PRODUÇÃO ORGÂNICA E QUALIDADE DE SEMENTES DE CULTIVARES DE ALFACE EM AVELAR-RJ

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Transcrição:

PRODUÇÃO ORGÂNICA E QUALIDADE DE SEMENTES DE CULTIVARES DE ALFACE EM AVELAR-RJ ORGANIC PRODUCTION AND QUALITY LETTUCE CULTIVARS SEEDS IN AVELAR-RJ BRANDÃO, Antônio de Amorim 1 ; LOPES, Higino Marcos 1 ; FERNANDES, Maria do Carmo de Araújo 1 ; FIORINI, Cibelle Vilela Andrade 1 1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, toniagrick@hotmail.com; higinomlopes@gmail.com; araujofernandes@gmail.com; cibellefiorini@yahoo.com.br Resumo: Objetiva-se com este trabalho avaliar a produção e a qualidade fisiológica de sementes de sete cultivares de alface sob sistema de produção orgânico nos ambientes a céu aberto e em estufa, na região centro-sul fluminense. O experimento foi realizado em maio, na estação experimental da PESAGRO em Avelar-RJ, no ano de 2013. Foram avaliados a produção por planta; Massa de Mil Sementes e Teste de Germinação. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados e aplicou-se a análise conjunta dos experimentos considerando, cultivar versus ambiente de produção. Tanto a produção por planta quanto a qualidade fisiológica variaram conforme o ambiente de cultivo, onde a produção em estufa mostrou-se fundamental, por causa da ocorrência de chuvas na maturação das sementes, provocando perdas. As produtividades variaram entre 1,9 a 26,7 g planta -1 e sempre inferiores no cultivo a céu aberto. Houve efeito deletério da chuva na fase de maturação, na produção e a qualidade das sementes de alface. A produção de sementes de cultivares de alface em sistema orgânico é viável para todas as cultivares avaliadas. A produção em estufa proporciona maior produção, viabilidade e vigor das sementes das cultivares de alfaces avaliadas, na ocorrência de chuvas durante a fase de maturação de sementes. A produção de sementes a céu aberto mostrou-se inviável. Palavras-chave: Lactuca sativa L., cultivo em estufa, hortaliças Abstract: The aim of this study is to evaluate the phenological phases, the production and the phenological quality of seeds of seven lettuce cultivars organically produced, in open-air environment and in under cover vegetable growing, in the center-southern region on Rio de Janeiro State. The experiment was conducted in May in the experimental station PESAGRO, in Avelar-RJ, from 2013. The Production per plant, Thousand Seed Mass and Germination Test, were evaluated. The randomizedblocks design was used and a joint analysis of the experiments was carried out considering the cultivar versus production environment. Both the production per plant and the physiological quality varied according to the cultivation environment, and the production in greenhouse proved fundamental, due to rainfall during the maturation period that caused losses. The productivity rates varied between 1.9 and 26.7 g planta - and always inferior in the open-air cultivation. There was a deleterious effect of rain in the maturity stage, over the production and the quality of lettuce seeds. The production of lettuce seeds cultivars in organic system is viable for all cultivars. The

production in protected environment (greenhouse) provides higher rates of production, viability and vigor of lettuce seeds of cultivars that were evaluated, in rainy days during the stage of seeds maturing. The production of seeds in the openair was shown unviable. Keywords: Lactuca sativa L., green house, vegetables Introdução A olericultura orgânica tem enfrentado diversos desafios ao longo do tempo. Adequação de práticas agrícolas, a disponibilidade de insumos como fertilizantes e defensivos e a comercialização, são alguns exemplos. Atualmente, grande parte do cultivo orgânico é sustentado por sementes convencionais, porém iniciativas locais como organizações não governamentais (ONG s) e cooperativas, tem suprido parte da demanda de sementes orgânicas a nível local. No país, existem exemplos bem-sucedidos, de produção própria e banco de sementes de variedades crioulas de cereais e leguminosas. Esse modelo pode ser adaptado para espécies olerícolas e expandido para diferentes regiões do país, para tanto, é de suma importância obter informações a respeito do comportamento das espécies e cultivares a ambientes distintos, que viabilizem a produção de sementes. A produção de alface no estado do Rio de janeiro, é alta, com média de 503 Mg e gera uma receita mensal de R$ 754.000,00, dados da CEASA-RIO referentes ao ano de 2015 (CEASA, 2015). Não há dados do volume e receita referentes à produção orgânica, porém estima-se que seja elevado já que a alface é a folhosa mais produzida, tanto para o sistema convencional, quanto para o sistema orgânico de produção. Sabe-se que fatores ambientais, principalmente fotoperíodo, temperatura e pluviosidade, possuem influência direta na produtividade e na qualidade de sementes de alface. Assim tem-se a necessidade de investigar diferentes regiões no Rio de Janeiro, bem como a variabilidade de ambientes para produção de sementes de alta qualidade. A demanda é alta e imediata, assim pesquisas que visem agregar informações são de extrema importância para viabilizar esse setor em franca expansão. Pela necessidade de desenvolvimento de pesquisas que gerem informações sobre cultivares e ambientes de cultivo que alavanquem a produção orgânica de sementes no estado do Rio de Janeiro, objetiva-se, com esse trabalho, avaliar, a produção orgânica de sementes de sete cultivares de alface e a sua qualidade física e fisiológica, influenciados por ambientes de cultivo protegido e a céu aberto, por dois anos consecutivos, no distrito de Avelar, município de Paty do Alferes-RJ nas mesorregiões Metropolitanas e Centro-sul fluminense. Metodologia

