PROPOTA DE REFORMA CURRICULAR DA LICENCIATURA EM ENGENHARIA DO TERRITÓRIO 1. Engenharia do Território Definição A Engenharia do Território é um perfil de formação superior, com forte predomínio do espaço-território, enquanto suporte ao exercício e prática da Engenharia, em que se analisa e avalia a natureza e consequências do processo da sua transformação, no quadro dos princípios, valores e desígnios que a sociedade impõe e se desenvolvem soluções racionais e adequadas para benefício do Homem, em justo equilíbrio com o seu meio natural. 2. Engenheiro do Território Competências Com base na definição anteriormente apresentada, o Engenheiro do Território é um técnico superior que se considera dever reunir um conjunto vasto de competências, ligadas por um lado à prática da engenharia (isto é, à intervenção pro-activa sobre objectos materiais) e por outro à percepção e avaliação de sistemas complexos com componentes significativas do domínio da natureza e do domínio da sociedade e suas instituições. Desejavelmente, qualquer licenciado com uma boa formação de base pode evoluir e alargar o seu leque de competências depois de sair da Universidade, tirando partido quer da experiência profissional que vai ganhando, quer de contactos com outros colegas, quer ainda de acções de formação contínua em que participe. É por esta via que muitos profissionais que desempenham hoje funções que se considera serem de intervenção preferencial dos Engenheiros do Território, têm conseguido adquirir o espectro alargado de competências que se pretende oferecer a estes técnicos, a partir de uma outra formação superior. A grande vantagem dos Engenheiros do Território deve consistir em que já saiam da Universidade com essas competências, enquanto os outros só ao longo da sua vida profissional as adquirirão. Assim, os Engenheiros do Território deverão ser formados por forma a rapidamente adquirirem uma capacidade integradora de conhecimentos fundamentais, que interessam ao ordenamento, planeamento e gestão das transformações no território, baseada num pragmatismo fortemente sustentado no conhecimento das ciências matemáticas e naturais, com grande sustentação científica. Nesta perspectiva, os Engenheiros do Território, quando comparados com os Engenheiros Civis (ramo PTG) devem possuir capacidades analíticas e metodológicas equivalentes no que se refere a: 1
assunção e gestão da responsabilidade de projectar e intervir (no domínio do planeamento e da gestão) capacidade de projecto e acompanhamento de obras no domínio das infraestruturas de transportes, de abastecimento de águas e saneamento. organização e gestão de trabalhos e de equipas No entanto, os Engenheiros do Território, quando comparados com aqueles engenheiros deverão ter formação acrescida, adequada à capacidade integradora de conhecimentos que se pretende que disponham, nomeadamente nos domínios de: Ecologia e Paisagem ociologia e Psicologia ocial Dinâmica da ocupação e estruturação do Território Direito do Urbanismo, Teoria e Prática da Administração Pública Representação Geográfica Desenho Urbano O Engenheiro do Território, quando comparado com algumas outras formações concorrentes, nomeadamente geógrafos, urbanistas, e licenciados em Planeamento Regional e Urbano, devem apresentar capacidade acrescida nos seguintes desempenhos: Formulação de problemas complexos Princípios da modelação matemática de sistemas territoriais e de transportes e da exploração desses modelos Avaliação quantitativa de sistemas nas suas vertentes funcionais e / ou económica Por outro lado, em relação a qualquer destas formações concorrentes, deve dominar melhor os seguintes domínios de conhecimento: Economia regional (com base quantitativa) Gestão de Processos e Equipas ; Teoria e Prática da Participação, Negociação e Contratualização 3. Estruturação Curricular A proposta de estruturação do curriculum da Licenciatura em Engenharia do Território baseia-se naturalmente na análise de competências que se pretende para os licenciados, apresentada anteriormente. Admitiu-se genericamente que o conjunto de disciplinas deveria ser estruturado em dois grandes grupos: Disciplinas Formativas (relacionadas com as ciências básicas); Disciplinas Aplicacionais 2
