Artistas de rua em Macapá-AP 1



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Transcrição:

Artistas de rua em Macapá-AP 1 André Felipe Cantuária dos SANTOS 2 Eliana da Silva LOPES 3 Isabel Regina AUGUSTO 4 Universidade Federal do Amapá, Macapá, AP RESUMO Reportagem Especial produzida por alunos de graduação do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá com o tema Artistas de rua em Macapá, aplicando conceitos estudados na disciplina Oficina de Produção em TV. Na realização da reportagem foram utilizados conceitos teóricos que priorizam a técnica audiovisual, de modo a dar autonomia à câmera como instrumento para aprofundar a apuração das informações e humanizar a notícia. A abordagem e proposta de pauta justificam-se pela possibilidade de todos os dias nos depararmos com inúmeras formas de arte pelas ruas de uma cidade particular, cuja urbanidade está em plena construção e convive com a exuberância da natureza, na região da chamada última fronteira do Brasil. Esses artistas, denominados artistas de rua, têm em comum o desejo e objetivo de levar arte às pessoas que estão em seu cotidiano, apressadas, com seus projetos e trabalhos. E contribuem para a integração harmoniosa do homem ao ambiente urbano desta cidade da Amazônia brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Artistas de rua; Amazônia; Documentário; Telejornalismo. 1 INTRODUÇÃO Este projeto experimental foi desenvolvido sob o formato audiovisual de documentário. Com duração de 6 minutos e 45 segundos, produzido por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), no ano de 2014. Foram utilizadas em sua produção técnicas especificas Jornalismo Documentário, técnicas de reportagem, apuração e estrutura das informações em Telejornalismo. Neste, é descrito o processo de produção e 1 Trabalho submetido ao XXII Prêmio Expocom 2015, na Categoria Jornalismo, modalidade Documentário Jornalístico e Grande Reportagem em vídeo e televisão. 2 Aluno líder do grupo e estudante do 7º. Semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá, email: andrefelipecantuaria@gmail.com. 3 Aluno (a) do 7º. Semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá, email: elisipes@gmail.com. 4 Orientadora do trabalho. Professora Efetiva do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá, email: isabelaugusto2005@yahoo.com.br 1

desenvolvimento da reportagem especial, e registradas as dificuldades e técnicas utilizadas para a produção e finalização do trabalho. 2 OBJETIVO 2.1 Geral Por meio de uma produção audiovisual, retratar o dia a dia e especificidades da vida dos artistas que levam sua arte para as ruas de Macapá. 2.2 Específicos Abordar dificuldades vivenciadas por esses artistas, bem como suas aspirações e dificuldades; Acompanhar a rotina dos brasileiros e estrangeiros anônimos que ganham a vida se apresentando nas ruas da cidade de Macapá. 3 JUSTIFICATIVA Todos os dias saem de casa para tentar sensibilizar um público que nem sempre é receptivo. São elogios intercalados com xingamentos. Vidros fechados na cara, misturados a pequenas contribuições. Aplausos e vaias. Reações que refletem uma cidade onde o egoísmo pode ser substituído no segundo seguinte por solidariedade. Em Macapá, capital do estado do Amapá, visualizar essas pessoas levando arte para as ruas é algo cada vez mais comum. As manifestações dos artistas nesses espaços podem ser consideradas verdadeiros espetáculos ao ar livre, além de interferir na paisagem da cidade e na rotina da população, leva à intervenção visual e faz com que o público exercite um olhar diferenciado, eliminando o olhar viciante das paisagens já inseridas no cotidiano. O artista não é apenas o autor em sua prática é um trabalhador que usa sua arte como alternativa para seu sustento e de sua família, e dessa forma promover para as pessoas acesso à vida desses artistas não somente para expor sua arte, como, também, promovendo reflexão com a possibilidade de conhecer o modo de vida desses artistas. Observa-se que eles sofrem com a repressão pela prática de sua arte nas ruas e espaços públicos da cidade, bem como a dificuldade dos artistas de viverem exclusivamente do seu trabalho nas ruas 2

sem nenhum apoio ou patrocínio e a constante desvalorização de sua arte. Vale argumentar que os artistas de rua são patrimônio da sociedade, e prestam um valoroso trabalho ao contribuir para a melhoria da qualidade do ambiente comumente estressante das cidades. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS O ponto de partida da reportagem especial foi a escolha do assunto a ser abordado, nessa etapa levou-se em consideração a familiaridade dos alunos com o tema, tendo em vista que um deles é músico e conhece alguns artistas que expõem sua arte nas ruas, seguindo as etapas: da preparação de pauta ou proposta, passando pela pesquisa com coleta de informação e entrevistas com as fontes que precisariam ser ouvidas e finalmente a edição. O processo também perpassa pelas teorias do Jornalismo e do gênero Documentário, que são necessárias para que as demandas sejam atendidas de maneira coerente com o que um documentário pode proporcionar para quem está assistindo. De acordo com Souza (2001, p. 265-266): Os manuais de produção dos filmes documentários consultados são semelhantes ao afirmar a importância da pesquisa preliminar e a organização do roteiro; há uma rigidez maior em se determinar as fases e a duração de cada fase do trabalho, nos documentários produzidos em estruturas de emissoras de televisão (...). As fases da realização documentária são semelhantes às fases de qualquer produção audiovisual, pois no documentário ao se elaborar o roteiro, a movimentação e os planos são previamente definidos, embora possam sofrer alterações no decorrer da gravação. As informações sobre os entrevistados foram apresentadas de forma cuidadosa e com objetividade. Os autores Alfredo Eurico Vizeu e João Carlos Correia, em A Sociedade do Telejornalismo (2008) confirmam que o enfoque nos detalhes básicos deve ser a grande preocupação do telejornalismo. As informações essenciais não podem ser suprimidas. As noticias devem trazer detalhes básicos para que possam ser compreendidas. As várias faces de um acontecimento devem ser apresentadas. Na construção da noticia é preciso estar sempre atento para que aspectos da realidade não sejam ocultados nem silenciados (VIZEU e CORREIA, pág. 16. 2008). 3

A escolha das fontes que estariam inclusas no trabalho e o processo de apuração foram desafiadores, pois os artistas de rua não possuem um dia fixo nem horário de expediente. Em dias de chuva, esta que é notoriamente frequente na região, eles não costumam trabalhar por questões práticas. Tendo isso em vista, basta andar nas ruas e se surpreender com uma apresentação de prender a atenção ao ar livre. O ingresso a esse espetáculo é um sorriso e uma salva de palmas. As gravações do documentário ocorreram durante os meses de setembro e outubro de 2014, com visitas a vários pontos da cidade de Macapá e locais onde estavam hospedados os artistas de rua. Em um primeiro momento, o produto final seria uma reportagem para televisão, no entanto, com a diversidade de material audiovisual captado ocorreu a ampliação do foco no formato do produto. O processo de edição ocorreu durante todo o mês de dezembro. Foram realizadas várias edições, com o material bruto, até que fosse alcançado o objetivo. Souza (2001) salienta que, na etapa de produção, é realizada a execução do planejamento. Nesta etapa, os depoimentos são gravados com a utilização dos recursos técnicos como, por exemplo, a câmera de vídeo, microfone, tripé e também elementos da gramática televisiva. A última etapa é o processo de edição, na qual é necessário o roteiro técnico (PUCCINI, 2008), posto que dessa forma o processo de escolha das imagens e sonoras torna-se mais fácil e rápido, tendo na peça o principal já previamente definido. Souza (2001) completa que os recursos da edição nos documentários podem ser utilizados com mais liberdade. DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO Na apresentação da reportagem a humanização da notícia é amplamente defendida por autores da área da comunicação. Sobre o tema humanização da informação, Schmtiz (2011, p.16) afirma que noticiar com a frieza da objetividade torna o conteúdo superficial e sem apelo. Por isso, o jornalismo recorre ao conhecimento das fontes, para aprofundar a apuração e humanizar a notícia. 4

Os processos utilizados na produção da reportagem se deram a partir da observação da chegada de muitos artistas de rua vindos de vários países vizinhos (Chile, Argentina, Venezuela, Bolívia e outros), um fato incomum na cidade. O primeiro contato foi no local de trabalho dos artistas, ou seja, a rua. Recebido de forma calorosa explicamos o objetivo da reportagem colocando suas histórias como fio condutor do filme, assim abordando sobre a jornada deles até a cidade de Macapá. Apesar dos artistas estarem de passagem pela cidade, eles se hospedaram na Casa Fora do Eixo Amapá, que recebe artistas de rua que viajam pela América do Sul. A CAFE como é conhecida o local, já recebe artistas de rua desde 2013 com o projeto Hospeda Cultura que tem objetivo de realizar intercâmbio entre os artistas e freqüentadores da casa. Antes de iniciar as gravações foi acordado em pré-produção junto com os artistas para realizar o roteiro a partir do cotidiano deles vivido na cidade. Alem desse acompanhamento diário dos artistas, houve vários diálogos para entender a jornada dos personagens e que experiências estavam adquirindo. As primeiras conversas possibilitaram uma abertura mais espontânea para gravar os depoimentos. Junto com os personagens marcamos um dia especifico para registrar primeiro o cotidiano. Neste, para conseguir imagens mais inusitadas, entregamos uma câmera para os artistas para que eles mesmos fizessem o registro para ter uma percepção mais realista. Além do registro feito pelos artistas, os acompanhamos com outra câmera para possibilitar mais opção de imagens para a pós-produção. O roteiro se resumia no trajeto dos artistas da CAFE até no centro onde trabalhavam nos sinais ou semáforos. A primeira personagem apresentada, Catalina Gomez (Chile), desde o inicio estava animada para falar de sua experiência, de forma que captamos seu depoimento na CAFE e constituiu em bem mais que uma entrevista, foi uma longa conversa. O Mauricio Oliva (Chile), por sua vez, na primeira oportunidade, tentamos fazer usar a mesma estratégia adotada na gravação com Catalina, mas ele demonstrou pouco à vontade, muito preso ainda. Isso gerou ainda mais diálogos com ele para que tomasse mais intimidade com a câmera. Então, foi decidido que ele iria falar no centro da cidade, durante o trabalho, o que ocorreu muito bem quando começamos a rodar o filme. No seu ambiente natural de trabalho, ele ficou mais 5

espontâneo e tivemos um bom resultado na estética do documentário. O terceiro personagem, Javier Machetti (Argentina), que aparece apenas em segundo plano devido seu sotaque ainda não ser de fácil entendimento, mas que ajudou a completar a história do casal de chilenos. CONSIDERAÇÕES O trabalho elaborado para a disciplina de Oficina de Produção em TV foi bastante produtivo para uma realização profissional, com a experiência de conhecer histórias de outras pessoas e registrar através de um documentário com uma abordagem ou olhar autoral. O documentário também serviu como registro e visibilidade de um trabalho que muitas vezes passa despercebido pela sociedade, mostrando que esses personagens sempre têm histórias interessantes para contar. Como eles, com sua arte e histórias, contribuem para a humanização dos centros urbanos, locais normalmente plenos de stress, neste caso em uma cidade especial, onde o homem vive a experiência urbana no meio da floresta. Este mini-documentário, com o material registrado, servirá ainda para uma próxima pesquisa, mais aprofunda, sobre pessoas que vivem da arte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JESPERS, Jean-Jacques - Jornalismo Televisivo. 1ª ed., Coimbra, Minerva, 1998 KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os Elementos do Jornalismo: o que os jornalistas devem saber e o público exigir. São Paulo, 2003. LABAKI, Amir. Introdução ao Documentário Brasileiro. São Paulo: Francis, 2006. LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2006. LAGE, Nilson. Linguagem jornalística. 8. ed. São Paulo: Ática, 2007. LINS, Consuelo; MESQUITA, Claudia. Filmar o real: sobre o documentário brasileiro contemporâneo. São Paulo: Jorge Zahar Editor, 2008. 94p NICHOLS, Bill. Introdução ao Documentário; tradução Mônica Saddy Martins Campinas, SP: Papirus, 2005 (Coleção campo magnético). PUCCINI, Sergio. Roteiro de Documentário: Da pré-produção à pós-produção. Campinas, SP: Papirus, 2008. 6

SCHMTIZ, Aldo Antonio. Fontes de notícias: ações e estratégias das fontes no jornalismo. 1 ed. Florianópolis: Combook, 2011. SOUZA, Hélio Augusto Godoy de. Documentário, realidade e semiose: os sistemas audiovisuais como fontes de conhecimento. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2001. TEIXEIRA, Francisco Elinaldo. DOCUMENTÁRIO NO BRASIL: Tradição e Transformação. São Paulo: Summus Editorial, 2004. VIZEU, A.E.; CORREIA, J.C. A construção do real no telejornalismo. In:. A Sociedade do Telejornalismo. 1ªEd. São Paulo: Editora Vozes, 2008. cap. 1, p.11-26 7