A IMPORTÂNCIA DA CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL DOS MANIPULADORES DOS ESTABELECIMENTOS ALIMENTÍCIOS - UM ESTUDO NO MUNICÍPIO DE IVAIPORÃ/PR



Documentos relacionados
Boas Práticas de Fabricação

Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA REITORIA ANEXO I. PROJETO DE

LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS EM UM RESTAURANTE POPULAR DE TERESINA-PI

AVALIAÇÕES DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DA PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO EM UM EVENTO COMERCIAL

APPCC e a Indústria Alimentícia Prof. MSc. Alberto T. França Filho

CHECK - LIST - ISO 9001:2000

QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DA MERENDA ESCOLAR OFERECIDA NO MUNICÍPIO DE LONDRINA, PR

Guia de Boas Práticas

ANAIS 2010 ISSN IMPLANTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM EMPRESAS DO RAMO ALIMENTÍCIO

UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS SANEANTES EM DOMICÍLIOS DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA (RS)¹.

Profª Drª Rita Akutsu

O FOCO DA QUALIDADE NOS PROCESSOS DE TERCEIRIZAÇÃO

ANEXO VII: NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS ( )

BOAS PRÁTICAS EM SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO: Segurança ao Cliente, Sucesso ao seu Negócio!

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO. Portaria Nº 40, de 20 de janeiro de 1997

7º Simpósio de Ensino de Graduação PLANO APPCC PARA O PROCESSO DE OBTENÇÃO DO RAVIÓLI DE CARNE CONGELADO

PROJETO DE REDUÇÃO DOS RESÍDUOS INFECTANTES NAS UTI S DO HOSPITAL ESTADUAL DE DIADEMA

A SECRETARIA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais, e

O que faz um Responsável Técnico em Restaurantes comerciais

PAC 01. Manutenção das Instalações e Equipamentos Industriais

Comida de Rua: segurança alimentar e critérios de fiscalização sanitária. Andréa Barbosa Boanova

6 CURSO DE CONTROLE DE QUALIDADE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

ADEQUAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO JUNTO AOS MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE GOIÂNIA - GO.

PORTARIA N 40, DE 20 DE JANEIRO DE 1997

REVISTA SAÚDE TRABALHAR COM TRABALHAR COM A POR ONDE COMEÇAR? 29/9/2010 SETEMBRO DE 2010 UFSM UFSM. PPHO na Indústria de Laticínios

(HOJE É FEITO POR PETICIONAMENTO ELETRÔNICO NO SITE DA ANVISA)

Manual de Apoio a Consultas ao Portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA

Tania Pich Gerente Geral de Saneantes - ANVISA

1.1. Nutricionista Entrevistado(a) CRN- Estatutário [ ] Celetista [ ] Contratado [ ] Concursado Celetista [ ] Outro [ ] CRN- RT / QT

ESTUDO DA APLICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS NAS CANTINAS DE ALIMENTAÇÃO DO CAMPUS I DA UFPB

Sistemas de Gestão Ambiental O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004

PROJETO DE LEI Nº, DE 2011

POLÍTICA DE SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE E SAÚDE (SMS) Sustentabilidade

POLÍTICA DE DESCARTE DE MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA ENSINO DO SAS

ISO 9001:2008. Alterações e Adições da nova versão

CONDIÇÕES DE RECEBIMENTO DE CARNES EM RESTAURANTE COMERCIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA (RS) 1

Vigilância Sanitária de Alimentos. Ana Valéria de Almeida Carli Médica Veterinária Coordenadora do SIM-CURITIBA e Vigilância Sanitária de Alimentos

DISTRIBUIDORA DE COSMÉTICOS

adota a seguinte Resolução de Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação:

Gestão da Qualidade Políticas. Elementos chaves da Qualidade 19/04/2009

Palestra Informativa Sistema da Qualidade NBR ISO 9001:2000

Aspectos regulatórios referentes à conservação de alimentos pelo frio

EDUCAÇÃO E SEGURANÇA ALIMENTAR NO COMÉRCIO AMBULANTE DE ALIMENTOS EM CURITIBA, PR RESUMO

Em Distribuidora de Medicamentos, Correlatos, Cosméticos e Saneantes Domissanitários.

CHECKLIST DA RDC 16/2013

AUDITORIA DE DIAGNÓSTICO

Prof. Gustavo Boudoux

Diário Oficial da União Seção 1 DOU 26 de julho de 1999

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

PALAVRAS-CHAVE: Mortalidade Infantil. Epidemiologia dos Serviços de Saúde. Causas de Morte.

PLANO DE SEGURANÇA DA ÁGUA NO BRASIL

Política de Gerenciamento de Risco Operacional

CÓPIA NÃO CONTROLADA. DOCUMENTO CONTROLADO APENAS EM FORMATO ELETRÔNICO. PSQ PROCEDIMENTO DO SISTEMA DA QUALIDADE

CHECK LIST DE AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES Divisão:

LEI Nº 740, DE 03 DE NOVEMBRO DE 2009.

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

QUESTIONÁRIO DO MERENDA ESCOLAR. MERENDA ESCOLAR Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)

ANEXO I REGULAMENTO TÉCNICO PARA O TRANSPORTE DE ALIMENTOS, MATÉRIA- PRIMA, INGREDIENTES E EMBALAGENS.

ESTUDO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ALIMENTOS COMERCIALIZADOS NA PRAIA DO PRATA PALMAS/TO

Alimentos Minimamente Processados : controle sanitário e legislação

PROGRAMA PARA CAPACITAÇÃO DE INSPETORES PARA A VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO DE PRODUTOS MÉDICOS

Controle da qualidade em uma fábrica de sorvetes de pequeno porte

RESOLUÇÃO - RDC Nº 23, DE 4 DE ABRIL DE 2012

Modelo de Plano de Ação

Reportagem Gestão de Resíduos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÃNDIA ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE CURSO TÉCNICO PRÓTESE DENTÁRIA FICHA DA SUBFUNÇÃO/COMPONENTE CURRICULAR

PORTARIA CRN-3 N. 262/2012

Cosmetovigilância. Impacto na Inspeção. Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. Maria do Carmo Lopes Severo - UINSC

RESOLUÇÃO SESA Nº 465/2013 (Publicada no Diário Oficial do Estado nº 9036, de 04/09/13)

WebSite da Vigilância Sanitária

DATA: 04/05/2015 ARENA DO CONHECIMENTO TEMA: BOAS PRÁTICAS NA MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS PALESTRANTE: NÁDYA MOLINA

CAPACITAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS NAS COZINHAS E HORTA DAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE ARARUNA PB

ANÁLISE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DAS LANCHONETES LOCALIZADAS NO PERÍMETRO DE UMA FACULDADE, EM TERESINA-PI.

Plano Escrito de Procedimentos. Monitorização Ações corretivas Verificação Registros

2. Quais os objetivos do Programa Nacional de Segurança do Paciente?

RELATÓRIO SOBRE A GESTÃO DE RISCO OPERACIONAL NO BANCO BMG

ATUAÇÃO DA ANVISA NO CONTROLE SANITÁRIO DE ALIMENTOS Previsões 2014

MANUSEIO E ARMAZENAMENTO DE ÓLEO DIESEL B ORIENTAÇÕES E PROCEDIMENTOS

SISTEMA DA QUALIDADE. Garantia da Qualidade Controle de Qualidade Rastreabilidade Não conformidade

LISTA DE VERIFICAÇAO DO SISTEMA DE GESTAO DA QUALIDADE

Desafios e Oportunidades de Melhorias no Atendimento às Demandas de PAF pela Rede Analítica de Laboratórios

CONCEITOS E APLICAÇÃO DA NORMA ISO 22000

PROJETO DE LEI Nº, DE 2005

Sistema de Gestão da Qualidade

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Orientações e Procedimentos para o Manuseio e Armazenagem de Óleo Diesel B

a) sempre que se produza uma mudança nas condições de trabalho, que possa alterar a exposição aos agentes biológicos;

RENASES LISTA 2012 V I G I L Â N C I A S A N I T Á R I A

adota a seguinte Consulta Pública e eu, Diretor Presidente, determino a sua publicação:

PALAVRAS-CHAVE: Uso Racional de Medicamentos. Erros de medicação. Conscientização.