As Disciplinas Formativas deverão estar inseridas nos primeiros anos do curso, e as disciplinas aplicacionais nos últimos. No domínio da Disciplinas Formativas, e tendo em atenção a capacidade integradora de conhecimentos que se pretende para estes técnicos, foram identificadas as seguintes Áreas que o curriculum deverá cobrir: Ciências Básicas Gerais; Ciências Básicas do Espaço Físico; Gestão; ociedade; Engenharia Civil; No domínio da Disciplinas Aplicacionais, e tendo em atenção as competências que se pretende para estes técnicos, foram identificadas as seguintes Áreas que o curriculum deverá cobrir: Aplicações da Engenharia Civil; Aplicações sobre o Ordenamento do Território; Aplicações sobre a Administração e Gestão. Aplicando esta estrutura ao actual conjunto de disciplinas obrigatórias da licenciatura (excluindo o projecto final de curso 2 disciplinas semestrais), o resultado que se obtém está apresentado no Quadro I Curriculum Actual. De referir que ao curriculum apresentado nesse quadro acrescem 4 disciplinas de opção. Da análise desse quadro resultam claras as seguintes conclusões: a) Existe uma lacuna grave no curso no que se refere à ociologia e Psicologia ocial, ao Desenho Urbano e ao Paisagismo; b) É notória a lacuna no domínio dos métodos numéricos de cálculo; c) É notória igualmente a ausência de uma formação específica obrigatória no domínio da Gestão de Tráfego Rodoviário d) O peso da Área das Aplicações sobre a Administração e Gestão é manifestamente insuficiente; e) Os nomes a atribuir às três disciplinas de Planeamento Regional e Urbano deverão reflectir o conteúdo das disciplinas; 3
Quadro I - Curriculum Actual Disciplinas Formativas Disciplinas Aplicacionais Área Ciências Básicas Gerais Ciências Básicas do Espaço Físico Gestão ociedade Engenharia Civil Aplicações da Engenharia Civil Aplicações sobre o Ordenamento do Território Aplicações sobre a Administração e Gestão Disciplinas Álgebra Linear Análise Matemática I Análise Matemática II Análise Matemática III Desenho I Desenho II Programação Física I Física II Química Probabilidades e Estatística Introdução à Engenharia do Território História da Ocupação e Ordenamento do Território Topografia Representação Geográfica Geografia Física Arquitectura Ecologia Ambiente e Território Investigação Operacional Gestão e Teoria da Decisão Geografia Humana Economia I Economia II Direito Mineralogia e Geologia Mecânica Estrutural Geotecnia Recursos Hídricos Mecânica de Fluidos e Hidráulica Materiais de Construção Transportes Planeamento Regional e Urbano I aneamento I Arruamentos Urbanos Vias de Comunicação Planeamento Regional e Urbano II Planeamento Regional e Urbano III Estudos de Impacte Ambiental Equipamentos Regionais e Urbanos Administração Pública e Gestão Municipal 4
4 Curriculum Proposto No sentido de dar resposta ao resultado da análise sobre o curriculum actual, propõe-se que: a) ejam criadas as disciplinas de Desenho Urbano e de ociologia e Psicologia ocial; b) A disciplina de Ecologia passa a designar-se por Ecologia e Paisagem; c) No sentido de fortalecer a Área de Aplicações sobre a Administração e Gestão, sejam criadas as disciplinas de Gestão de Processos e Equipas, e a de Monitorização e Controlo de Planos e Projectos, e que a disciplina de Gestão Urbanística passe a obrigatória, Por outro lado a disciplina de Administração Pública e Gestão Municipal será retirada. d) As três disciplinas de Planeamento Regional e Urbano passem a designar-se, respectivamente, por: Teoria do Planeamento, Planos de Ordenamento do Território e Planeamento Regional. e) As disciplinas de Análise Numérica e Gestão de Tráfego Rodoviário passem a fazer parte do conjunto das disciplinas obrigatórias. No sentido de manter uma carga lectiva compatível com a os 5 anos do curso considerase que: a) O Projecto Final de curso deve ficar contido apenas em um semestre devendo ser dimensionado nesse contexto; b) Uma cobertura adequada de matérias até agora incluídas na disciplina de História da Ocupação e do Ordenamento do Território pode ser conseguida incluída na disciplina de Introdução à Engenharia do Território; c) É eliminada a disciplina de Ambiente e Território, entendendo-se a problemática do ambiente é transversal a todas as disciplinas e nelas deve ser incorporada; d) È eliminada a disciplina de Economia II que presentemente tem um conteúdo não relevante para o curso; e) É eliminada a disciplina de Equipamentos Regionais e Urbanos sendo o seu conteúdo actual transferido para a disciplina de Planos de Ordenamento do Território; f) Em vez das 4 disciplinas de opção os alunos deverão escolher apenas três de entre as que são oferecidas nas licenciaturas de Engenharia Civil (perfil de PTG) ou nos mestrados em Urbanística e Gestão do Território, em Transportes, em Investigação Operacional e Engenharia de istemas ou ainda em istemas de Informação Geográfica.... No Quadro II Curriculum Proposto, apresenta-se a configuração proposta para o curriculum do curso. 5
