UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL



Documentos relacionados
Desempenho da Agroindústria em histórica iniciada em Como tem sido freqüente nos últimos anos (exceto em 2003), os

Boletim Epidemiológico

Programa Estadual de Controle e Erradicação da Tuberculose e Brucelose Bovídea - PROCETUBE

Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil

"suínos" significa suínos domésticos, javalis domésticos, suínos selvagens e javalis selvagens

Como controlar a mastite por Prototheca spp.?

III CIRCUITO DE CONCURSOS DE CARCAÇAS CARNE PAMPA

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 24, DE 05 DE ABRIL DE 2004

para controle da mastite e melhora da qualidade do leite

PNAD - Segurança Alimentar Insegurança alimentar diminui, mas ainda atinge 30,2% dos domicílios brasileiros

Gestão na Suinocultura Com Foco na Produtividade

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

.Art. 1º Aprovar as Normas para o Controle e a Erradicação do Mormo..Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

DESENVOLVENDO HABILIDADES CIÊNCIAS DA NATUREZA I - EM

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

INFORMATIVO MENSAL LAPESUI

Imagem de Tipos de Carnes do Ponto de Vista do Consumidor

DISCUSSÕES UE/EUA RELATIVAS AO ACORDO SOBRE EQUIVALÊNCIA VETERINÁRIA

Comunicado Técnico. Estimativa do Impacto Econômico da Linfadenite Granulomatosa em Suínos na Região Sul do Brasil. Introdução.

05 DE JUNHO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

Considerações sobre Sistemas de Avaliação e

Cadeia Produtiva do Leite. Médio Integrado em Agroindústria

SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO SEAB DIVISÃO DE DEFESA SANITÁRIA ANIMAL DDSA ÁREA DE SANIDADE AVÍCOLA ASA

Cesta básica tem alta moderada na maioria das capitais

Rastreabilidade bovina: do campo ao prato - uma ferramenta a serviço da segurança alimentar Taulni Francisco Santos da Rosa (Chico)

Simpósio Latino Americano da Associação Internacional para a Proteção de Alimentos -IAFP -

Mycobacterium sp. Classe Actinomycetes. Família Mycobacteriaceae. Gêneros próximos: Nocardia, Rhodococcus e Corynebacterium

Conscientização da qualidade do leite e prevenção da mastite nas comunidades rurais de Bambuí

Brasil: O consumo de carnes passado a limpo! Contagem da população brasileira pelo IBGE em 2007

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Briefing. Boletim Epidemiológico 2010

SITUAÇÃO DOS ODM NOS MUNICÍPIOS

Gerenciamento da Rotina aplicada à logística de expedição

RUI EDUARDO SALDANHA VARGAS VICE Presidente. Estimativas, Mercados e Desafios para a Exportação de Carne Suína Brasileira

QUEDA NO NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO DO CATARINENSE É ACOMPANHADA POR PEQUENA DETERIORAÇÃO DA QUALIDADE DAS DÍVIDAS

JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO URBANA DE SANTA CATARINA A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

redução dos preços internacionais de algumas commodities agrícolas; aumento dos custos de

UTILIZAÇÃO DOS RESULTADOS DE ANÁLISE DE LEITE: O SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA CLÍNICA DO LEITE-ESALQ/USP

Tem por objetivo garantir a existência contínua de um estoque organizado, de modo a não faltar nenhum dos itens necessários à produção.

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Sumário. (11)

Avanços na transparência

GUIA DE CURSO. Tecnologia em Sistemas de Informação. Tecnologia em Desenvolvimento Web. Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

O impacto do INCLUSP no ingresso de estudantes da escola pública na USP

DOENÇA DIARREICA AGUDA. Edição nº 9, fevereiro / 2014 Ano III. DOENÇA DIARRÉICA AGUDA CID 10: A00 a A09

EXERCÍCIO E DIABETES

DEPARTAMENTO DE DEFESA ANIMAL

Informação pode ser o melhor remédio. Hepatite

Taxa de desocupação foi de 9,3% em janeiro

LISTA DE VERIFICAÇAO DO SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

Pesquisa Mensal de Emprego - PME

Pesquisa Mensal de Emprego

PLANEJAMENTO DA MANUFATURA

11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

Protocolo em Rampa Manual de Referência Rápida

Shopping Iguatemi Campinas Reciclagem

MOBILIDADE DOS EMPREENDEDORES E VARIAÇÕES NOS RENDIMENTOS

O Sr. CELSO RUSSOMANNO (PP-SP) pronuncia o. seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores

EXIGÊNCIAS SANITÁRIAS PARA O INGRESSO DE ANIMAIS EM EVENTOS PECUÁRIOS NO ESTADO DA BAHIA ATUALIZADO EM 15/07/2014

SOLUÇÕES FORTLEV PARA CUIDAR DA ÁGUA TANQUES

Curso superior de Tecnologia em Gastronomia

6 CURSO DE CONTROLE DE QUALIDADE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

Título do Case: Desafio de obter a confiança na EJ: Análise de Custos para Grande Empresa. Categoria: Projeto Externo

Curso de Graduação em Administração. Administração da Produção e Operações I

REGULAMENTO GERAL DO CIRCUITO BOI VERDE DE JULGAMENTOS DE CARCAÇAS DA RAÇA NELORE Campeonato 2015

Pesquisa Mensal de Emprego PME. Algumas das principais características dos Trabalhadores Domésticos vis a vis a População Ocupada

ESTUDO SOBRE CIRCULAÇÃO DE REVISTAS

MANUAL DE PREENCHIMENTO PARA EMISSÃO DE GUIA DE TRÂNSITO ANIMAL (GTA) PARA SUÍDEOS VERSÃO 5.0

Abordagem de Processo: conceitos e diretrizes para sua implementação

Documento Explicativo

CONHECENDO UMA CENTRAL DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Exercícios Resolvidos sobre probabilidade total e Teorema de Bayes

Limpeza hospitalar *

NOTAS ECONÔMICAS. Regimes cambiais dos BRICs revelam diferentes graus de intervenção no câmbio

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

Responsabilidades Secretaria de Defesa Agropecuária

Margem de comercialização da carne bovina nos diferentes elos da cadeia. Novembro de 2009

[PARVOVIROSE CANINA]

SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO PAS 99:2006. Especificação de requisitos comuns de sistemas de gestão como estrutura para a integração

1. Programa Sanitário

PROCEDIMENTOS PARA REALIZAÇÃO DE INVENTÁRIO FÍSICO - ESTOQUES

Fundamentos da Matemática

INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL

VAZAMENTOS E INFILTRAÇÕES

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DO TURISMO

fls. 776 Se impresso, para conferncia acesse o site informe o processo e o cdigo 353F682.

