X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Documentos relacionados
PREPARAÇÕES PROBIÓTICAS UTILIZANDO POUPA DE BANANA E Lactobacillus Acidophilus EM FERMENTAÇÃO SÓLIDA

FORMULAÇÕES SÓLIDAS DE PROBIÓTICOS COM CÉLULAS LACTOBACILLUS GERADAS POR FERMENTAÇÃO DE SORO DE LEITE

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

ESTABILIDADE TÉRMICA DE BACTERIOCINA PRODUZIDA POR Lactobacillus sakei

PRODUÇÃO DE PROBIÓTICOS DE CÉLULAS IMOBILIADAS DE LACTOBACILLUS POR FERMENTAÇÃO EM SORO DE LEITE

TÍTULO: MICROENCAPSULAÇÃO DE LACTOBACILLUS PROBIÓTICO E APLICAÇÃO EM SMOOTHIE

Probióticos Definição e critérios de seleção

ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE CULTURAS PROBIÓTICAS NA FERMENTAÇÃO DE UMA BEBIDA DE SOJA

Graduação em Biotecnologia Disciplina de Biotecnologia Microbiana II. Probióticos. Por que devemos consumí-los diariamente?

INFLUÊNCIA DO PREPARO DO INÓCULO NA SOBREVIVÊNCIA DE BACTÉRIAS PROBIÓTICAS ENCAPSULADAS LIOFILIZADAS

Probióticos: do isolamento à formulação de novos produtos

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP

Profª Drª Maria Luiza Poiatti Unesp - Campus de Dracena

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE MICRORGANISMOS EM DERIVADOS LÁCTEOS PROBIÓTICOS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE CURRAIS NOVOS/RN

PROSPECÇÃO DE BACTÉRIAS E LEVEDURAS LIPOLÍTICAS DO ESTADO DO TOCANTINS PROMISSORAS EM APLICAÇÕES INDUSTRIAIS

LEVANTAMENTO DA CURVA DE CRESCIMENTO DA BACTÉRIA M. PHLEI PARA OBTENÇÃO DE BIOMASSA EM ENSAIOS DE SEPARAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO

COMPARAÇÃO DOS PROCESSOS FERMENTATIVOS DA POLPA DE COCO VERDE E DO LEITE POR BACTÉRIAS LÁCTICAS. Karina Fernandes Pimentel 1 ; Eliana Paula Ribeiro 2

Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química para contato:

4 Materiais e Métodos

5º Congresso de Pesquisa

Consumo x Alimentos x Nutrientes. Profª Ms.Sílvia Maria Marinho Storti

4. Materiais e Métodos 4.1. Preparo da biomassa

POTENCIAL FERMENTATIVO DE FRUTAS CARACTERÍSTICAS DO SEMIÁRIDO POTIGUAR

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE DIFERENTES MÉTODOS DE SECAGEM DE ERVAS AROMÁTICAS NO POTENCIAL ANTIOXIDANTE

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ANIMAIS INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Bebida Fermentada de Soja

Por que razão devemos comer fruta? Determinação da capacidade antioxidante da pêra abacate.

Tecnologia de Bebidas Fermentadas. Thiago Rocha dos Santos Mathias

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

II Seminário dos Estudantes de Pós-graduação

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

MICROENCAPSULAÇÃO DE LACTOBACILLUS PROBIÓTICO E APLICAÇÃO EM SMOOTHIE

EFEITO DA ADIÇÃO DE SORO DE QUEIJO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE BEBIDAS LÁCTEAS FERMENTADAS SABOR UVA

Bacteriologia 2º/ /08/2017

EFEITO DE DIFERENTES FORMAS DE PREPARO DO INÓCULO E DE CONCENTRAÇÕES DOS NUTRIENTES NA PRODUÇÃO DE ETANOL POR Saccharomyces cerevisiae UFPEDA 1238

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE BEBIDAS LÁCTEAS ADQUIRIDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA DO SUL DE MINAS GERAIS 1