Quadro II - Curriculum Proposto Disciplinas Formativas Disciplinas Aplicacionais Área Ciências Básicas Gerais Ciências Básicas do Espaço Físico Gestão ociedade Engenharia Civil Aplicações da Engenharia Civil Aplicações sobre o Ordenamento do Território Aplicações sobre a Administração e Gestão Disciplinas Álgebra Linear Análise Matemática I Análise Matemática II Análise Matemática III Desenho Técnico I Desenho Técnico II Programação e Bases de Dados Física I Física II Química Probabilidades e Estatística Análise Numérica Introdução à Engenharia do Território Topografia Representação Geográfica Geografia Física Arquitectura Ecologia e Paisagismo Investigação Operacional Gestão e Teoria da Decisão Geografia Humana Economia Direito ociologia e Psicologia ocial Mineralogia e Geologia Mecânica Estrutural Geotecnia Hidrologia e Recursos Hídricos Hidráulica Materiais de Construção Transportes Teoria do Planeamento aneamento I Arruamentos Urbanos Vias de Comunicação Gestão de Tráfego Rodoviário Planos de Ordenamento do Território Planeamento Regional Estudos de Impacte Ambiental Desenho Urbano Gestão de Processos e Equipas Gestão Urbanística Monitorização no Processo de Planeamento 6
No Quadro III Plano de Estudos, apresenta-se o Plano de Estudo do Curso, já organizado por anos e semestres, procurando-se o máximo de comunalidade com o curso de Engenharia Civil. Quadro III Plano de Estudos Ano emestre Disciplina Comum com Civil Álgebra Linear Análise Matemática I Desenho Técnico I 1 Programação e Bases de Dados Química 1 Introdução à Engenharia do Território Análise Matemática II Desenho Técnico II 2 Física I Análise Numérica Topografia Análise Matemática III Física II 1 Probabilidades e Estatística Representação Geográfica Geografia Física 2 Geografia Humana Arquitectura 2 Ecologia e Paisagismo Investigação Operacional Mineralogia e Geologia Gestão e Teoria da Decisão Hidráulica (com Minas) 1 Economia Mecânica Estrutural (com Minas) Materiais de Construção I 3 ociologia e Psicologia ocial Geotecnia 2 Direito Teoria do Planeamento (com Arquitectura) Arruamentos Urbanos Transportes Hidrologia e Recursos Hídricos 1 Planos de Ordenamento do Território (com Arquitectura) Estudos de Impacte Ambiental (com Arquitectura) Desenho Urbano 4 aneamento I Vias de Comunicação Gestão de Tráfego Rodoviário 2 Planeamento Regional Monitorização no Processo de Planeamento Gestão de Processos e Equipas 5 1 Gestão Urbanística 3 Opções ou com mestrados 2 Trabalho final de curso 7
Do quadro anterior resulta que, com esta proposta, se aumenta de 19 para 26 as disciplinas obrigatórias da Licenciatura em Engenharia do Território que são comuns com a Engenharia Civil. Por outro lado, ainda das disciplinas obrigatórias, 2 são comuns com o Curso de Minas, e 3 com a Licenciatura em Arquitectura. Por outro lado, todas as disciplinas de opção correspondem a disciplinas que são oferecidas em outras licenciaturas ou mestrados do Departamento. Assim, as disciplinas específicas desta licenciatura são apenas de 12, acrescidas do Trabalho Final de Curso. Esta situação corresponde, como é evidente, a um ganho significativo na eficiência da actividade lectiva, dado o número de ingressos previsto para esta licenciatura (20). Com base neste número de ingressos, que a curto/médio prazo tenderá em nosso entender a aumentar, estima-se que a população geral em primeira inscrição na Licenciatura em Engenharia do Território seja da ordem dos 80 alunos. Assumindo o rácio padrão para Engenharia Civil de 10,8 alunos por docente, chegaríamos a um número de docentes de 7,4 para esta licenciatura. Por outro lado, o número de docentes necessários para as 12 disciplinas de Território é de 6. Assim, se considerarmos que os alunos de Território quando integrados em outras turmas de outras licenciaturas poderão não implicar a necessidade de contratação de novos docentes, esta nova estrutura curricular não deverá provocar uma deterioração nos rácios do Departamento 8