Inovação nas Médias Empresas Brasileiras

GASTAR MAIS COM A LOGÍSTICA PODE SIGNIFICAR, TAMBÉM, AUMENTO DE LUCRO

10º LEVANTAMENTO DE SAFRAS DA CONAB /2013 Julho/2013

Comparação do ganho de peso e desempenho de bezerras alimentadas com leite de descarte e leite normal durante a fase de aleitamento

PESQUISA PULSO BRASIL FIESP/CIESP INFLAÇÃO JUNHO/2015 SUMÁRIO

Perfil das mulheres brasileiras em idade fértil e seu acesso à serviços de saúde Dados da PNDS 2006

AULA 04 - TABELA DE TEMPORALIDADE

Lisina, Farelo de Soja e Milho

SEQÜÊNCIA DE DEPÓSITOS

Transcrição:

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL LESÕES DE LINFADENITE SUÍNA E DESTINO DE CARCAÇAS Alexandre Ilha Moreira Itapiranga, junho de 2008

2 ALEXANDRE ILHA MOREIRA Aluno do Curso de Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal LESÕES DE LINFADENITE SUÍNA E DESTINO DE CARCAÇAS Trabalho monográfico de conclusão do curso de Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal, apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal, sob a orientação do Prof Dr..Zander Barreto Miranda. Itapiranga, junho de 2008.

3 LESÕES DE LINFADENITE SUÍNA E DESTINO DE CARCAÇAS Elaborado por Alexandre Ilha Moreira Aluno do Curso de Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal da UCB Foi analisado e aprovado com grau:... Rio de Janeiro,...de...de...... Membro... Membro... Professor Orientador Presidente Itapiranga, junho de 2008.

4 Ao Profº Dr. Zander Barreto Miranda, pelo exemplo profissional, pela dedicação e atenção para transmitir seus ensinamentos e pela honra de tê-lo como orientador.

5 SUMÁRIO Introdução...06 1. Objetivo...09 Desenvolvimento 2. Linfadenite...10 Definição Etiologia Epidemiologia Patogenia Lesões Diagnóstico Controle 3. Resultados e Discussão...18 3.1 Região Anatômica 3.2 Peso de Carcaças 3.3 Procedência dos Suínos 3.4 Critério de Julgamento e Destino 3.5 Agente Etiológico 4. Conclusão...35 4.1.Recomendações 5. Referências...39 6. Anexos...41

6 INTRODUÇÃO A carne suína, na atualidade, é a mais consumida no mundo, com uma média de 16 kg por pessoa ao ano, enquanto a de aves, o consumo gira em torno de 12,6 kg e bovinos 9,4kg. Essa concentração de consumo ocorre principalmente na Europa e América do Norte. No Brasil, o consumo cai para 12,5 kg por pessoa ao ano, sendo a média maior nos estados do sul, Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina ( SC), aumenta o consumo para 23 kg pessoa ao ano. Nos últimos 10 anos, houve um acréscimo de 28,4% na produção mundial de carne suína, numa proporção de 2,78% ao ano. Esse crescimento, porém, foi muito mais acentuado nos paises em desenvolvimento, com a média de 4,45% de aumento ao ano, contra o aumento de apenas 0,83% ano nos países desenvolvidos. A carne suína, por ser a mais consumida do mundo, tem papel fundamental em relação ao crescimento acelerado da população mundial, graças a sua capacidade de reprodução e facilidade de criação. A população suína mundial é superior a 980 milhões de cabeças, responsável pela produção de cerca de 100 milhões de toneladas de carne suína ao ano. Os quatro maiores produtores mundiais são a China, com 50 milhões de toneladas, a União Européia (com 25 países atuais), com 21 milhões, os Estados Unidos da América (EUA) próximo a 10 milhões e o Brasil com 2,8 milhões de toneladas. Esses 4 maiores produtores mundiais de carne suína detêm juntos cerca de 80 % da produção mundial. Quarta maior produtora mundial de carne suína, em 2006, a produção brasileira de carne suína chegou a 2,83 milhões de tonelada, com um abate próximo a 36 milhões de cabeças. O Brasil tem, atualmente, um plantel de 35,2 milhões de cabeças e estima-se que 700 mil pessoas dependam diretamente da cadeia produtiva da suinocultura brasileira. O valor da cadeia produtiva da suinocultura é estimado em U$ 1,8 bilhões.

7 Segundo a Associação Brasileira da Industria Produtora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), em 2006, o rebanho brasileiro chegou a 2,427 milhões de matrizes, sendo que são consideradas tecnificadas 1,513 milhões. É uma suinocultura que caminha fortemente para o sistema de integração: hoje, 70% dos suínos produzidos são sob a forma integrada, e 30% sob a forma de produtores independentes. A região Sul detém 57,5% da produção do país. É a região em que predomina o sistema de integração e o forte parque industrial das Agroindústrias. Na região Sudoeste, predomina o suinocultor Independente, tem uma participação de 17,6%, e na região Centro Oeste, continuando sua expansão, há uma participação de 14,5% na produção nacional. Hoje, cerca de 65 % da carne suína consumida no Brasil é sob a forma industrializada, apenas 35% sob a forma in natura. Como 65% da carne suína é comercializada sob a forma de embutidos, que custam mais caro que a carne in natura e são consumidos por pessoas de melhores salários, a queda no poder aquisitivo afeta diretamente o seu consumo. A maior parte do rebanho de suínos (45,4%) está na Região Sul. Santa Catarina lidera o ranking nacional, com 20,4% dos animais. Uberlândia (MG) e Concórdia (SC) são os municípios que concentram o maior efetivo. Em 2005 e 2006, o rebanho suíno foi ampliado nessas cidades em 9,9% e 53,6% respectivamente. No mercado externo, o volume comercializado de suínos caiu 16,4% em 2006, em razão do embargo da Rússia. A indústria da proteína animal cresceu em Santa Catarina. O destaque é para a produção de suínos. As micobactérias, pertencentes ao Complexo Mycobacterium avium (MAC), são as principais responsáveis pela linfadenite granulomatosa em suínos observados em matadouro. As lesões estão confinadas, principalmente, nos linfonodos do mesentério e nas regiões cervical e faringiana. Os animais afetados apresentam se clinicamente sadios, mas as perdas econômicas ocorrem devido às condenações das carcaças, por apresentarem lesões granulomatosas nos linfonodos e pelo seu potencial zoonótico. Como várias medidas de controle podem ser adotadas no campo, é necessário determinar que nível de controle é economicamente viável. Assim, a análise econômica deve ser encarada como uma ferramenta, que fornece informações adicionais para que o programa de controle seja bem estruturado. O ideal é que os custos de um programa de controle fiquem aquém dos prejuízos causados pela doença, produzindo uma relação custo-benefício que estimule a adoção das medidas preconizadas. Os prejuízos econômicos causados, pela condenação de

8 carcaças com linfadenite em matadouro frigoríficos, varia de acordo com o preço de mercado do suíno e com o custo de produção. Considerando a importância da suinocultura no Brasil, em especial na região Sudeste, assim como, o aspecto sanitário provocado pela linfadenite em suínos, consolida a presente pesquisa, para a identificação dos fatores de riscos, como medidas de prevenção, de modo a reduzir a incidência de condenação de partes ou mesmo de toda a carcaça de suínos. Este estudo foi desenvolvido em parceria com o Serviço de Inspeção Federal do Matadouro Frigorífico Mabella Ltda, situado na rodovia SC 472 S/C KM 28, Linha Santa Fé, no município de Itapiranga, estado de Santa Catarina.

