DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DO AR DE GOIÂNIA-GO



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DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DO AR DE GOIÂNIA-GO Márcia Regina Freiberg 1 Antonio Pasqualetto 2 Universidade Católica de Goiás Departamento de Engenharia Engenharia Ambiental Av. Universitária, Nº 1440 Setor Universitário Fone (62)3227-1351. CEP: 74605-010 Goiânia - GO. Resumo Analisar a qualidade do ar da cidade de Goiânia entre os anos de 2000 e 2008, nos meses de maio a outubro, sendo feita a partir de concentrações de material particulado realizados em dois pontos de amostragem (Terminal Izidória e Praça do Trabalhador). Comparando-os com dados de precipitação pluviométrica, temperatura, população, crescimento da frota veicular e número de queimadas. Como padrão adotou-se os valores da resolução nº 003 do CONAMA. Conclui-se que destaque maior deve ser dado ao Terminal Izidória e medidas de gestão devem ser utilizadas para melhorar a qualidade do ar de Goiânia. Palavras-chave: Goiânia, qualidade do ar, meio ambiente Abstract: It analyses the quality of the air in Goiania-GO in 2000 through 2008, may trough october. It is being done from concentrations of material particulate that came about in two points of sampling (Terminal Izidoria and Praca do Trabalhador) comparing them to datum of rain fall precipitation, temperature, inhabitants and increasing in number of cars and burnedover lands. As model, it took as basis the values of CONAMA resolution nº 003. Concluding, prominences have to be done to the Terminal Izidoria which needs some actions to improve the quality of the air in Goiania-GO. Key-words: Goiânia, air quality, environmental 1 Acadêmico(a) do curso de Engª Ambiental da Universidade Católica de Goiás. (marciafrg@hotmail.com) 2 Orientador Profº Dep. Eng. Universidade Católica de Goiás - UCG e Cefet Goiás. (pasqualetto@ucg.br)

2 1. INTRODUÇÃO Atualmente, há no mundo inteiro uma necessidade crescente de ações efetivas para obtenção de melhoria na qualidade do ar ambiente, principalmente nos centros urbanos. A poluição do ar tornou-se um dos fatores que mais fortemente afetam a qualidade de vida da população, uma vez que ocasiona prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente em geral (ALVARES JUNIOR et. al. 2002, p.131). A tendência rápida e contínua de urbanização observada no Brasil desde o inicio da década de 1960, associada à necessidade crônica de sistemas adequados de transporte de massa e o aumento da motorização individual, tem conduzido ao caos urbano (DERÍSIO, 2007). São três as principais fontes antropogênicas de poluição do ar: o uso da energia, as emissões dos veículos e a produção industrial. Todas elas tendem a expandir-se com o crescimento econômico, a não ser que se adotem medidas eficazes de combate à poluição. (LEGGETT, 1992). O crescimento acelerado de Goiânia tem agravado a qualidade do ar da cidade. Tendo plena consciência da importância do monitoramento da qualidade do ar a Agência Goiana de Meio Ambiente (AGMA) o faz desde o ano de 1999. São monitorados os níveis de material particulado (MP) em dois locais da cidade. As fontes geradoras de poluição atmosféricas, principalmente de MP são carros, indústrias, queimadas, incineração de resíduos e ressuspensão de poeiras (AGMA, 2007). Segundo o Banco Mundial (2002) os veículos automotores geram mais poluição atmosférica do que qualquer outra atividade humana. A legislação tem ficado mais restrita e os carros novos estão emitindo concentrações menores de gases poluentes e material particulado. De acordo com o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE, 2008, p. 22) as emissões por veículos leves, por exemplo, diminuíram em média 90% até 2001 em relação aos carros de 1985. Apesar de as emissões terem decaído ao longo desses anos surgiu um novo fator para agravar a poluição do ar em grandes centros urbanos, este fator é o crescimento da frota veicular que tem cada vez mais intensificado e seu adensamento nas cidades. Conforme apresentado pela Agência Goiana de Meio Ambiente (AGMA, 2007, p. 7) a frota de veículos em transito de Goiânia é umas das maiores frotas do país e de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (DETRAN - GO, 2008) existem 821.780 veículos no ano de 2008 na cidade. Outros fatores como a localização geográfica da cidade, a ocorrência de

