INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA - INESP ALEXANDRE FREDERICO DE ANDRADE DE FERREIRA



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Transcrição:

INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA - INESP ALEXANDRE FREDERICO DE ANDRADE DE FERREIRA O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO (Revisão de Literatura) Monografia apresentada ao Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa INESP e ao Centro de capacitação Educacional como parte dos requisitos para obtenção do grau de pós- graduado em Nefrologia. Orientadora: Profª. Dra. Ana Márcia Tenório Cavalcanti RECIFE-PE 2014

INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA - INESP ALEXANDRE FREDERICO DE ANDRADE DE FERREIRA O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO (Revisão de Literatura) RECIFE-PE 2014

O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO (Revisão de Literatura) Monografia apresentada ao Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa INESP e ao Centro de capacitação Educacional como parte dos requisitos para obtenção do grau de pós- graduado em Nefrologia. Recife, 25 de Abril de 2014 Examinador: Nome: Titulação: PARECER FINAL:

Dedico este trabalho à minha esposa, Mônica Ferreira pela compreensão e estimulo em todos os momentos.

AGRADECIMENTOS É difícil expressar com palavras a gratidão sincera e profunda, para com aqueles que colaboraram de forma direta ou indireta nos dando força e ânimo em nossa caminhada. Em primeiro lugar queremos agradecer a Deus pelo dom da vida, pela sua fidelidade em todos os momentos, pelo seu amor derramado em nossas vidas e por nos ter permitido que chegássemos até aqui, com saúde e certos de termos cumprido o nosso objetivo. A minha família que esteve ao meu lado e me deu estímulo para continuar. Agradeço aos professores e funcionários do CCE que colaboraram para a realização deste trabalho e pelo apoio recebido durante todo o curso. A nossa orientadora Profª Dra. Ana Márcia Tenório Cavalcanti que pacientemente nos ajudou a realizar toda a pesquisa. Enfim, a todos os colegas e amigos da nossa turma de pós-graduação que conosco tiveram uma convivência saudável e que iremos recordar para sempre.

todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e vivem segundo o seu propósito. (Romanos 8: 28)

RESUMO A hemodiálise é a terapia renal substitutiva mais utilizada pelos portadores de insuficiência renal crônica. As restrições impostas pelo tratamento são sempre rigorosas e com grau de assimilação e adesão ao tratamento diversificado, podendo estar sempre atrelado ao valor que o individuo atribui a si próprio e à sua vida. Trata-se de um estudo descritivo exploratório baseado em uma revisão de literatura de trabalhos que demonstrassem a importância do enfermeiro no ensino do autocuidado e na educação de pacientes submetidos a hemodiálise (HD). Nossa pesquisa foi realizada por meio da análise de trabalhos publicados nos anos de 2005 à 2012. Observamos que o enfermeiro desempenha papel importante por ser o profissional que está mais próximo realizando sempre educação continuada a esses pacientes. PALAVRAS CHAVES: hemodiálise, enfermeiro, autocuidado, doença renal crônica, assistência de enfermagem.

ABSTRACT Hemodialysis is the most widely used renal replacement therapy for patients with chronic renal failure. The restrictions imposed by the treatment are always strict and degree of assimilation and adherence to diverse treatment and may always be linked to the amount that the individual attributes to himself and his life. This is an exploratory, descriptive study based on a literature review of studies that demonstrate the importance of nurses in teaching self-care and education of patients on hemodialysis (HD). Our research was conducted through the analysis of papers published in the years 2005 to 2012. We observed that the nurse plays an important role, being the professional that is closest always doing continuing education to these patients. KEY WORDS: hemodialysis, Nursing; Self-care; Chronic kidney disease.