Teoria da Prática: Transporte de Glicídios

OTIMIZAÇÃO DE MEIO DE CULTURA PARA PRODUÇÃO DE BIOMASSA DE Bacillus thuringiensis POR METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA

Meios de cultura bacteriano

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Efeito da Tecnologia do Consórcio Probiótico (TCP) na eficiência de alimentação e metabólitos séricos em frangos com a Suplementação Bokashi

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA RESISTÊNCIA AO ETANOL DA LEVEDURA Saccharomyces cerevisae Y904

ELABORAÇÃO DE IOGURTE CASEIRO SABORIZADO COM CAFÉ E CHOCOLATE

Produção de microrganismos entomopatogênicos: situação atual

Conservação de alimentos pelo uso de processos fermentativos

REIS, Mayra Fernanda Oliveira (Unitri) MUNDIM, Sílvio André Pereira (Unitri)

LISTA DE QUADROS E TABELAS. Delineamento experimental tipo simplex centroide para a otimização do uso de proteínas lácteas em iogurtes probióticos.

Base destinada para a preparação do meio para a diferenciação e identificação de bactérias coliformes baseadas na fermentação da lactose.

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE ALIMENTOS PROBIÓTICOS DE ORIGEM NÃO LÁCTEA COM CÉLULAS DE LACTOBACILLUS

PALAVRAS-CHAVE Bioquímica. Via Glicolítica. Sacharomyces cerevisiae. Glucose.

DETERMINAÇÃO DE FERRO TOTAL EM SUPLEMENTOS ALIMENTARES POR ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ETANOL À PARTIR DA MANDIOCA

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE IOGURTES COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

Iogurte x Câncer - Conheça os tipos e os principais benefícios dos iogurtes. Alimento produz anticorpos, hormônios e enzimas. Confira!

HIDRÓLISE DA LACTOSE A PARTIR DA ENZIMA - PROZYN LACTASE

Purificação parcial, Caracterização e Imobilização de lectina de sementes de Brosimum gaudichaudii.

TRANSFORMAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE ENERGIA PELOS SERES VIVOS

PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS

ELABORAÇÃO DE LICOR DE FRUTAS NATIVAS E TROPICAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

ELABORAÇÃO DE IOGURTE COM ADIÇÃO DE CASTANHA DE CAJU E AVALIAÇÃO DA SUA ACEITAÇÃO SENSORIAL 1

Nutrição bacteriana. José Gregório Cabrera Gomez

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Aula3: Nutrição, Metabolismo e Reprodução Microbiana

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA Leite de Côco Desidratado

ELABORAÇÃO DE SORVETE DE MORANGO COM CARACTERÍSTICAS PROBIÓTICAS E PREBIÓTICAS

UTILIZAÇÃO DA BATATA YACON NA ALIMENTAÇÃO HUMANA COMO FONTE DE PRÉ-BIÓTICO

TÍTULO: APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE MICROBIOLOGIA PREDITIVA EM PATÊ DE PEITO DE PERU PARA BACTÉRIAS LÁTICAS

VIABILIDADE DE LACTOBACILLUS CASEI EM NÉCTAR DE AÇAÍ DURANTE A ESTOCAGEM REFRIGERADA

Classificação. Os meios de cultura são classificados em alguns tipos, que seguem abaixo: Seletivo; Diferencial; Enriquecimento; Transporte;

VIABILIDADE DE BACTÉRIAS LÁTICAS EM LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE MONTES CLAROS, MG.