queimadas, incineração de resíduos e a baixa precipitação no período seco podem agravar a qualidade do ar e trazer maiores transtornos à população. Tendo em vista o rápido crescimento da cidade, de sua frota de veículos e outras fontes é que justifica-se a avaliação da qualidade do ar da cidade de Goiânia, assim a população poderá ter consciência da qualidade do ar que vem respirando. O objetivo deste trabalho é o de avaliar durante o período de 2000 a 2008, entre os meses de maio a outubro, os resultados dos níveis de poluição do ar, através das concentrações de MP, da cidade de Goiânia. Os níveis de poluição serão correlacionados com dados de precipitação pluviométrica, temperatura, população, crescimento da frota veicular e número de queimadas. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. AR, POLUENTES E FONTES O ar constitui a camada da atmosfera que fica em contato com a superfície da Terra. Sendo essa camada chamada de troposfera (Figura 1) e sua espessura é de 12 km. O ar que respiramos é composto, em massa, basicamente por 78% de Nitrogênio, 21% de Oxigênio, 0,97% de gases nobres (He, Xe, Ar, Rn e outros), 0,03% de Gás Carbônico (BRANCO, 2001). Figura 1: Camadas da Atmosfera Fonte: Colégio São Francisco Todos esses gases presentes na atmosfera têm uma função importante no equilíbrio do planeta e na existência de vida. Contudo, a poluição do ar inicia-se quando há alteração de suas características físicas e químicas, e esta refere-se aos efeitos que os elementos poluentes produzem nos ambientes. Existem dois tipos de poluição: o acréscimo de substâncias a ambientes onde já estão presentes naturalmente em baixas quantidades

(poluentes quantitativos) e aquele composto por materiais estranhos ao ambiente onde são lançados (poluentes qualitativos) (GIANSANTI, 2001). Os poluentes podem, de acordo com informações da Companhia de Tecnologia Ambiental de São Paulo (CETESB, 2008), ser classificados de duas formas quanto a qualidade do ar: - poluentes primários: que são aqueles emitidos diretamente pelas fontes de emissão; - poluentes secundários: que são os formados na atmosfera através da reação química entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera. As substâncias usualmente consideradas poluentes do ar podem ser classificadas, de acordo com Derísio (2000), da seguinte forma: - compostos de enxofre (SO 2, SO 3, H 2 S, sulfatos); - compostos de Nitrogênio (NO, NO 2, NH 3, HNO 3, nitratos); - compostos Orgânicos de carbono (hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas e ácidos orgânicos.); - monóxido de carbono e dióxido de carbono; - compostos halogenados (HCL, HF, cloretos, fluoretos); - material particulado (mistura de compostos no estado sólido ou líquido) Existe ainda o grupo de poluentes que servem como indicadores da qualidade do ar, adotados universalmente e que foram escolhidos em razão da freqüência de ocorrência e de seus efeitos adversos, os quais podem ser: Dióxido de enxofre monóxido de carbono (CO), ozônio (O 3 ), hidrocarbonetos, óxido de nitrogênio e material particulado (MP) (CETESB, 2008). Sendo este último o que daremos mais ênfase neste trabalho, pois, os relatórios de qualidade do ar de Goiânia relatam somente a concentração de material particulado no ar de Goiânia e em dois pontos de amostragem. A denominação de material particulado, segundo Alvares Junior et. al. (2002, p. 38), encontra-se em uma classe de poluentes constituída de poeiras, neblina, aerossóis, fumaça, fuligem e todo tipo de material sólido e líquido que, devido ao seu pequeno tamanho, se mantém suspenso na atmosfera. A liberação de MP resulta da combustão das frações mais complexas de hidrocarbonetos em condições de insuficiência de oxigênio e de tempo de queima adequada. Como informado pela a CETESB quanto menor o tamanho das partículas maior serão seus danos. Podem ser divididas em partículas totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis (MP 10 ), e fumaça (FMC). Partículas Totais em Suspensão (PTS): podem ser definidas de maneira simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 50 µm. Uma parte destas 4