9 OBJETIVO O objetivo do trabalho realizado foi fazer o levantamento, no período de janeiro a dezembro, da principal causa de condenação de carcaças suínas pós abate e seu impacto econômico na região. DESENVOLVIMENTO Para o desenvolvimento do trabalho foram relacionados os principais fatores que estão envolvidos com a doença os quais são: 3 Resultados e Discussão 3.1 região anatômica 3.2 peso de carcaça 3.3 procedência dos suínos 3.4 critério de julgamento e destino 3.5 agente etiológico Considerando que a suinocultura é uma atividade expressiva na região em estudo, foi oportuna a realização do levantamento de condenações por linfadenite no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2007, no Matadouro Frigorífico Mabella de Itapiranga, que é responsável por cerca de 44,90% do total do abate da região, compreendendo 8 municipios: Itapiranga, São João do Oeste, Tunápolis, Caibi, Mondai, São José do Cedro, Iporã do Oeste e Guarujá do Sul. Para tanto, foram preenchidas planilhas com informações mensais sobre o número total de suínos abatidos, região anatômica, peso das carcaças, a procedência, a identificação do agente etiológico por meio de exame laboratorial, a quantidade de suínos com linfadenite e critério de julgamento e destino das carcaças, dando o aproveitamento condicional, graxaria ou liberadas, conforme o julgamento pelo Serviço de Inspeção Federal ( SIF) por ocasião do abate.

10 2 LINFADENITE 2.1 DEFINIÇÃO Segundo SOBESTIANKI et alii, (2007) são enfermidades que consistem na formação de processos inflamatórios tuberculóides, principalmente, localizados em linfonodos linfáticos. Podem generalizar-se, atingindo vários órgãos, dependendo do agente etiológico. 2.2 ETIOLOGIA A doença é causada pela infecção por diferentes espécies de Mycobacterium sp. Em geral, 3,6% das micobacterioses em suínos são causadas pelo M.bovis, e 96,4% pelo M.avium. Entre os outros Mycobacterium sp capazes de causar a doença em suínos, citamse M.tuberculosis, M.intracellulare e M.scrofulaceum. 2.3. EPIDEMIOLOGIA Martins (2001) cita que a ocorrência de tuberculose em suínos está relacionada com a possibilidade de contato direto ou indireto com bovinos, pessoas e aves contaminados por micobactérias. A transmissão de micobactérias também é possível de suíno para suíno. O M.bovis pode ser transmitido a suínos por ingestão de produtos derivados de leite contaminado, fezes, ou restos de carne bovina não cozida. A freqüência com que ocorrem lesões nos linfonodos cervicais e mesentéricos de suínos indica que a infecção ocorre na maior parte dos casos por via oral (ingestão de material contaminado). N.Morês (2007) cita o solo contaminado por fezes de aves, bem como a maravalha contaminada por Mycobacterium.avium, como importantes fontes para a infecção de suínos. Pássaros selvagens também podem ser fonte de tuberculose do tipo aviário. O contato entre suínos permite a transmissão de micobactérias de animal a animal, e a eliminação ativa do MAC ocorre por meiodas fezes por um período que pode variar de 16 a 65 dias após a infecção. As micobactérias são eliminadas pelas fezes, tendo sido

11 também, demonstrada a sua presença nas amígdalas de suínos, podendo ser essa igualmente uma fonte de infecção. 2.4 PATOGENIA No local onde se fixam, no organismo dos suínos, os bacilos da tuberculose são englobados pelos macrófagos e produzem inflamação granulomatosa composta de células e líquido. O tubérculo é formado, principalmente, pela proliferação de células no local. Esses nódulos iniciais podem permanecer estacionários ou evoluir para lesões inflamatórias progressivas, cujo centro apresenta necrose com material caseoso. Metástases podem ser disseminadas em vários órgãos, especialmente quando o agente etiológico é o M.bovis. 2.5 LESÕES As lesões são geralmente limitadas aos linfonodos da cabeça e mesentéricos. Consistem em pequenos nódulos amarelados caseosos de poucos milímetros, ou podem atingir todo o linfonodo. É difícil estabelecer a diferença entre lesões causadas pelo bacilo aviário e as infecções por bacilo bovino em linfonodos linfáticos, mas algumas características podem servir como parâmetros: a) em infecções por bacilo aviário, raramente fica demonstrada a calcificação; b)não há tendência à formação de cápsula em torno das lesões; c)as lesões causadas por bacilos aviários são de difícil enucleação. Em contraste, lesões causadas por M.bovis ou M.tuberculosis, geralmente, são encapsuladas e são fáceis de separar dos tecidos adjacentes. Geralmente, em infecções por bacilos do tipo mamífero, há formação de calcificações nas lesões. No entanto, essas diferenças não podem ser tomadas como regra geral, pois existem diferentes tipos de apresentação das lesões tuberculosas em linfonodos de suínos. Lesões generalizadas de tuberculose em suínos, geralmente, são causadas pelos bacilos do tipo bovino, mas podem também ser devidas à infecções por M.avium. Podem constar de poucos focos em alguns órgãos, ou nódulos maiores, envolvendo fígado, baço, pulmões, rins e vários linfonodos. Geralmente, são observados no abate de animais adultos. Segundo o RIISPOA, Artigo 196 (1952), os critérios utilizados na inspeção de tuberculose em suínos,no frigorífico, são de modo geral os seguintes:

12 1) carcaças com lesões em um sistema (ex: linfonodos da cabeça) são destinadas ao consumo humano, após removida a parte afetada; 2) carcaças com lesões em dois sistemas (ex: linfonodos cervicais e mesentéricos) são aproveitadas mediante cozimento; 3) carcaças com lesões em mais de dois órgãos ou sistemas (ex: além das citadas mais o fígado ou o pulmões) são condenadas e não se destinam ao consumo. Em suínos com linfadenite necrótica não ocorre bacteriemia, de onde se conclui que o consumo de carne suína com esse tipo de infecção localizada não proporciona contaminação humana. 2.6 DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico é praticamente impossível de ser realizado, sendo necessário o exame macroscópico e histopatológico de lesões e coloração de esfregaços em lâmina para baciloscopia. É necessário estabelecer diferenças entre processos tuberculosos e lesões causadas por Rhodococcus equi, por meio do isolamento dos agentes etiológicos e tipificação no laboratório. Os suínos se infectam e desenvolvem lesões com os bacilos da tuberculose aviária e bovina. Conforme a Instrução Normativa (IN) n 19 (19/02/2002) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), os testes devem ser executados, utilizando-se tuberculinas do tipo aviário e bovina injetando nas duas orelhas, uma em cada orelha respectivamente. A dose recomendada é 0,1ml, via intradérmica, e a leitura deve ser feita em 48 horas após aplicação, com intervalo de 6 meses, em prova comparativa com tuberculina PPD bovina e PPD aviária. A leitura deverá ser feita com uso de régua milimétrica, medindo-se o diâmetro maior da reação. A interpretação do teste será dada com base no rebanho, considerando a média aritmética das reações superiores a 0,5 cm. A granja terá cumprido as condições exigidas para tuberculose se todos os animais forem negativos para PPD bovina, ou se houver reação positiva, desde que a média do diâmetro das reações à PPD bovina seja inferior à média do diâmetro das reações à PPD aviária.

13 A granja será considerada positiva para tuberculose se a média do diâmetro das reações à PPD bovina for maior que a média do diâmetro das reações à PPD aviária. Neste caso, a granja será suspensa, devendo ser aplicadas medidas de saneamento. No caso da média do diâmetro das reações à tuberculina PPD aviária ser maior que a média das reações à tuberculina PPD bovina, a granja será considerada infectada por micobactérias do complexo avium. Nesse caso, a granja não perderá a certificação e deverá ser implantado, no estabelecimento, um programa de controle. Em caso de dúvidas na interpretação das reações às tuberculinas, a granja perderá, temporariamente, a certificação até que seja concluído o diagnóstico, baseado em provas laboratoriais de identificação das micobactérias envolvidas. 2.7 CONTROLE O controle da tuberculose em rebanhos suínos, depende da eficiência dos métodos de diagnóstico empregados (tuberculinização, exame em frigorífico, exame laboratorial de lesões). O estudo epidemiológico, quando bem executado, revelará as possíveis fontes de infecção (bovinos, aves domésticas, aves silvestres, material utilizado como cama). Para controle das infecções por MAC, em suínos, não há vacina disponível, o tratamento é economicamente inviável. Na prática, o objetivo principal é reduzir a ocorrência da doença, com o menor custo possível, proporcionando maior segurança sanitária para os consumidores de carne suína. Assim sendo, foram executados estudos epidemiológicos com o objetivo de identificar os principais fatores de risco associados à ocorrência de micobacteriose suína na região Sul do Brasil, para permitir uma intervenção racional, visando ao controle. Cita-se dois casos abaixo, segundo pesquisa realizada pela EMBRAPA - Suínos e Aves (Concórdia-SC). 1) Um estudo caso-controle foi realizado em 99 sistemas de produção em ciclo completo da região Sul. Foram avaliadas mais de 200 variáveis associadas a manejo, sanidade e instalações, em 33 granjas positivas para MAC, identificadas no abate e confirmadas por bacteriologia e histologia, e, em 66 granjas, com histórico negativo de linfadenite no abate, retroativo a dois anos. Nos sistemas de produção de suínos em ciclo completo foram identificadas três fatores de risco para linfadenite granulomatosa:

14 a) Dimensão do rebanho igual ou maior de 25 matrizes: OR (Odds Ratio) = 4,2. É importante salientar que nesse fator de risco é impossível intervir, porque a tendência é contrária, ou seja, aumento dos tamanhos dos plantéis. b) Não ter piso ripado ou parcialmente ripado: OR (Odds Ratio) = 3,6. c) Má qualidade da higiene da creche por ocasião da visita, por meio de uma avaliação subjetiva feita pelo técnico, considerando a higiene dos animais, das baias, dos comedouros e do prédio: OR = 2,9. Para entender melhor o valor da OR, tomamos como exemplo o fato de a granja não ter piso ripado ou parcialmente ripado na creche, o que significou uma OR = 3,6. Isso quer dizer que granjas que não dispõe desse tipo de piso apresentam 3,6 vezes mais chances de ter a doença. Portanto, o piso ripado protege contra a doença, e isso ocorre porque impede que os suínos entrem em contato com material contaminado da baia (fezes, urina, resto de ração, poeira). Os itens "b" e "c" mostram que as condições de higiene das criações, especialmente na fase de creche, predispõe a ocorrência da linfadenite. Esse resultado é coerente com o fato de que o suíno infectado leva 3 a 4 meses para desenvolver lesões visíveis ao abate, tempo transcorrido entre a fase de creche e a idade de abate. A validação desses resultados foi realizada por meio de intervenção sobre os fatores de risco em granjas de ciclo completo, com histórico de condenações de carcaças pela doença, igual ou superior a 5%, durante seis meses antes do início do plano de controle. As ações implementadas nessas granjas foram baseadas em um programa rígido de limpeza e desinfecção, com atenção especial às fases iniciais da criação (maternidade e creche). Nos rebanhos em que as medidas de controle foram implementadas, por meio da correção desses fatores de risco, as condenações por essa doença tornaram-se insignificantes em 6 meses após o início da intervenção. É importante lembrar que uma redução significativa da freqüência da doença somente será observada quando forem abatidos os suínos criados após a intervenção, ou seja, os que foram criados na ausência dos fatores de risco. Outro trabalho de identificação de fatores de risco, em unidades de terminação, indicou que a má higiene dos comedouros e bebedouros, a água não tratada, a má conservação das instalações, o transporte de ração e animais com o mesmo caminhão, a produção de ração na propriedade, o acesso de outros animais à fabrica de ração, a estocagem de ração pronta em caixas ou sacos abertos e o manejo na produção de animais, em sistema contínuo, são fatores associados à alta prevalência de linfadenite.

15 A maioria dos fatores de risco identificados nos dois estudos estão diretamente relacionados à má qualidade da higiene nas criações, o que pode ser perfeitamente corrigido por meio de programas adequados de limpeza e desinfecção. Sabe-se que os suínos se infectam predominantemente por via oral com as micobactérias, que são eliminadas nas fezes dos suínos infectados, contaminando o ambiente. A explicação biológica para esse fato é que o excesso de matéria orgânica presente nas baias, onde os suínos são criados, protege as micobactérias presentes e favorece a sua multiplicação em quantidades suficientes para provocar a doença nos animais. A grande vantagem desse tipo de estudo é o fato de possibilitar uma intervenção racional, permitindo avançar no controle da doença com grande economia de custos. A maior desvantagem é a impossibilidade de extrapolação dos resultados de uma região para outra, devido a características peculiares de cada uma, o que justifica a elaboração de estudos em diferentes regiões produtoras. 2) Fatores de Risco, na Fase de Crescimento-Terminação, Associados à Ocorrência de Linfadenite em Suínos. Foi possível classificar as 60 UT estudadas em quatros classes, conforme a ocorrência de linfadenite EMBRAPA Suínos e Aves : LINFA1: _ 1,0% = insignificante; LINFA2: > 1,0 _ 5,0% = baixa; LINFA3: > 5,0 _ 10,0% = moderada, e LINFA4: > 10,0% = alta. Das variáveis explicativas analisadas, potenciais fatores de risco, identificaram-se nove que melhor explicaram a ocorrência de linfadenite nas granjas. Os rebanhos com maior ocorrência de linfadenite apresentaram o seguinte perfil: 1 realizam o transporte de rações e animais no mesmo caminhão; 2 produzem rações na propriedade; 3 outros animais, como cães, gatos e pássaros têm acesso à fabrica de rações; 4 estocam as rações em sacos abertos ou caixas sem tampa; 5 não tratam a água fornecida aos animais; 6 trabalham com sistema contínuo de produção, sem vazio sanitário; 7 bebedouros e/ou comedouros estavam sujos por ocasião da visita;

