AULA DE INFORMATIVOS PENAIS. 11 de março de 2018 STJ. 1. Revisão da Tese 157 (Recurso Repetitivo)

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Transcrição:

AULA DE INFORMATIVOS PENAIS 11 de março de 2018 STJ 1. Revisão da Tese 157 (Recurso Repetitivo) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. Crimes Tributários Aplica-se se o valor devido for inferior a R$20mil (Tributos federais) Maioria aplica se o valor devido for inferior a R$20Mil (3ª Seção) Apropriação indébita previdenciária (art.168- A) e Estelionato Previdenciário (art. 173, 3º) Não se aplica (maioria) Tem aplicado Contrabando Não se aplica Não se aplica Descaminho Aplica-se se o valor devido for inferior a R$20mil Aplica-se se o valor devido for inferior a R$20mil, conforme NOVO entendimento da 3ª Seção.

Obs. Reiteração afasta insignificância STJ INFOMATIVO 618 2. SÚMULA N. 604: Mandado de Segurança e Efeito Suspensivo O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. Terceira Seção, aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018. Exemplo: O juiz concede liberdade provisória a José. O recurso cabível ao MP para combater essa decisão seria o RESE (Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: V- que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante). A solução muitas vezes adotada pelo Ministério Público para tentar manter a prisão é a impetração de mandado de segurança pleiteando a imposição do mencionado efeito. O STJ, no entanto, firmou a tese de que o mandado de segurança não pode ser impetrado com esse propósito. STJ INFOMATIVO 618 3. Medida Cauterlar e Agente Diplomático A cautelar fixada de proibição para que agente diplomático acusado de homicídio se ausente do país sem autorização judicial não é adequada na hipótese em que o Estado de origem do réu tenha renunciado à imunidade de jurisdição cognitiva, mas mantenha a competência para o cumprimento de eventual pena criminal a ele imposta (STJ, 6a turma, RHC 87.825-ES, DJe 14/12/2017)

Imunidade diplomática A imunidade diplomática é uma prerrogativa que garante imunidade penal para crimes de qualquer natureza, praticados no Brasil. O agente diplomático responde pelas leis de seu país de origem. Essa imunidade é garantida pela Convenção de Viena, aprovado pelo Decreto legislativo 103/1964. Quem está abrangido por essa garantia? Veja o quadro:

ESTÁ ABRANGIDO Chefe de governo ou de Estado estrangeiro + família + comitiva NÃO ESTÁ ABRANGIDO Crimes cometidos dentro da embaixada estrangeira no Brasil por pessoa sem imunidade Embaixador + família Funcionários particulares das embaixadas e consulados Funcionários estrangeiros de corpo diplomático + família Funcionários das organizações internacionais (ONU, OEA etc.). Cônsul (crimes funcionais) A imunidade é renunciável? Sim, mas somente pelo Estado ou país, nunca pela pessoa do agente diplomático. A polícia pode investigar o crime? Sim. Mas o Delegado não pode indiciar o imunizado. Ele também não é obrigado a servir como testemunha (Convenção de Viena). Como esse tema foi cobrado Somente mediante expressa manifestação pode o agente diplomático renunciar à imunidade diplomática, porquanto o instituto constitui causa pessoal de exclusão da pena (Delegado de Polícia/PCBA/2013). 1 É correto afirmar que é isento de pena a esposa que pratica crime de furto qualificado com emprego de chave falsa contra seu marido na constância do casamento, gozando esta de imunidade penal absoluta (Promotor de Justiça/MPSC/2014). 2 STF 1 Gabarito errado. 2 Gabarito: correto.

1. Prazo decadencial e direito de representação A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem e revogou a liminar anteriormente deferida em habeas corpus que postulava a extinção de processo criminal com base essencialmente na alegação de desconsideração do prazo decadencial do direito de representação em crime de atentado violento ao pudor [CP, art. 214 (1)] (Informativo 878). No caso, a denúncia do paciente foi realizada em 2012, quando já estava em vigor a Lei 12.015/2009, que alterou o disposto no art. 225 do Código Penal (2), e mais de cinco anos após a ocorrência do delito. A Turma asseverou que as instâncias ordinárias concluíram que o crime foi praticado mediante violência real. Incide, portanto, o Enunciado 608 da Súmula do STF (3), mesmo após o advento da Lei 12.015/2009. Com efeito, rejeitou a alegação de decadência ao fundamento de que a ação penal é pública incondicionada, na linha do que decidido no HC 102.683/RS (DJe de 7.2.2011). Vencido o ministro Marco Aurélio (relator), que deferiu a ordem para declarar extinto o processo ante a decadência. (1) Código Penal: Art. 214 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: (...) (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009). (2) Código Penal: Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. (3) Enunciado 608 da Súmula do STF: No crime de estupro, praticado 2. mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada". HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 27.2.2018. (HC-125360) 2. Gestantes e mães presas preventivamente e habeas corpus coletivo A Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem em habeas corpus coletivo, impetrado em favor de todas as mulheres presas preventivamente

que ostentem a condição de gestantes, de puérperas ou de mães de crianças sob sua responsabilidade. Determinou a substituição da prisão preventiva pela domiciliar sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP (1) de todas as mulheres presas, gestantes, puérperas, ou mães de crianças e deficientes sob sua guarda, nos termos do art. 2º do ECA (2) e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto Legislativo 186/2008 e Lei 13.146/2015), relacionadas nesse processo pelo DEPEN e outras autoridades estaduais, enquanto perdurar tal condição, excetuados os casos de crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício. Estendeu a ordem, de ofício, às demais mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e de pessoas com deficiência, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em idêntica situação no território nacional, observadas as restrições previstas acima. Quando a detida for tecnicamente reincidente, o juiz deverá proceder em atenção às circunstâncias do caso concreto, mas sempre tendo por norte os princípios e as regras acima enunciadas, observando, ademais, a diretriz de excepcionalidade da prisão. Se o juiz entender que a prisão domiciliar se mostra inviável ou inadequada em determinadas situações, poderá substituíla por medidas alternativas arroladas no já mencionado art. 319 do CPP. Para apurar a situação de guardiã dos filhos da mulher presa, dever-se-á dar credibilidade à palavra da mãe. Faculta-se ao juiz, sem prejuízo de cumprir, desde logo, a presente determinação, requisitar a elaboração de laudo social para eventual reanálise do benefício. Caso se constate a suspensão ou destituição do poder familiar por outros motivos que não a prisão, a presente ordem não se aplicará.