partículas é inalável e pode causar problemas à saúde, outra parte pode afetar desfavoravelmente a qualidade de vida da população, interferindo nas condições estéticas do ambiente e prejudicando as atividades normais da comunidade. Partículas Inaláveis (MP10): podem ser definidas de maneira simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10 µm. As partículas inaláveis podem ainda serem classificadas como partículas inaláveis finas MP2,5 (<2,5µm) e partículas inaláveis grossas (2,5 a 10µm). As partículas finas, devido ao seu tamanho diminuto, podem atingir os alvéolos pulmonares, já as grossas ficam retidas na parte superior do sistema respiratório. Fumaça (FMC): está associada ao material particulado suspenso na atmosfera proveniente dos processos de combustão. O método de determinação da fumaça é baseado na medida de refletância da luz que incide na poeira (coletada em um filtro), o que confere a este parâmetro a característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem na atmosfera. As fontes emissoras desses poluentes e de origem antropogênica são as mais variadas: os veículos, especialmente os movidos à diesel, que emitem as agressivas e incômodas fuligens -, as chaminés industriais, as usinas térmicas a carvão, as queimadas e os processos de incineração em geral (ALVARES JUNIOR et. al., 2002). Segundo o Relatório do Greenpeace os veículos automotores geram mais poluição atmosférica que qualquer outra atividade. A emissão de gases poluentes por veículos automotores efetiva-se por veículos de porte leve e de porte pesado. Os de porte leve costumam ser movidos à gasolina, álcool e gás natural. Já os pesados normalmente utilizam óleo diesel como combustível. Todos esses combustíveis liberam gases, vapores e material particulado durante o processo de combustão. Portanto, todos emitem gases poluentes, a diferença esta na quantidade de gases liberados na combustão de cada tipo de combustível. (PROCONVE, 2004) Conforme Alvares Junior et al (2002, p. 309) os principais poluentes emitidos pelos veículos à diesel são material particulado e os óxidos de nitrogênio. E estes poluentes representam atualmente a maior prioridade dos pesquisadores e autoridades ambientais, e seu controle nos centros urbanos é uma necessidade. A temperatura tem importante significado na dispersão de poluentes, conforme Álvares Junior et. al. apresenta (2002, p. 55), A melhor condição é a que a atmosfera se encontre instável, ou seja, a parcela de ar está mais quente que a atmosfera ao seu entorno, fazendo assim com que o ar poluído ascende mais facilmente. Outro fator importante na dispersão dos poluentes é a precipitação em forma de chuvas, sendo seu principal efeito, de acordo com Álvares Junior et. al. (2002, p.69), é a remoção de material particulado e dos gases solúveis em água que são incorporados às gotas e 5

se depositam na superfície. Outro agravante da qualidade do ar de Goiânia são as queimadas que ocorrem no período de seca, o qual varia entre os meses de maio a setembro. Entretanto existem outros fatores que podem colaborar ou não com a dispersão dos poluentes, como por exemplo, as chuvas, posição geográfica, ventos e outros. 6 2.2 ASPECTOS LEGAIS Sabendo da problemática gerada pela poluição do ar foi que sempre houve uma preocupação estabelecer meios legais de controle desta poluição. A primeira citação deste direito está na Constituição Federativa da Republica do Brasil (1988) artigo 25 onde diz que todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (MEDAUAR, 2007). Considerando o alto crescimento da frota veicular e suas emissões foi que o governo tem se preocupado com esta questão. Há alguns anos que vem sendo regulamentada a questão das emissões desses gases, como por exemplo, a lei nº. 8.723, de 28 de outubro de 1993 que dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos automotores. Após esta lei vieram outras resoluções com a finalidade de restringir ainda mais as emissões por veículos automotores, sendo que essas restrições vão sendo feitas de acordo com as tecnologias disponíveis. Dentre as resoluções que regulamentam estas questões podemos citar: resolução 342 (CONAMA, 2003) dispõe sobre novos limites para emissão de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e veículos similares novos em observância à resolução 297 (CONAMA, 2002); resolução 354 (CONAMA, 2004) dispõe sobre os requisitos para adoção de sistemas de diagnose a bordo (OBD) nos veículos automotores leves objetivando preservar a funcionalidade dos sistemas de controle de emissão; resolução 291 (CONAMA, 2001) regulamenta os conjuntos de componentes dos Sistemas de Gás Natural para instalação em veículos. Sendo este ultimo interessante, pois passa a ser utilizado nos veículos combustíveis alternativos e que emitam uma quantidade menor de gases. É vasta a legislação quanto ao controle de emissões veiculares, onde todas estão ligadas ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores PROCONVE (2004) e o Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares PROMOT (2004). O PROCONVE/PROMOT (2004) foi baseado na experiência internacional e tem como principal meta a redução da contaminação atmosférica das fontes móveis (veículos automotores), através da fixação dos limites máximos de emissão, induzindo o

