE QUE DAR O SEU MELHOR. MORGANA: É. NÃO QUE NÃO TENHA QUE DAR SEU MELHOR, VOCÊ TEM QUE DAR SEU MELHOR SIM. MAS PARA O PÚBLICO LGBT, POR SER MUITO MAIS EXIGENTE, A GENTE TEM QUE MATAR MESMO, MATAR O LEÃO, CORTAR, TIRAR A PELE E FAZER UM CASACO. GUIGO: SIM. MORGANA: E PARA O PÚBLICO HÉTERO NÃO, QUALQUER AH, ELES JÁ ESTÃO ACHANDO LEGAL. ENTÃO IMAGINE QUANDO VOCÊ ESTÁ NO AUGE NO MOMENTO ASSIM QUE VOCÊ FALA ESTOU ME SENTINDO MAIS LEGAL QUE EU POSSA ESTAR, QUE EU POSSA 74

ME SENTIR, VOCÊ VIRA PARA AQUELE PÚBLICO HÉTERO E FALA ASSIM OH, OLHA O QUE EU TENHO PARA TE MOSTRAR. ELES TE PEGAM NO COLO. MORGANA LOREN INTERPRETA A MÚSICA BREATHE AGAIN, DE TONI BRAXTON, EM UM SHOW. GUIGO: COMO ESTÁ SENDO PARA VOCÊ MOSTRAR O SEU TRABALHO, MOSTRAR A SUA PERSONALIDADE, A SUA CAPACIDADE, TUDO QUE VOCÊ PODE FAZER PARA UMA UNIVERSIDADE RENOMADA DA CIDADE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. OU SEJA, VOCÊ NÃO ESTÁ MOSTRANDO SEU TRABALHO PARA UM LUGAR QUALQUER. VOCÊ ESTÁ MOSTRANDO O SEU TRABALHO PARA UMA UNIVERSIDADE QUE ESTÁ VENDO AQUILO COMO UM ASSUNTO SÉRIO, UM ASSUNTO DE PESQUISA, UM ASSUNTO POXA, ISSO REALMENTE ACONTECE, ISSO É UM FATO, PRECISAMOS SABER A RESPEITO. MORGANA: PRIMEIRO DE TUDO, NÃO PELA UNIVERSIDADE ASSIM, MAS ASSIM, POR SER ALVO DE UM ESTUDO DESTE TIPO É UMA HONRA, PORQUE POSSO DIZER QUE NEM TODO MUNDO PODE SER ALVO DE UM ESTUDO ASSIM. ENTÃO, PARA MIM FOI MUITO GRATIFICANTE. 75

ENSAIO FOTOGRAFICO E GRAVAÇÃO DO CLIPE WOMAN S WORLD NO ESTÚDIO DA UNIVAP (12:43 ATÉ 13:28_ INSERÇÃO DO VÍDEO DO ENSAIO FOTOGRÁFICO E DO VÍDEO CLIPE DE WOMAN S WORLD, DE CHER) NESSA ALTURA DO CAMPEONATO, ALGUÉM VIRAR E FALAR ASSIM OLHA, EU ACHO VOCÊ INTERESSANTE O SUFICIENTE PARA DISCORRER UMA TESE, DISCORRER SOBRE ESSE ASSUNTO. GUIGO: SIM. MORGANA: E SEGUNDO, POR ESTAR NA UNIVAP, EU ACHEI MUITO GRATIFICANTE TAMBÉM, PORQUE EU ESTUDEI LÁ. GUIGO: VOCÊ SE FORMOU LÁ. MORGANA: EU ME FORMEI LÁ. E NA ÉPOCA EM QUE EU ESTUDEI, AS COISAS ERAM UM POUQUINHO DIFERENTES, AS PESSOAS NÃO ENTENDIAM MUITO BEM O MEU TRABALHO. ENTÃO MESMO EU NÃO INDO DESSE JEITO PARA A 76

FACULDADE, TINHA UM MEIO UM TI-TI-TI, QUEM É A DRAG QUE ESTÁ ESTUDANDO AQUI? QUEM É A PESSOA? POR QUE ISSO?, AS PESSOAS NÃO ERAM TÃO GENTIS. E HOJE, ESTAR VOLTANDO PARA A UNIVAP DE UMA OUTRA FORMA, COM A CABEÇA DOS ALUNOS, DOS ESTUDANTES, ASSIM, BEM MAIS ABERTA E BEM MAIS INTERESSADA EM CONHECER NOSSO UNIVERSO, E SER A PONTA DE LANÇA, SER A PESSOA NA FRENTE, PARA MIM, NÃO DIGO ASSIM QUE É UMA VITÓRIA, MAS UMA REALIZAÇÃO TAMBÉM. TIPO, OLHA, AGORA FINALMENTE ANTES DE MORTA, AS PESSOAS VÃO SABER UM POUQUINHO DO QUE É ESSA CARREIRA. ARTISTA: DAVID GUETTA MÚSICA: SHE WOLF (FALLING TO PIECES) FT. SAI MORGANA INTERPRETA SHE WOLF, DE DAVID GUETTA, EM UM SHOW. GRAVADORA: VIRGIN / EMI MORGANA: VOLTANDO AGORA PARA A QUESTÃO DA DIFERENÇA DO TRAVESTI E PARA A DRAG QUEEN. EU NÃO SOU ASSIM 24 HORAS POR DIA, NEM TENHO A INTENÇÃO, NEM TENHO A PRETENSÃO DE SER MULHER. PORQUE SER MULHER É MUITO DIFÍCIL, É MUITO PESADO. A 77

TRANSFORMAÇÃO REALMENTE É TÃO COMPLETA E TÃO FORTE, QUE VOCÊ TEM QUE TER A CABEÇA NO LUGAR PARA VOCÊ AGUENTAR, PARA VOCÊ PODER SOFRER ESSA TRANSFORMAÇÃO. GUIGO: SIM. MORGANA: AS PESSOAS NÃO ENTENDEM QUE VOCÊ TEM QUE MODIFICAR SEU CORPO, MUDAR SUA VIDA SOCIAL, SUA VIDA PRIVADA PARA SE ADEQUAR A ESSA COISA NA SUA CABEÇA DE AH, EU QUERO SER MULHER. GUIGO: É UMA COISA DE ÂMAGO MESMO. MORGANA: EXATAMENTE. EU NEM ENTRO NA QUESTÃO DAS TRANSEXUAIS QUE É UM CASO TOTALMENTE ALÉM, TOTALMENTE A PARTE, QUE É UMA OUTRA HISTÓRIA. GUIGO: É UMA OUTRA SEARA. 78

MORGANA: É UMA OUTRA SEARA, EXATAMENTE. E COMO DRAG QUEEN, EU TRABALHO ASSIM PARA DESENVOLVER UMA COISA QUE EU CHAMO DE ARTE. BOTAR COURO, BOTAR ALEGRIA, DIVERSÃO NUMA EMPRESA, QUE A GENTE CHAMA DE EMPRESA... GUIGO: CLARO, COM CERTEZA, LÓGICO! MORGANA: E TENTAR GANHAR UM DINHEIRO COM ISSO. GUIGO: ATÉ PORQUE AQUI É O LOCAL QUE GERA O SUSTENTO DE MUITAS PESSOAS. BOATE ALTER MIX SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP MORGANA: EXATAMENTE. EU JÁ CHEGUEI A TRABALHAR NUMA CASA, NUMA BOATE, QUE TINHAM 45 FUNCIONÁRIOS TRABALHANDO NESSA CASA. UMA CASA PARA 1600 PESSOAS E ÀS VEZES A GENTE TINHA MUITO MAIS QUE ISSO. ENTÃO, AS PESSOAS CONFUNDEM PORQUE NÃO TEVE ATÉ O MOMENTO ALGUÉM COMO VOCÊS, QUE FIZESSE, QUE PARASSE PARA PERGUNTAR O QUE QUE É VOCÊ? O QUE QUE VOCÊ FAZ? POR QUE QUE VOCÊ É IMPORTANTE NA 79

SOCIEDADE? POR QUE QUE A SOCIEDADE TE ACEITA? OU POR QUE QUE ELA NÃO TE ACEITA? NÃO TEVE NINGUÉM PARA FALAR ISSO. ENTÃO, NÓS SOMOS TABU. AS PESSOAS NÃO QUEREM, ELAS FICAM COM MEDO DE SENTAR E PERGUNTAR PARA UMA DRAG QUEEN, OU PERGUNTAR PARA UMA TRAVESTI, OU PERGUNTAR PARA UMA TRANSEX, OU PERGUNTAR PARA UM GAY AFEMINADO O QUE É VOCÊ? POR QUE VOCÊ ESTÁ AQUI? O QUE QUE TE LEVOU A ISSO? ENTÃO É TUDO O MESMO BALAIO DE GATOS. TODO MUNDO É IGUAL, MAS NÃO É. O PRECONCEITO... EU ACHO QUE O PIOR PRECONCEITO NÃO É A QUESTÃO AH, EU NÃO GOSTO DE VOCÊ PORQUE VOCÊ TEM UMA ORIENTAÇÃO SEXUAL DIFERENTE DA MINHA. O PIOR PRECONCEITO É QUEM É VOCÊ? E EU NÃO ESTOU INTERESSADO EM SABER QUEM É VOCÊ. PARA MIM VOCÊ É IGUAL A ELA, E AQUELA, E AQUELA, E AQUELA. NÃO SOMOS IGUAIS CADA UM TEM SUA IMPORTÂNCIA, CADA UM TEM SEU TRABALHO, CADA UM TEM SUA META. MORGANA, AGORA ASSIM, PARA A GENTE DIGERIR ESSA INFORMAÇÃO PARA AS PESSOAS QUE ESTÃO VENDO. FALANDO À GROSSO MODO: ENTRE A DRAG QUEEN E O TRAVESTI. O TRAVESTI QUE 80

TRABALHA REALMENTE COMO PROFISSIONAL DO SEXO. À NOITE, A DRAG QUEEN, ELA SE VESTE, QUANTO MAIS APETRECHOS ELA TIVER, QUANTO MAIS TECIDO É MELHOR PARA O TRABALHO DELA. JÁ O TRAVESTI, NÃO, QUANTO MENOS PANO ELE TIVER, É MELHOR PARA O TRABALHO DELE. ESTOU CERTO OU ESTOU ERRADO? MORGANA: ESTÁ E NÃO ESTÁ. ANTIGAMENTE, HÁ DEZ ANOS ATRÁS EU TE DIRIA ASSIM VOCÊ ESTÁ CERTO PORQUE, QUANTO MAIS EXAGERADAS NÓS FORMOS, NÓS, DRAG QUEENS, MELHOR VAI SER PARA O NOSSO TRABALHO, MAIS RICAS PARA O PÚBLICO NÓS VAMOS PARECER. GUIGO: VISUALMENTE. MORGANA: EXATAMENTE. E PARA AS TRAVESTIS QUANTO MENOS ROUPAS ELAS USAREM É MELHOR, POR QUÊ? PORQUE O QUE ELAS ESTÃO VENDENDO É O CORPO DELAS. POR ISSO ELAS TEM QUE TRANSFORMAR O CORPO, DEIXAR O SEIO BONITO, DEIXAR UMA CINTURINHA LINDA, UM BUMBUM BONITO, UMA PELE, UM CABELO. QUANTO MAIS ELAS PUDEREM VENDER O 81

PRODUTO DELAS, VAMOS FALAR A GROSSO MODO. GUIGO: SIM, CLARO, LÓGICO. MORGANA: O MEU PRODUTO É O PALCO. GUIGO: SIM. MORGANA: ENTÃO, QUANTO MAIS EU ESTIVER DIVERTIDA, RICA, QUANTO MAIS EXTRAVAGANTE EU ESTIVER, LEGAL. E AS TRAVESTIS, SÃO O CONTRÁRIO, QUANTO MAIS ELAS PUDEREM MOSTRAR QUE ELAS SÃO BONITAS, BELAS BEM TRATADAS, ATRAENTES, MELHOR. GUIGO: ATRAENTES. MORGANA: EU GOSTO DESTA COISA DIFERENTE. EU ACHO BONITO UM CARA SE VESTIR COMO UMA MULHER E FICAR PARECENDO UMA MULHER, EU ACHO INCRÍVEL. EU QUERO 82

ESTAR NO PALCO, EU QUERO PLUMAS E PAETÊS, EU QUERO BRILHOS, EU QUERO PEDRAS, EU QUERO PELES, EU QUERO CABELOS COLORIDOS, EU NÃO QUERO PASSAR POR MULHERZINHA. GUIGO: SIM MORGANA: PORQUE NÃO É A MINHA, EU NÃO VOU VIVER ISSO 24 HORAS POR DIA. NO MEU CASO É UMA ILUSÃO, PARA AS OUTRAS PESSOAS EU ACHO QUE É O MÁXIMO, EU GOSTO. NÃO DIGO QUE EU NÃO ME VESTIRIA ASSIM, MAS SE NÃO FOSSE PARA TRABALHAR. GUIGO: SIM. MORGANA: SÓ QUE COMO EU VIVO PARA O TRABALHO, E EU SÓ TENHO ESSAS COISAS NO FINAL DE SEMANA, QUE É QUANDO EU TRABALHO. EVENTUALMENTE, QUANDO EU FAÇO UM TELEGRAMA ANIMADO, DURANTE A SEMANA, ASSIM TAL, MAS MEU TRABALHO É FINAL DE SEMANA. VIVER ASSIM É MUITO PESADO PARA MIM, PARA MIM, PARA OUTRAS PESSOAS NÃO. 83

