TÍTULO: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E OS BENEFÍCIOS PARA A GESTÃO DE PESSOAS: UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESAS DE CONFECÇÃO DA CIDADE DE AURIFLAMA SP

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16 TÍTULO: QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E OS BENEFÍCIOS PARA A GESTÃO DE PESSOAS: UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESAS DE CONFECÇÃO DA CIDADE DE AURIFLAMA SP CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS SUBÁREA: ADMINISTRAÇÃO INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE AURIFLAMA AUTOR(ES): ALANA ESPALVO MARQUES, CAMILA SCARANELLO PESSUTI ORIENTADOR(ES): ADRIANA LUIZ PIVARO, JOÃO ANGELO SEGANTIN

1. RESUMO Algumas pesquisas recentes revelam que o trabalhador motivado e bem disposto consegue dar resultados melhores para as organizações. Pensando nisso, este artigo tem por finalidade analisar como se caracteriza a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), na percepção de colaboradores de empresas do ramo confeccionista da cidade de Auriflama - SP. A escolha do tema da pesquisa justificase por ser essencial a qualquer organização o desenvolvimento, satisfação e produtividade de seus colaboradores, fatores esses que são objetivos dos programas de QVT e também pela pouca ocorrência de estudos nesta área em específico, focando principalmente em trabalhadores de empresas da confecção. A metodologia aplicada é predominantemente quantitativa, pois as análises serão feitas a partir da coleta de dados por meio de questionários e posteriormente será realizada a tabulação das informações. A conclusão nos leva a pensar sobre quais os tipos de programas de QVT utilizados pelas empresas de confecção exploradas e como se caracterizam na busca de resultados. 2. INTRODUÇÃO Os primeiros registros que caracterizaram a existência de programas de Qualidade de Vida no Trabalho surgiram no ano de 1950. Logo após, na década de 60, tomaram impulsos, iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar o trabalho e de minimizar os efeitos negativos do emprego na saúde e bem estar geral dos trabalhadores. A expressão qualidade de vida no trabalho só foi introduzida, publicamente, no início da década de 70, então com isso surge um movimento pela qualidade de vida no trabalho, principalmente nos EUA, devido à preocupação com a competitividade internacional e o grande sucesso dos estilos e técnicas gerenciais dos programas de produtividade japonesa, centrado nos empregados (MASSOLA et al., 2011, p.1). Chiavenato (2008) ressalta que qualidade de vida implica criar, manter e melhorar o ambiente de trabalho, seja em suas condições físicas - higiene e segurança -, seja em suas condições psicológicas e sociais. Isso resulta em um ambiente de trabalho agradável e amigável e melhora substancialmente a qualidade de vida das pessoas na organização. Algumas pesquisas recentes revelam que o trabalhador motivado e bem disposto consegue dar resultados melhores para as organizações. Pensando nisso, algumas empresas começaram a investir em programas de QVT, pois passaram a ver que para a satisfação do cliente externo é necessário que os internos também estejam satisfeitos, pois são eles os responsáveis pelo produto ou serviço oferecido (MARTINS et al., 2012, p. 2).