desenvolvimento tecnológico dos fabricantes e estabelecendo exigências tecnológicas para veículos, cuja comprovação é feita através de ensaios padronizados. A certificação de protótipo/projeto e o acompanhamento estatístico em veículos de produção também fazem parte da estratégia de controle. Antes do programa, a emissão média de monóxido de carbono de um veículo era de 54 g/km, hoje essa emissão é 0,7 g/km. Mesmo com o significativo aumento da frota brasileira de veículos automotores, estes resultados fizeram com que se tivessem condições de exercer um melhor controle sobre a poluição atmosférica, garantindo a qualidade do ar nas grandes cidades brasileiras. O estado de Goiás instituiu no ano de 2004 o Plano de Controle de Poluição por Veículos em Uso (PCPV). Este programa fará o controle de emissão de gases poluentes e ruídos emitidos pela frota de veículos circulantes no estado de Goiás, inventário das emissões veiculares e programa de educação ambiental (SEMARH, 2004). A Resolução CONAMA nº 003 de 28 de junho de 1990 (MMA, 1990) estabelece que: 7 I - Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. II - Padrões Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Parágrafo Único - Os padrões de qualidade do ar serão o objetivo a ser atingido mediante à estratégia de controle fixada pelos padrões de emissão e deverão orientar a elaboração de Planos Regionais de Controle de Poluição do Ar. Art. 3º - Ficam estabelecidos os seguintes Padrões de Qualidade do Ar: I - Partículas Totais em Suspensão a) Padrão Primário 1 - concentração média geométrica anual de 80 (oitenta) microgramas por metro cúbico de ar. 2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 240 (duzentos e quarenta) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. b) Padrão Secundário 1 - concentração média geométrica anual de 60 (sessenta) micro gramas por metro cúbico de ar. 2 - concentração média de 24 (vinte e quatro) horas de 150 (cento e cinqüenta) microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. Na esfera estadual tem a Lei nº 8.544 (AGMA, 1978) que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente e de acordo com seu art. 2º: Art. 2º - Considera-se poluição do meio ambiente a presença, o lançamento ou a liberação nas águas, no ar ou no solo, de toda e qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade, em quantidade de concentração ou com características em desacordo com as que forem estabelecidas em lei, ou que tornem ou possam tornar as águas, o ar ou o solo: I - impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde; II - inconvenientes ao bem-estar público; III - danosos aos materiais, à fauna e à flora;

IV - prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. 8 Quanto às queimadas existem também meios legais que proíbem ou regulamentam seu uso como o Código florestal, Lei nº 4.771 de 1965, onde fica estabelecido no art. 27 que é proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação. Sendo mencionado no parágrafo único que se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução (BRASIL, 1965). Ou seja, é proibido realizar queimadas de forma indiscriminada da maneira como ocorre no estado durante o período da seca, as quais muitas vezes iniciam com um cigarro, queimadas de resíduos domésticos ou até mesmo falta de conscientização. Tendo em vista os meios legais que controlam a qualidade do ar e sua fiscalização foi que o estado de Goiás criou um controle da qualidade do ar, o qual se baseia na Resolução CONAMA nº 003 de 28 de junho de 1990. 3. METODOLOGIA Este trabalho aborda análise da qualidade do ar da cidade de Goiânia entre os anos de 2000 e 2008, nos meses de maio a outubro. Os dados de crescimento populacional neste período foram coletados na Superintendência de Pesquisa e Informação (SEPIN) da Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás (SEPLAN). As planilhas de temperaturas médias máximas e mínimas da cidade de Goiânia no período de interesse da pesquisa foram fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os relatórios de precipitação pela Universidade Federal de Goiás (UFG). As planilhas de queimadas na cidade de Goiânia e região metropolitana, que ocorreram de 2000 a 2008, foram coletadas junto ao Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás (CBMGO). Já os relatórios mensais sobre o crescimento da frota veicular na Gerência de Estatística do Departamento Estadual de Goiás (DETRAN-GO). Por fim, os Relatórios de Qualidade do Ar de Goiânia realizados anualmente pela AGMA, referentes aos anos de 2000 a 2008 entre os meses de maio e outubro. Existem 3 (três) pontos de amostragem na cidade, Praça do Trabalhador, Terminal Izidória e Praça Cívica, sendo este último desconsiderado pois a estação encontra-se com problemas de manutenção. A AGMA realiza amostragens de partículas totais em suspensão (PTS) de acordo com a Associação Brasileira de Norma Técnicas - Normativas brasileiras (ABNT NBR 9547/86). O equipamento de coleta utilizado é o Amostrador de Grandes Volumes, HI-VOL.

A concentração de PTS foi obtida determinando a massa do material coletado e relacionando com o volume de ar amostrado (µg/m³), conforme o método proposto pela Environmental Protection Agency (EPA) (AGMA, 2007). 9 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na Figura 2 é apresentado o crescimento populacional da cidade de Goiânia no intervalo de 2000 a 2008. Este crescimento se deu de forma contínua, sendo que neste período de 8 (oito) anos a cidade passou de 1.093.007 habitantes em 2000 para 1.265.394 habitantes em agosto de 2008. Uma média de 21.550 habitantes acrescidos por ano (SEPLAN, 2008). Segundo Pasqualetto (2001) no planejamento de Goiânia não foi levado em conta a possibilidade de um crescimento tão rápido. Com 68 anos atingiu nível de metrópole. Figura 2:Crescimento Populacional de Goiânia 2000 2008. Fonte: SEPIN (2008). Na Figura 3 estão demonstradas respectivamente as temperaturas médias máximas anuais e temperaturas médias mínimas anuais. Não foi possível a coleta de dados referentes aos anos de 2007 e 2008. Nota-se que os anos de 2002, 2003, 2005 e 2006 se destacaram como os anos de temperatura média máxima e média mínima mais elevada. a) b) Figura 3: a): Temperaturas médias mínimas de Goiânia 2000 2006. b) Temperaturas médias máximas de Goiânia 2000 2006. Fonte: INMET (2006). Para auxiliar nas análises os dados de precipitação pluviométrica, entre os meses de maio e outubro de 200 a 2007, foram inseridos neste trabalho (Figura 4 a 7). Pois, segundo Álvares Junior a ocorrência de chuva é a responsável pela remoção de material particulado e