Vitamina C pura enzimática extraída de fontes orientais

ELABORAÇÃO DE VINAGRE UTILIZANDO MEL DE ABELHA (APIS MELLIFERA) EXCEDENTE DE PRODUÇÃO

Luxo do lixo. Dafne Angela Camargo*, Bruna Escaramboni, Pedro de Oliva Neto

ANÁLISE COMPARATIVA DA POPULAÇÃO VIÁVEL DE BACTÉRIAS LÁTICAS E QUALIDADE HIGIÊNICA INDICATIVA DE TRÊS MARCAS DE LEITES FERMENTADOS

PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE SECAGEM DE BAGAÇO DE MAÇÃ PARA A PRODUÇÃO DE FARINHA

IOGURTE PROBIÓTICO DE MORANGO SEM LACTOSE

Injúria microbiana. Talita Schneid Tejada. Pelotas, outubro de 2008

PARA HIDRÓLISE DA LACTOSE DO PERMEADO DE SORO DE LEITE

BENEFÍCIOS DO KEFIR DE LEITE

Utilização do produto "A" como adjuvante ao processo de secagem do extrato bruto enzimático

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR PALOTINA MESTRADO - BIOENERGIA BIOETANOL

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA RESISTÊNCIA AO ETANOL DA LEVEDURA Saccharomyces cerevisae Y904

Aceitação sensorial de bebida láctea, sob diferentes concentrações de soro

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AERAÇÃO DO PRÉ- INÓCULO UTILIZADO NO CULTIVO DE BACTÉRIAS ÁCIDO LÁTICAS (BAL) EM MEIO LÍQUIDO

FICHA TÉCNICA MASS GFF 27000

Biomassa de Banana Verde Polpa - BBVP

VIABILIDADE DE Bacillus subtilis E DE Bacillus clausii EM POLPA DE CAJU (Anacardium occidentale L.)

Bactérias láticas como ferramenta para a produção de alimentos para indivíduos com intolerância e/ou alergia alimentar

Efeito da adição de fontes de fósforo e nitrogênio na Produção de Proteases por Fermentação semi-sólida da Torta de Canola

MEIOS DE CULTURA TIPOS DE MEIOS DE CULTURA

Avaliação do efeito da forma de alimentação de NaNO 3 aos meios de cultivo no crescimento populacional de Chlorella homosphaera

Utilização do Glicerol como Fonte de Carbono em Fermentação Submersa

CULTIVO, NUTRIÇÃO E MEIOS DE CULTURA UTILIZADOS NO CRESCIMENTO DE MICRORGANISMOS

Produção de Lactobacillus plantarum em Melaço de Cana-de-açúcar

EFEITO DO CONTROLE DO ph NO CULTIVO DE Bacillus firmus CEPA 37 PARA A PRODUÇÃO DA ENZIMA CICLOMALTODEXTRINA- GLUCANO-TRANSFERASE (CGTASE)

Transcrição:

Blucher Chemical Engineering Proceedings Dezembro de 2014, Volume 1, Número 1 X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica Influência da pesquisa em Engenharia Química no desenvolvimento tecnológico e industrial brasileiro Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Universidade Severino Sombra Vassouras RJ Brasil ESTUDO DA VIABILIDADE DE Lactobacillus acidophilus NA PRODUÇÃO DE CHOCOLATE PROBIÓTICO E CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO A. A. Mazetti 1 ; T. M. A. Pinheiro 2 ; I. M. V. Barbosa 3 ; R. C. Teixeira 4 ; V. L. Cardoso 5 e U. Coutinho Filho 6 (1) e (3) Graduação em Engenharia Química da UFU; (2) e (4) Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da UFU; (5) e (6) Faculdade de Engenharia Química FEQUI/UFU; Faculdade de Engenharia Química Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco 1K, Campus Santa Mônica, Uberlândia - MG, CEP 38408 e-mail: ucfilho@feq.ufu.br RESUMO - Embora haja grande interesse do mercado de produtos alimentícios por produtos inovadores, como por exemplo, o chocolate com adição de probióticos, ainda há poucos trabalhos na literatura sobre o tema. Diante deste fato o presente trabalho foi realizado com o objetivo de preparar chocolates probióticos e avaliar a: a) influência do tipo de chocolate (chocolate ao leite, chocolate meio amargo e chocolate amargo) na sobrevida das células; b) substituição de um meio de cultura tradicional otimizado para lactobacilos (meio MRS) por outro que tenha como característica baixo custo e que possa ser usado na alimentação humana; c) aceitação do chocolate preparado. Foram realizadas fermentações submersas para produção de células probióticas nos meios MRS e meio contendo levedura de cerveja e glicose (meio de baixo custo adequado para alimentação humana) que foram centrifugadas à 8000 rpm e adicionadas a massa de chocolate. Os resultados indicaram que: a) o chocolate ao leite foi favoreceu a maior viabilidade celular; b) o meio otimizado apresentou maior concentração final de células, embora os dois meios testados foram adequados para o crescimento celular; c) o meio testado em substituição ao meio tradicional (meio MRS) foi o que forneceu maior viabilidade das células; c) o chocolate probiótico possui boa aceitação no que se refere ao sabor do mesmo. Palavras chave: chocolate, probiótico, Lactobacillus acidophilus INTRODUÇÃO Probióticos são microorganismos vivos que quando administrados em quantidades adequadas exercem efeitos benéficos na saúde do hospedeiro (MENG et al., 2008). São considerados alimentos funcionais e podem ser encontrados em produtos como sucos de frutas, suplementos em pó e em preparações lácteas. Esses micro-organismos atuam no trato intestinal promovendo benefícios como resistência gastrintestinal à colonização por patógenos, promoção da digestão da lactose (1) Bolsista do Programa de Educação Tutorial do MEC; (3) Bolsista de iniciação científica do CNPq, discente do curso de Engenharia Química; (4) SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) Uberlândia;