SUMÁRIO DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS EPÍGRAFE RESUMO ABSTRACT LISTA DE SIGLAS 1. INTRODUÇÃO... 11 2. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM... 13 3. OBJETIVOS... 14 3.1 OBJETIVO GERAL... 14 4 METODOLOGIA... 14 4.1 ABORDAGEM E TIPOLOGIA DA PESQUISA... 14 4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO... 15 4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS:... 15 4.4 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE EINTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS... 15 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 16 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 21 7 REFERÊNCIAS... 23

LISTA DE SIGLAS AUTOCUIDADO (AC) DIABETES MELITOS - DM DOENÇA RENAL CRÔNICA DCR FÍSTULA ARTERIO VENOSA - FAV HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA _ HAS HEMODIÁLISE - HD IINSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA - IRA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA IRC PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO DO PACIENTE TERAPÊUTICA (TPE) SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA - SBN

1. INTRODUÇÃO A insuficiência renal crônica (IRC) é uma doença que vem crescendo significativamente e tem como co-responsáveis o aumento da incidência de hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes, neoplasias de próstata e colo de útero, pois muitas pessoas podem desenvolvem a insuficiência renal por causa da falta de acompanhamento adequado e detecção precoce dessas doenças (DAURGIDAS, 2010). Em contraste com a capacidade do rim se recuperar após a ocorrência de lesão renal aguda, a lesão de natureza persistente é quase sempre irreversível e conduz a destruição progressiva dos néfrons. As opções de tratamento incluem métodos para corrigir estes problemas bioquímicos. Todavia, conforme contínua deterioração na função renal ou agravamento dos sintomas urêmicos se torna mais evidente uma terapia de reposição renal. A diálise e o transplante são os métodos de reposição renal (POTTER, 2009). O tratamento de hemodiálise, na maioria das vezes, gera frustração e limitações, uma vez que é acompanhado de diversas restrições, dentre elas a manutenção de uma dieta específica associada às restrições hídricas e a modificação na aparência corporal em razão da presença do cateter para acesso vascular ou da fístula arteriovenosa (FAV). A necessidade de se adaptar a novas rotinas impostas pelo tratamento, bem como atender objetivos e propósitos no seu cotidiano, constituem-se em fontes de demandas de atenção para esses pacientes, exigindo dos mesmos um aumento da capacidade de direcionar atenção para aspectos importantes do tratamento (REIS, 2009). Os avanços tecnológicos e terapêuticos na área de diálise contribuíram para o aumento da sobrevida dos clientes com doença renal crônica (DRC), sem, no entanto, possibilitar-lhes a desejada qualidade de vida. Alguns dos sintomas apresentados por essas pessoas, em tratamento hemodialítico, traduzem-se em diversos graus de limitação: física, de condições de trabalho e emocionais. Elas

dependem de tecnologia avançada para sobreviver, apresentam limitações no seu cotidiano e vivenciam perdas e mudanças biopsicossociais que interferem na sua qualidade de vida (NASCIMENTO, 2005). O indivíduo com DRC vivencia mudanças bruscas na sua vida, tornando-se desanimado, desesperado e, muitas vezes, devido a isso ou por falta de orientação, abandona o tratamento deixando de se importar com os constantes cuidados necessários para sua qualidade de vida (SANTOS, 2011). A hemodiálise na maioria das vezes representa uma esperança de vida, já que a IRC é um processo irreversível. Contudo, observa-se que geralmente as dificuldades de adesão ao tratamento estão relacionadas à não aceitação da doença, à percepção de si próprio e ao relacionamento interpessoal com familiares e ao convívio social (SOUZA, 2007). Diante desse contexto o enfermeiro como coordenador da equipe desempenha papel fundamental devendo coordenar a assistência prestada, identificando as necessidades individuais de cada cliente, proporcionando meios de atendimento que visem uma melhor adequação do tratamento, ensinando o autocuidado (AC) garantindo assim uma qualidade de vida melhor, aproveitando todos os momentos para criar condições de mudanças quando necessário.

2. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Os usuários em hemodiálise podem apresentar inúmeros problemas relacionados com os vários sistemas orgânicos. Devido à repentina mudança nos hábitos de vida desses pacientes, a doença renal pode gerar impactos negativos, como perda de emprego, alterações na imagem corporal, restrições dietéticas e hídricas (FERMI, 2011). Destaca-se, que o indivíduo com DRC precisa ser orientado sobre: a enfermidade em si e o seu tratamento, as formas de terapia renal substitutiva e os riscos e benefícios associados a cada modalidade terapêutica, sobre os acessos vasculares, sobre a confecção precoce do acesso dialítico (fístula artério-venosa ou cateter para diálise peritoneal), dieta, restrição hídrica, uso de medicamentos, controle da pressão arterial e da glicemia. Essa orientação é fundamental para reduzir o estresse inicial, viabilizar o AC, diminuir as intercorrências decorrentes do tratamento e aumentar a adesão ao esquema terapêutico (SANTOS, 2011).

3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Estudar o papel do enfermeiro na assistência de enfermagem a pacientes que se submetem ao tratamento hemodialítico por meio da utilização da ferramenta autocuidado, à luz da literatura científica atual. 4 METODOLOGIA 4.1 Abordagem e tipologia da pesquisa A pesquisa foi realizada através de revisão de literatura, pela análise de trabalhos publicados entre os anos de 2005 à 2012, no idioma português e inglês. Foi desenvolvida sob o método de revisão de literatura, utilizando os materiais disponíveis nas Bases de Dados bibliográficos, LILACS, BEDENF, PUBMED, BVS, Google acadêmico e MEDLINE, utilizando descritores: hemodiálise, enfermeiro, autocuidado, doença renal crônica, assistência de enfermagem. Do resultado do processo de pesquisa junto às bases de dados, foram selecionadas 08 (oito) publicações, das quais 05 (cinco) estavam relacionadas diretamente com a assistência de enfermagem em hemodiálise. Destes, somente 05 (cinco) foram recuperados e empregados na elaboração deste estudo. Para análise e síntese do material observaram-se os seguintes procedimentos: a) leitura informativa ou exploratória, que constituiu na leitura do material para saber do que tratavam os artigos; b) leitura seletiva, que se preocupou com a descrição e seleção do material quanto à sua relevância para o

estudo, excluindo-se os artigos que não eram pertinentes ao tema de interesse; c) leitura crítica ou reflexiva que buscou as definições conceituais sobre o tema, caráter descritivo exploratório, uma vez que procurou identificar o papel do enfermeiro na assistência de enfermagem a pacientes que realizam hemodiálise, abordando o ensino do auto-cuidado na melhoria da qualidade de vida dos pacientes submetidos ao tratamento. 4.2 Critérios de Inclusão e Exclusão Foram incluídos os trabalhos que tinham relação direta com o tema do estudo. Foram excluídos os trabalhos que não apresentaram subsídios relevantes para a pesquisa e aqueles que foram publicados fora da data de abrangência da presente revisão. 4.3 Instrumento de coleta de dados: Para coleta dos dados foi utilizado como instrumento a leitura dos artigos mediante pesquisas nas bases de dados anteriormente citadas. 4.4 Procedimentos para Análise e Interpretação dos Resultados Os dados foram coletados e agrupados de acordo com a relevância com o tema proposto, sendo posteriormente analisados mediante leitura individual.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Quadro 1 Resumo das características das publicações relacionadas com assistência de enfermagem em hemodiálise com foco no autocuidado. AUTOR ABORDAGEM DO ESTUDO RESULTADOS Santos et al, Utilizou a teoria de Orem, Foi identificado que a maioria dos clientes 2011 englobando o conceito de que participaram do estudo necessitavam de autocuidado (AC), atividades de orientação de enfermagem, pois eram AC e exigência de AC, incapazes de desempenhar as ações de identificando a necessidade de autocuidado. orientação de enfermagem para o AC de pacientes em hemodiálise. Reis et al, Analisou as diferentes fontes Identificou diferentes fontes de demandas de 2008 de demandas de atenção atenção a que o indivíduo com IRC, em vivenciadas pelo pacientes com tratamento de hemodiálise está exposto, Insuficiência renal Crônica demonstrando a importância do enfermeiro (IRC), submetidos ao em conhecer as fontes de demandas de tratamento de hemodiálise. atenção para buscar estratégias que as minimizem. Santana et al, 2012 Teve como objetivo identificar as ações desenvolvidas pelo enfermeiro e suas implicações no processo de assistência aos pacientes em tratamento dialítico. Interpretação através do método proposto por Bardin. Foram selecionadas duas grandes categorias: 1- o processo de enfermagem e suas implicações na assitência a pacientes renais crônicos em tratamento hemodialítico. 2- Capacitação da equipe: implicações na qualidade da assistência ao paciente renal.