gases solúveis em água que se incorporam as gotas e depositam na superfície, além de impedir que haja ressuspensão de poeira. a) b) 10 Figura 4: a): Precipitação em Goiânia 2000. b): Precipitação em Goiânia - 2001. Fonte: Universidade Federal de Goiás (2008). a) b) Figura 5: a): Precipitação em Goiânia 2002. b): Precipitação em Goiânia 2003. Fonte: Universidade Federal de Goiás (2008). a) b) Figura 6: a): Precipitação em Goiânia 2004. b)- Precipitação em Goiânia - 2005. Fonte: Universidade Federal de Goiás (2008). a) b) Figura 7: a): Precipitação em Goiânia 2006. b): Precipitação em Goiânia 2007. Fonte: Universidade Federal de Goiás (2008).

Os meses predominantemente mais secos são junho, julho e agosto. Sendo que em alguns anos os meses de maio e setembro apresentaram pouco ou nenhum caso de precipitações pluviométricas. As queimadas têm influência nas concentrações de MP na época de seca na região de Goiânia. Portanto fez-se coleta do número de focos de incêndios nesta época para os anos de 2000 a 2008, a qual se observa nas Figuras 8a e 8b. Ressalta-se a ausência de dados referentes ao ano de 2000, 2002, 2007 e 2008. A Figura 8a apresenta o ano em que houve o menor número de ocorrências de incêndios durante o período, e foi também neste mesmo ano em que houve o maior volume de precipitação durante o mesmo período (Figura 4b). a) b) 11 Figura 8: a): Incêndios na região Metropolitana de Goiânia - 2001. b): Incêndios na região Metropolitana de Goiânia - 2003. Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás (2008). a) b) Figura 9: a): Incêndios na região Metropolitana de Goiânia 2004. b): Incêndios na região Metropolitana de Goiânia 2005. Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás (2008) Figura 10: Incêndios na região Metropolitana de Goiânia 2006. Fonte: Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás (2008).

Outro contribuinte da poluição atmosférica são os veículos. Por isso, foram obtidos junto ao DETRAN-GO os dados do crescimento da frota veicular total, e por tipo de combustível, que podem ser observados nas Figuras 11,12 e 13. 12 Figura 11: Frota Veicular de Goiânia 2000-2008. Fonte: DETRAN GO (2008). O crescimento da frota veicular em Goiânia se dá de maneira contínua, nota-se um crescimento gradual, tendo um aumento a partir de 2005. Dentro do período de análise o número de veículos em 2000 era de 572.846 passando para 821.780 em 2008 (Figura 11). Um acréscimo de 248.934 veículos no trânsito de Goiânia, uma média de 31.115 veículos a mais por ano (DETRAN, 2008). Existe ainda a influência de veículos flutuantes, ou seja, pessoas que moram em outras cidades e trabalham em Goiânia ou até mesmo os que estão a passeio e utilizam veículos próprios. Contudo não é somente a quantidade que está em circulação que influencia na qualidade do ar, mas também o tipo de combustível utilizado por estes veículos. A Figura 12 mostra nitidamente a predominância do uso de veículos à Gasolina, nota-se também crescimento dos bicombustíveis a partir do ano de 2005 até 2008 com um total de 108.034 veículos, o que em apenas cinco anos corresponde a 13,15% do total de veículos, totalizando uma média de 36.000 veículos a mais por ano (DETRAN,2008). Figura 12: Frota Veicular de Goiânia tipos de combustíveis 2000-2008. Fonte: DETRAN-GO (2008).