Portanto, a QVT surge como uma ferramenta de gestão, que serve para auxiliar os gestores a buscarem novos resultados com os colaboradores por meio da motivação e técnicas de participação, visando o aumento da produtividade e satisfação dos colaboradores. Para melhor organizar o trabalho, esta pesquisa será dividida em duas partes, a primeira abordará as referências teóricas sobre o assunto e a segunda mostrará a percepção dos colaboradores pertencentes a duas empresas de confecção investigadas. 3. OBJETIVOS O objetivo principal deste trabalho é analisar como se caracteriza a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), na percepção de colaboradores de empresas do ramo confeccionista da cidade de Auriflama - SP. Como objetivos específicos, identificar se existem programas de QVT já implantados nas organizações exploradas; verificar quais os resultados adquiridos com a aplicação dos programas de QVT e apresentar as vantagens e desvantagens apontadas pelos colaboradores sobre a aplicação das atividades de QVT. 4. METODOLOGIA Em primeiro momento a pesquisa será feita a partir de bibliografias para o embasamento teórico do estudo. Posteriormente serão feitas as análises, por meio da pesquisa de natureza quantitativa, pois serão aplicados questionários para a coleta de dados, objetivando coletar informações correspondentes ao que se busca com os objetivos do trabalho. Todos os dados adquiridos com as respostas dos colaboradores serão transformados em gráficos e tabelas para a análise situacional e intervenção no âmbito administrativo. Os questionários serão aplicados para colaboradores de duas empresas de confecção localizadas na cidade de Auriflama- SP. Para a escolha das empresas, foram usados critérios, como por exemplo, uma delas deveria ter em suas atividades cotidianas algum programa de QVT e a outra não, para ser possível a comparação entre as duas. Para a preservação da identidade das organizações, será utilizada a nomenclatura ORG1 para se referir a organização 1 e ORG2 para se referir a organização 2. 5. DESENVOLVIMENTO 5.1 Qualidade de vida no trabalho Com o contínuo desenvolvimento de novas tecnologias e expansão da globalização, as empresas estão preocupadas em produzir com qualidade, pois o mercado está cada vez mais competitivo, seletivo e exigente. A capacitação,

treinamento e motivação dos funcionários é que definem a qualidade dos produtos e serviços de uma organização, ou seja, se os colaboradores detêm esses três elementos, possivelmente a organização conseguirá bons resultados. A conquista desses fatores só é possível com o desenvolvimento de Programas de Qualidade de Vida no Trabalho, pois focam exclusivamente no colaborador e nos benefícios que a empresa terá quando estes trabalham com mais motivação. De acordo com Vasconcelos (2001, p. 25), A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. Para Davis e Newstrom (2001 apud MARTINS et al. 2012), a proposta de QVT é desenvolver um ambiente de trabalho que seja tão bom para as pessoas como para saúde econômica da organização. Para tanto, é necessário que haja um enriquecimento no trabalho, de forma a deixá-lo mais desafiador. Segundo Campos (1992), um dos mais importantes conceitos dos programas de qualidade de vida está na premissa de que, somente se melhora o que se pode medir e, portanto, é preciso medir para melhorar, sendo, assim, torna-se necessário avaliar de forma sistemática a satisfação dos trabalhadores e, nesse sentido, o processo que permeia a subjetividade é de grande importância para detectar a percepção dos trabalhadores sobre os fatores intervenientes na qualidade de vida do trabalho. Quadro 1: Evolução do Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho Concepções Evolutivas do QVT 1- QVT como uma variável (1959 a 1972) 2- QVT como uma abordagem (1969 a 1974) 3- QVT com um método (1972 a 1975) 4- QVT como um movimento (1975 a 1980) Características ou Visão Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo. O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado quanto à direção. Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era visto como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica. Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos administração participativa e democracia industrial eram frequentemente ditos como ideais do movimento de QVT. 5- QVT como tudo (1979 a 1982) Como alternativa contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais. 6- QVT como nada (futuro) No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passarão de apenas um "modismo" passageiro. Fonte: Adaptado de Fernandes (1996).

