O fim do ensino básico implica uma escolha vocacional para os alunos que prosseguem para o ensino secundário.

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Transcrição:

Ocupação Científica de Jovens nas Férias COMEÇAR CEDO Programa Piloto RESUMO É objetivo da União Europeia até 2030 impulsionar o seu crescimento e competitividade através de uma educação científica inovadora, que permita aos cidadãos europeus fazer escolhas informadas, promovendo a democratização do conhecimento, da cultura científica e tecnológica e da literacia digital. A digitalização do mercado de trabalho exige dos nossos jovens capacidade e competências renovadas, sendo por isso fundamental que estes sejam capazes de responder às necessidades das sociedades modernas. Como tal a Ciência Viva no Laboratório apresenta um projeto especial dedicado aos alunos dos 8.º e 9.º anos o programa COMEÇAR CEDO de estágios nas áreas das tecnologias digitais. COMEÇAR CEDO porque sabemos que o final do 3º ciclo representa para muitos uma altura de escolhas complexas, a das áreas vocacionais. O programa não esquece também o importante contexto da vida em sociedade na promoção dos direitos e paridade de género. É TEMPO DE ESCOLHAS O fim do ensino básico implica uma escolha vocacional para os alunos que prosseguem para o ensino secundário. Terminado o currículo geral comum, a oferta educativa diversifica-se de tal maneira que as primeiras dúvidas, de quem se prepara para concluir o 9.º ano, começam com a própria transição para o Ensino Secundário. Este passo revela-se complexo, uma vez que cabe ao jovem definir um projeto de futuro. Por outro lado a busca de si, a construção de uma identidade e a definição de um projeto em que se reveja pode ocorrer a outros ritmos que não necessariamente os do calendário institucional imposto pelo sistema 1. A mobilização para o sucesso escolar representa uma dimensão chave das práticas educativas sendo o sucesso decisivo para abrir possibilidades na escolha das vocações 2. As bases para o desenvolvimento de uma carreira sólida estão ancoradas a influências, como a dos pais, a da família, dos amigos e também de iniciativas sociais como o programa COMEÇAR CEDO. 1/5

PORQUÊ TECNOLOGIAS E COMPETÊNCIAS DIGITAIS? As competências digitais surgem como uma necessidade identificada de adaptação do país e da sociedade às exigências dos tempos atuais. Um país com cidadãos mais proficientes no mundo digital é um país de cidadãos mais participativos e aptos a lidar com a sociedade da qual fazem parte; capazes de estimular o desenvolvimento das competências associadas ao pensamento computacional, nova forma de literacia para o século XXI e força motriz do crescimento, desenvolvimento e inovação tecnológica 3. A digitalização do mercado de trabalho exige novas capacidades e competências e pode traduzir-se numa população ativa, mais empregos, melhores condições de vida, produtos inovadores, economias mais competitivas e robustas. O EQUILÍBRIO DE GÉNERO De acordo com o The Global Gender Gap Report, publicado pelo World Economic Forum em 2008, existe nas áreas tecnológicas uma predominância evidente do sexo masculino 4. Segundo o relatório da OECD (2007c), as mulheres apresentam níveis baixos de emprego especializado em tecnologias digitais. Em todos os países da OCDE os rapazes parecem seguir a tendência para ter uma relação mais positiva com os computadores na escola 3. A igualdade de género é também uma questão transversal no Horizonte 2020. Três objetivos principais sustentam esta estratégia da Comissão Europeia para 2018: Promover a igualdade de oportunidades e o equilíbrio de géneros em equipas de projetos; Assegurar o equilíbrio de género no processo de tomada de decisão em grupos consultivos; Integrar a dimensão de género no conteúdo da investigação científica e inovação 5. Em Portugal, segundo a PORDATA, em 2016 matricularam-se pela 1ª vez em Tecnologias da Informação e Comunicação um total de 9.164 alunos, sendo que só 1.777 foram raparigas (19,39%). Em 2015, de um total de 8.224 alunos, apenas 1.612 foram do sexo feminino (19,6%). E em 2014, o número de raparigas que se matricularam foi de 1.498 num total de 8.027 (18,66%). 2/5