Avaliou-se a produção orgânica de sementes de sete cultivares de alface, sendo três do grupo crespa (Grand Rapids, Deisy e Vera), duas do grupo lisa (Elisa e Maravilha Quatro Estações) e duas do tipo americana (Grandes Lagos e Tainá), cultivadas em dois ambientes (protegido em estufa e a céu aberto), no ano de 2013. O experimento foi realizado no campo experimental do Centro Estadual de Pesquisa em Agricultura Orgânica-CEPAO da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro-PESAGRO-RIO, em Avelar, distrito do município de Paty do Alferes-RJ. O delineamento experimental usado foi o de blocos casualisados, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas por canteiros apresentando 1,60 m de largura por 2,10 m de comprimento, contendo 4 linhas, com espaçamento adotado de 0,40 m entre linhas e 0,30 m entre plantas, totalizando 28 plantas por parcela, em que foram avaliadas as 10 plantas centrais. As mudas foram transplantadas para os canteiros em 02/06/2013, quando apresentaram quatro folhas definitivas. A adubação de plantio seguiu as recomendações para produção de sementes de alface, no sistema convencional, feitas por Kano et al. (2006) equivalente a 160 kg ha -1 de potássio e 600 kg ha -1 de fósforo (KANO et al., 2012) e Carrijo et al. (2004), que recomendam 150 kg ha -1, aplicado 1/3 no plantio e o restante parcelados aos 15; 30 e 45 dias após o transplante das mudas. No plantio, utilizou-se esterco bovino curtido na dose de 600 g m linear -1, complementado com cinzas, termofosfato e torta de mamona para KCl, P2O5 e N. Foram realizadas adubações foliares de 10 em 10 dias, com biofertilizante AGROBIO desenvolvido pela PESAGRO-RJ na concentração de 7%. A irrigação foi realizada por sistema de gotejamento, com turno de rega de 48 horas. A colheita iniciou-se entre 130 e 180 dias após a semeadura, conforme a cultivar, quando as plantas da parcela útil apresentavam de 60 a 70% de plumagem branca sobre os floretes. Neste ponto realizou-se o corte, rente ao solo, das plantas que foram postas para secar ao sol por 48 h. Foi determinada a produção, sendo os resultados expressos em g planta -1. Realizou-se o teste de Germinação, com quatro repetições de 50 sementes em caixas plásticas transparentes (11,5 x 11,5 x 3,5 cm) sobre duas folhas de papel mata borrão, previamente umedecidas com água destilada, em quantidade equivalente a 2,5 vezes a massa do papel. As sementes foram mantidas a 20 C, com fotoperíodo de 12 h em câmara do tipo B.O.D. Os resultados foram expressos em porcentagens de plântulas normais (%). Realizou-se a análise de variância para cada ambiente de cultivo. Para as variáveis que apresentaram homogeneidade das variâncias residuais, aplicou-se a análise conjunta dos experimentos considerando, cultivar versus ambiente de produção. Resultados e discussões