5.1.1 Por que realizar atividades de QVT? Segundo Maslow (apud ROBBINS, 2002), as necessidades estão difundidas em uma pirâmide de importância do comportamento humano, e estão consideradas da seguinte forma: na base estão às necessidades mais baixas e recorrentes, as chamadas necessidades primárias, e, no topo, as mais sofisticadas e intelectualizadas, conhecidas como necessidades secundárias, vide figura 01. Figura 1 - Pirâmide das Necessidades Humanas Fonte: Chiavenato (2004, p.68). Segundo Chiavenato (2000), o homem é considerado um animal dotado de necessidades que se alternam ou se sucedem conjunta ou isoladamente. Satisfeita uma necessidade surge outra em seu lugar e, assim por diante, contínua e infinitamente. As necessidades motivam o comportamento humano dando-lhe direção e conteúdo. As atividades de QVT têm o intuito de motivar os colaboradores e transformar o ambiente de trabalho em algo mais agradável, propiciando a melhoria da produção e evitando problemas relacionados à saúde física e mental dos trabalhadores. 5.1.2 Programas de QVT Segundo Nadler e Lawler (1983 apud SILVA et al. p. 19, 2010), os programas de qualidade de vida no trabalho têm como objetivo criar uma organização mais humanizada, mediante maior grau de responsabilidade e de autonomia no trabalho, recebimento mais constante de feedback sobre desempenho, maior variedade e adequação de tarefas e ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo. Nadler e Lawler (1983 apud SILVA et al. 2010) preconizam que os programas de QVT surgiram a partir de duas vertentes. A primeira ocorreu entre 1969 e 1974, onde um grande número de pesquisadores, líderes de sindicatos e representantes do governo demonstraram interesse em conhecer quais fatores poderiam influenciar no desempenho dos colaboradores em suas atividades laborais.

Existem vários programas de QVT que podem ser realizados dentro das organizações. A seguir encontram-se alguns aspectos analisados por Alves (2011). Quadro 2 - Ações e/ou programas de promoção da QVT e seus resultados. Ações/ Programas Principais resultados observados Aumenta a disposição e satisfação dos trabalhadores, Exercícios físicos (Ex: Ginástica laboral) aumenta a tolerância ao estresse, redução do absenteísmo, melhora do relacionamento interpessoal, redução dos acidentes de trabalho, redução dos gastos médicos. Treinamento e Aumento do capital intelectual, aperfeiçoamento das desenvolvimento dos atividades, satisfação profissional, aumento da trabalhadores produtividade. Ergonomia Aumento do desempenho nas atividades, redução dos acidentes de trabalho. Prevenção e reabilitação de doenças ocupacionais, Ginástica Laboral prevenção de acidentes de trabalho, melhor integração entre os trabalhadores, diminuição do absenteísmo, aumento da produtividade. Benefícios Motivação, satisfação profissional, satisfação das necessidades pessoais, aumento da produtividade. Avaliação de desempenho Aumento do desempenho do trabalhador, aumento da produtividade, aumento da satisfação profissional. Higiene e segurança do trabalho Gera um ambiente mais saudável, prevenção de riscos à saúde, diminuição dos acidentes de trabalho, diminuição do Estudo de cargos e salários Mantêm e aperfeiçoa seus recursos humanos, aumento da motivação, satisfação dos trabalhadores e da produtividade. Redução de riscos, melhora na segurança operacional e da Controle de álcool e saúde dos trabalhadores, melhora na auto-estima, drogas diminuição dos acidentes de trabalho e absenteísmo. Motivação, satisfação profissional, aumento da auto-estima, Preparação para aposentadoria melhora na relação interpessoal, descobrimento de novas habilidades e competências, benefícios na vida social e familiar do trabalhador. Diminuição da obesidade, mudança no comportamento de Orientações nutricionais risco, aumento do desempenho e disposição, aumento da produtividade. Terapias alternativas Aumento da tolerância ao estresse, melhora no relacionamento interpessoal, aumento da produtividade. Aumento da auto-estima, aumento do desempenho Musicoterapia profissional, melhora no relacionamento interpessoal, aumento da tolerância ao estresse, prevenção de doenças. Anti-tabagismo Aumento da auto-estima, aumento do desempenho e disposição, prevenção de doenças. Fonte: Adaptado de Alves (2011). 6. ANÁLISE DOS RESULTADOS As duas empresas pesquisadas forneceram informações que estabeleceram a percepção de 50 colaboradores, sendo 31 pertencentes a ORG1 e 19 participantes da ORG2, sobre os programas de qualidade de vida no trabalho, cuja Empresa 1 desenvolve ações de QVT e a Empresa 2 não. Os gráficos e tabelas mostram em dados quantitativos as respostas dos trabalhadores e nos permite avaliar, com uma visão administrativa, como devem ser tratados os resultados.