em indivíduos intolerantes a esse açúcar, estimulação do sistema imune, alívio da constipação, entre outros (CHAN e ZHANG, 2005). Dentre os micro-organismos probióticos destacam-se as bactérias lácticas, em especial as bactérias do gênero Lactobacillus sp., que são capazes de se desenvolver em condições e ambientes diversos. O chocolate é um alimento nutritivo, energético, de fácil digestão e metabolização que apresenta mais de trezentos componentes diferentes, que possuem efeitos benéficos no metabolismo, como os efeitos antioxidante e anti-inflamatório, a capacidade de melhorar o humor e a atividade mental e até de prevenir doenças cardíacas (BATISTA, 2008). Apesar da variedade de produtos lácteos, o mercado ainda busca por inovações de produtos que sejam capazes de garantir a eficácia das bactérias durante a vida útil do produto, pois a eficácia dos probióticos é influenciada por diversos fatores como a viabilidade celular dos microrganismos no produto original, ação dos fluidos biológicos associados à digestão do produto, transformações associadas ao processamento dos probióticos, condições de armazenamento, estresse osmótico, oscilações de temperatura e o processo natural de morte celular (CHAN e ZANG 2005). O processo de morte celular seja associado a fatores externos ou ao envelhecimento das células pode ser influenciado pela forma que o probiótico é preparado, e dentre as formas de reduzir a perda de viabilidade, destaca-se a imobilização como um método capaz de reduzir efeitos geradores de estresse físico e bioquímico para a célula. Na imobilização o suporte dificulta a ação direta dos efeitos estressantes na estrutura proteica e nas membranas celulares, ao mesmo tempo em que protege as células da contaminação por fungos e bactérias indesejáveis (OUYANG et al, 2004; LEE, HEO, 2000). Embora seja grande a aceitação dos chocolates e os chocolates com probióticos representem uma inovação no mercado de chocolates, ainda existem poucos estudos que descrevem estes alimentos probióticos. Dessa forma, no presente trabalho é apresentada uma comparação entre probióticos imobilizados preparados com chocolate com a finalidade de compreender melhor o efeito do meio fermentativo e das características do produto na viabilidade das células de Lactobacillus acidophilus. Buscou-se avaliar a substituição de constituintes do meio otimizado para lactobacilos (MRS) por componentes de baixo custo e aceitáveis para o consumo humano, de forma a favorecer o uso deste chocolate em testes de análise sensorial. MATERIAIS E MÉTODOS 1. Micro-organismos e meios de cultura Foram realizadas fermentações submersas de Lactobacillus acidophilus LA-5 com concentração celular inicial de 10 6 células/l em Erlenmeyers de 250 ml, contendo 100 ml de meio, com agitação de 300 rpm em incubador rotativo a 30 o C por 48h em meios de cultura denominados M1, M2 e M3, cujas composições estão especificadas na Tabela 1. Para cada fermentação foi realizada a medida da concentração celular para os tempos de fermentação de 2, 4, 6, 8, 10, 12, 16, 24 e 48 horas. Tabela 1 Composição dos meios de cultura Meio M1 (MRS) M2 M3 Composição do meio Glicose (20 g/l), peptona de caseína (10 g/l), extrato de carne (10 g/l), extrato de levedura (5 g/l), tween 80 (1 g/l), fosfato de potássio dibásico (2 g/l), acetato de sódio (5 g/l), citrato de amônio (2 g/l), sulfato de manganês (0,05 g/l), sulfato de magnésio (0,2 g/l) Glicose (20 g/l), levedo de cerveja (6 g/l), extrato de Camelia sinensis 25% (v/v)* Glicose (20 g/l), levedo de cerveja ( 6 g/l) * Nota: preparado com 10 g de folhas secas para 500 ml de água

