Palavras-chave: Saccharum spp., Biorreguladores, colheita. INTRODUÇÃO

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Transcrição:

APLICAÇÃO DE ETEFON VISANDO À INIBIÇÃO DO FLORESCIMENTO E ISOPORIZAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NOS PARÂMETROS PRODUTIVOS DA CANA-DE-AÇÚCAR ETHEPHON APPLICATION SEEKING THE INHIBITION OF FLOWERING AND PITH AND THEIR INFLUENCE ON PRODUCTION PARAMETERS OF SUGARCANE REGINALDO SCIARRA LEONEZI¹; VICTOR GARCIA VENÂNCIO 2 ; JOÃO PAULO BASAGLIA FRESCHI 3 ; LUCAS APARECIDO MENZANI LISBOA 4 ; PAULO ALEXANDRE MONTEIRO DE FIGUEIREDO 5. ¹Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, UNESP Dracena; 2 Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, UNESP Dracena; 3 Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, UNESP Dracena; 4 Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, UNESP Dracena; 5 Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, UNESP Dracena; * re_sciarra@hotmail.com RESUMO A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma espécie pertencente à Família Poaceae, extremamente importante para o cultivo comercial voltado para a indústria sucroalcooleira em diferentes partes do mundo. O florescimento da cana-de-açúcar pode causar sérios prejuízos e perdas ao setor sucroalcooleiro, pois prejudica a produtividade e compromete o processo de extração de açúcar na indústria. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência da aplicação de etephon visando a inibição da isoporização em colmos de cana-de-açúcar. O experimento foi instalado e conduzido a partir de março de 2014 na Usina Rio Vermelho, localizada em Junqueirópolis, Estado de São Paulo, em cana planta, em um canavial com idade aproximada de seis meses. Os trabalhos foram concluídos em novembro de 2014. A aplicação de etefon no mês de março diminuiu significativamente a porcentagem de internódios isoporizados nos meses subsequentes. Palavras-chave: Saccharum spp., Biorreguladores, colheita. INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma espécie pertencente à Família Poaceae, extremamente importante para o cultivo comercial voltado para a indústria sucroalcooleira em 181

diferentes partes do mundo. Particularmente, o Brasil possui um histórico de produção que remete há mais de quatro séculos (MARTINS e CASTRO, 1999), influenciando intensamente na economia e aspectos sociais do País. É uma das mais importantes culturas no cenário agrícola brasileiro, atingindo uma área explorada em torno de nove milhões de hectares. O Brasil destaca-se como maior produtor de cana-de-açúcar, sendo que o Estado de São Paulo apresenta uma área expressiva, apesar da crise que o setor enfrenta no momento. Historicamente, as pesquisas agrícolas têm sido voltadas principalmente para a obtenção de maiores incrementos na produção total da cultura e extração de seus subprodutos a partir do colmo (açúcar, álcool, celulose e o biogás), mediante o aprimoramento das técnicas agronômicas convencionais para se aperfeiçoar as produções. Atualmente, vem sendo incentivada a utilização de técnicas mais avançadas, como a aplicação de reguladores vegetais, que agem alterando a morfologia e a fisiologia da planta, podendo levar a modificações qualitativas e quantitativas na produção. A utilização dos reguladores vegetais pode ser uma alternativa compensadora aos investimentos e objetivos propostos à cultura da cana, por possibilitarem incrementos no teor de sacarose, precocidade de maturação e aumento na produtividade. O florescimento da cana-de-açúcar pode causar sérios prejuízos e perdas ao setor sucroalcooleiro, prejudicando a produtividade. O processo de florescimento implica em alterações morfológicas e fisiológicas no vegetal e, na cana-de-açúcar, é prejudicial ao acúmulo de sacarose, uma vez que a formação da flor drena considerável quantidade de sacarose, o que acarreta prejuízos à qualidade da matéria-prima fornecida à indústria sucroalcooleira. A intensidade do processo de florescimento e suas consequências na qualidade da matéria-prima variam com a cultivar e o clima (CAPUTO et al., 2007). Outro aspecto importante é que o florescimento torna-se altamente prejudicial quando ocorre simultaneamente com a isoporização dos entrenós (SORDI E BRAGA JUNIOR, 1994). Caputo et al. (2007) define a isoporização como uma desidratação dos tecidos no colmo que, ao perderem água, vão adquirindo uma característica coloração branca. Esse fenômeno se inicia nas partes internas do colmo, podendo evoluir do centro para a periferia. Ao longo do comprimento, essa evolução se dá da ponta para a base, podendo variar conforme a cultivar. No entanto, existe uma grande variação quanto ao comportamento da isoporização entre os genótipos de cana-de-açúcar. Na literatura são encontrados diversos estudos referentes a respostas desses genótipos à aplicação de indutores de maturação 182