Segurança Alimentar no Ambiente Escolar

ROTEIRO PARA COLETA DE ALIMENTO EM CASO DE SURTOS DE DOENÇAS TRANSMITIDA POR ALIMENTO DTA

PATRUS ANANIAS DE SOUZA Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

ÁGUA QUE BEBEMOS: PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO EM RELAÇÃO AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE ÁGUA MINERAL EM SERGIPE, BRASIL.

CAPACITAÇÃO EM BOAS PRÁTICAS COM MANIPULADORES DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL 1

Menu Dzetta. Alimento seguro é sempre um bom negócio! para que você atenda seus clientes com Segurança e Qualidade!

SÉRIE ISO SÉRIE ISO 14000

PROGRAMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Transcrição:

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010. A IMPORTÂNCIA DA CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL DOS MANIPULADORES DOS ESTABELECIMENTOS ALIMENTÍCIOS - UM ESTUDO NO MUNICÍPIO DE IVAIPORÃ/PR Leomara Floriano Ribeiro (UNICENTRO) leomara.ribeiro@gmail.com Eliana Janet Sanjinez Argandona (UFGD) eliana.argandona@ufgd.edu.br Hélio Cavalcanti Albuquerque Neto (UFCG) heliocnt@hotmail.com Perseu Padre de Macedo (UFCG) perseupadre@yahoo.com.br Elton Resende Martis (UFCG) resende.martins@hotmail.com Devido ao atual cenário de crescimento populacional, os estabelecimentos alimentícios necessitam prover produtos que satisfaçam a necessidade nutricional da população, garantindo alimentos saborosos e inócuos. Neste contexto, as condições hhigiênico-sanitárias afetam diretamente a qualidade dos produtos, emergindo como um fator chave na busca da sobrevivência destas empresas no atual mercado competitivo. Desenvolver programas de capacitações e treinamentos que envolvem as boas práticas de manipulação/fabricação é essencial, pois permite majorar a inocuidade dos produtos alimentícios. O presente trabalho foi desenvolvido por acadêmicos do curso de engenharia de alimentos e de engenharia de produção, tendo por objetivo inspecionar as condições de asseio das empresas do setor alimentício do município de Ivaiporã/PR, com finalidade de identificar as possíveis irregularidades existentes e capacitar os manipuladores de alimentos, conscientizando estes sobre a importância da produção de alentos seguros, assegurando um padrão de qualidade salutar para todos os consumidores. Constatou-se que os manipuladores possuem uma equalização mínima de conhecimentos sobre as práticas higiênicosanitárias, evidenciando a necessidade de aplicações de treinamentos periódicos visando à minimização de possíveis problemas de sanitação que comprometam a oferta de alimentos seguros. Palavras-chaves: Estabelecimentos alimentícios, inspeções higiênicosanitárias, boas práticas de manipulação