11.000 Total Subsistema e tipo de ensino 9.000 8.800 Total Público 7.700 6.600 Total Privado 5.500 4.400 3.300 2.200 1.100 0 Figura 1 Alunos matriculados pela 1.ª vez no ensino superior em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC): total e por subsistema e tipo de ensino fonte: PORDATA 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 11.000 Total Sexo 9.000 8.800 Total Masculino 7.700 6.600 Total Feminino 5.500 4.400 3.300 2.200 1.100 0 Figura 2 Alunos matriculados pela 1.ª vez no ensino superior em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC): total e por sexo por individuo fonte: PORDATA 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 3/5

O envolvimento com a ciência, nos locais onde esta se faz, tem proporcionado às raparigas oportunidades de participação ativa, na forma prática e na forma de cultura, pouco usais no sistema educativo. Em termos globais, a participação maioritária das raparigas nas ações da Ciência Viva no Laboratório é um facto facilmente constatável observando a Figura 3. Raparigas Rapazes 58 60 66 65 65 61 60 59 55 56 42 40 37 37 34 39 40 41 45 44 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Figura 3 Distribuição de género na Ciência Viva no Laboratório (2005-2016) Contudo esse facto não se manifesta da mesma forma em domínios associados às tecnologias de informação, eletrónica, robótica, matemática e física. Aqui, bem pelo contrário, e como o mostra a figura 4, a presença das raparigas é menos evidente. Raparigas 38 46 46 37 45 38 34 36 36 Rapazes 65 65 62 54 54 55 62 66 64 64 65 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Figura 4 Distribuição de género na Ciência Viva no Laboratório, áreas STEM (2005-2016) Diferenças entre sexos e aspirações de carreira refletem como rapazes e raparigas percecionam diferentes contextos de oportunidade. Estas diferentes perceções estão na base, por sua vez, da respetiva adequação e alcance apropriados na escola 2. Os estereótipos de género na ciência ajudam a perpetuar as escolhas educacionais enviesadas e de carreira segregadas por gênero 5. 4/5

O QUE HÁ A FAZER? A União Europeia necessita de todos os seus talentos para impulsionar o seu crescimento e competitividade. Uma educação científica inovadora permite aos Europeus, do presente e futuro, fazerem escolhas informadas, envolvendo-se numa sociedade de conhecimento democratizado 6. A escassez de modelos femininos nas disciplinas de matemática e ciências, no ensino primário e secundário, pode levar as raparigas a acreditar que não pertencem a tais carreiras sendo, portanto, os métodos de aprendizagem informais e as novas experiências determinantes para as diferenças de gênero na ciência 2. As mulheres precisam de estar plenamente envolvidas em todos os aspetos da sociedade e da atividade económica, com presença desde a tomada de decisão até as fases de execução, sendo que esta matéria urge à luz das pressões demográficas e do envelhecimento da população na maioria dos países da OCDE (2007). O Plano Estratégico Ciência Viva 2017-2020 dá uma atenção especial à crescente participação das raparigas nestes domínios Científico Tecnológicos, pretendendo a Agência aumentar a aposta neste tipo de ações e nas oportunidades de inclusão que proporcionam. É necessário que rapazes e raparigas despertem todo o seu interesse em carreiras científicas e tecnológicas, especialmente com claras aptidões e competências digitais. É preciso COMEÇAR CEDO e não perder oportunidades. REFERÊNCIAS 1. Vieira, M. M., Pappámikail, L. & Nunes, C. Escolhas escolares e modalidades de sucesso no ensino secundário: Percursos e temporalidades. Sociol. Probl. e Prat. 70, 45 70 (2012). 2. Larios, M., Palasik, M., Caprile, M. & Vázquez-cupeiro, S. Stereotypes and identity. (). 3. OECDc. Working Party on the Information Economy - ICTs and Gender. 1 29 (2007). doi:10.1787/9789264037472-en 4. Hausmann, R., Tyson, L. D. & Zahidi, S. The Global Gender Gap Report. (World Economic Forum, 2008). 5. European Commission. Interim Evaluation: Gender equality as a crosscutting issue in Horizon 2020. Publications Office of the European Union (2017). 6. Programme, T. W. & Portal, P. HORIZON 2020 WORK PROGRAMME 2014 2015 Science with and for Society Revised (European Commission Decision C (2015) 2453 of 17 April 2015 ). 2015, (2015) 5/5