(CAPUTO et al., 2008). Nesse contexto, para crescer, uma planta necessita de luz, dióxido de carbono, água e sais minerais que, em quantidades suficientes, promovem o aumento de sua massa e volume. Aliado ao crescimento está a diferenciação, que é o desenvolvimento e aquisição de formas particulares a partir da interação de inúmeros fatores internos e externos ao vegetal. Entre os hormônios e reguladores de crescimento podemos destacar o etefon, composto de ácido 2-cloroetil fosfônico. É uma substância tida como regulador de crescimento com propriedades sistêmicas nos vegetais. Nas plantas, o etefon sofre rapidamente degradação para ácido fosfórico, etileno e íons cloreto, tendo efeito sobre o processo de crescimento (TOMLIN 1994). Sua utilização é justificada pelo fato deste produto químico evitar o florescimento em cana-de-açúcar e aumentar o perfilhamento (LEITE, 2005). Diversos trabalhos já foram desenvolvidos para se verificar o efeito de reguladores de crescimento aplicados em pré ou em pós-emergência, na brotação e no desenvolvimento inicial da cana-de-açúcar, objetivando maiores perfilhamento e produção final de colmos (SILVA et al., 2007; CASTRO et al., 1981). No entanto, são escassas as informações encontradas na literatura a respeito dos efeitos da aplicação do Etefon sobre índices tecnológicos e graus de isoporização de colmos de cana-de-açúcar. O objetivo de trabalho foi avaliar a aplicação de Etefon visando à inibição do florescimento e isoporização e sua influência nos parâmetros produtivos da cana-de-açúcar. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado e conduzido a partir de março de 2014 em área agrícola pertencente à Unidade Produtora Agroindustrial da Usina Rio Vermelho - Grupo GLEINCANE, localizada em Junqueirópolis, Estado de São Paulo, com coordenadas geográficas 21º32 31 S e 51º41 47 O e altitude 322 m. O clima da região se caracteriza como Cwa segundo Köppen, mesotérmico, com verões chuvosos e temperatura média do ar no mês mais quente maior que 22ºC. A temperatura média da região é de 24ºC, apresentando máxima de 31ºC e mínima de 19ºC. Foi escolhido um canavial em estágio de cana planta com aproximadamente 6 meses de idade. A lavoura de cana-de-açúcar recebeu a aplicação do etefon, em função da possibilidade de resposta varietal e demais condições ambientais ao produto. Também foram consideradas as demais características em relação à sanidade das plantas; tipo de solo; 183

uniformidade e homogeneidade do talhão; estágio do canavial; tamanho da área; práticas conservacionistas, distância adequada entre terraços; ausência de formigueiros; declive para escorrimento de águas; fácil acesso; entre outros. Em condições de campo foi aplicado etefon com o uso de um pulverizador costal pressurizado com CO2 em área total da parcela, na dosagem de 0,67 l.ha -1. A adubação e correção do solo da área a ser escolhida foram realizadas de acordo com as recomendações técnicas previstas para a cultura da cana-de-açúcar nas condições de plantio. A cultivar de cana-de-açúcar escolhida para a instalação do experimento foi a RB867515. A precipitação anual média da região onde foi instalado o experimento é de 1.300 milímetros, segundo dados oriundos da Estação Climatológica da FCAT - UNESP, Câmpus de Dracena. Durante a condução dos experimentos foram realizados todos os tratos culturais necessários à cultura da cana-de-açúcar. O experimento foi instalado em Delineamento em Blocos Casualizados (DBC) com 4 (quatro) tratamentos e 5 (cinco) repetições, totalizando 20 parcelas. As parcelas, ou unidades experimentais, foram constituídas de 8 linhas de cana-de-açúcar espaçadas entre si com 1,5 m por 10,0 metros de comprimento, totalizando 120,0 m 2. Para obtenção da área útil foram considerados 72,0 m 2, sendo descartada uma linha de cada lado da parcela e 1,0 metro de cada extremidade. Os tratamentos foram: Testemunha; Aplicação de Ethrel em Março - 150 dias antes da colheita de colmos; Aplicação de Ethrel em Abril - 120 dias antes da colheita de colmos; Aplicação de Ethrel em Maio - 90 dias antes da colheita de colmos. Entre as parcelas foi preservada uma distância compatível, de modo a facilitar os trabalhos pertinentes à instalação, condução, tratos culturais, avaliação e colheita de material vegetal e colmos do referido experimento. Depois de realizadas as aplicações dos tratamentos, foram avaliadas as seguintes características: presença da gema floral e grau de isoporização. A classificação da isoporização foi considerada: até 25% do diâmetro nível A; entre 25 e 50 % do diâmetro total do colmo nível B; maior que 50 % do diâmetro total do colmo nível C. A colheita dos colmos foi prevista para 150 dias após a instalação do experimento, ou seja, em agosto de 2014. Por ocasião da instalação do experimento, também foram avaliadas as características tecnológicas da cana-de-açúcar, como os teores de brix (%cana); pol (%cana); pureza (%); fibra (% cana) e ATR (Açúcar Total Recuperável em kg t- 1 ), de acordo com a metodologia indicada por COPERSUCAR (2002). Os resultados foram submetidos à análise de variância 184