AUTOR ABORDAGEM DO ESTUDO RESULTADOS Ider et al, Examinou os impactos de Os artigos selecionados a maioria trabalhou 2011 programas de educação do com resultados fisiológicos e a minoria com paciente terapêutica (TPE) em resultados psicossociais e uma porcentagem hemodiálise e a avaliação abordou ambas variáveis. Demonstrou a desses programas. importância do trabalho do enfermeiro nos (TPE), devido ao grau de complexidade das ações desempenhadas pelos mesmos. Cesarino & Casagrande, 1998 Objetivou contribuir para o conhecimento da atividade educativa do Enfermeiro co o paciente renal crônico em tratamento hemodialítico, em relação à sua qualidade de vida, através do referencia proposto por Paulo Freire (Temas Geradores). Demonstrou que na busca da excelência da assistência de enfermagem ao paciente renal crônico em tratamento dialítico, é necessário que o enfermeiro tenha, além da fundamentação científica e competência técnica, tenha também o conheciemento dos aspectos que levem em consideração os sentimentos e as necessidades de tais pacientes.

Dos cinco trabalhos utilizados no presente estudo, todos sinalizam quanto a importância da atuação educativa do enfermeiro, bem como apresentam ferramentas que visam auxiliar o trabalho deste profissional na assistência a pacientes em tratamento hemodialítico. Santos et al, (2011) utilizou a teoria de Orem para identificar a necessidade de orientação de enfermagem para o autocuidado (AC) de pacientes em hemodiálise, comprovando que a maioria dos paciente utilizados no estudo necessitava de orientação de enfermagem pois se demonstraram incapazes de desenvolver as ações de AC. Semelhantemente, Ramos et al (2007) desenvolveu um trabalho com o objetivo de aplicar o processo de enfermagem, baseado na teoria do autocuidado de Orem ao paciente renal crônico. A sistematização da assistência de enfermagem à luz da Teoria de Orem permitiu o planejamento dos cuidados a paciente segundo uma abordagem global e efetiva, correspondendo satisfatoriamente aos problemas identificados. Durante a elaboração do estudo foi observado à complexidade que o paciente renal crônico representa, devido ao grande impacto que a doença exerce no modo de vida desta pessoa e de seus familiares, uma vez que se instala de forma abrupta, alterando seu estilo de vida e necessitando que seus portadores se adaptem às limitações impostas pelo tratamento. Dentro deste contexto entendemos que o renal crônico é um paciente diferenciado, que exige da equipe de saúde uma maior atenção em busca da melhoria da qualidade de vida destes indivíduos.

Santana e colaboradores (2012) identificaram em seus estudos que o processo de enfermagem apresenta implicações na assistência a pacientes renais crônicos e que a capacitação da equipe de saúde gera impactos na qualidade da assistência prestada a esse grupo de pessoas. Em relação a esses fatores, Fujii e Oliveira (2011) destacaram em seus trabalhos vários fatores que dificultam a integralidade no tratamento de pacientes renais crônicos, dentre eles o número reduzido de profissionais da equipe multidisciplinar (psicólogo, nutricionista, assistente social). Essa equipe de apoio auxilia o enfermeiro na atenção a esses pacientes, devido à gama de cuidados e adaptações exigidas no dia a dia dessa população. Isso sugere uma maior atenção dos órgãos competentes quanto a um melhor dimensionamento de profissionais que trabalham nos serviços de hemodiálise, para que estes possam dar uma assistência de qualidade ao paciente real crônico submetido ao tratamento hemodialítico. Reis ET AL, 2008, elaborou um estudo que identificou deferentes fontes de demandas de atenção a que o indivíduo com IRC em tratamento de hemodiálise está exposto, demonstrando a importância do enfermeiro em conhecer as fontes de demandas de atenção na busca de estratégias para minimizá-las. O paciente portador de IRC necessita adaptar-se às limitações e restrições impostas pela própria doença e pelo tratamento tais como: restrição alimentar e hídrica, perda da autonomia e afastamento da família e necessidade do uso do acesso vascular temporário e/ou confecção de Fístula Artério Venosa (FAV). Essas limitações e restrições podem resultar para o indivíduo em um aumento da capacidade de direcionar atenção para aspectos importantes do tratamento bem como conduzir suas atividades cotidianas, facilitando assim a adesão ao tratamento e melhoria de sua qualidade de vida.