16 8 o estado de conservação das instalações é regular ou ruim, o que dificulta a higienização. A alta ocorrência de linfadenite, em rebanhos com esse perfil, provavelmente, devese a maior possibilidade dos suínos se contaminaram por MAC, uma vez que essa bactéria é eliminada nas fezes de suínos infectados, e a principal via de contaminação é a oral. As possíveis fontes de infecção são materiais contaminados por MAC como alimentos, cama, água, solo e fezes do próprio suíno. Portanto, a maior ocorrência de linfadenite está associada a fatores ligados à péssima qualidade da higiene dos rebanhos, do maior contato dos suínos com fezes, e à falta de medidas de biossegurança relacionadas com o alimento fornecido aos suínos. 9 nas estratégicas de controle da linfadenite em granjas infectadas, esse perfil deve ser evitado, a partir das seguinte recomendações: 1 manter os comedouros e bebedouros limpos; 2 fornecer aos animais água tratada ou potável; 3 manter as instalações em bom estado de conservação para facilitar a higienização; 4 não transportar ração ou insumos para rações com o mesmo caminhão que transporta os suínos; 5 quem faz ração na propriedade, evitar o acesso de animais à fábrica de rações, manter boa higiene e usar calçados, pás e vassouras específicos para o local; 6 estocar as rações em silos, sacos fechados, ou caixas com tampa; 7 trabalhar com sistema de produção em lotes com vazio sanitário. É importante salientar que muitos suínos, que apresentam lesões de linfadenite no abate, podem ter sido infectados precocemente nas fases de maternidade e creche. Este estudo avaliou apenas unidades de terminação, mas em outro trabalho, envolvendo criações em ciclo completo, os fatores de riscos identificados, também estavam relacionados às questões higiênicas, principalmente, na fase de creche. Portanto, nas estratégias de controle da infecção por MAC, é muito importante prever ações nas granjas produtoras de leitões, baseadas em medidas para evitar a contaminação dos suínos por via oral e pelo uso de desinfetantes com ação microbicida sobre o MAC, como, o hipoclorito de sódio e derivados fenólicos. O hipoclorito de sódio apresenta o inconveniente de ser corrosivo, quando usado em instalações com ferro e de ser volátil, portanto, uma vez preparada a solução deve ser usada imediatamente. No comércio, o hipoclorito de sódio pode ser encontrado em duas

17 concentrações básicas: o concentrado com 10 a 12% de cloro ativo deve ser usado na diluição de 1:100 nas desinfecções das instalações e a água sanitária com 2 a 2,5% de cloro ativo deve ser usado na diluição de 1:20 nas desinfecções das instalações. Quanto aos derivados fenólicos, testou-se em laboratório, com bons resultados frente ao MAC, um composto com a seguinte composição: 12% de orto-fenilfenol 99%; 10% de orto-benzil paraclorofenol 10%; 4% de para-terciário amilfenol 98,5% e 74% de veículo qsp. Produtos com essa composição devem ser usados na diluição de 1:256 nas desinfecções das instalações. Nesse aspecto, atenção especial deve ser dada à lotação, fornecendo espaço tecnicamente recomendado para cada fase de produção; os comedouros e bebedouros devem ser de boa qualidade para evitar a contaminação da ração e água, respectivamente com fezes dos próprios suínos; evitar o fornecimento de ração no chão (no piso) para porcas e leitoas do plantel.

18 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 REGIÃO ANATÔMICA A presente pesquisa teve como base os critérios de levantamentos de dados no Matadouro Frigorífico Mabella, consistindo em suas análises; configurando ainda, sua importância sócio-econômica, com reflexo direto para a agroindústria, como também, para as demais etapas da cadeia e para toda a cadeia alimentar. A Quantidade de lesões encontradas na inspeção pós morte foi num total de 14.164 de um total de 123.180 animais abatidos no Matadouro Frigorífico Mabella, dos 8 municípios considerados no trabalho, resultando numa média de 11,49%, realizado no ano de 2007. Conforme tabela a seguir não houve variação significativa na média de achados de lesão nos municípios de maior volume de abate (Itapiranga e São João do Oeste), que representam 72,42% do total de animais abatidos. Observando o que mostra a tabela, podemos salientar uma média bastante alta de achados de lesões por linfadenite, no município de Caibí, que foi de 22,01%. Devido ao fato de que a maior parte dos animais abatidos, procedentes dessa região virem de uma propriedade com problemas de manejo higiênico e sanitário (ciclo completo).

19 Quadro 1 Distribuição de achados de linfadenite distribuídos por: municípios, total de animais abatidos, número de animais com a lesão, região anatômica, percentual encontrado durante o período de JANEIRO a DEZEMBRO 2007 MUNICIPIO TOTAL DE ABATIDOS ANIMAIS COM LESÃO REGIÃO ANATÔMICA Nº DE PROP. E PERCENTUAL LINFONODOS Itapiranga 55.252 6.162 Mesentérico 5.408 198 87,76 % Cefálico 383 6,22% Mediastínico 184 2,99% Carcaça 89 1,45% Mesen+cefálico 84 1,36 % Mesen/cef/ méd 14 0,22 % São João Do Oeste 33.517 3.694 Mesentérico 3.267 155 88,44% Cefálico 228 6,17 % Mediastínico 72 1,95 % Carcaça 61 1,65 % Mesen+Cef 48 1,30% Mesen/cef/méd 18 0,49% Tunápolis 21.217 1.778 Mesentérico 1529 89 85,99 % Cefálico 107 6,02% Mediastínico 61 3,43 % Carcaça 39 2,20 % Mesen+cef. 35 1,97% Mesen/cef/méd 7 0,39 % Caibi 10.362 2.281 Mesentérico 2.067 47 90,62 % Cefálico 113 4,95 % Merdiastínico 33 1,45 % Carcaça 48 2,11% Mesen.+cef. 16 0,70 % Mesen/cef/méd 4 0,17 % Mondai 1657 161 Mesentérico 119 16 73,91% Cefálico 4 2,48% Merdiastínico 4 2,48% Carcaça 31 19,26% Mesen+cef. 3 1,87% Guarujá do Sul 28 2 Mediastínico 1 4 50,00% Méd +cef. 1 50,00% São José do Cedro 232 16 Mesentérico 10 16 62,50% Mediastínico 3 18,75% Mesen/cef/méd 1 6,25% Carcaça 1 6,25% Mesen+cef 1 6,25% Iporã do Oeste 915 84 Mesentérico 70 24 83,34% Cefálico 4 4,76% Mediastínico 6 7,14% Carcaça 1 1,19% Mesen+cef 2 2,38% Mesen/cef/méd 1 1,19%

20 Figura 1 Intestinos de Suínos: Lesão de linfadenite nos linfonodos mesentéricos Figura 2 Pulmões de Suínos: Lesão de Linfadenite no linfonodo dos pulmões

21 Conforme levantamanto realizado no ano de 2007, referente à quantidade de linfonodos com lesão de linfadenite encontrados por região anatômica, podemos distribuir da seguinte maneira: Mesentérico com um índice de 88,02%, Cefálico 5,90%, mediatísnico 2,56% carcaça 1,90%; mesen.+cef. 1,31%, mesen.+cef.+méd. 0,31%. Em comparação ao trabalho desenvolvido por Mores (2006) Embrapa Suínos e Aves, em 2006, ocorreu uma pequena variação de 1, 28%, sendo que os linfododos de maior incidência (mesentérico e cefálico) da doença teve o mesmo resultado com relação aos achados de lesões, conforme a região anatômica, sendo um dos motivos que o trabalho foi realizado numa região mais restrita de um estado ou seja extremo oeste de Santa Catarina, sendo que a nossa amostra analisada foi maior, abrangendo 8 município e em um Frigorífico. 3.2 PESO DE CARCAÇAS Para o levantamento do peso das carcaças e a sua distribuição de freqüência, dentro de cada lote com a ocorrência da linfadenite, conseguimos analisar no período de abate, em 1.403 carcaças anotadas pelo serviço de inspeção, a confirmação de linfadenite. A bibliografia consultada não faz nenhuma referência em fase ou peso de carcaças da maior ocorrência das linfadenites. Observamos em nossa pesquisa, que o abate de matrizes correspondia a animais bem mais pesados, porém é mínima a incidência da linfadenite, provavelmente por estarem em estado anérgico, mas podem ser portadoras do agente e serem transmissoras. Na metodologia implementada, foram realizados levantamento dos pesos das carcaças com incidência de linfadenite com o percentual de cada lote diário e, a sua distribuição de freqüência de peso nesses lotes analisados foi de 5/5kg. Acompanhamos o levantamento no período de 23/11/07 a 21/12/07, totalizando 54 lotes abatidos no frigorífico com linfadenite neste período; ocorrendo uma maior incidência, ou seja, maior percentual de linfadenite na faixa de peso de 80 kg a 84 kg com 20,1% da ocorrência dos casos, tendo o percentual repetido com valores iguais em 15 lotes com idêntica percentagem. Mesmo que um grande número de carcaças, na faixa de 80 a 84 kg, foi desviada para o departamento de inspeção final, onde muitas tiveram aproveitamento condicional,

