UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA Curso de Pós-Graduação em Agronomia Disciplina: Sistemas Agrários de Produção e Desenvolvimento Sustentável ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL Prof. Antonio Lázaro Sant Ana (UNESP Ilha Solteira) Junho de 2016
CATEGORIAS DE ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO RURAL CADEIA PRODUTIVA: Esta noção nos estudos socioeconômicos trata do processo de subordinação e incorporação da agricultura nas esferas industriais à montante (indústrias de máquinas e insumos) e à jusante (agroindústrias e distribuidores); Na pesquisa agropecuária e extensão rural a idéia de cadeia produtiva busca identificar possíveis gargalos tecnológicos e organizacionais passíveis de intervenção por parte destas instituições.
CADEIA PRODUTIVA: A ênfase neste caso é dada às relações verticais que se estabelecem entre os agentes situados em diferentes pontos da cadeia produtiva; Permite visualizar os encadeamentos na adoção de inovações tecnológicas na fase agrícola, no aumento da produção e produtividade, na geração de emprego agrícola e industrial, o que é compatível com a ideia de desenvolvimento agroindustrial (Modelo Exógeno de Desenvolvimento).
A NOÇÃO DE CLUSTER OU ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS Com desenvolvimento das cadeias produtivas ocorre uma certa especialização e terceirização das atividades técnicoprodutivas, o que torna mais complexa as relações entre os diversos atores e instituições, podendo levar à constituição de um cluster ou arranjo produtivo local em um determinado território; Enquanto a noção de cadeia ressalta as relações assimétricas entre os atores e a predominância de uma quase integração vertical, a noção de cluster enfatiza a possibilidade de cooperação entre empresas e instituições concorrentes;
A NOÇÃO DE CLUSTER Os clusters consistem em uma concentração setorial e/ou geográfica de empresas em atividades diretamente relacionadas, com importantes e cumulativas economias externas - de aglomeração e especialização e com fortes ligações entre si, visando a busca da eficiência coletiva. Na maioria dos casos organizam-se a partir de uma ou duas empresas líderes.
REDES DE DESENVOLVIMENTO RURAL O QUE SÃO REDES SOCIAIS? são as formas de organização das relações sociais e econômicas de atores coletivos em determinados setores e/ou territórios. cada ator coletivo forma um nó e suas relações com os demais atores constitui a malha da rede; é uma categoria de análise e uma prática social que visa superar dicotomias, enfatizando que a compreensão da relação entre dois atores, deve ser buscada a partir do conjunto de suas relações sociais, econômicas e políticas.
REDES DE DESENVOLVIMENTO RURAL A noção de redes permite: entender as relações sociais entre os agentes locais e entre estes e os não locais, o que é um aspecto é mais importante do que pertencer ou não a um dado território; integrar os estudos econômicos com a análise dos processos sociais e assim superar a preocupação do desenvolvimento endógeno / exógeno;
REDES DE DESENVOLVIMENTO RURAL A noção de redes permite: identificar as diferentes e contraditórias trajetórias das forças da globalização que emergem no âmbito local, algumas favorecendo a homogeneização e outras aprofundando a diferenciação entre os espaços locais; a análise de redes seria adequada tanto para a construção de estratégias de desenvolvimento rural como para sua interpretação.
TIPOS DE REDES VERTICAIS: refere-se à forma como a agricultura é incorporada em processos mais amplos de produção, transformação, distribuição e consumo de alimentos e matérias primas, dentro de uma abordagem setorial do desenvolvimento; inclui atores hierarquizados em termos de poder econômico e político (grandes empresas agroindustriais; agricultores familiares; assalariados das agroindústrias; prestadores de serviços; etc.); análise das redes verticais tem mostrado que as cadeias de commodities cada vez mais são dominadas pelos grandes atores industriais e, recentemente, pela grande distribuição alimentar; utiliza a noção de redes técnico-econômicas que combina a análise de atores humanos e não-humanos.
REDES HORIZONTAIS: Refere-se à forma como os atores de determinados setores econômicos ou sociais envolvem-se em processos mais amplos de produção, transformação, distribuição e consumo, e em lutas sociais e políticas dentro de uma abordagem territorial do desenvolvimento; são formadas por atores coletivos que não apresentam grande diferenciação em termos de poder econômico e antagonismos políticos; constituindo teias de relações mais horizontalizadas; têm sido abordadas a partir da noção de redes sociais de inovação e de aprendizagem, incluindo estratégias de fortalecimento de atividades agrícola e não agrícolas; tais redes seriam mais facilmente construídas em áreas que conservaram uma estrutura industrial flexível, baseada em um grande número de pequenas unidades de produção.
RELAÇÃO ENTRE TIPOS DE REGIÃO E REDES Regiões em que predominam cadeias de commodities específicas: Padrões de produção estandardizados; Estratégias competitivas baseadas na especialização e em economias de escala; Presença de grandes empresas voltadas para a produção globalizada; Questão chave: acompanhar as inovações tecnológicas, geradas, no geral, fora da região.
Regiões em que predomina a produção diversificada: As estratégias competitivas baseiam-se na produção diversificada e nas economias de escopo; Presença de pequenas e médias empresas do setor agrícola e não agrícola; Questão chave: produção continuada de inovações, devido a sua capacidade de aprendizagem nos territórios regionais. Regiões marginalizadas: Estas regiões não possuem redes especializadas de produção e nem produção diversificada ligada a relações horizontalizadas de inovação e aprendizagem.
Os autores que trabalham com a noção de rede enfatizam que esta sugere não apenas um modelo de desenvolvimento rural. Portanto, o reconhecimento de que há diferentes tipos de redes interagindo de distintas maneiras com um conjunto de condições pré-existentes implica que as estratégias de desenvolvimento (adotadas por agências e governos) necessitam se ajustar às diferentes áreas rurais.
Esta apresentação baseou-se em: MIOR, L. C. Agricultores familiares, agroindústrias e território: a dinâmica das redes de desenvolvimento rural no Oeste Catarinense. Florianópolis, 2003. 315p. Tese (Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas Sociedade e Meio Ambiente) Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina.