Políticas governamentais para a microeletrônica no Brasil Ana Karina S. B. Gustavo Calçavara Marco A. Silveira



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Transcrição:

Resumo Políticas governamentais para a microeletrônica no Brasil Ana Karina S. B. Gustavo Calçavara Marco A. Silveira O objetivo deste artigo é apresentar a evolução do marco-regulatório das políticas governamentais para a internalização da indústria de semicondutores no país, assim como apresentar os principais programas de suporte e os resultados de uma série de entrevistas, com os especialistas desta área no Brasil, realizadas com o propósito de avaliar estas políticas. Conclui-se que ao longo de quase dez anos do lançamento do Programa Nacional de Microeletrônica, os avanços do marco-regulatório para a internalização da indústria de semicondutores no país são evidentes e priorizados nas políticas governamentais como a PITCE, o PACTI e a PDP. No entanto, estas políticas e demais programas de incentivos e benefícios fiscais não foram condições suficientes para atrair investimentos diretos de empresas transnacionais. Dentre as iniciativas elaboradas pelo Programa Nacional de Microeletrônica, somente duas destas foram implementadas. São elas: a formação e capacitação de recursos humanos para a criação de companhias de projetos (design houses) que são objetos do Programa CI-Brasil; e uma unidade produtiva de prototipagem de circuitos integrados (Ceitec S.A.), faltando ainda entrar em operação. Apesar da relevância de se internalizar a indústria de semicondutores no país ter sido reconhecida nos planos de governo e ter se tornado objeto de políticas governamentais, os resultados concretos destas políticas se mostram modestos, diante das experiências internacionais. Para os especialistas em microeletrônica, desenvolver uma aplicação para um nicho de mercado específico, rever a Lei da Informática, no sentido de retirar vantagens hoje concedidas à montagem de equipamentos eletrônicos, limitando-as gradualmente às empresas com requisitos mínimos de componentes nacionais e utilizar as compras do governo são caminhos que podem ser percorridos se houver a articulação de uma política tecnológica que desenvolva os arranjos cooperativos entre o mercado, as companhias de projetos (design houses) e os Instituto de Ciência e Tecnologia. Desenvolver os arranjos cooperativos é o ponto fundamental para a efetivação das políticas governamentais e principalmente para a continuidade do Programa CI-Brasil. 1.Introdução A indústria de semicondutores 1 é a base do paradigma tecno-econômico por ser capaz de penetrar amplamente em todos os setores da economia, estando presente em uma variada gama de produtos, processos e serviços que geram um dinâmico sistema de inovações tecnológicas e organizacionais. Representando pelo menos 70% do mercado mundial de componentes eletrônicos (SBMicro, 2006), movimentou US$ 255 bilhões em 2008 (Gutierrez e Mendes, 2009) e é a segunda indústria que possui a maior margem de lucro, cerca de 20%, superada somente pela indústria farmacêutica (Carvalho, 2006). Com a reestruturação produtiva e a crescente tendência de especialização vertical na indústria mundial de semicondutores, houve uma separação entre as atividades de projeto e as de manufatura, criando um amplo mercado de projetos (design) de circuitos integrados, particularmente em segmentos menos padronizados e oligopolizados, como os circuitos 1 Os termos semicondutor, chip e componentes microeletrônicos são comumente utilizados como sinônimos de circuitos integrados. Os semicondutores são classificados em: discretos, integrados, optoeletrônicos, sensores,analógicos, micrológicos, memórias e de aplicação específica (ASICS- Application-specific integrated circuit) Para maiores detalhes vide Gutierrez & Mendes ( 2009).

integrados de aplicações específicas (ASICS), propiciando oportunidades para novos entrantes, como o Brasil. Existe o consenso expresso nas políticas governamentais que a inserção do Brasil no mercado mundial desta indústria é de extrema relevância para a economia do país em vários aspectos, dentre eles: adensamento da cadeia produtiva do complexo eletrônico, ampliação das exportações por meio da oferta de produtos e soluções inovadoras, incremento da competitividade de nossa indústria e agregação de valor de diversos setores da economia. Após a abertura econômica realizada no início da década de 90, a produção de componentes semicondutores no país foi praticamente interrompida, devido ao fechamento da maioria das empresas. O resultado imediato da perda da capacidade da produção local em atender a demanda doméstica foi o crescente déficit na balança comercial, que vem se acumulando nestas duas últimas décadas. Em 2009, o país exportou o equivalente a US$ 57 milhões em componentes semicondutores; por outro lado, no mesmo ano as importações alcançaram US$ 3,2 bilhões (Swart, 2009). Diante deste fato e alinhado a uma proposta favorável ao desenvolvimento de uma indústria produtora de semicondutores foi delineado o Programa Nacional de Microeletrônica (PNM) (MCT,2002), no ano de 2002. A partir deste programa foram traçados três objetivos principais para internalizar a indústria de microeletrônica no Brasil: 1) formação e capacitação de recursos humanos e criação de empresas de projetos de circuitos integrados (Design Houses) 2 ; 2) implantação de uma planta produtiva de circuitos integrados (Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada-Ceitec); 3) atração de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para a implantação de um fábrica (foundry) de larga escala de produção. Ao longo dos anos, as propostas do Programa Nacional de Microeletrônica têm sido incorporadas por outras políticas e planos governamentais. O objetivo deste artigo é apresentar a evolução do marco-regulatório das políticas governamentais para a internalização da indústria de semicondutores no Brasil, assim como apresentar seus principais programas e os resultados de uma série de entrevistas que visou avaliar estas políticas, realizada com 13 especialistas desta área no país. O presente artigo está organizado em cinco itens: o primeiro item dedica-se à introdução; o segundo item traz uma breve descrição da cadeia de valor da indústria de semicondutores; o terceiro item descreve as principais políticas governamentais de incentivo à área de microeletrônica; o quarto item apresenta o resultado das entrevistas com especialistas na área de microeletrônica, avaliando a implementação do Programa Nacional de Microeletrônica; o quinto item dedica-se às considerações finais. 2. Cadeia de Valor da Indústria de Semicondutores O complexo eletrônico engloba segmentos que possuem em comum a mesma base tecnológica, porém com características e dinâmicas próprias informática, equipamentos para telecomunicações, componentes e bens eletrônicos de consumo, entre outros. O setor eletrônico é altamente dinâmico e inovador, permeando um vasto número de atividades produtivas. Nesse sentido, o adensamento da sua cadeia produtiva é uma variável crucial para uma nova inserção do País no cenário internacional, para a geração de renda e empregos qualificados e para a diminuição da dependência de importações de eletrônicos. 2 Estes objetivos foram traçados conjuntamente, por estarem fortemente relacionados. Ambos foram objetos do Programa CI- Brasil.

Até os anos 1960 a indústria mundial de chips, era totalmente verticalizada, ou seja, as empresas de manufatura integrada (IDM-Integrated Devices Manufacturers) realizavam todas as etapas da cadeia produtiva dos semicondutores: concepção do produto (realizada ou não em conjunto com o fabricante do bem final); projeto (design) do componente; fabricação (por meio do processamento físico-químico do wafer, 3 etapa denominada de front-end); encapsulamento e teste (montagem, etapa denominada de back-end) e serviço ao cliente. Cada uma dessas etapas, requer diferentes níveis de conhecimento científico e tecnológico, diferentes volumes de investimentos e agregam diferentes níveis de valor ao produto (Gutierrez & Mendes, 2009; Carvalho, 2006; Campanario et al, 2009). A partir do final da década de 1970, a indústria de semicondutores passou de um modelo de produção verticalizada para um arranjo produtivo onde empresas especializadas 4 atuam em segmentos específicos da cadeia de valor, criando uma rede de fornecedores e compradores especializados (Saxenian, 1990). Nesta nova forma de organização da produção, caracterizada pela separação das atividades de projetos das atividades de manufatura propriamente ditas, são abertas oportunidades para novos entrantes na cadeia de valor da indústria de semicondutores, decorrentes da demanda por novas competências e capacidades criada por este novo modelo. Desta forma, surgiram empresas especializadas para cada elo da cadeia de valor. As fabricantes dedicadas (foundries) são as empresas que realizam a produção dos semicondutores (processo físico-químico dos componentes), especificamente atendendo as demandas de outras empresas. O modelo fabless são empresas que não possuem uma planta produtiva para a manufatura dos semicondutores, mas que realizam todas as atividades, da concepção do circuito integrado ao serviço ao cliente do produto, terceirizando a fabricação (front end) e montagem (back-end) do componente. Dessa maneira, as fabless gerenciam todas as atividades executadas pela cadeia de valor mantendo a independência das empresas, ampliando sua interação desde o projeto, passando pelos fabricantes de equipamentos até o mercado final (Carvalho, 2006; Gutierrez & Mendes, 2009). Com o crescimento da atuação das foundries na indústria mundial, surgiu uma demanda crescente pelos serviços de projetos (design) de circuitos integrados, criando um grande mercado por projetos de semicondutores. Houve ainda uma redução das barreiras à entrada na indústria para empresas especializadas no projeto dos circuitos integrados, uma vez que as empresas especializadas em design não necessitavam mais de grandes investimentos para implantar-se neste segmento, principalmente em aplicações específicas (ASIC) (Carvalho, 2006). 3 Wafer é a placa ou bolacha de substrato semicondutor de algumas micra de espessura no qual são construídos os componentes microeletrônicos. 4 Diversas IDMs comceçaram a realizar operações de montagem final e testes na Ásia, como forma de aumentar suas margens de lucro, usando as novas unidades como segunda fonte para as fábricas do Primeiro Mundo. Com o passar dos anos, a Ásia se tornou um local de grandes operações. Este movimento iniciou quando o governo de Taiwan, em parceria com a Philips, fundou, em 1985 a Taiwan Semiconductor Manufacture Company (TSMC). Outras foundries surgiram na região, servindo como alternativa de fabricação em tecnologias defasadas do leading edge (das tecnologias de ponta) de uma ou mais gerações (Gutierrez & Mendes, 2009).

Nos anos 80, a crescente complexidade dos projetos de semicondutores tornou necessária a criação de ferramentas automáticas para o desenvolvimento de projetos, motivando a formação de empresas especializadas no fornecimento dessas ferramentas, as EDA (Eletronic Design Automation). Em 1989 foi formado o EDA Consortium, reunindo as novas empresas de ferramentas de projeto de semicondutores. Estima-se que este mercado tem movimentado cerca de US$ 3 bilhões ao ano (Gutierrez & Mendes, 2009). Outro grupo de empresas atuantes na cadeia produtiva de circuitos integrados são as empresas de ATS (Assembly & Test Services), que realizam a última etapa do processo de produção (back-end) dos chips, em atividades relacionadas ao encapsulamento e testes finais. Essas empresas representam uma parcela menor na agregação de valor aos semicondutores, e têm como principais clientes as IDMs e as fabless (Carvalho, 2006). Nos anos 90, a especialização vertical se ampliou ainda mais na indústria de semicondutores, surgindo então as empresas chipless, especializadas na comercialização dos direitos de propriedade intelectual dos semicondutores (tecnologias, arquiteturas, softwares e projeto dos circuitos) e comercialização de bibliotecas de soluções tecnológicas específicas (Carvalho, 2006). Em resumo, estas empresas de propriedade intelectual em silício (SIP), desenvolvem células de projetos, chamados IP cores, e as licenciam ou vendem a terceiros, como IDMs, empresas fabless ou ainda design houses, podendo ser remuneradas por meio de royalties ou outras formas de pagamento (Gutierrez & Mendes, 2009). Esta permanente reconfiguração da organização produtiva das empresas envolvidas na produção de semicondutores é uma evidência do seu alto dinamismo, complexidade tecnológica e do crescimento do setor, já que novas demandas por serviços surgem continuamente, bem como novos ofertantes (empresas especializadas em segmentos emergentes, como as chipless dos anos 90 e as foundries e fabless da década de 80) (Carvalho, 2006). A crescente e acelerada dinâmica de inovação da indústria de semicondutores requer a constante interação entre as equipes de projeto, fabricação e encapsulamento voltadas à produção de chips. A cooperação entre diferentes etapas e atores da cadeia de produção dos circuitos integrados é um dos pontos relevantes para explicar por que essa indústria aumenta seu potencial de sucesso quando desenvolve um ecossistema organizacional completo. 3.Políticas Governamentais para Microeletrônica no Brasil O Brasil foi um dos primeiros países em desenvolvimento a utilizar e produzir equipamentos eletrônicos. Até o final dos anos 80, existiam 23 empresas instaladas no Brasil, representando significativa produção de computadores e periféricos, além de componentes microeletrônicos (MCT, 2002). No início da década de 90, a indústria de semicondutores brasileira sofreu uma perda drástica da sua capacidade produtiva, decorrente de diversos fatores de ordem econômica, política e tecnológica, tanto no âmbito nacional quanto internacional. No âmbito nacional, as políticas que mais prejudicaram a indústria brasileira de semicondutores foram o fim da política de reserva de mercado e a intensa e abrupta abertura para as importações no setor realizada pelo governo Collor (1990-1992). Outro fator importante para a perda da capacidade produtiva da indústria de semicondutores foi a alteração da Lei da Informática (Lei 8248) de 1991.

Do ano de 1991 até o ano de 2001 5, esta lei era o único instrumento de política para regular o complexo eletrônico brasileiro. A Lei estabelece que as empresas que aplicarem um dado percentual da sua receita bruta com bens e serviços de informática em pesquisa e desenvolvimento (P&D) poderão beneficiar-se da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os produtos para os quais estejam cumprindo o Processo Produtivo Básico (PPB) (Guttierez & Alexandre, 2003). Os problemas da Lei da Informática decorrem do estímulo a atividades de montagem de produtos com componentes importados, predominante na indústria eletroeletrônica brasileira: Em geral, o PPB para produtos eletrônicos restringe-se à montagem pura e simples desses itens no País a partir de um conjunto total de componentes que podem ser importados. Existem algumas variações em relação a essa situação como a exigência de nacionalização de gabinetes ou placas de circuito impresso nuas de grande volume em compensação à importação de alguns módulos ou subconjuntos já montados. No entanto, a esmagadora maioria dos componentes eletrônicos, aí incluídos os circuitos integrados, é sempre importada por inexistir a sua fabricação local (Gutierrez e Alexandre, 2003: 168). Os produtos para os três segmentos analisados informática, telecomunicações e consumo com raras exceções, projetados no exterior, são recebidos no país na forma de kits.completos para montagem, principalmente na Zona Franca de Manaus. Isso reduz enormemente a cadeia de suprimentos para o montador final, ao mesmo tempo em que inviabiliza o desenvolvimento de uma indústria de componentes no Brasil, tornando a cadeia eletrônica frágil e agravando o problema da dependência de elos de projeto e de produção de componentes que estão fora do País. Vale ressaltar também que a simples realização da montagem final agrega pouco ao valor dos produtos, e não estimula a demanda e fabricação de produtos nacionais (MCT, 2002). Como a Lei não exigiu índices mínimos de nacionalização para os produtos eletrônicos montados ou fabricados no Brasil, esta não estimulou a demanda por componentes semicondutores fabricados no país. As empresas multinacionais foram as primeiras a desativar a produção, passando a atender seus clientes no Brasil via importações. (MCT, 2002:54) O resultado destas políticas foi o crescente déficit na balança comercial de microeletrônica do país. O acúmulo crescente do peso negativo da microeletrônica na balança comercial tornou-se estrutural ao longo dos anos. As exportações brasileiras de componentes semicondutores, em geral de baixa complexidade, passaram de US$ 50 milhões em 2000 para US$ 57 milhões em 2009. As importações, por sua vez, passaram de US$ 2 bilhões em 2000 para US$ 3,2 bilhões em 2009 (Swart, 2010: 269). Com o agravamento destes sucessivos déficits e o reconhecimento da importância da indústria de semicondutores como um setor base para a inovação tecnológica e a competitividade da economia, iniciaram-se, no ano de 2002, discussões para a formalização do Programa Nacional de Microeletrônica (PNM). 5 A Lei da Informática 7.232 de 1984, primeiramente tratava do controle das importações. Posteriormente alterada em 1991 pela Lei 8.248, passou a tratar do projeto e fabricação, regulando condições especiais de recolhimento de IPI, IR e CAP às partes contempladas na lei, bem como incentivos à P&D, tudo pautado no cumprimento do Processo Produtivo Básico. A Lei da Informática foi novamente ampliada e revista no ano de 2001 (Lei 10.176) e depois em 2004 pela Lei 11.077. Os incentivos e benefícios previstos, com duração até 31 de dezembro de 2019, eram: redução de IPI; direito de preferência (comercialização para administração pública); redução do ICMS (concedida pelos Estados); suspensão do IPI na entrada. As contrapartidas eram: investimentos em P&D; produção com cumprimento do PPB; implantação do Sistema da Qualidade. (MIGUEL, 2010)

O Programa Nacional de Microeletrônica foi elaborado tendo como referência um documento titulado Programa Nacional de Microeletrônica - Contribuições para a formulação de um Plano Estruturado de Ações (MCT, 2002) 6 elaborado pela Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A elaboração deste documento contou com a contribuição de diversos técnicos e instituições envolvidas no tema, incluindo a Secretaria de Política de Informática do MCT e o Grupo de Trabalho do Fórum de Competitividade, coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). As propostas apresentadas neste documento eram de caráter preliminar e deveriam ser submetidas à consulta junto aos representantes da indústria, governo, academia e sociedade. O Programa estava dividido em três subprogramas 1. Subprograma de Projeto de Circuitos Integrados (Design Houses) 2. Subprograma de Fabricação de Circuitos Integrados (Foundries) 3. Subprograma de Encapsulamento e Testes (Back-end) Analisando as diferentes etapas da cadeia produtiva, o documento do MCT (2002) apresentou as barreiras e oportunidades de entrada para cada etapa da cadeia produtiva. A internalização da indústria de semicondutores no país seria viabilizada pela criação das companhias de projetos (design houses) possibilitada pelas baixas barreiras à entrada, tanto tecnológicas como econômicas, que poderiam ser facilmente transpostas com baixos investimentos e com a utilização das capacidades tecnológicas e de recursos humanos existentes nos grupos de pesquisa e centros de estudos atuantes no Brasil. As principais ações estruturantes para atingir este objetivo foram a capacitação e especialização de projetistas de circuitos integrados em nível de graduação e de pós-graduação; promoção da implementação das design houses, tanto por meio da atração de design houses internacionais, como através da criação de design houses nacionais, estabelecendo-se políticas para facilitar seu acesso ao mercado (MCT,2002). Outra oportunidade para o Brasil seria a implantação de uma unidade produtiva em prototipagem de circuitos integrados (na escala de foundry de nível 1 7 ) que surgiu a partir da doação de equipamentos (tecnologia CMOS- Complementary Metal-Oxide-Semiconductor) pela empresa americana Motorola. Esta iniciativa resultou em protocolos de intenções com o PNMicro de 2001 e a adesão do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, dando origem ao Ceitec (Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada) (MCT, 2002). A terceira proposta de política para a internalização da indústria de semicondutores seria a atração de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) para a implantação de um fábrica (foundry) de larga escala de produção, o que seria viabilizado através de incentivos governamentais. Para a execução destas iniciativas, desde 2002 o governo vem implementando políticas e programas que têm permitido, em parte, concretizá-las. Estas políticas e programas envolvem medidas mais horizontais, como a expansão e consolidação do Sistema Nacional Ciência e Tecnologia e Inovação (C&T&I), leis e planos de governo, como também programas específicos ( verticais ) para o setor de microeletrônica, entre estes, o Programa CI-Brasil e o 6 O documento de Gutierrez, R.; Leal, C. Estratégias para uma Indústria de Circuitos Integrados no Brasil. BNDES Setorial, 2004, também foi um importante norteador das políticas públicas para a internalização da indústria de semicondutores no Brasil. 7 O nível 1 significa que a foundry fabricaria protótipos de chips em pequena escala (Araujo et al., 2002).

Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Micro e Nanoeletrônicos (INCT Namitec). O próximo item do artigo apresentará as principais medidas institucionais e os programas implementados visando a concretização das três principais iniciativas para a internalização da microeletrônica no Brasil. 3.1. O Marco-regulatório da PITCE, da PDP e do PACTI para a internalização da indústria de semicondutores no Brasil A primeira política de âmbito nacional que estabeleceu o setor de microeletrônica como estratégico para o Brasil foi a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), lançada em março de 2004, com execução focada principalmente no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e no Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). A PITCE teve como objetivo geral aumentar a eficiência da estrutura produtiva da indústria nacional e a capacidade de inovação das empresas, visando expandir as exportações e promover maior inserção do país no comércio internacional. Quatro setores foram selecionados como prioritários para apoio direto e indireto: fármacos, software, bens de capital e semicondutores. Os instrumentos da PITCE utilizados para viabilizar objetivos gerais e setoriais ganharam um novo fôlego nas diretrizes governamentais com o Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional 2007-2010 (PACTI) 8, e da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançado no ano de 2008, na medida em que estas políticas reforçaram como área estratégica o setor de semicondutores. As principais ações e medidas do PACTI e da PDP visaram então formar e capacitar recursos humanos em microeletrônica, apoiar a criação de empresas de projeto de circuitos integrados, estabelecer um marco regulatório que incentive investimentos nesta área e a mais relevante ação do governo federal: a criação e a implantação da empresa pública federal denominada Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec), vinculada ao MCT (Swart, 2010:269). Outras políticas governamentais também consolidaram as medidas para atração de investimentos para o setor de microeletrônica, ao propor o Programa de Atração de Investimentos Estrangeiros em Microeletrônica (PAIEM) e o Programa de Atração de Investimentos em Displays (PAIED) e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS). Os incentivos e benefícios são disponibilizados 8 O PACTI, interagindo com a PITCE e a PDP, possui quatro prioridades estratégicas que norteiam a Política Nacional de CT&I: (i) Expansão e Consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; (ii) Promoção da Inovação Tecnológica nas Empresas; (iii) Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Áreas Estratégicas; (iv) Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social (MCT, 2010). Tanto na PITCE, como no PACTI e na PDP, a valorização da inovação nas empresas é considerado o fator-chave para o aumento da produtividade e competitividade na economia. No PACTI a prioridade estratégica de promoção da inovação tecnológica nas empresas possui três objetivos gerais: a) apoio à inovação tecnológica nas empresas; b) tecnologia para a inovação nas empresas e c) incentivo à criação e consolidação de empresas intensivas em tecnologia. Estes três objetivos gerais desdobram-se em nove programas que podem ser elencados de acordo com as categorias de instrumentos de apoio financeiro e de apoio técnico, executados pelas seguintes instituições: Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Serviço Brasileiro de Apoio Nacional ás Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (MCT, 2010; ANPEI, s/d)

tanto para empresas da área de projetos, como para empresas de fabricação de circuitos integrados. Os programas específicos para a internalização da indústria microeletrônica- o Programa CI- Brasil e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Micro e Nonoeletrônicos (INCT Namitec) e a implantação do Ceitec- estão descritos na próxima sessão do artigo. 3.2. O Programa CI-Brasil, o INCT Namitec e o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada-Ceitec O Programa CI-Brasil foi elaborado para atuar em duas frentes. Numa frente, objetiva-se atrair para o Brasil uma parcela das atividades de projeto de circuito integrado, desenvolvidas internacionalmente por empresas do setor de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), fabricantes de componentes semicondutores e empresas independentes especializadas em projetos de circuitos integrados. A segunda frente, que contribui decisivamente para a concretização da anterior, visa a criação de condições que propiciem a constituição de design houses brasileiras 9 e o desenvolvimento de atividades de projeto de circuitos integrados em empresas brasileiras de TIC. Além das design houses, foi proposto no âmbito do Programa CI-Brasil centros regionais destinados às atividades de treinamento e capacitação, envolvendo diretamente as universidades, centros de pesquisa e incubadoras que atuam como parceiras locais de cada design house. O Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), localizado em Campinas e o Ceitec, localizado em Porto Alegre, foram escolhidos como unidades âncora na implantação do Programa CI- Brasil, uma vez que já dispõem de instalações e equipamentos para as etapas do processo de concepção, desenho, fabricação e teste de circuitos integrados. Nestes institutos de pesquisa foram criados dois Centros de Treinamentos, o CT1 em Porto Alegre e o CT2 no CTI, em Campinas, responsáveis pela formação de 340 projetistas em Circuitos Integrados até o final de 2009 (Swart, 2010). No tocante à criação/atração das design houses, no âmbito deste programa, foram criados sete centros de projetos de circuitos integrados: Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec); Centro de Pesquisa Renato Archer (CTI); Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI-TEC); Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação do Polo Industrial de Manaus (CT-PIM); Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), Laboratório para Integração de Circuitos e Sistemas (LINCS); Centro para Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE) e Centro de Pesquisas Avançadas Werher Von Braun. Estes centros de projetos receberam recursos para aquisição de equipamentos, infra-estrutura, aquisição de licenças de uso para as ferramentas de projetos de circuitos integrados (Eletronic Design Automation - EDA) e também bolsas de estudos para 9 O Programa recomenda que essas design houses estejam estrategicamente localizadas nos tecidos industriais locais, regionais, nacionais e internacionais, sendo implementadas em locais que atendam os seguintes requisitos técnicos: tenham como parceira próxima uma incubadora de base tecnológica de uma universidade brasileira; mantenha intercâmbio com centros de formação e capacitação de recursos humanos com competência em projetos de circuitos integrados, cujo programa de formação e capacitação apóie as ações locais e nacionais de atração de design houses estrangeiras.(programa CI-Brasil RN-009/2010. Disponível em: http://www.cibrasil.gov.br/index2.php?option=com_docs&task=download&id=70&field=doc1&no_html=1. Acesso em: jun. 2011.

projetistas de circuitos integrados. Além destes Centros de Projetos, outros 15 centros de projetos entre empresas transnacionais e startups são apoiados pelo programa CI-Brasil. 10 Somando e interagindo com o Programa CI-Brasil na formação de recursos humanos (em nível de graduação e pós-graduação), é bastante representativa a atuação do Instituto Nacional de Sistemas Micro e Nanoeletrônico (INCT Namitec), ao reunir, em rede, os principais Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) que atuam na formação e pesquisa em semicondutores no Brasil. O INCT Namitec é composto por 132 pesquisadores vinculados a 27 unidades de pesquisa sediadas em 23 instituições de 13 estados brasileiros nos domínios da física, química, ciência da computação, engenharia elétrica/eletrônica e ciências agrárias. O INCT Namitec é financiado pelo CNPq e pela FAPESP, com um orçamento previsto de cerca de 7 milhões de reais em três anos. Tem como instituição sede e coordenadora o Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer. Seu objetivo principal é:...realizar pesquisa e desenvolvimento em sistemas micro e nanoeletrônicos integrados inteligentes, que propiciem a realização de sistemas eletrônicos autônomos tais como redes de sensores inteligentes, sistemas embarcados e sistemas auto-ajustáveis, com aplicações em particular em agricultura de precisão, no controle ambiental, em energia, na instrumentação biomédica, na indústria automotiva e aeroespacial e nas telecomunicações (Namitec, 2011:s/p) O INCT Namitec formou, entre 2008 e maio de 2010, 59 iniciações científicas (102 em andamento); 103 mestrados concluídos e 138 em andamento; 30 doutorados concluídos e 123 em andamento; 12 pós-doutorados concluídos e 22 em andamento. 11 Totalizando estes resultados, estima-se que até o ano de 2012 terão sido formados 170 estudantes de graduação e aproximadamente 421 estudantes de pós-graduação capacitados para atuar com microeletrônica (Namitec, 2011). A segunda iniciativa planejada no Programa Nacional de Microeletrônica, implantar uma fábrica (foundry) de semicondutores está na fase final para a operação. O Ceitec é a única foundry de semicondutores no Brasil e na América Latina. Foi criado em 2008, na cidade de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), é uma empresa pública federal que possui duas unidades principais: um centro de pesquisa e desenvolvimento (inaugurado em 2009), e uma unidade fabril (inaugurada em 2010 mas que entrará em operação em 2012). O aporte de investimentos realizado pelo governo federal foi da ordem de R$450 milhões. (CEITEC S.A, MCT, 2010) A finalidade do Ceitec é desenvolver e produzir circuitos integrados voltados a aplicações específicas (ASICs), capacitando o Brasil com conhecimentos tecnológicos e recursos humanos qualificados na área. 12 Seu modelo de negócios concilia o desenvolvimento de 10 O site http://www.cibrasil.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2&itemid=3 lista as 22 instituições apoiadas pelo Programa CI-Brasil. 11 No site.www.namitec.org.br estão apresentados os principais relatórios que constam os resultados do INCT Namitec. 12 A atuação do Ceitec foca os nichos de mercado com as seguintes tecnologias: RFID-Radio Frequency Identification (Chip do Boi usado na rastreabilidade de bovinos, o Chip Santana, usado para rastreabilidade de mercadorias para garantia de origem, o Chip Hemobrás, usado para a identificação e rastreabilidade de bolsas de hemoderivados da Hemobrás e o Chip Siniav, usado para a identificação de auto-veículos do mercado brasileiro); Comunicação sem Fio (WIFI- Wireless Fidelity e WIMAX- Worldwide Interoperability for Microwave Access); e Multimídias digitais (moduladores e demoduladores com aplicações em TV e rádio digital). (CEITEC S.A, MCT, 2010)

produtos próprios para a fabricação em sua unidade fabril ou de terceiros e a utilização da fábrica para a produção de chips de outras empresas. Resumidamente, conclui-se que as três iniciativas inicialmente propostas pelo Programa Nacional de Microeletrônica (PNM) estão sendo implementadas a partir dos: 1) planos e políticas de governo (PITCE, PACTI e PDP) e seus diversos incentivos e benefícios fiscais (PADIS, PAIEM, PAIED) e demais instrumentos para inovação nas empresas; 2) nos programas CI-Brasil, INCT-Namitec e, 3) na criação do Ceitec. Estas políticas foram objetos de análise pelos especialistas na área de microeletrônica que registraram suas opiniões e impressões em uma série de entrevistas, discutidas no próximo item do artigo. 4.Políticas Governamentais para Microeletrônica no Brasil: a opinião dos especialistas Em março de 2011 foram realizadas entrevistas com 13 especialistas em microeletrônica do país. Entre os especialistas selecionados, 7 são professores e coordenadores de importantes laboratórios de microeletrônica de grandes universidades públicas; 3 são coordenadores da área de microeletrônica de Institutos de Pesquisas; 02 entrevistados são membros ( presidente e ex-presidente) da Associação Brasileira de Microeletrônica e 01 é membro de uma grande empresa de base tecnológica. A escolha desses profissionais deveu-se ao envolvimento e importância deles com as políticas governamentais de microeletrônica. As entrevistas tiveram como metodologia uma abordagem explanatória sobre os resultados das políticas governamentais relacionadas às três iniciativas priorizadas pelo governo federal para a internalização da indústria de semicondutores no Brasil, buscando colher opiniões qualitativas dos entrevistados sobre essas políticas. Vale destacar, que não se pretende neste artigo realizar avaliações das políticas, mas sim sintetizar as opiniões dos entrevistados sobre os planos e programas do governo nesta área. Há unanimidade na concordância sobre o diagnóstico do PNM em propor as 2 iniciativas (a formação e capacitação de recursos humanos, a criação das design houses e a implantação do Ceitec) como primordiais para se iniciar a internalização da indústria de semicondutores no Brasil. Contudo, os entrevistados questionaram a necessidade atração de IDE para constituir uma foundry em larga escala no país, como sendo um requisito primordial para se participar do mercado mundial de semicondutores. Também afirmaram que os resultados existentes hoje no país significam um avanço na área de microeletrônica, considerando a situação do país no início da década 90. Porém, todos os entrevistados consideram que estes avanços são bastante tímidos, diante do atraso do Brasil nesta área. Segundo o depoimento de um dos especialistas...existe uma inércia grande para ser vencida, e a força é pouca diante do atraso tecnológico do Brasil. Pode-se dizer que se despertou para a possibilidade de se fazer circuito integrado no Brasil; no entanto, afirma-se que estamos distante de uma efetiva política industrial de Estado. Os entrevistados também afirmaram que, desde a formulação do PNM em 2002, os avanços do marco-regulatório para se internalizar a indústria de microeletrônica foram notáveis. Porém, acrescentaram que estas políticas estão dispersas entre os diversos institutos e órgãos do governo, além de existir uma grande burocracia para a obtenção de recursos.

Questionados sobre as políticas de formação e capacitação de recursos humanos, os entrevistados argumentaram que os resultados dos Programas CI-Brasil e o INCT Namitec mostram um esforço neste sentido. Porém, os especialistas argumentaram que existe a necessidade de formar recursos humanos de maneira alinhada com a formação do ensino técnico, graduação, pós-graduação e Centros de Treinamentos do Programa CI-Brasil. Atualmente, a maioria dos programas de graduação não apresenta disciplinas que proporcionem ao aluno noções básica de microeletrônica. Diversos especialistas afirmaram que os cursos técnicos em eletrônica também são limitados nessa área. Segundo um dos entrevistados:... os Centros de Formação estão habilitando os projetistas, enquanto estes já deveriam saber trabalhar com as ferramentas de microeletrônica na graduação, para serem a partir daí treinados nos Centros de Treinamento. A função do Centro de Treinamento é de treinar, e para ser treinado, supõe-se que algum conhecimento já esteja consolidado. Hoje os Centros de Treinamento são centros formativos e não de treinamento. A estratégia da PNM deveria incorporar o esforço de inserir a microeletrônica nas cadeiras do ensino técnico e na graduação. Este seria um avanço para a PNM na formação de recursos humanos para a pós-graduação. Também seria um trabalho praticamente sem custos que iria impactar fortemente os resultados e desempenhos dos projetistas formados nos Centros de Treinamento do Programa CI-Brasil. É preciso ressaltar a importância do INCT Namitec na formação de recursos humanos. Segundo os especialistas, este INCT possibilitou a inclusão da microeletrônica em grupos jovens e pequenos, ou seja, de pesquisadores periféricos no cenário da microeletrônica do país. Atualmente, existe uma disseminação da microeletrônica em todas as regiões do Brasil possibilitada pelo INCT Namitec. Assim, estudantes de pós-graduação orientados por professores de universidade periféricas estão tendo acesso à infra-estrutura e recursos humanos dos grandes centros. Outra recomendação importante dos especialistas para a formação dos recursos humanos na área de microeletrônica é a introdução de cursos de formação básica em negócios e empreendedorismo para a área tecnológica. Para os entrevistados o maior desafio do Programa CI-Brasil, que implementou 7 das 14 companhias de projeto (design houses) nacionais, é garantir a interação competitiva destas com o mercado nacional e internacional. O depoimento de um dos entrevistados sintetiza e explica o argumento dos demais entrevistados: As design houses, foram implantadas com recursos públicos, estão no mesmo formato da Universidade, e estas precisam ter uma visão de negócios. O desafio está na interação das design houses com o mercado. A questão das design houses é como arrumar os clientes? Vamos projetar chips para quem e para quê? É lógico que o Brasil tem um mercado promissor para se desenvolver projetos de circuito integrados de aplicação específica (ASIC). Mas ainda não temos a credibilidade com o setor produtivo. Neste sentido, é necessário que as design houses se esforcem para formar um portfolio de clientes e divulguem seus projetos consolidados para ganhar credibilidade. O problema é que as design houses são pequenas e não estão conseguindo fazer este portfólio. Falta criar políticas que propiciem os arranjos cooperativos entre as design houses e o mercado. Para os especialistas em microeletrônica, ações voltadas à interação das design houses com o mercado foram totalmente esquecidas e precisam ser trabalhadas. De acordo com os entrevistados, não existe nem uma política de Estado, nem uma política setorial vinculando as empresas e as design houses brasileiras, nem políticas para transferência tecnológica. Soma-se

a este fato, a característica cultural do Brasil, de fraca interação entre as empresas e as Universidades/Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs). 13 A argumentação dos especialistas é que os arranjos institucionais elaborados pelas políticas de C&T&I no Brasil estão prontos, porém existe a necessidade de operacionalizá-los através de uma política para gestão das parcerias entre empresas, governo e ICTs, já que...detemos o potencial para desenvolvermos a tecnologia, detemos o mercado, temos dinheiro, temos recursos humanos e parques industriais, mas falta a política que eleja um produto que deva ser desenvolvido para um nicho de mercado brasileiro e que, posteriormente, alcance o mercado internacional. Segundo um dos especialistas: Falta um estudo de prospecção tecnológica para delinearmos uma política que tenha como compromisso arranjos cooperativos entre os ICTs e as empresas. No Brasil os acordos são realizados sem a participação dos ICTs brasileiros para a transferência de tecnologia. Um exemplo é a TV digital. As soluções tecnológicas foram totalmente dispersas, não teve direção. Vários pesquisadores fazem chip de TV Digital. Quem vai comprar todos estes chips? Oitenta países licenciaram a tecnologia da TV Digital. Como foram realizadas as cooperações entre o governo brasileiro e o japonês? Vendemos o sistema japonês para toda a América Latina, mas o que ganhamos em troca? Vejam o caso da carteira de identidade. Ela terá um chip que carrega as informações biomédicas. Deveria ter sido feito um processo de concorrência entre as design houses para saber quem ganharia e terceirizar a produção. Mas o governo não fez. Comprou a tecnologia fora. Temos um mercado potencial no nosso país: sensoriamento de animais, de cargas, setor de distribuição de energia elétrica, bioengenharia, aplicações em equipamentos eletromédicos, etc. A política setorial do Estado seria apostar em um nicho de mercado, coordenar os arranjos colaborativos entre a indústria e os ICTs, e garantir através das compras do governo o mercado deste produto. Em outras palavras, o governo, deveria utilizar todo o arranjo institucional existente para promover a inovação nas empresas, garantindo acesso ao mercado e a transferência de tecnologia. Para os especialistas entrevistados, um outro ponto que impede o desenvolvimento de tecnologias produzidas nacionalmente é a Lei da Informática. Para os especialistas, esta lei deveria ser revista no sentido de propor cooperações para transferência de tecnologia entre as grandes multinacionais e os ICTs brasileiros. O governo deveria retirar vantagens hoje concedidas à montagem de equipamentos eletrônicos, limitando-as, gradualmente às empresas com requisitos mínimos de componentes nacionais. As empresas enquadradas nesta legislação também deveriam ser beneficiadas pela margem de preferência. Como hoje ocorre com os Processos Produtivos Básicos (PPBs), apresentados pelas empresas candidatas a incentivos fiscais do governo, as empresas ou consórcios interessados em receber encomendas do governo, de desenvolvimento de produtos e processos com alto grau de tecnologia, terão propostas analisadas por uma comissão interministerial, que avaliará a adequação da empresa ou consórcio às necessidades do governo e às expectativas de desenvolvimento tecnológico do país. Os entrevistados mencionaram experiências internacionais que mostram que a crescente complexidade tecnológica das inovações e seus elevados custos exigem competências diversificadas para seu desenvolvimento, o que pode ser obtido através de arranjos multiorganizacionais que poderiam ser estimulados por políticas de cooperação entre as design houses e o setor produtivo. Os especialistas afirmam que a constituição desses arranjos, através de legislações e decretos não é condição suficiente para internalizar a indústria de microeletrônica no Brasil. Apesar dos avanços na elaboração das políticas de incentivos e 13 Para entender sobre a fraca integração no Brasil entre universidades/institutos de pesquisa e empresas vide os textos de Velho ( 2004); Rapini (2007).