A Figura 13 mostra detalhadamente o uso dos combustíveis, exceto a gasolina. O uso do álcool sofreu um decréscimo durante esses oito anos, os combustíveis determinados como outros tiveram um pico no ano de 2004 a 2005, sofrendo em seguida um decréscimo e possível estabilização. O diesel maior responsável pela emissão de MP e principalmente quando os motores estão desregulados ou com sobrealimentação do veículo pela violação do lacre (ALVARES JUNIOR, 2002). O uso deste combustível vem crescendo gradualmente desde 2000, houve um acréscimo neste período de 10.442 veículos, o total correspondendo a 8,5% do total da frota. Os veículos movidos a gás natural ainda não possuem quantidade representativas na cidade. 13 Figura 13: Frota Veicular de Goiânia tipos de combustíveis 2000-2008. Fonte: DETRAN GO (2008). Após coletar e compilar todos estes dados apresenta-se os níveis de poluição em Goiânia, os quais foram fornecidos através de relatórios da AGMA. Os dados são do período de maio à outubro. Nos anos de 2004 e 2005 não houveram amostragens devido a falhas nos equipamentos, portando não existem relatórios referentes há estes anos. Há de se observar que não há monitoramento continuo entre os meses de maio e outubro em nenhum ano. Na Figura 14 estão representados graficamente os níveis de MP para o ano de 2000 no Terminal Izidória somente, não tendo iniciado as medições na Praça do Trabalhador. Não houve dias em que o limite máximo diário estabelecido pelo CONAMA tenha sido ultrapassado. As duas leituras em que os níveis ultrapassam o permitido foram em dias de calibração do equipamento, portanto prefere-se descartar os dados da análise, pois, nota-se que após a calibração houve decréscimo brusco nas leituras e estabilidade de dados. Em 2008 não foram apresentados dados referentes aos incêndios e queimadas. As precipitações no mês de julho foram ausentes e em agosto 38,2 mm de chuva no final do mês.

14 FIgura14: Concentrações de Material Particulado em Goiânia - 2000 Fonte: AGMA (2008). No ano de 2001 (Figura 15) iniciou se as medições na Praça do Trabalhador, o qual não apresentou níveis muito elevados de MP. Ao contrário do Terminal Izidória que chegou em alguns dias bem próximo do limite máximo estabelecido pelo CONAMA. Nota-se que houve considerável volume de precipitação nos meses de maio, setembro e outubro (Figura 4-b) e no período em que as chuvas foram baixas ou nulas, julho e agosto, houve um pico nas concentrações de MP. O número de incêndios nesta época foi baixo em relação aos demais anos (Figura 8-a). Figura 15: Concentrações de Material Particulado em Goiânia - 2001 Fonte: AGMA (2008). O ano de 2002 (Figura 16) também apresentou dias em que o limite máximo diário estabelecido pelo CONAMA foi ultrapassado, porém quatro dos seis dias em que o limite foi ultrapassado os aparelhos estavam em manutenção. Nota-se neste ano que os niveis de MP no Terminal Izidória apresentaram-se sempre próximos do limite máximo diário e ultrapassando-o por duas vezes. Na praça do trabalhador houveram alguns dias no inicio do mês de julho e final do mês de agosto em que a concentração de MP esteve perto do limite. É importante ressaltar que quando as linhas de concentrações de MP são falhas nas figuras, é que não foram realizadas medições naquele período. No ano de 2002 não houve dados

atualizados sobre o número de incêndios. Na Figura 5-a percebe-se que não houve chuva nos meses de julho e agosto, meses que os níveis de MP foram elevados. Quando inicia-se as chuvas, setembro, há um declínio do indice de MP tanto no Terminal Izidória quanto na Praça do Trabalhador. 15 Figura 16: Concentrações de Material Particulado em Goiânia - 2002 Fonte: AGMA (2008). Ao analisar a Figura 17, nota que no ano de 2003 o período de amostragem foi curto. No mês de setembro houve dias críticos na qualidade do ar nos dois locais de monitoramento. O terminal Izidória obteve-se cinco dias em que se ultrapassou o limite máximo diário de 240 µg/m³, já na Praça do trabalhador é a primeira vez que esse limite é ultrapassado (três dias críticos). O mês de setembro apresentou baixo volume de precipitação, figura 5-b, somente 30,8 mm e obteve-se um número razoável de ocorrências de incêndios (161 ocorrências), Figura 8-b. Figura 17: Concentrações de Material Particulado em Goiânia - 2003. Fonte: AGMA (2008). No ano de 2006 (Figura18), quando se iniciou novamente o monitoramento da qualidade do ar na cidade de Goiânia, o período de amostragem não foi o mesmo do último