22 não chegando a trazer problemas econômicos com relação à utilização dessa matéria prima para a empresa, considerando que em certas épocas do ano, além da utilização dos recortes obtidos na desossa, as carcaças de aproveitamento condicional (produtos cozidos) são insuficientes para atender a demanda do mercado de industrializados. Durante o abate, a ocorrência de linfadenite acarreta transtornos, como: desvio ao Departamento de Inspeção Final (DIF), a demora no fluxo da toalete, e maior custo operacional na linha da indústria. Figura 3 Inspeção post mortem: Exame das meias carcaças de suínos na sala de matança.

23 Gráfico 1 AVALIAÇÃO DO PESO DAS CARCAÇAS NO PERÍODO DE 23 DE NOVEMBRO A 21 DE DEZEMBRO DE 2007 FAIXA DE MAIOR OCORRÊNCIA DE LINFADENITE Peso TOTAL DE CARCAÇAS AVALIADAS: 1.403

24 3.3 PROCEDÊNCIA DOS SUÍNOS Figura 4 Rampa de Desembarque: Chegada dos suínos no Matadouro Frigorífico. Quadro 1 Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período janeiro de 2007 Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 19 5154 580 41 São João do Oeste 13 2668 343 08 Tunápolis 08 1879 174 15 Graxaria Quadro 2. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período fevereiro de 2007 Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 07 3609 279 13 São João do Oeste 12 3065 278 04 01 Tunápolis 05 1367 80 03 Mondaí 01 154 02 01

25 Quadro 3. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período março de 2007 Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 12 3668 283 09 São João do Oeste 13 3825 264 14 01 Tunápolis 07 1933 120 04 Mondaí 01 89 09 São José do Cedro 03 33 01 Iporã do Oeste 02 30 01 Caibi 01 380 107 01 Quadro 4. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período abril de 2007 Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 16 3776 542 12 02 São João do Oeste 08 1129 154 07 Tunápolis 10 2604 322 05 São José do Cedro 02 29 01 01 Iporã do Oeste 02 30 04 Caibí 01 836 285 02 Quadro 5. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período maio de 2007 Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 24 6943 615 25 05 São João do Oeste 12 2697 185 13 01 Tunápolis 02 717 43 03 01 São José do Cedro 01 15 01 01 Iporã do Oeste 02 28 24 Quadro 6. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período junho de 2007 Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 12 3784 434 11 São João do Oeste 10 2496 204 10 02 Tunápolis 11 2725 271 14 04 São José do Cedro 02 29 03 Iporã do Oeste 02 29 01

26 Quadro 7. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período julho de 2007 Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 12 4848 538 11 São João do Oeste 11 2928 452 07 Tunápolis 07 1174 103 02 01 São José do Cedro 02 29 02 Iporã do Oeste 02 30 01 Mondaí 01 155 19 Quadro 8. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período agosto de 2007. Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 12 3339 377 09 01 São João do Oeste 12 2470 337 04 Tunápolis 07 1814 185 02 São José do Cedro 02 15 01 Iporã do Oeste 01 20 03 Caibí 01 449 94 Quadro 9, Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período setembro de 2007. Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 25 5852 860 06 02 São João do Oeste 16 2567 377 08 Tunápolis 01 180 34 01 São José do Cedro 01 07 01 Iporã do Oeste 02 30 Caibí 15 2273 597 03 01 Mondaí 01 104 17 Guarujá do Sul 01 06

27 Quadro 10. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período outubro de 2007. Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 20 5234 593 19 01 São João do Oeste 22 4495 660 19 01 Tunápolis 09 2332 189 10 Iporã do Oeste 02 11 01 Caibí 14 3177 815 12 01 Mondaí 03 420 23 02 Quadro 11. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período novembro de 2007. Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 15 4172 400 14 01 São João do Oeste 16 3048 382 03 03 Tunápolis 11 2439 180 10 03 Iporã do Oeste 02 15 01 Caibí 09 1902 238 07 01 Mondaí 06 630 46 01 São José do Cedro 02 11 01 Guarujá do Sul 02 15 03 Quadro 12. Procedência dos suínos, número de propriedades, número de suínos abatidos, linfadenite, critério de julgamento e destino, período dezembro de 2007. Município Número de Suínos Casos de Aproveitamento Graxaria propriedades abatidos linfadenite condicional Itapiranga 24 5356 505 07 03 São João do Oeste 10 1779 164 02 Tunápolis 11 2267 172 02 Iporã do Oeste 07 500 61 03 01 Caibí 06 1119 114 03 01 Mondaí 03 209 21 São José do Cedro 01 07 Guarujá do Sul 01 07

28 SÃO JOÃO DO OESTE Foram abatidos, no ano de 2007, 33.167 suínos no frigorífico Mabella, com uma média mensal de 2.763 suínos. Sendo que foram destinadas para o DIF durante esse ano 3.800 carcaças, dando um percentual de 11,45% dos casos de linfadenite referente ao total do município no ano. A média mensal de suínos destinados ao DIF é de 316 animais, desses 8 suínos foram para aproveitamento condicional no mês, 7 para a graxaria, e 99 suínos para aproveitamento condicional no ano. O total de 3.694 carcaças foram liberadas para o mercado interno, sendo que 2,6% no aproveitamento condicional, acarretando transtorno na oferta e renda econômica. ITAPIRANGA Foram abatidos no ano de 2007, nesse município, 55.252 suínos no frigorífico Mabella, com uma média mensal de 4,066 suínos. Sendo que foram destinados do DIF durante esse período 6.006 carcaças, dando um percentual de 12,30% dos casos de linfadenite referente ao total do município no ano. Média de 500 suínos destinados para o DIF ao mês. O total do rebanho desse município é de 157.818 suínos, dados do mês de dezembro de 2007, dos quais 30,91% foram abatidos no Mabella. TUNÁPOLIS Foram abatidos 21.431 suínos no ano de 2007, correspondem a 17,41%, do total, com uma média mensal de 1785 suínos, sendo esse município localizado próximo ao frigorífico com uma distância de 40 km. Também teve uma prevalência de 8,29% de casos de linfadenite, com aproveitamento condicional 71 carcaças, sendo 0,33% do abate total, e 0,04% destinados para a graxaria; CAIBI Os suínos com procedência desse município, distante 60 km do frigorífico, foi de 10.136 animais, representando 8,23% do volume de abate do ano de 2007. O município teve um diferencial no número de casos elevados em comparação com os demais municípios, em torno de 22,19% de linfadenite, mas apenas 0,27% para aproveitamento condicional e 0,039% para graxaria. Isso se deve também à predominância na maior quantidade de suínos fornecidos somente por um produtor, que permanece com uma granja