1. Introdução A qualidade dos alimentos é de grande importância para garantir a satisfação das necessidades nutricionais e a saúde da população. Partindo do pressuposto que o alimento, por meio dos princípios nutritivos que o integram, contribui para o crescimento e manutenção dos seres vivos, torna-se necessário que sejam inócuos e estejam em perfeitas condições de higiene para que não prejudiquem a saúde do indivíduo ou da coletividade. A higiene dos alimentos se inicia na área de produção, acompanha o processamento, a armazenagem e a distribuição do produto final ao consumidor. Considerando-se os possíveis riscos de contaminação de alimentos, na fase de distribuição, torna-se necessária à avaliação das condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos, por meio de inspeções sanitárias bem como a orientação dos manipuladores de alimentos. O controle higiênico-sanitário tanto dos estabelecimentos quanto dos manipuladores de alimentos é essencial para garantir a qualidade dos alimentos, tornando-se o principal instrumento de defesa contra os surtos de enfermidades veiculadas pelos alimentos, sendo essencial a utilização sistemática de medidas que possam garantir a segurança alimentar. Neste contexto, a inspeção ou fiscalização sanitária pode ser compreendida como a ação verificadora do cumprimento de uma norma de caráter sanitário, que se realiza mediante a inspeção do estabelecimento, das atividades desenvolvidas e do ambiente, ou seja, sobre os serviços e produtos, podendo ser de rotina, no atendimento de denúncia, na investigação epidemiológica de uma Doença Transmitida por Alimento (DTA), ou outro agravo à saúde, e ainda para libertação de documentos pertinentes à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Portanto, o objetivo do presente estudo é inspecionar as condições higiênico-sanitárias de 48 estabelecimentos alimentícios do município de Ivaiporã/PR, realizando em seguida capacitações para os manipuladores de alimentos, a fim de difundir uma consciência voltada à importância da qualidade na produção/beneficiamento dos alimentos, contribuindo para a melhoria da inocuidade dos produtos comercializados. 2. Referencial teórico 2.1 Surtos alimentares e seus principais causadores Os alimentos além de contribuírem para a manutenção dos seres vivos, também servem como substrato ideal para o crescimento de uma variedade de microrganismos e constituem-se em autênticos meios de cultura, representando assim risco para a saúde do consumidor (PANZA et al., 2006). O alimento, após seu preparo, deverá estar em bom estado, ou seja, com as propriedades sensoriais (cor, odor, aspecto e sabor) adequadas e aceitáveis pelo consumidor. Deve ainda proporcionar prevenção, manutenção e saúde fornecendo ao corpo todos os nutrientes necessários à preservação e ao desenvolvimento da vida. Entretanto, há outra condição, na qual o alimento se mostra aparentemente em bom estado, ou seja, com as propriedades sensoriais normais, mas após o consumo, ocasiona um quadro clínico característico (doença), o que denuncia a sua contaminação (SILVA JUNIOR, 2001). A contaminação dos alimentos se inicia na produção da matéria-prima e se estende às etapas de transporte, recepção, armazenamento. Durante a manipulação pode haver contaminação por condições precárias de higiene de manipuladores, equipamentos, utensílios, ambiente e 2

condições inadequadas de armazenamento dos produtos prontos para consumo. Após a etapa de preparação/industrialização, os alimentos continuam expostos à contaminação nos centros de distribuição, supermercados, restaurantes, nas mercearias e residências (ALMEIDA, 1998). Os contaminantes biológicos são a principal causa das DTA s. Essas doenças são causadas pelo consumo de alimentos contaminados com microorganismos patogênicos, toxinas microbianas ou substâncias químicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo contemporâneo, as doenças transmitidas por alimentos constituem um dos problemas sanitários mais amplamente difundidos no planeta, apesar de todo o conhecimento científico de nossos dias. As doenças transmitidas por alimentos podem dar origem a surtos. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), surto de DTA é o episódio em que duas ou mais pessoas apresentam doenças semelhantes após ingerirem alimentos e/ou água com evidência epidemiológica, ou análise laboratorial que apontam como veículos da doença (SILVA JUNIOR, 2001). A investigação de surtos consiste no recebimento de notificação da doença, identificação e interpretação dos resultados das investigações e divulgação dos mesmos. Os resultados da investigação podem indicar se os alimentos foram manipulados de forma inadequada nos estabelecimentos e se foi veículo da doença, além de verificar se alguma etapa do processamento é foco de contaminação. Com isso, pode-se identificar o real problema, porém torna-se imprescindível à divulgação dos resultados encontrados na investigação dos surtos. (PANZA et al, 2006). A maior parte das enfermidades existentes em países em desenvolvimento em que os saneamentos são deficientes é causada por bactérias, vírus, protozoários. Estes organismos causam enfermidades que variam em intensidade e vão desde gastrenterites a graves enfermidades, algumas vezes fatais. Neste aspecto, a má qualidade das matérias-primas e a ausência de asseio, representam a contaminação inicial, que pode se proliferar de acordo com perecibilidade do alimento e as condições ambientais no qual ele é exposto. Outro veículo de contaminação alimentar é a água, o abastecimento público em termos de quantidade e qualidade é uma preocupação crescente da humanidade, devido à escassez do recurso e a deterioração dos mananciais. A água quando destinada ao consumo humano deve apresentar características microbiológicas, físicas e químicas que atendam ao padrão de potabilidade estabelecido pela Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004). A água tratada deve ser monitorada por órgãos municipais (GIANOTO & BILATTO, 2005). Segundo Câmara (2006), vários são os fatores que contribuem para a emergência dessas doenças, entre os quais se destacam: o crescente aumento da população, a existência de grupos populacionais vulneráveis ou mais expostos, o processo de urbanização desordenado e a necessidade de produção de alimentos em grande escala. Contribui ainda, o deficiente controle dos órgãos públicos e privados, no tocante à qualidade dos alimentos ofertados às populações. Além disso, a mudança de hábitos alimentares tem favorecido ao consumo coletivo de fast-foods em vias públicas. Assim sendo, a higiene alimentar é fundamental para a garantia de qualidade dos produtos alimentícios e se insere em todas as operações relacionadas à manipulação de qualquer gênero alimentício e requer procedimentos apropriados no campo, na transformação, na distribuição e no consumo (HORTS & ROBERTS, 1999). 3