2. Preparação das formulações probióticas Para a preparação dos chocolates utilizou-se células centrifugadas a 10 o C e 8000 rpm por 10min obtidas da fermentação de L. acidophilus utilizando os meios e as condições descritos no item 1. As células obtidas da fermentação do meio de cultura M1 (MRS) foram adicionadas a diferentes tipos de chocolate, cujas composições estão especificadas da Tabela 2. Tabela 2 Composição das preparações de chocolate Formulação Ch1 Ch2 Ch3 Composição da formulação (% em massa) chocolate ao leite 75% e chocolate meio amargo 75% e chocolate amargo 75% e Nota: Teor de sólidos de cacau (% em massa): chocolate ao leite, 25%; meio amargo, 53%; amargo, 75%. Num primeiro momento, realizou-se a análises dos meios fermentados após 24h de fermentação a fim de avaliar a concentração de células (utilizando-se um espectrofotômetro para medir a absorbância da amostra a 600 nm, usando-se uma curva de calibração da concentração em função da absorbância) para cada um dos meios. Isso foi feito de forma a possibilitar o uso de um volume de meio fermentado capaz de gerar a concentração celular de interesse. Para a preparação dos chocolates adicionou-se as células probióticas a uma massa de chocolate derretido. As formulações foram acondicionadas em formas e após resfriadas, foram embrulhadas em papel alumínio e mantidas a 25±2 o C. A avaliação da viabilidade das células de lactobacilos foi feita em termos de sobrevida obtida a partir do modelo não paramétrico de Kaplain-Meier ajustado em linguagem R para os períodos de 4, 9, 14, 18, 23 e 28 dias de armazenamento do produto. 3. Quantificação da concentração celular de Lactobacillus acidophillus LA-5 A contagem das células em todos os experimentos, tanto nas avaliações da viabilidade das células no chocolate quanto na construção das curvas de padronização (absorbância em função da concentração), foi feita por plaqueamento em profundidade em meio Agar MRS com a contagem de 48h de incubação à temperatura de 25 ºC. Antes da contagem, cada amostra de chocolate era dissolvida em leite em pó desnatado reconstituído (10% p/v) na temperatura de 45 C que era usada no plaqueamento. RESULTADOS E DISCUSSÕES A Figura 1 apresenta o resultado da contagem de células fermentadas em meio M1 (MRS) adicionadas às diferentes formulações de chocolate (Tabela 2) armazenadas por um período de 7 a 28 dias. Figura 1 Estabilidade das formulações de chocolate (Ch1, Ch2, Ch3) A partir dos dados é possível observar que a formulação de chocolate ao leite (Ch1) foi a mais estável, dado que esta preparação foi a que apresentou maior número final de células viáveis. Desse modo, esta foi a formulação escolhida para a avaliação do meio