29 de suínos com ciclo completo, não mais utilizado pelos demais criadores nos dias de hoje, nas integrações. MONDAÍ A quantidade de suínos oriundos desse município foi de 1657 animais, representando 1,34% do total do ano de 2007, com 8,26% de prevalência de linfadenite e 0,18% para aproveitamento condicional. Sendo uma incidência semelhante aos demais municípios, estando a uma distância de 50km do frigorífico. IPORÃ DO OESTE, GUARUJÁ DO SUL E SÃO JOSÉ DO CEDRO Os suínos originados desses municípios são 926 animais, com 0,75% do volume total de abate no ano sendo pouco significativo; em função de serem somente animais de descarte (matrizes), mas com 11,98% de ocorrência de linfadenite e 0,53% de aproveitamento condicional (cozido), 0,10% destinado à graxaria. O município de Iporã do Oeste está distante 30km, e os municípios de Guarujá do Sul e São José do Cedro em torno de 90km do mesmo frigorífico. Quadro 13. Abate de suínos mensal, número de casos de linfadenite, critério de julgamento e destino de suínos provenientes dos municípios estudados,incluindo também alguns animais oriundos do Estado do Rio Grande do Sul, abatidos no Matadouro Frigorífico, no período de janeiro a dezembro de 2007. ANO MÊS ABATE CASOS LIBERADOS CONDENADOS % CASOS % CONDENADOS 2007 JANEIRO 9742 1098 1036 62 11,2708 5,6466 2007 FEVEREIRO 8254 655 629 26 7,9355 3,9695 2007 MARÇO 10219 813 784 29 7,9558 3,5670 2007 ABRIL 8404 1306 1279 27 15,5402 2,0674 2007 MAIO 10400 847 797 50 8,1442 5,9032 2007 JUNHO 9063 918 877 41 10,1291 4,4662 2007 JULHO 9164 1115 1094 21 12,1672 1,8834 2007 AGOSTO 8107 997 979 18 12,2980 1,8054 2007 SETEMBRO 11019 1887 1864 23 17,1250 1,2189 2007 OUTUBRO 17696 2564 2489 75 14,4892 2,9251 2007 NOVEMBRO 12771 1336 1295 48 10,4612 3,5928 2007 DEZEMBRO 13186 1145 1123 30 8,6835 2,6201

30 3.4 CRITÉRIO DE JULGAMENTO E DESTINO O critério de julgamento e destino utilizado no matadouro frigorífico sob inspeção federal, seguiu o mesmo padrão do critério estabelecido pelo REGULAMENTO DE INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DOS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL (RIISPOA) e Portaria nº 711, 01/11/95. A inspeção de linfonodos de órgãos e carcaças é iniciada pelo exame da região da cabeça e papada, no caso do auxiliar encontrar lesão, a mesma será identificada com uma chapinha de cor azul. Posteriormente, na mesa de inspeção, são examinadas as vísceras vermelhas e brancas, sendo primeiro examinados os intestinos (linfonodos mesentéricos), a seguir, os pulmões (linfonodos mediastínicos) e, na seqüência, os demais órgãos e no caso de alguma anormalidade é colocada uma chapa de metal numerada coincidindo com a chapa das meias carcaças. As carcaças são examinadas na linha, sendo também realizada a identificação das demais peças, incluindo as meias carcaças para o desvio junto ao Departamento de Inspeção Final, submetendo-as a novos exames pelo Médico Veterinário. Figura 5. Meias carcaças de suínos: Exame no Departamento de Inspeção Final realizada pelo Médico Veterinário.

31 No Departamento de Inspeção Final foram utilizados três destinos: 1º) Liberada para mercado interno - quando após inspecionada for constatada a ocorrência de lesão em apenas um sítio ou 1 órgão (ex: intestinos ), essa carcaça é carimbada NE (não exportável) e liberada para a linha onde são agrupadas numa mesma câmara. 2º) Aproveitamento condicional industrialização (cozidos) quando após inspeção for constatada a ocorrência de lesões em 2 sítios ou 2 órgãos (ex.: na região da cabeça e intestino). Essas carcaças, após coureadas são enviadas para a câmara de seqüestro, onde permanecem até atingir a temperatura interna do pernil de 5 Cº para serem desossadas, embalada rotuladas como matéria prima para embutidos cozidos. 3º) Graxaria quando após inspecionada for constatada a ocorrência de lesões em 3 sítios ou 3 orgãos, ( ex.: linfonodos dos intestinos, cabeça, pulmões e alguns casos carcaça). Como norma geral sempre as vísceras vermelhas e brancas são destinadas para a graxaria, independente da extensão da lesão de linfadenite encontrada. Todas as carcaças desviadas para o DIF, por motivo de algumas anomalia, quando estas forem liberadas, são todas identificadas por meio de carimbo NE (não exportável). Conforme a Portaria n 711, do MAPA, página 82 letra R. 3.5 AGENTE ETIOLÓGICO Como o diagnóstico clínico é praticamente impossível de ser realizado, sendo necessário o exames histopatológico de lesões assim como o isolamento dos agentes etiológicos das ocorrências de linfadenite, servindo como respaldo para os critérios de destino realizados no DIF. Durante o período de levantamentos de dados, com relação a ocorrência de linfadenite em carcaças, foram coletadas amostras de várias regiões anatômicas das carcaças e órgãos, sendo linfonodos com lesões granulomatosa, lesões semi-calcificadas e totalmente calcificadas, utilizando como meio de conserva o formol a 10%. Considerando o município de Itapiranga e São João do Oeste/SC entre os 8 municípios em estudo, que tiveram o maior número de suínos abatidos.

32 Nesse período de levantamento, foram enviadas amostras no dia 30/11/07 de um lote de 404 animais abatidos, mossa 666 de uma propriedade do município de São João Do Oeste/SC, que teve índice de 7,8% de casos de linfadenite. No dia 04/12/07, foi enviado um lote de 229 animais abatidos, mossa 777 e, também, no dia 05/12/07, de um lote de 300 animais abatidos, mossa 999, ambos de propriedades de Itapiranga/SC, que tiveram um índice 8,2% de casos de linfadenite. Figura 6. Tecido Pulmonar com Linfonodos com lesões macroscópicas de linfandenite: Parte de traquéia, apresentando lesões de linfandenite, que se caracterizavam por formações granulomatosas, de características consistentes e coloração amarelada. Todas essas amostras citadas foram enviadas ao Laboratório da CEDISA ( Centro de Diagnóstico de Sanidade Animal) em Concórdia/SC, onde foi realizada a identificação do agente pelo exame de imunoistoquímica para Mycobacterium do complexo avium: tiveram reações fortemente positivas, reações positivas e reações pouco positivas. Convém salientar que as amostras da propriedade do município de São João do Oeste, mossa 666 e as amostras do município Itapiranga, mossa 777, os linfonodos apresentavam lesões granulomatosa multicêntricas com calcificação central (mineralização), apresentaram resultados com reações fortemente positiva e reações positivas.