ano (2003). As amostragens foram realizadas do inicio ao final de agosto para a Praça do Trabalhador e do final de agosto até meados de setembro para o Terminal Izidória. As medições realizadas em agosto, Praça do trabalhador, não ultrapassaram o limite de 240 µg/m³ diário. Foi um mês de baixíssimo volume de precipitações (1,6 mm) (figura 7-a) e em relação as queimadas foi um mês que se obteve um alto número de ocorrências de incêndios (220 ocorrências), ver Figura 10. Contudo os níveis de MP, que chegaram ao máximo em 150 µg/m³ na Praça do Trabalhador em agosto, não foram tão elevados como no mês de setembro para o Terminal Izidória, onde se alcançou 224 µg/m³. O mês de setembro teve decréscimo de ocorrências de incêndios, passando de 220 em agosto para 139 em setembro, entretanto há o período longo de estiagem que facilita a ressuspensão de poeiras da superfície. 16 Figura 18: Concentrações de Material Particulado em Goiânia - 2006. Fonte: AGMA (2008). Até o presente momento o Terminal Izidória sempre apresentou concentrações de MP mais elevadas do que a Praça do Trabalhador. Atenção maior deve ser dada ao ponto de amostragem do Terminal Izidória, pois o amostrador está instalado próximo a uma estação de ônibus. Observa-se que grande parte da frota de ônibus utilizada neste período é antiga, o que torna mais propicio a ocorrência motores desregulados e conseqüentemente maior emissão de MP. Outro fator contribuinte é o fato do amostrador estar instalado próximo a um semáforo, o que aumenta a emissão de gases poluentes e MP naquele local, não havendo dispersão dos poluentes, pois o amostrador fica com contato quase que direto com os escapamentos dos veículos. Em 2007 (Figura 19) o período de amostragem foi maior, sendo que na Praça do Trabalhador houve medições do final agosto a meados de outubro e no Terminal Izidória houve medições de setembro a meados de outubro. Neste ano, no Terminal Izidória, teve o maior número de dias amostrados em que se ultrapassou o limite de 240 µg/m³ diário, foram oito dias críticos no mês de setembro chegando a alcançar concentrações de 300, 324 e 333

µg/m³ (Figura 19). Na Praça do Trabalhador os valores estiveram sempre próximos ao limite (221, 222, 224 µg/m³) e teve um dia em setembro que se alcançou o limite máximo diário, não o ultrapassando nenhum dia. No ano de 2007 não houve precipitações pluviométricas no mês de setembro e em agosto somente (16,3 mm) (figura 7-b), iniciando em outubro um considerável número e volume de precipitações (91,4 mm). 17 Figura 19: Concentrações de Material Particulado em Goiânia 2007. Fonte: AGMA (2008). Os dados obtidos referentes ao ano de 2008 (Figura 20) foram coletados em setembro na AGMA, que libera um relatório parcial sobre a situação da qualidade do ar em Goiânia neste mês. Neste ano houveram somente 6 amostragens no Terminal Izidória, no período do final de junho e inicio de julho. Já na Praça do Trabalhador as amostragens foram realizadas, com espaçamentos, entre junho e agosto. Não foram coletados dados referentes a precipitações e ocorrências de incêndios neste período do ano de 2008. É interessante observar na Figura 20, que pela primeira vez durante o período a Praça do Trabalhador apresentou concentrações de material particulado igual ou superior que o Terminal Izidória. O que não significa que as concentrações de MP tenham aumentado na Praça do Trabalhador, pois neste ano os níveis chegaram 200 e 230 µg/m³ (próximo ao limite), em 2003 o limite máximo diário foi ultrapassado e em 2207 teve-se valores próximos e no limite. Contudo, mesmo que tenha ocorrido anos mais críticos na Praça do Trabalhador em nenhum ano a Praça foi superior ou igual ao Terminal Izidória. Poderia se dizer que o Terminal Izidória sofreu decréscimo nas suas concentrações devido a renovação da frota de ônibus na cidade, porém é difícil de se afirmar isto tendo em vista que foram realizadas somente 6 amostragens no local. Para isso deveria haver leituras continuas e diárias durante os seis meses críticos, pois assim pode-se fazer melhor análise.

18 Figura 20: Concentrações de Material Particulado em Goiânia - 2007 Fonte: AGMA (2008). Ao se analisar as medições diárias de concentrações de MP no Terminal Izidória e na Praça do Trabalhador durante o período, percebe-se que alguns anos obtiveram dias que ultrapassaram o limite máximo diário estabelecido pela Resolução nº003 de 1990 do CONAMA. Os anos que obtiveram dias críticos foram 2002, 2003 e 2007. Contudo o ano de 2002 deve ser desconsiderado, pois os dias em que se ultrapassou o limite foram dias em que os aparelhos estavam em manutenção, observando que logo após houve uma queda nas concentrações (Figura 16). Os níveis de material particulado também podem ser avaliados de acordo com as médias geométricas anuais, as quais não devem ultrapassar o limite de 80 µg/m³. Entretanto, não são realizadas amostragens durante todo ano para se fazer essa análise e sim somente durante o período crítico de qualidade do ar que é o período de seca. Em todos em todos os anos as médias do Terminal Izidória se apresentaram mais elevadas em comparação as da Praça do Trabalhador, Figura 21. Contudo, não existem padrões para médias do período, e sim somente limites máximos diários e de médias anuais. Pode-se avaliar os anos em que se ultrapassou o limite máximo diário, o qual não deve ultrapassar mais do que uma vez, e a evolução das concentrações de MP nos dois pontos de amostragem. Observa-se o crescimento acelerado da frota veicular em geral e do uso crescente de combustíveis como diesel, que dentre os combustíveis é o que mais emite MP. Apesar de haver esse aumento da frota gradativamente, nota-se na Figura 21 que as concentrações médias de MP não acompanharam esse crescimento. Isso pode ser explicado pelo fato das concentrações amostradas dependerem de fatores de dispersão como precipitação pluviométrica, temperatura e posição geográfica.