(p < 0,05) e comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de significância, de acordo com Gomes (2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Devido ao ano de 2014 apresentar baixa pluviometria e índices desfavoráveis para o florescimento da cultura da cana-de-açúcar, não foi relatado eventualmente a presença de gemas florais em nenhum dos tratamentos. A Tabela 1 apresenta a análise de variância seguido de teste de Tukey para os tratamentos analisados no mês de junho. Tabela 1: Analise de variância e teste de Tukey dos tratamentos analisados no mês de junho para índices de BRIX, POL, PUREZA, FIBRA e ATR. Junho BRIX POL PUREZA FIBRA ATR Testemunha 15,7a 16,1a 84,4b 13,3b 133,7a Março 15,8a 16,7a 86,3ab 13,8ab 137,0a Abril 15,8a 17,4a 90,7a 13,5ab 142,4a Maio 16,2a 16,8a 84,7b 14,2a 137,6a MG 15,92±0,22 16,78±0,53 86,58 13,77 137,71±3,58 CV% 4,8 5,22 3,79 3,42 4,59 DMS 1,3 1,5 5,9 0,85 11,4 F 0,3545 ns 2,0823 ns 3,9376* 3,5577* 1,6391 ns Letras iguais na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. ** - Significativo ao nível de 1% de probabilidade (p<0,01); *- Significativo a 5% de probabilidade (0,01=<p<0,05); ns- Não significativo (p>0,05); MG Média Geral; CV Coeficiente de Variação; DMS Diferença Mínima Significativa. F Teste F (p <0,05). Podemos observar que os tratamentos submetidos à aplicação de etefon obtiveram maiores médias em comparação com a testemunha, mas não diferiram estatisticamente. Esses resultados assemelham-se ao de Caputo et al (2007), que também encontraram aumento nos índices tecnológicos da cana-de-açúcar submetida a aplicação de etefon, podendo assim antecipar o aumento da sacarose na cana-de-açúcar. Caputo et al (2008) também encontraram resultados semelhantes analisando indutores de maturação em diferentes genótipos de cana-de-açúcar. Verificaram que o etefon aumentou os teores de sólidos solúveis presentes no caldo da cultura, o que pode resultar em um maior teor de sacarose no final da extração. Já em outro trabalho Leite et al (2011), 185