33 Na terceira amostra analisada, sendo de um lote de 300 animais, de uma propriedade do município de Itapiranga, mossa 999 teve como resultado uma reação pouco positiva, mostrando lesões sem calcificação central, provavelmente por ser uma lesão ainda recente. No entanto, em suínos existem diferentes tipos de apresentação das lesões tuberculosa em linfonodos, essas diferenças não podem ser tomadas como regra geral referente à presença ou não de calcificação. Figura 7. Tecido adiposo (banha rama) da cavidade abdominal - Linfadenite generalizada, tamanho variado. Outras cinco amostras de diferentes regiões anatômicas foram enviadas no dia 18/09/2007 para exame histopatológico para o Laboratório TECSA de Chapecó/SC. Nesse caso, foram enviadas amostras de suínos de uma propriedade de Caibi/SC devido a alta incidência de linfadenite dos lotes abatidos em 2007 com um índice em torno de 22%, que, inclusive, levou a mobilização de todo o corpo técnico dessa granja (ciclo completo), para que fossem tomadas medidas sanitária de controle e redução dos índices. A maioria das lesões foi encontrada nos linfonodos do mesentérico do tipo granulomatosa, nesse caso, indica que a infecção ocorre na maior parte dos casos via oral ingestão de material contaminado. As análises das amostras apresentaram grande quantidade de células

34 linfocitária, observadas nas lesões e nenhum relato de calcificação. Tendo sido concluído por meio do exame como Linfadenite Congestiva Discreta.

35 4 CONCLUSÃO Conforme dados levantados, no ano de 2007, no Frigorífico Mabella, quanto à condenação de carcaças pela ocorrência de linfadenite, considerando os animais abatidos oriundos do sistema de fomento da Empresa Mabella e da Cooper A1, onde a atividade de suinocultura desenvolve-se praticamente na sua totalidade por fases sendo que a 1ª fase iniciação, 2ª fase crechário e 3ª fase terminação. Como os suínos levam em torno de 3 meses para a completa terminação, quando são levados para o abate; pode ter ocorrido no decorrer deste tempo o contato com o agente infeccioso que em condições de baixa imunidade pode desenvolver, sendo por vezes detectadas somente na sala de matança por meio das lesões macroscópicas. Provavelmente, a maior contaminação deve ocorrer principalmente na fase de crechário, pelo contingente de animais de várias propriedades, assim como, podem ser recebidos animais contaminados, o que facilita a disseminação, principalmente, levandose em consideração a presença de animais jovens com maior sensibilidade para a ação do agente infeccioso. Em relação aos achados das lesões e sua distribuição em relação às regiões anatômicas nos órgãos e carcaças, observamos que os percentuais encontrados eram coincidentes com a literatura consultada. Sendo constatado que, na maior parte das ocorrências com duas (2) lesões simultaneamente, foram identificadas, predominantemente, na região da cabeça e nos linfonodos mesentéricos. Pela análise laboratorial foi detectado reações positivas na imunohistoquímica para Mycobacterium do Complexo avium em linfonodos, com lesões granulomatosas das diversas regiões anatômicas coletados. No levantamento de peso das carcaças, primeiramente, a hipótese formulada era que carcaças mais pesadas e, animais de mais idade seriam as de mais incidência de linfadenite, no entanto, configuramos na pesquisa realizada, que as carcaças na faixa de 80 a 84 kg tiveram o maior índice de condenação.

36 Quanto à procedência, não ficou evidenciado que o número de propriedades tenha alterado o índice encontrado, quando o abate era menor com menos propriedade e quantidade de suínos, que gira em torno de 10 a 12% com exceção da localidade do município de Caibi com índice próximo a 20% de casos de linfadenite. Essa propriedade apresenta um diferencial aqui na região por ser uma das poucas propriedades a desenvolver essa atividade no sistema de ciclo completo, dificultando o controle dessa enfermidade, sendo que ficou evidenciado, na inspeção das carcaças e órgãos, que a maioria das lesões se restringiu a apenas um órgão ou um sítio (intestino mesentéricos), em torno de 91% dos casos, critérios de destinos praticados conforme o RIISPOA. Dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF), na região sul do Brasil, relatam que a prevalência de lesões de linfadenite granulomatosa nos suínos abatidos varia entre 0,2 a 0,5% de acordo com relato de Mores (1999). Já, os dados do extremo oeste de Santa Catarina tiveram uma prevalência semelhante, que ficou com uma variação entre 0,2 a 0,63%, acima da região sul do país. O trabalho realizado, no Matadouro Frigorífico Mabella, apresentou um percentual superior nos achados de linfadenite aos dados encontrados por Mores (janeiro de 1997 a dezembro de 1999), possivelmente devido a maior quantidade de carcaças analisadas, sendo que a região do extremo oeste de Santa Catarina apresenta uma grande concentração de suínos e aves. Em conseqüência, um maior trânsito de animais, aumentando o risco, este levantamento foi realizado em um único estabelecimento de abate, ao passo que o autor realizou na região sul do Brasil e em 9 estabelecimentos frigorificos com SIF. Comparado aos dados de Mores, nossos achados demostram uma evolução da enfermidade, representado pelo aumento percentual na recente pesquisa.

37 4.1 RECOMENDAÇÕES Implementar, no País, um sistema de informações unificado, que possibilite a obtenção de dados sobre o abate, condenações e destinos das carcaças e realização de estudos econômicos de órgãos e carcaças acometidas pela linfadenite. Usar o teste de tuberculinização, pareada com PPD, aviária e bovina, para diferenciar rebanhos suínos infectados com MAC daqueles com M. bovis. Em granjas infectadas, implementar programas permanentes de controle da linfadenite, causada por micobactérias do Complexo Mycobacterium avium, baseados em medidas higiênico-sanitárias, na identificação e correção do fatores de risco: a) utilizando desinfetantes com boa ação microbicida sobre as micobactérias como derivados fenólicos e hipoclorito de sódio; b) realizar limpeza e desinfeção dos reservatórios de água, com hipoclorito de sódio, pelo menos a cada 6 meses; c) realizar um exame detalhado da granja com o objetivo de identificar tudo o que pode ser feito no sentido de reduzir o máximo possível a ingestão de alimento ou água contaminada com a matéria orgânica, presente nas baias fezes, urina, restos de ração, etc. (sujeiras); d) evitar que outros animais domésticos ou silvestres, principalmente as aves, tenham acesso à fábrica de ração, aos depósitos de ração e maravalha e às instalações dos suínos; e) granjas de suínos, que serão implantadas ou reformadas, devem dar preferência à colocação de pisos parcial ou totalmente ripados nas fases de creche e de crescimento para reduzir o contato dos leitões com a matéria orgânica presente nas baias, como fezes, urina, restos de ração. Como medida de precaução recomenda-se tomar cuidado na compra de suínos, e só introduzir aqueles provenientes de granjas, onde as condições sanitárias sejam satisfeitas, principalmente, nos rebanhos onde a doença nunca tenha sido constatada. Caso as informações de ocorrência da doença no rebanho de origem não sejam disponíveis, sugerese realizar a quarentena dos animais e testá-los com a PPD bovina e aviária antes de introduzi-los no rebanho.