benefícios específicos para a área de microeletrônica, destacando o PADIS (Lei nº 11.484/2007), não há nenhuma empresa fabricante de semicondutores beneficiada com estes incentivos. Além disso, o Brasil conta com apenas uma fábrica de encapsulamento de memórias SDRAM, duas de semicondutores discretos (componentes isolados, não circuitos integrados, tais como diodos transistores, etc, utilizados, por exemplo, na fabricação de fontes de alimentação) e uma empresa de projeto de circuitos integrados pertencentes a uma empresa multinacional. A criação do Ceitec S.A. acrescenta um elemento importante para este esforço. Sua implantação traz uma relativa independência na fabricação de circuitos integrados no Brasil. Todos os especialistas reconhecem a importância estratégica de uma fonudry de semicondutores, mesmo com baixa escala de operação, seja pela sua utilização pelas universidades e centros de pesquisa, como para a formação de recursos humanos em tecnologias de processamento de silício e dispositivos micro e nano-eletrônicos, e também para execução de projetos que envolvam a segurança nacional. Além disso, admite-se que uma foundry (nível 1) representa o menor investimento possível para se iniciar o adensamento da cadeia produtiva de semicondutores no Brasil. O adensamento da cadeia produtiva da indústria de semicondutores, proposto pelas políticas governamentais contemplava também a atração de investimentos direto estrangeiro para a implantanção de uma foundry de produção em larga escala. Contudo, a maioria dos especialistas acredita que dada a especialização vertical da indústria de semicondutores, é possível o Brasil capacitar as design houses para estas se transformarem em empresas fabless, sem a necessidade fundamental de se implantar uma foundry de produção em larga escala. Dessa maneira, para os especialistas em microeletrônica, desenvolver uma aplicação para um nicho de mercado específico, rever a Lei da Informática e utilizar as compras do governo são caminhos que podem ser percorridos se houver a articulação de uma política tecnológica que desenvolva mecanismos de transferência de tecnologia em arranjos cooperativos entre o mercado e as design houses. 5.Considerações Finais Ao longo de quase dez anos do lançamento do Programa Nacional de Microeletrônica, pode-se concluir que os avanços do marco-regulatório para internalizar a indústria de semicondutores no país são evidentes e priorizados nas políticas governamentais como a PITCE, o PACTI e a PDP. Atualmente, existem políticas e recursos para promoção da inovação tecnológica nas empresas e diversos programas de atração de investimento, incentivos e benefícios fiscais para a área de microeletrônica, como o PADIS, PAIEM e PAIED. No entanto, estes planos e programas de incentivos e benefícios não foram condições suficientes para atrair investimentos diretos de empresas transnacionais. Dentre as iniciativas elaboradas pelo Programa Nacional de Microeletrônica, somente duas foram implementadas: 1) a formação e capacitação de recursos humanos e a criação de companhias de projetos (design houses); 2) uma unidade produtiva de prototipagem de circuitos integrados (Ceitec), prevista para entrar em operação em 2012. Apesar da relevância de se internalizar a indústria de semicondutores no país ter sido reconhecida nos planos de governo tornando-se objeto de políticas governamentais, os resultados concretos destas políticas se mostram modestos diante das experiências

internacionais. De acordo com os especialistas da área, a atuação do governo não vem sendo efetiva para incentivar empresas que demandem o projeto dos circuitos integrados das design houses nacionais, que é o ponto fundamental para a efetivação das políticas governamentais e principalmente, da continuidade do Programa CI-Brasil. O desafio existente para concretizar os objetivos das políticas de internalização da indústria de semicondutores é desenvolver as interações entre o mercado, as design houses e as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs). Para que ocorra esta interação é fundamental que se criem instrumentos de política que incentivem o uso de componentes produzidos nacionalmente, ou seja, a montagem de equipamentos eletrônicos deveria incorporar, na Lei da Informática, requisitos mínimos de componentes nacionais. Segundo especialistas, somente conseguiremos participar da indústria mundial de semicondutores se formos competentes para organizarmos os arranjos cooperativos de transferência de tecnologia entre empresas, ICTs e o governo, pois se dependermos das forças de mercado continuaremos a importar as soluções tecnológicas e os resultados já conquistados, principalmente do Programa CI-Brasil, em formar recursos humanos e criar as design houses estarão comprometidos. Bibliografia ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO DAS EMPRESAS INOVADORAS (ANPEI). Guia Prático de Apoio à Inovação. s/d. 102p. Disponível em: <http://proinova.anpei.org.br/clickdownload.asp?arquivo=/downloads/guia_in ovacao_empresas.pdf>. Acesso em: 30/01/2011. CAMPANARIO, M. A.; SILVA, M. M. da; COSTA, T. R.. Política Industrial de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Brasileira de Semicondutores. In: Revista de Ciências da Administração, v. 11, n. 24, p. 69-101, maio/agosto 2009. Disponível em: <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/adm/article/download/12183/12617>. Acesso em: 02/03/2011. CARVALHO, P. Uma perspectiva para a indústria de semicondutores no Brasil: o desenvolvimento das design houses. Campinas, SP: [s.n.], 2006. Disponível em: < http://cutter.unicamp.br/document/?down=vtls000406618>. Acesso em: 02/01/2011. CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DE ELETRÔNICA AVANÇADA S.A (CEITEC) S.A. Relatório Anual 2010. Disponível em: <http://www.ceitecsa.com/assets/documentos/relatorio_2010_web_sem_imagens.pdf>. Acesso em: 22 de jun. de 2011. GUTIERREZ, R. M. V. e LEAL, C. F. C. Estratégias para uma Indústria de Circuitos Integrados no Brasil BNDES Setorial Março 2004, n. 19, p. 3-22. Disponível em: < http://www.bndes.gov.br/sitebndes/export/sites/default/bndes_pt/galerias/arquivos/conheci mento/bnset/set1901.pdf>. Acesso em: 22/06/2011 GUTIERREZ, R. M. V.; ALEXANDRE, P. V. M.. COMPLEXO ELETRÔNICO BRASILEIRO E COMPETITIVIDADE. In: BNDES Setorial. Rio de Janeiro, n. 18, p. 165-192, set. 2003. Disponível em:

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