de fermentação (avaliação do meio de fermentação). As concentrações celulares obtidas nas fermentações nos meios M1, M2 e M3 e que foram adicionadas ao chocolate ao leite (formulação Ch1) são mostradas na Figura 2. Figura 3 Sobrevida de células de Figura 2 Crescimento celular nos meios fermentativos M1, M2 e M3 A comparação entre o meio de referência M1 e o meio M2 (Figura 2) mostra que nas condições testadas não foi possível melhorar a viabilidade das células pela ação antioxidante dos compostos fenólicos de C. sinensis, pois a ação destes compostos no meio M2 na concentração utilizada reduziu tanto o crescimento quanto a viabilidade celular. A comparação entre o meio de referência M1 e o meio M3 (Figura 2) mostra que embora o meio M3 gere menor crescimento celular o mesmo não desfavorece a fermentação, o que significa que o mesmo pode ser usado no processo. Embora o meio M1 seja o mais favorável para o crescimento das células o mesmo não é adequado para o uso em alimentos. Dado que o meio M3 foi mais adequado que M2 para o crescimento das células em chocolate, esse foi utilizado no estudo de sobrevida de células (Figura 3). Pode-se observar neste estudo que o chocolate gerado com M2 apresenta manutenção de 10 6 células/g para tempos superiores a 20 dias de armazenamento. As Figuras 4 e 5 apresentam os resultados dos ajuste da análise de sobrevida das células e de função densidade realizadas pelo modelo de Weibull: S(t) = αt β onde os valores obtidos para parâmetros α e β e a correlação foram: α = 1,44; β = 9,41 e r 2 = 0,86. Figura 3 Sobrevida de células de

REFERÊNCIAS Figura 4 Função densidade de células de A avaliação dos resultados previstos pelo modelo sugere que a grande quantidade de células é que mantém população de células superior a 10 6 célula/g para o tempo de armazenamento de até 5 dias (Figura 3) e que a maior parte das mortes celulares ocorre entre 2 e 6 dias de armazenamento (Figura 4). CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos é possível inferir que a composição do meio representa um fator que influi diretamente na estabilidade das células adicionadas ao chocolates. Com relação ao tipo de chocolate, foi possível verificar que o maior teor de lipídeo em conjunto com o maior teor de sólidos de cacau (Ch3) não geram de forma isolada a situação de melhor viabilidade para células, ou seja, o teor de flavonoides e outros compostos do chocolate em associação a fração lipídica desempenham função importante na viabilidade celular. Com relação ao meio de fermentação das células foi possível constatar que a composição e condições que favorecem maior crescimento celular não favorecem necessariamente a maior viabilidade das células probióticas ao longo da vida de prateleira do produto e que o interesse no uso do meio reduzido M3 em análises sensoriais é perfeitamente justificado pela qualidade do produto gerado com o mesmo. BATISTA, A. P. S. A. Chocolate: sua história e principais características. Tese de mestrado, Universidade de Brasília. 2008. CHAN, E.S.; ZHANG, Z. Bioencapsulation by compression coating of probiotic bacteria for their protection in an acidic medium. Process Biochemistry, v. 40, p. 3346 3351, 2005. LEE; K ; HEO, T Survival of Bifidobacterium longum immobilized in calcium alginate beads in simulated gastric juices and bile salt solution. Applied and Environmental Microbiology, v.66, n.2, p. 869 873, 2000. MENG, X. C.; STANTON, C.; FITZGERALD, G. F.; DALY, C.; ROSS, R. P., Anhydrobiotics: the challenges of drying. Food Chemistry Food Chemistry,v. 106, Issue 4, 15 p. 1406-1416, 2008. OUYANG, W; CHEN, H ; JONES, ML ; METZ, T HAQUE, T ; MARTONI; C; PRAKASH, S Artificial cell microcapsule for oral delivery of live bacterial cells for therapy: design, preparation and in-vitro characterization. J. Pharm. Pharm. Sci, v.7, n.3, p315-324, 2004. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPEMIG pelos recursos fornecidos, e também ao CNPq, à CAPES e ao MEC pelas bolsas fornecidas.