06/05/2013 MARCOS - Início: 1189 (1198?) Provável data da Cantiga da Ribeirinha, de Paio Soares de Taveirós. - Término: 1434 Fernão Lopes é escolhido para guarda-mor da Torre do Tombo. No mundo não sei quem se compara a mim enquanto (minha vida) continuar assim pois morro por vós e ai! minha senhora branca e (de face) rosada, quereis que eu vos retrate quando vos vi sem manto! em mau dia me levantei, pois então não vos vi feia! No mundo nom me sei parelha, mentre me for como me vai, ca já moiro por vós e ai! mia senhor branca e vermelha, quererdes que vos retraia quando vos eu vi em saia! Mau dia me levantei, quando vo enton non vi fea! E mia senhor, dês aquel dia ai! me foi a mi mui mal, e vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha d haver eu por vós guarvaia, pois eu, mia senhor, d alfaia nunca de vós houve nem hei valia d ua correa. E, minha, desde aquele dia, ai! me foi (tuo) muito mal, e vós, filha de dom Paio Supõe-se que seja a mais antiga das composições conservadas nos cancioneiros; Moniz, vos parece bem que eu deva receber de vós uma guarvaira pois eu, minha senhora, de presente Dedicada à dama da Corte Maria Pais Ribeiro, amante de Dom Sancho I, apelidada de Ribeirinha; nunca de vós recebi ou receberei nem mesmo algo tão simples como uma correia. 1
06/05/2013 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA Também chamada de "Cantiga de Guarva-ia" (luxuoso manto de lã, provavelmente escarlate; vestimenta real). Escrita mais ou menos 50 anos após a Independência do Condado Portucalense dos Reinos FEUDALISMO Católicos. A POESIA NO PERÍODO TROVADORESCO CANTIGAS: textos escritos não para serem lidos por um leitor solitário, eram poesias para serem acompanhadas com melodia (daí o nome cantiga); REINOS CATÓLICOS IDIOMAS: galego-português, provençal. 2
INSTRUMENTOS MUSICAIS INSTRUMENTOS MUSICAIS TROVADOR, SEGREL, JOGRAL e MENESTREL TROVADOR: pessoa culta, fidalga, que não só escrevia poesia, mas também era capaz de compor música e apresentar seu trabalho, sem receber qualquer recompensa material. SEGREL: trovador profissional, geralmente um fidalgo decaído, que ia de corte em corte, de castelo em castelo, com o seu executante (o jogral). TROVADOR, SEGREL, JOGRAL e MENESTREL JOGRAL: designação que tanto poderia per-tencer ao saltimbanco como ao ator mímico, ou, simplesmente, ao compositor. Cantava nas festas e nos torneios as poesias de trovadores e segréis em troca de pagamento, às vezes, rivalizando com estes na elaboração da letra e da música. MENESTREL: músico ligado a determinada corte. TROVADORISMO: anterior ao aparecimen-to da imprensa(1434). : coletivo de cantigas. Conjunto de cantigas manuscritas. Cancioneiro da Ajuda ou do Real Colégio dos Nobres Compilado provavelmente no século XIII e se encontra na Biblioteca do Palácio da Ajuda em Lisboa. Contém 310* cantigas de amor em 88 folhas de papel-per-gaminho; Recebem o nome da biblioteca onde foram encontrados. 3
Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa Também conhecido como Colocci- Brancuti, nome de seus últimos possuidores, foi compilado provavelmente no século XV. É o mais completo: contém 1.647* cantigas e um Tratado de Poética; Cantigas de Santa Maria reúne 426* composições acompanhadas de respectiva música. D. Dinis, trovador e rei de Portugal Cancioneiro da Vati-cana encontrado na Biblioteca do Vaticano, foi organizado prova-velmente também no século XV. Contém 1.205* cantigas. Reúne as cantigas de D. Dinis. LÍRICAS de AMOR de AMIGO OS TIPOS DE CANTIGAS ORIGEM C. DE AMOR C. DE AMIGO É de origem provençal. Teve origem no território galaico-português. SATÍRICAS de ESCÁRNIO de MALDIZER SUJEITO OBJETO O trovador assu-me o eu-lírico masculino. Feminino: a dama, a "senhor". O trovador assu-me o eu-lírico fe-minino. Masculino: o amigo. ENTENDA AS CANTIGAS DE AMOR ENTENDA AS CANTIGAS DE AMIGO HOMEM MULHER TROVADOR HOMEM MULHER TROVADOR CAMPO- NESA SENTIMENTOS PARECIDOS 4