As figuras 2 e 3 mostram o sexo dos participantes da pesquisa e sua idade, respectivamente. Figura 2 - Sexo dos participantes Figura 3 - Idade dos colaboradores Observa-se que a maioria dos colaboradores é do sexo feminino, podendo caracterizar que o ramo de confecções é dominado pelas mulheres, pelo menos nas duas empresas pesquisadas. O público com idade entre 31 e 40 anos é o maior entre os entrevistados, sendo que o público mais jovem (De 18 a 20 anos) está em menor proporção entre os colaboradores de confecções. O Quadro 3 apresenta as atividades que os gestores de pessoas desenvolvem nas organizações. No demonstrativo percebem-se as características das duas empresas e as diferenças entre o que uma e outra praticam como atividades de QVT. Quadro 3 - Atividades de QVT desenvolvidas Organização 1 Organização 2 Benefícios (Cesta básica) Musicoterapia Treinamento e desenvolvimento dos trabalhadores Ginástica Laboral Benefícios Higiene e segurança do trabalho Orientações sobre Controle de álcool e drogas Musicoterapia Comparando as duas instituições, identifica-se que a ORG2 aplica apenas duas atividades de QVT, enquanto a ORG1 desenvolve vários programas,

demonstrando ser uma empresa que preocupa-se com o bem-estar dos colaboradores e entende suas necessidades. No Quadro 4 verificamos o que os colaboradores esperam que as organizações desempenhem como programas de QVT. Quadro 4 - Ações que os colaboradores gostariam que a empresa desenvolvesse Organização 1 Organização 2 Avaliação de desempenho Estudo de cargos e salários Orientações sobre Controle de álcool e drogas Orientações sobre Preparação para aposentadoria Orientações nutricionais Terapias alternativas Orientações sobre Antitabagismo Treinamento e desenvolvimento dos trabalhadores Ginástica Laboral Higiene e segurança do trabalho Estudo de cargos e salários Orientações sobre Preparação para aposentadoria Existe uma diferença nas exigências dos participantes de ambas as empresas. As duas organizações necessitam investir em atividades para melhor sua gestão de qualidade no trabalho e esses fatores são percebidos pelos trabalhadores, como demonstra o quadro. As Figuras 4 e 5 mostram essencialmente qual a opinião dos colaboradores sobre a importância das ações de QVT e se já participaram em outras empresas de algum tipo de programa de QVT. Figura 4 - Importância das ações de QVT Figura 5 - Participação em ações de QVT Como apontam os gráficos, a maioria dos trabalhadores disseram que acham importante a realização de atividades que insinuem a qualidade de vida no trabalho. Em contrapartida, grande parte deles afirma nunca terem participado de atividades de QVT em outras empresas, como aponta a Figura 5.

Os gráficos a seguir expõem os resultados relacionados à existência de problemas de saúde gerados a partir das atividades desenvolvidas no trabalho e se os colaboradores se sentem motivados em suas funções. Figura 6 - Problemas de saúde X trabalho Figura 7 - Motivação no trabalho Mais da metade dos entrevistados afirmaram nunca ter tido problemas de saúde relacionados com seu trabalho, porém alguns revelaram que isso já ocorreu, o que sinaliza que as organizações devem analisar os motivos desses problemas e evitar que outros possam surgir. Quanto a motivação, grande parte ressaltou estar motivada com o seu trabalho, esse dado demonstra que tanto na ORG1, que desenvolve programas de QVT, quanto na ORG que não realiza ações de QVT, os colaboradores estão motivados. As próximas figuras ressaltam o nível de satisfação dos colaboradores com a empresa e com sua vida profissional. Figura 8 - Satisfação com a empresa Figura 9 - Nível de satisfação profissional

Nas duas organizações evidencia-se que os trabalhadores estão satisfeitos com a gestão da empresa e ao mesmo tempo se sentem contentes com sua profissão. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A QVT é determinada a partir de um bom desempenho nas funções e do clima organizacional favorável para o trabalho. Quando a qualidade de vida no trabalho é baixa, certamente levará os colaboradores à insatisfação e alienação, diminuição da produtividade e má vontade em colaborar com a empresa. Porém, se a qualidade for boa, levará a um ambiente organizacional de respeito mútuo e confiança, o qual oportunizará contribuições dos indivíduos à instituição. É possível que o colaborador seja motivado a partir de um sistema de participação, integração entre ele e os demais componentes de níveis hierárquicos superiores ou abaixo dele, partindo sempre do entendimento das necessidades dos trabalhadores. Nas duas organizações investigadas foi possível identificar que é importante haver programas de QVT, pois auxiliam na busca de bons resultados. Devido ao acesso amplo às informações, as pessoas têm buscado cada vez mais exigir das empresas que valorizem o capital humano, além do que investir em pessoas torna a organização mais competitiva, pois profissionais motivados tendem a trabalhar com maior compromisso. A falta de ações de qualidade de vida no trabalho pode levar a empresa ao declínio, possibilitando o aumento das taxas de absenteísmo, rotatividade, desmotivação, dentre outras. Portanto, as organizações devem aliar seus objetivos empresariais com os objetivos dos colaboradores, de forma que haja um equilíbrio entre eles oportunizando vantagens para o negócio a partir de novas políticas organizacionais, visando não só a lucratividade, mas também as pessoas. 8. FONTES CONSULTADAS ALVES, Everton Fernando. Programas e ações em qualidade de vida no trabalho. Revista INTERFACEHS v.6, n.1, Artigo, Abril. 2011. CAMPOS, V. F. TQC - Controle da qualidade total. 2. ed. São Paulo: Bloch, 1992. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008..Introdução à teoria geral da administração. 6.ed. São Paulo: Campus, 2000. Chiavenato, I.

. Os objetivos da gestão de pessoas. 2004. FERNANDES, E. C. Qualidade de vida no trabalho: um desafio e uma perspectiva para a GRH. Informação professional - Recursos humanos. São Paulo: n. 25, p. 6-8, 1988. MARTINS, Avner; Queiroz, Natália dos Santos; Júnior, Paulo Alves Martins; Silva, Samira Gama. Qualidade de vida no trabalho. 2012. Disponível em: < http://www.aems.edu.br/conexao/edicaoanterior/sumario/2012/downloads/2012/hum anas /> Acesso em: 22 marc. 2016. MASSOLA, Milena Ferraz; Calderari, Patrícia. Qualidade de vida no trabalho. III Encontro Científico e Simpósio de Educação Unisalesiano. 2011, Lins - SP. Disponível em: <http://www.unisalesiano.edu.br/simposio2011/publicado/artigo0059.pdf> Acesso em: 20, marc. 2016. ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 9 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SILVA, Karen Aldicléia; Pedroso, Bruno; Pilatti, Luiz Alberto. Qualidade de vida no trabalho e sociedade pós-moderna: construção de um instrumento de avaliação. Revista Eletrônica Fafit/Facic. v. 01, n. 02, jul./dez. 2010, p. 11-25. Disponível em: <http://www.fafit.com.br/revista/index.php/fafit/article/viewfile/13/8>. Acesso em: 10, mai 2016. VASCONCELOS, Anselmo Ferreira. Qualidade de vida no trabalho: origem, evolução e perspectivas. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 23-35, jan.-mar. 2001.