O estudo desenvolvido por Mortari et al (2010), constatou alterações na qualidade de vida de pacientes em programa de hemodiálise, com maior grau de comprometimento no estado geral de saúde e nas limitações por aspectos físicos. O estudo apresentado por Cesarino e Casagrande, 1998 foi escolhido na elaboração este trabalho, apesar de não contemplar as regras de seleção de artigos para confecção de revisão de literartura, por se tratar de um estudo antigo em relação à data de desenvolvimento da presente revisão. A escolha foi motivada pela excelente abordagem apresentada pelos autores em relação à atividade educativa do enfermeiro em pacientes renais crônicos em hemodiálise. Os autores destacaram que para alcançar a excelência da assistência à pacientes submetidos ao tratamento hemodialítico o enfermeiro deve ser dotado de amplo conhecimento técnico científico, bem como estar sensível à aspectos relacionados aos sentimento e necessidades psicossociais desses pacientes. O trabalho proposto por Ider et al 2011, avalia o impacto de programas de educação do paciente terapêutica (TPE) em hemodiálise, demonstrando a importância do trabalho do enfermeiro nesses programas, estimulando o desenvolvimento de novos programas, como também fortalecendo a participação da equipe multidisciplinar neste processo. Oller et al. 2012 constatou em suas pesquisas que é primordial conhecer o nível de independência funcional dos pacientes em tratamento hemodialítico para subsidiar intervenções para a melhoria da assistência de enfermagem prestada a essa população.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo constatou-se que as pessoas com doença renal crônica apresentaram muitas demandas de atenção, em relação ao autocuidado de forma bastante abrangentes, tais como: nos aspectos de ensino sobre a doença, ingestão de líquidos, cuidados com a fistula arteriovenosa (FAV), dietéticos, físicos e emocionais. Faz-se necessário que essas necessidades individuais sejam trabalhadas com os pacientes através de programas de educação, utilizando-se de todas as ferramentas necessárias, contando com uma equipe multidisciplinar e tendo o enfermeiro com grande e/ou principal agente facilitador. A maioria dos trabalhos pesquisados aponta que o enfermeiro desempenha um papel importante na educação terapêutica do paciente, por ser a pessoa que está mais próxima do mesmo, podendo com isso observar e identificar as necessidades individuais e proporcionar a intervenção conveniente. Outro aspecto verificado foi que o enfermeiro representa o elo com toda a equipe multidisciplinar (médico, nutricionista, farmacêutico, psicólogo, técnico de enfermagem, etc), fechando a cadeia de profissionais envolvidos na atenção à essa população. O enfermeiro, durante a realização das sessões de hemodiálise, é fundamental na orientação dos clientes e familiares. Seu apoio ao cliente no enfrentamento e tratamento da doença renal crônica contribui para que este adquira competência e habilidades nas ações de autocuidado.

Este estudo oferece subsídios para que o enfermeiro perceba a necessidade de avaliar as demandas individuais de cada paciente em tratamento hemodialítico, direcionando a assistência adequada e individualizada, a fim de promover transformações pertinentes, planejar e implementar intervenções para manutenção e/ou melhoria da assistência prestada, visando prevenir o agravamento da doença, comprometimento da qualidade de vida dos pacientes renais crônicos.

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