GUIGO: MO, PARA TERMINAR ESTA ENTREVISTA, VOCÊ QUE FOI NOSSO OBJETO DE ESTUDO, VAMOS DIZER ASSIM. DEIXE UMA MENSAGEM PARA ELES QUE ESTÃO ASSISTINDO ESTE VÍDEO. DE TUDO QUE FOI ISSO QUE ACONTECEU, DE TUDO QUE FOI ISSO QUE A GENTE VIVEU. MORGANA: BEM, GENTE, EU QUERIA AGRADECER A OPORTUNIDADE, MAIS UMA OPORTUNIDADE QUE ME FOI DADA DE FALAR UM POUQUINHO DO QUE É UMA VIDA DE UMA DRAG QUEEN, O TRABALHO, AS ASPIRAÇÕES. NÓS NÃO SOMOS DIFERENTES DE NENHUM OUTRO BRASILEIRO, OU DE NENHUM OUTRO SER HUMANO NA TERRA, SIMPLESMENTE NÓS NOS VESTIMOS DE UMA FORMA MAIS ESPALHAFATOSA, EM ALGUNS CASOS MAIS BONITA, ELABORADA. MAS, A GENTE É GENTE COMO A GENTE. E É MUITO BOM, É MUITO GRATIFICANTE PODER FALAR, SEM PRECISAR FAZER GRAÇA O DIA INTEIRO, SEM PRECISAR ESTAR RECEBENDO ALGUMA COISA, SIMPLESMENTE PELO INTERESSE DE OUTRO SER HUMANO. ENTÃO, MUITO OBRIGADO, UM BEIJO GRANDE, E ESPERO QUE DÊ TUDO CERTO PARA ESTE TRABALHO. 84

GUIGO: E QUE A NOSSA NOTA SEJA ALTA. MORGANA: É, DEDINHO CRUZADO. GUIGO: PROFESSOR FREDY, É ISSO O QUE A GENTE TEM PARA APRESENTAR PARA O SENHOR E AQUI A GENTE ENCERRA O NOSSO TRABALHO. ATÉ UMA PRÓXIMA, SE DEUS QUISER. MORGANA: BEIJO, FREDY, ME LIGA! CRÉDITOS FINAIS DO DOCUMENTÁRIO E VÍDEO CLIPE COM AS DRAGS NATHALLY HILLS, MORGANA LOREN E KYARA DAYMON DE WOMAN S WORLD DE CHER. 85

Ensaio Fotográfico e Gravação de Vídeo Clipe No dia 19 de Setembro de 2013 foi realizado no estúdio de fotos da Universidade Vale do Paraíba Univap, campus Urbanova, um ensaio fotográfico, no qual as mais de 500 fotos tiradas no dia passaram por uma pré-seleção e as escolhidas fazem parte da capa, contracapa e encarte do DVD deste documentário. Participaram desta sessão de fotos Morgana Loren conhecida no mundo LGBT de São José dos Campos e do Vale do Paraíba como a Rainha das Drag Queens e também as Drags Kyara Daymon e Nathally Hills. Além da sessão de fotos nossas personagens gravaram um clipe baseado e inspirado na música da cantora Cher Woman s World. Este ensaio e gravação de clipe foi intitulado de Photoshoot Woman s World em homenagem a cantora Cher. O vídeo clipe faz parte deste projeto e aparece no final do documentário como encerramento do mesmo. FICHA TÉCNICA Photoshoots Woman s World Produção: Rodolfo Reis Elenco: Morgana Loren Kyara Daymon Nathally Hills Fotos: Rodolfo Reis Jéssica Magalhães Daniel Barbosa Cinegrafia e Direção do Clipe: Daniel Barbosa Direção Artística: Rodrigo Martinis 86

PHOTOSHOOT WOMAN S WORLD Kyara Daymon Morgana Loren 87

Morgana Loren Morgana Loren 88

Morgana Loren Kyara Daymon 89

Kyara Daymon Kyara Daymon 90

Nathally Hills Nathally Hills 91

Nathally Hills Nathally Hills 92

PRÉ-PROJETO GRÁFICO PARA O DVD Trabalho desenvolvido entre o mês de agosto e outubro. Diagramação: Rodolfo Reis CAPA E CONTRA CAPA ENCARTE INTERNO DVD 93

94

PROJETO GRÁFICO FINAL PARA O DVD. Diagramação: Carlos Torres (Profissional de Comunicação e Designer Gráfico) CAPA E CONTRA CAPA 95

ENCARTE INTERNO DVD Encarte dobrável na horizontal e vertical até ficar no tamanho da caixa de DVD (Criado em formato A3) 96

FRENTE DO DVD (Print e não adesivo) 97