C. DE AMOR C. DE AMIGO C. DE AMOR C. DE AMIGO CARACTERI- ZAÇÃO DO SUJEITO CARACTERI- ZAÇÃO DO OBJETO Louçã (formosa), Cativo, coitado, velida (bela, graciosa), loada (lou- enlouquecido, aflito, sofredor. vada), leda (ale-gre), fremosa(for-mosa). Idealização da mulher pelas suas Mentiroso, traidor, qualidades físicas, fremoso(formoso). morais e sociais. EXPRESSÃO DOS SENTI- MENTOS CENÁRIO Expressa a coita (dor, mágoa) do trovador por uma mulher inascessí-vel a quem rende vassalagem amo-rosa. A natureza e o ambiente da corte. Expressa os sentimentos de uma mulher que sofre por sentir sauda-des do amigo (na-morado). O campo (fonte, flores, aves) o mar, e a casa. AS CANTIGAS DE AMOR E SUAS VARIEDADES AS CANTIGAS DE AMOR E SUAS VARIEDADES QUANTO AO ASSUNTO Temática pouco variada. A "fremosa se-nhor" é enaltecida. O amor é um fatalismo que provoca grandedor(coita),éoresultado émorrerdeamor. VASSALAGEM AMOROSA QUANTO À FORMA Maestria: cantiga sem refrão ou estribilho, tem três ou mais estrofes regulares, devendo submeter-se a certos formalismos estilísti-cos: dobre, atafinda, finda. DOBRE: Repetição da mesma palavra ou expressão em certos lugares da estrofe; ATAFINDA: encadeamento de versos e de estrofes entre si até ao fim da cantiga: enjambement; FINDA: Última estrofe de uma cantiga, de estrutura própria, mas ligada pela rima às demais, com uma função conclusiva. AS CANTIGAS DE AMOR E SUAS VARIEDADES QUANTO À FORMA Refrão: cantiga com estribilho ou refrão; Descordo ou desacordo: cantiga em que a intranqüilidade de espírito era expressa pela variedade métrica ou por uma diferente estrutura estrófica. Pois naci nunca vi amor E ouço del sempre falar. Pero sei que me quer matar Mais rogarei a mia senhor Que me mostr' aquel matador Ou que m'ampare del melhor. LOVE SONG (Nuno Fernandes Torneol) Legião Urbana V, 1991. 5
AS CANTIGAS DE AMIGO E SUAS VARIEDADES ENO SAGRADO, EN VIGO Martim Codax PARALELISMO - Princípio estrutural fundamental da lírica galego-portuguesa, que resulta em diversos processos estilísticos: repetição de palavras, de estruturas sintáticas e rítmicas e de conceitos. Na paralelística de esquema típico, em dísticos, o segundo verso do primeiro dístico é o primeiro verso do terceiro; o segundo do segun-do dístico será o primeiro do quarto, etc. Eno sagrado, en Vigo baylava corpo velido: En Vigo, no sagrado, baylava corpo delgado: Baylava corpo velido, que nunca ouver' amigo: Baylava corpo delgado, que nunca ouver' amado: Que nunca ouver' amigo, ergas no sagrad', en Vigo: Que nunca ouver' amado, ergas en Vigo, no sagrado: A NATUREZA NAS CANTIGAS DE AMIGO A NATUREZA NAS CANTIGAS DE AMIGO A natureza tem uma presença constante nas cantigas de amigo. Como já observou um crítico, a natureza não é descrita: ela envolve o quadro amoroso e participa dele. Não há oposição entre o sujeito amoroso e o mundo natural; o que há é integração, como se vê numa cantiga em que a moça dialoga com os pinheiros, perguntando por seu amigo, ou noutra em que ela, desesperada com a demora do amigo, conversa com o papagaio que levara consigo para o encontro amoroso (o papagaio, aliás, que é uma figura muito simpática, é quem anuncia à moça desmaiada, no fim do poema, que o seu amigo enfim chegara). CANTIGAS DE ESCÁRNIO Cantiga de caráter satírico, em que o ataque se processa indiretamente, por intermédio da ironia e do sarcasmo. Criticava pessoas, costumes e acontecimentos, semrevelaronomedequemeravisado. CANTIGAS DE MALDIZER Cantiga de caráter satírico, em que o ataque se processa diretamente. Criticava pessoas, costumes e acontecimentos, citandoonomedequemeravisado. 6