concluíram que a melhoria na qualidade tecnológica da matéria prima pelos maturadores é influenciada pelas condições climáticas do ano agrícola. Os dados referentes à porcentagem de isoporização presente nos internódios de canade-açúcar, em diferentes épocas de aplicação de etefon e na testemunha estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2: Análise de variância e teste de Tukey dos tratamentos analisados no mês de Junho para a porcentagem do grau de isoporização presentes nos internódios de cana-de-açúcar, B=25% à 50% C=>50% e B+C. Junho B=25%-50% C= 50% B+C Testemunha 35,2 b 7,0 a 42,2 b Março 14,2 a 3,4 a 17,6 a Abril 16,0 a 1,0 a 17,0 a Maio 17,8 a 2,4 a 20,2 a MG 20,80 3,47±2,56 24,25 CV% 32,06 154,67 40,98 DMS 0,12526 0,10023 0,18668 F 10.6037 ** 1.1536 ns 7.3465 ** Letras iguais na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. ** - Significativo ao nível de 1% de probabilidade (p<0,01); *- Significativo a 5% de probabilidade (0,01=<p<0,05); ns- Não significativo (p>0,05); MG Média Geral; CV Coeficiente de Variação; DMS Diferença Mínima Significativa. F Teste F (p <0,05). Diante desses valores, podemos analisar o efeito positivo do etefon quando comparado à testemunha. O etefon (ácido 2-cloroetil fosfônico) promove a paralisação temporária do crescimento vegetativo da cana-de-açúcar, impedindo o florescimento quando aplicado antes da indução floral, promovendo assim o armazenamento de sacarose e posteriormente um menor índice de isoporização na cultura. Evitar a iniciação floral por meio da aplicação de reguladores químicos pode ser de interesse econômico em diversas regiões do Brasil, onde cultivares com alto potencial de inflorescência estão sendo plantadas em áreas de baixa altitude, sem irrigação e dependentes da precipitação local. Os danos consequentes do florescimento são ocasionados pelo consumo do açúcar pela respiração, utilizando o açúcar para a formação das panículas ao invés de armazenar na forma de sacarose nos colmos (ARALDI et al 2010). Rodrigues (1995), em experimento realizado no Havai, comparando a aplicação de etefon com outro biorregulador em três variedades diferentes de cana-de-açúcar, relatou que o 186

etefon foi mais eficiente no controle do florescimento e em diferentes períodos para o controle, não ocorrendo efeito dessecante nas cultivares. Em experimento similar, Lavanholi (2001), obteve redução de 56% no florescimento da cana-de-açúcar com a aplicação de etefon. Esses dados corroboraram com Caputo et al (2007), que observaram em dois genótipos de cana-de-açúcar IAC91-51-55 e PO88-62, apesar de não apresentarem florescimento, os efeitos da isoporização. Porém, ocorreu efeito da aplicação do maturador etefon para sua redução. Já para os genótipos IAC89-3124, IAC91-2195 e SP80-1842 o processo de isoporização mostrou-se vinculado ao florescimento, apresentando controle eficiente também com o uso de etefon. CONCLUSÃO A aplicação de etefon possui efeito positivo, aumentando os índices tecnológicos da cana-de-açúcar e diminuindo significativamente a porcentagem de isoporização presente na cultura. REFERÊNCIAS ARALDI, R.; SILVA, F.M.L.; ONOL, E.O.; RODRIGUES, J. D. Florescimento em canade-açúcar. Ciência Rural, Santa Maria, v.40, n.3, p.694-702, mar, 2010. CAPUTO, M. M.; BEAUCLAIR, E. G. F.; SILVA, M. A.; PIEDADE, S. M. S. Resposta de genótipos de cana-de-açúcar à aplicação de indutores de maturação. Bragantia, Campinas, CAPUTO, M. M.; SILVA, M. A.; BEAUCLAIR, E. G. F.; GAVA, G. J. C. Acúmulo de sacarose, produtividade e florescimento de cana-de-açúcar sob reguladores vegetais. Interciência, Caracas, v. 32, n. 2., p. 834-849, 2007. CAPUTO, M. M.; SILVA, M. A.; BEAUCLAIR, E. G. F.; GAVA, G. J. C. Acúmulo de sacarose, produtividade e florescimento de cana-de-açúcar sob reguladores vegetais. Interciência, Caracas, v. 32, n. 2., p. 834-849, 2007. CASTRO, P.R.C.; OLIVEIRA, D.A.; PANINI, E.L. Ação do sulfometron metil como maturador da cana-de-açúcar. In:CASTRO, P.R.C.; SANGUINO, A.; DEMÉTRIO, C.G.B. Efeitos de reguladores vegetais no crescimento inicial da cana-de-açúcar. Brasil Açucareiro, Rio de Janeiro, v.98, n.5, p. 47-51, 1981. COPERSUCAR. Cooperativa Central dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo. Amostragem e análise de cana-de-açúcar. [S.l.]: Centro de Tecnologia Copersucar. Divisão Agronômica, 2002. GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. 4.ed. Piracicaba: ESALQ, 2000. 477p. 187

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