Houve diferença estatística entre as cultivares de alface para produção de sementes no ambiente em estufa. A cultivar Grand Rapids foi a que mais produziu, seguida pela cultivar Maravilha Quatro Estações, que foi superior a cv. Vera. As cultivares Elisa e Deisy não diferenciaram entre si e foram estatisticamente inferiores as demais. A Céu aberto, a produção foi baixa e não houve diferença estatísticas entre as cultivares. A produção a céu aberto foi estatisticamente inferior à produção em estufa para todas as cultivares, pois choveu no período de maturação das sementes (Tabela 1). Tabela 1. Produção de sementes (g planta -1 ) e germinação (%) de sete cultivares de alfaces produzidas sob manejo orgânico. Avelar-RJ, 2013. Produção Geminação CULTIVAR CÉU CÉU ESTUFA ESTUFA ABERTO ABERTO GRAND RAPIDS 26,7 Aa 4,6 Ab 96,50 Aa 39,50 Bb MARAVILHA QUATRO ESTAÇÕES 22,6 Ba 3,1 Ab 99,50 Aa 37,50 Bb DEISY 8,7 Da 1,9 Ab 96,00 Aa 65,50 Ab ELISA 9,3 Da 3,1 Ab 97,50 Aa 40,00 Bb VERA 12,9 Ca 3,1 Ab 97,50 Aa 58,50 ABb GRANDES LAGOS 9,1-99,50 - CV (%) 8,72 0,92 Médias seguidas pela mesma letra maiúscula nas colunas e minúscula nas linhas não diferem, pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. A produção no ambiente em estufa foi elevada quando comparada aos resultados obtidos na literatura. Nascimento, Croda e Lopes (2012) avaliaram a produção de 20 cultivares de alface no manejo convencional e a produção por planta variou entre 2,16 e 17,56 g por planta -1 conforme a cultivar. As cultivares de pendoamento precoce foram as mais produtivas. A germinação das sementes foi alta, acima dos 95%, no tratamento de cultivo em estufa, não diferindo entre as cultivares. A germinação das sementes que foram produzidas a céu aberto foi baixa, inferior ao padrão mínimo para comercialização de sementes de alface que é de 80% (Brasil 2010). Todas as cultivares produzidas no ambiente a céu aberto, tiveram as sementes umedecidas pela água da chuva, pelo menos uma vez, e fez com que perdessem vigor. A alternância de absorção e perda de umidade pelas sementes, provocada por condições climáticas desfavoráveis, por exemplo, ocorrência de chuvas após terem atingido a maturidade fisiológica, pode acelerar o processo respiratório, provocando severa deterioração (CARVALHO, NAKAGAWA, 2000). O clima da região de Avelar mostrou-se desfavorável para produção de sementes de alface a céu aberto, particularmente para cultivares de ciclo longo, principalmente em relação à precipitação na época de colheita. Todavia o cultivo em estufa mostrou

altas produtividades de sementes de alface que apresentaram alta qualidade fisiológica independente das cultivares, mostrando-se uma alternativa para a produção de sementes de elevada qualidade. Conclusões A produção de sementes de cultivares de alface em sistema orgânico é viável. A produção em ambiente de cultivo protegido em estufa proporciona maior produção, viabilidade e vigor das sementes das cultivares de alfaces avaliadas. A produção de sementes a céu aberto mostrou-se inviável. Agradecimentos À Faperj, pelo auxílio financeiro ao projeto: Processo: E-26/110.445/2014 (PRODUÇÃO E QUALIDADE DE SEMENTES DE ALFACE SOB CULTIVO ORGÂNICO EM DUAS LOCALIDADES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EM DUAS ÉPOCAS DO ANO). Referências bibliográficas BRASIL - Ministério da agricultura pecuária e abastecimento. Portaria n. 200, de 15 de abril de 2010. Normas para a produção e a comercialização de sementes e de mudas de olerícolas, condimentares, medicinais, aromáticas, flores e ornamentais. Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br. Acesso em 02/02/2016. CARRIJO, O. A; SOUZA, R. B; MAROUELLI, W. A; ANDRADE, R. J. Fertirrigação de Hortaliças. Brasília: EMBRAPA CNPH, 2004. 13 p. Circular Técnica 32. CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000, 588p. CEASA-RIO. INFORMATIVO DE MERCADO ANUAL 2015. http://www.ceasa.rj.gov.br/ceasa_portal/view/informativoanual2015.pdf KANO, C; CARDOSO, A. I. I; HIGUTI, A. R. O; VILLAS BÔAS, R. L. Phosphorus rates on yield and quality of lettuce seeds. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 30, n. 4, p. 695-698, 2012. KANO, C; CARDOSO, A. I. I; HIGUTI, A. R. O; VILLAS BÔAS, R.L. Doses de potássio na produção e qualidade de sementes de alface. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 24, n. 3, julho/setembro. 2006. NASCIMENTO, W. M.; CRODA, M. D; LOPES, A. C. A. Produção de sementes, qualidade fisiológica e identificação de genótipos de alface termotolerantes. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 34, n. 3, p. 510-517, 2012.