19 Figura 21: Concentrações médias do período de MP. Fonte: AGMA (2008). Apesar de não haver em todos os anos dados referentes aos mesmos meses, percebe-se nitidamente que as concentrações de MP são mais elevadas sempre em julho e agosto e menos freqüente, mas não menos importante em junho e setembro. Logo, faz-se relação entre os níveis de MP mais elevados aos meses de estiagem durante o período. 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Com as analises realizadas, foi possível perceber que os anos críticos em relação à qualidade do ar foram 2002, 2003 e 2007. O ponto de amostragem que se demonstrou mais crítico durante o período de análise foi o Terminal Izidória. Recomenda-se a aquisição de novos equipamentos e enfatiza-se necessidade de realizar amostragens durante todo o período crítico. Maior número de pontos de amostragem devem ser dispostos na cidade de Goiânia e nas demais cidades do estado também, pois assim pode-se analisar a qualidade do ar do estado e por micro-regiões. É preciso que se façam as análises em conjunto aos fatores que influenciam na dispersão de poluentes, como a precipitação, ventos, temperatura e outros. Somente em um ano foi que se utilizaram esses dados no relatório da AGMA. Medidas para diminuir o crescimento acelerado da frota veicular de Goiânia também devem ser tomadas. Medidas essas como melhorias efetivas no transporte público, implantação de ciclovias e outros que se julgarem necessários. Outro fator agravante da qualidade do ar nesta época de seca é o número de incêndios na região. A fiscalização deve se tornar mais rigorosa, com penalidades sobre os infratores. Além de todas essas medidas administrativas, jurídicas e de infra-estrutura há a necessidade de implantação de um programa de educação efetivo. Ainda são poucos os recursos sendo investidos neste segmento, sendo que a educação da população é sem dúvida um passo para melhorar muitas

das situações. O processo de educação faz com que as pessoas entendam o processo que agrava a qualidade do ar e suas conseqüências sobre a população em geral. 20 6. REFERÊNCIAS Agência Goiana de Meio Ambiente. Gerência de Monitoramento Ambiental - AGMA-. Relatório da Qualidade do Ar, Região de Goiânia 2000. Goiânia-GO, 2000. Agência Goiana de Meio Ambiente. Gerência de Monitoramento Ambiental - AGMA. Relatório da Qualidade do Ar, Região de Goiânia 2001. Goiânia-GO, 2001. Agência Goiana de Meio Ambiente. Gerência de Monitoramento Ambiental - AGMA. Relatório da Qualidade do Ar, Região de Goiânia 2002. Goiânia-GO, 2002. Agência Goiana de Meio Ambiente. Gerência de Monitoramento Ambiental - AGMA. Relatório da Qualidade do Ar, Região de Goiânia 2003. Goiânia-GO, 2003. Agência Goiana de Meio Ambiente. Gerência de Monitoramento Ambiental AGMA. Relatório da Qualidade do Ar, Região de Goiânia 2006. Goiânia-GO, 2006. Agência Goiana de Meio Ambiente. Gerência de Monitoramento Ambiental - AGMA. Relatório da Qualidade do Ar, Região de Goiânia 2007. Goiânia-GO, 2007. Agência Goiana de Meio Ambiente. Gerência de Monitoramento Ambiental - AGMA. Relatório da Qualidade do Ar, Região de Goiânia 2008. Goiânia-GO, 2008. Agência Goiana de Meio Ambiente - AGMA. Lei estadual nº 8544, de 17 de outubro de 1978.Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente. Disponível em: http://www3.agenciaambiental.go.gov.br/site/legislacao/01_legis_estad_8544.php. Acesso em: 15 de setembro de 2008 às 15h35mim. ALVARES JUNIOR et al. Emissões Atmosféricas. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI. Brasília DN, 2002. 373p. BRANCO, Samuel Murgel. MURGEL, Eduardo. Poluição do Ar. Coleção Polêmica. Editora Moderna. Companhia de Saneamento Ambiental de São Paulo - CETESB. Ar, Emissões Veiculares, PROCONVE. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/emissoes/proconve3.asp.>. Acesso em: 10 de maio de 2008. Colégio São Francisco. Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/meioambiente-atmosfera/camadas-da-atmosfera.php>. Acesso em: 15 de maio de 2008. Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás - CBMGO. Banco de dados de incêndios em Goiânia 2000-2006. Goiânia GO, 2008. Departamento Estadual de Trânsito de Goiás - DETRAN GO. Sistema de Estatística. Banco de dados de veículos, incluídos por tipologia e combustíveis, mensal dos anos de 2000-2008. Goiânia GO, 2008.

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