2.2 Segurança alimentar O termo alimento seguro significa a garantia do consumo alimentar de produtos livres de contaminantes de natureza química (agro-químicos), biológica (organismos patogênicos), física ou de outras substâncias que possam colocar em risco a saúde do consumidor. Segurança alimentar significa assegurar a inocuidade de um alimento a cada cidadão, em quantidade e qualidade necessárias para garantir uma vida saudável. Em um sistema de alimentação coletiva, a segurança refere-se à responsabilidade em relação à saúde do cliente; para isto, deve-se ter cuidados com higiene, armazenamento, preparo e distribuição dos alimentos, bem como com a contratação, o treinamento e a manutenção das pessoas que participam de todas as etapas em que o alimento percorre até chegar ao consumidor (PANZA et al, 2006). Os fatores que podem contribuir para que o alimento deixe de ser seguro, tornando-se um fator de risco para a saúde humana são: as matérias-primas contaminadas, instalações deficientes, refrigeração inadequada, manipuladores portadores de microrganismos, alimentos preparados com mais de um dia de antecedência, má higiene dos manipuladores, equipamentos mal lavados, deficiência no cozimento, contaminação por roedores, equipamentos inadequados, entre outros (FERREIRA et al., 2006). No âmbito internacional, a segurança alimentar é preconizada por organismos e entidades como a Organização para Agricultura e Alimentos (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) e no âmbito nacional, os órgãos responsáveis são os Ministérios da Saúde (MS) e o da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA) e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), (SILVA, 2006). O Ministério da Saúde é responsável pela fiscalização dos produtos alimentícios, o qual tem por atribuição o respectivo controle de segurança da qualidade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) coordena o sistema de controle nos serviços de alimentação - food service - envolvendo restaurantes, bares, lanchonetes, empresas de refeições coletivas, panificadoras, lojas de conveniência, mercearias, entre outros. Constata-se que as inspeções sanitárias sobre os estabelecimentos que produzem, manipulam ou comercializam alimentos são necessárias para garantir o consumo de produtos seguros e de qualidade e conseqüentemente a minimização das taxas de mortalidade e a melhoria da saúde da população. É indiscutível o valor das medidas preventivas a serem tomadas junto aos manipuladores de alimentos. Uma forma fácil e eficaz de fornecer conhecimentos a eles são os treinamentos ou capacitações, os quais visam, não somente à multiplicação de conhecimentos, mas também à mudança de comportamento e de atitudes (SOUZA, 2006). Sendo assim, emergem-se diversas ferramentas/programas de qualidade que visam à garantia da inocuidade na industrialização e manipulação de alimentos, tais como: Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO), Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), Programas de Qualificação de Fornecedores (PGQ), dentre outros. Dentre os programas citados, A implantação das Boas Práticas de Fabricação em empresas/indústrias de alimentos, reduz e/ou elimina, na maioria dos casos, os riscos de possíveis contaminações e veiculação de microrganismos através desses alimentos. As condições higiênico-sanitárias do local, bem como a do pessoal envolvido no preparo de 4

alimentos, devem ser consideradas pontos importantes de controle e são fundamentais para garantir a sanidade dos produtos preparados (CARDOSO, 2004). Portanto, os programas de treinamentos/capacitações de manipuladores enfatizam a importância da saúde individual e coletiva, incluem noções básicas de higiene pessoal e ambiental e destacam os danos que a ausência desses cuidados causa sobre a saúde do consumidor, conscientizando os manipuladores de seu papel na prevenção das Doenças Transmitidas por Alimentos DTA s. Além de ressaltar a importância da conscientização dos consumidores sobre suas atitudes e, consequentemente, sobre os riscos de contaminação dos produtos em etapas posteriores às de produção e distribuição, para minimizar o aparecimento de DTAs e prevenir o desperdício de produtos (ZANDONADI et al., 2007). Do exposto, neste trabalho objetiva-se avaliar as condições higiênico-sanitárias de estabelecimentos que comercializam alimentos, por meio de inspeções, identificando as prováveis causas dando enfoque à necessidade de capacitar os manipuladores de alimentos como condição essencial para a preservação da saúde dos consumidores através da produção de alimentos seguros. 3. Procedimentos metodológicos O presente estudo foi realizado no município de Ivaiporã no estado do Paraná, com o intuito de realizar o acompanhamento da inspeção sanitária de estabelecimentos na área de alimentos, bem como, a participação efetiva na capacitação dos manipuladores das unidades vistoriadas. A pesquisa pode ser caracterizada como um estudo exploratório e descritivo. O desenvolvimento da metodologia foi viabilizada através de duas fases: Inspeção dos estabelecimentos: A partir do banco de dados fornecidos pela ANVISA, vistoriou-se estabelecimentos alimentícios. Tais inspeções foram comparadas com as últimas vistorias que a ANVISA realizou em cada estabelecimento, conforme regulamento técnico (BRASIL, 1993); Capacitações aos colaboradores: Nas unidades que apresentaram irregularidades, verificouse o conhecimento dos colaboradores no que tange a santificação e conhecimento sobre o programa BPF, permitindo desenvolver subsídios para um plano de ação que permita a capacitação destes. Por fim, fez-se uma nova verificação dos estabelecimentos. Os subitens apresentados a seguir, descrevem as fases retrocitadas. 3.1 Inspeção As inspeções sanitárias foram realizadas em 48 estabelecimentos que comercializam alimentos na cidade de Ivaiporã, sendo 12 mercados, 12 padarias, 10 estabelecimentos de ensino, 6 lanchonetes, 3 armazéns, 2 açougues, 2 laticínios e uma sorveteria. Os estabelecimentos foram selecionados utilizando-se o banco de dados da ANVISA (na qual possuía todas as empresas alimentícias que já haviam sido vistoriadas anteriormente pelos fiscais da própria ANVISA) e por uma escolha aleatória através da acessibilidade de cada empresa. A inspeção das unidades foi efetivada por meio de visitas in loco, tendo como ferramenta gerenciadora o check-list adaptado do código de saúde do Paraná, que propícia a verificação das condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos. Posteriormente, aplicou-se questionários semi-estruturados aos gestores de cada unidade, buscando informações adicionais sobre as práticas de santificação adotadas. 5

Ademais, fez-se uso da observação não-participante do sistema de produção/beneficiamento alimentício existente. 3.2 Palestra/Treinamento Com base nas dificuldades/irregularidades identificadas durante as inspeções, foi realizado um plano de ações corretivas para serem implantados nos estabelecimentos visitados. O plano foi composto por uma avaliação dos conhecimentos teóricos e práticos dos manipuladores sob os princípios básicos de higiene e Boas Práticas de Fabricação. Em seguida, efetuaram-se palestras abordando o referido tema tendo, por conseguinte, o treinamento dos manipuladores de alimentos. O conjunto dessas ações fez parte da capacitação dos participantes. Foram realizadas duas capacitações: uma com as merendeiras das escolas municipais e outra com os manipuladores de alimentos das panificadoras. As capacitações ocorreram na Secretaria Municipal de Educação, num período de duas horas com a participação de 21 colaboradores dos referidos estabelecimentos. As atividades realizadas abordaram o recebimento, o armazenamento, a manipulação dos alimentos, a higiene pessoal, higiene do ambiente, o controle de qualidade da água, o controle de pragas e a rotulagem. Neste aspecto, as contaminações dos alimentos pelo manipulador e pela contaminação cruzada, foram enfaticamente tratadas. Transcorridos 30 dias depois de realizadas as capacitações, os estabelecimentos foram novamente visitados sendo feita uma nova avaliação das condições higiênico-sanitárias, visando determinar a eficácia da capacitação técnica. Essa segunda avaliação seguiu a mesma sistemática aplicada anteriormente, sendo feita através de observação, com utilização de check-list que aborda as condições de higiene pessoal, conforme se denota na Resolução nº 216, de 15 de setembro de 2004 da ANVISA. 4. Análise dos resultados 4.1 Inspeção Nas inspeções sanitárias realizadas, observou-se que vários estabelecimentos apresentavam irregularidades em relação à suas: edificações, condições de higiene e instalações sanitárias. A Figura 1 mostra os principais itens avaliados nos estabelecimentos, quanto à adequação ou não adequação em comparação com a última vistoria realizada pelos fiscais da ANVISA no estabelecimento. 6

100% 90% 80% 73% 70% 60% 58% 62.50% 50% 40% 30% 42% 37.50% 27% Adequado Inadequado 20% 10% 0% Estrutura Física Higiene e Limpeza Instalações Sanitárias Figura 1 - Distribuição das condições físicas dos estabelecimentos comerciais no município de Ivaiporã -PR Observa-se que as instalações sanitárias foram as que apresentaram maior percentual de inadequação (73%). Entretanto, a estrutura física foi considerada a menos inadequada (58%), quando comparada com a higiene e limpeza e as instalações sanitárias. Esses resultados mostram o desconhecimento dos proprietários e funcionários em relação às normas estabelecidas pelos órgãos de regulamentação e fiscalização (ANVISA, Centros de Vigilância sanitária estadual, Secretarias estaduais e municipais de Saúde, entre outros). Verificou-se com maior freqüência a ausência da manutenção de paredes, teto ou forro e piso. Dos 48 estabelecimentos analisados, 28 (58%), apresentaram problemas conservação, tais como: rachaduras, trincas, buracos, umidade, presença de bolores, descascamento da tinta/revestimento. De acordo com os padrões exigidos pela Vigilância Sanitária (BRASIL, 2004), as áreas de manipulação de alimentos devem obedecer recomendações, onde os pisos deverão ser de materiais resistentes ao impacto, impermeáveis, laváveis e antiderrapantes, não podendo apresentar rachaduras, e devendo facilitar a limpeza e a desinfecção. Os líquidos deverão escorrer para os ralos, sem formar acúmulo nos pisos. As paredes deverão ser construídas e revestidas com materiais não absorventes, laváveis, de cor clara, lisas, sem fendas e de fácil limpeza e desinfecção. Os tetos ou forros deverão ser construídos e/ou acabados de modo a evitar acúmulo de sujeiras, além de reduzir condensação de vapores e formação de fungos e mofos. Todos os estabelecimentos deverão ter telas de proteção em portas e janelas. Dos 48 estabelecimentos vistoriados, trinta (62,5% do total), apresentaram condições precárias de limpeza do ambiente, limpeza dos equipamentos, organização e higienização. Em relação às instalações sanitárias, verificou-se que 35 estabelecimentos (73% do total), não disponibilizavam sabonete líquido e/ou papel toalha e os lixeiros não tinham tampas. Essas inadequações podem veicular posteriores contaminações nos alimentos. Os proprietários foram aconselhados a tomar providências e implantar ações corretivas. 7

Além das condições higiênico-sanitárias, foram observadas outras irregularidades durante as vistorias (Figura 2). Dentre dessas irregularidades, foi constatado o armazenamento de produtos alimentícios junto a produtos de limpeza e medicamentos, o que possibilita alterações nas características químicas e sensoriais do alimento e contaminação química, podendo provocar intoxicações nos consumidores. Outras irregularidades observadas foram alimentos armazenados com prazo de validade expirado e anormalidades no registro do produto no Ministério da Saúde. Essas irregularidades suscitaram apreensão dos produtos, sendo recolhidos e encaminhados à Vigilância Sanitária para posterior descarte. 4.2 Capacitação Figura 2 Produtos armazenados de forma inadequada A capacitação dos manipuladores de alimentos foram iniciados com um teste de avaliação dos conhecimentos teóricos em relação às Boas Práticas de Manipulação, aplicados aos participantes. Os resultados da avaliação (Figura 3) mostraram que a maioria dos manipuladores (83%), tanto as merendeiras quanto os funcionários dos estabelecimentos, já haviam recebido algum tipo de treinamento com relação às Boas Práticas de Manipulação de alimentos. 17% dos participantes não possuíam nenhum conhecimento das normas de higiene e sanitização. 8

90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Sim 83% Não 17% Figura 3 - Índice de avaliação da participação dos manipuladores em treinamentos no município de Ivaiporã/PR Após esta primeira análise e durante o treinamento foi observado que a maioria dos manipuladores realizava procedimentos corretos; porém, ainda cometiam-se erros sistemáticos que exigiam adequações necessárias para a manipulação eficaz dos alimentos. Então foram identificados e analisados os pontos que precisavam ser alterados durante a manipulação, isto se deu através de aplicação de palestras sobre o tema, do treinamento prático, da identificação das irregularidades frequentemente encontradas nos estabelecimentos e de questionário de avaliação. O conteúdo das atividades abordou questões de como manipular os alimentos desde o recebimento da matéria-prima até o armazenamento do produto final. Durante o treinamento constatou-se que o local de descarga e armazenamento dos produtos era negligenciado. No recebimento não eram observados as condições das embalagens dos produtos, o prazo de validade, as condições de temperatura (se refrigerados ou não) em que deviam ser mantidos os produtos até o momento da entrega ao consumidor ou a estocagem. No armazenamento, constatou-se a falta de um planejamento na organização do estoque, visto que se desconhecia o controle de mercadorias baseado no Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai (PEPS) e a importância de não misturar produtos alimentícios com produtos de limpeza. Foi observado também que os alimentos armazenados sob refrigeração não eram separados adequadamente, isto é, os alimentos cozidos eram armazenados no mesmo compartimento que os alimentos crus possibilitando a ocorrência de contaminação cruzada, ainda, não havia controle nem monitoramento da temperatura de refrigeração. Na palestra foram abordados os temas de Boas Práticas de Manipulação enfatizando a importância da saúde individual e coletiva, além do seu papel na prevenção das DTA s, bem como, a importância da conscientização dos consumidores sobre suas atitudes e, consequentemente, sobre os riscos de contaminação dos produtos em etapas posteriores às de produção e distribuição. Neste sentido, foi discutido o Programa Operacional de Produção (POP), considerando entre os fatores inerentes que toda matéria-prima ou produto que entra é o primeiro que sai (PEPS), além de respeitarem as distâncias mínimas dos alimentos em relação às paredes e ao piso. 9

Após o período de um mês da realização das inspeções, foram realizadas visitas aos estabelecimentos, para verificar a assimilação dos conteúdos ministrados nas palestras/treinamentos e a eficácia da aplicação in loco. A Figura 4 mostra os resultados obtidos em função da capacitação dos manipuladores, apresentando considerável melhoria quanto ao recebimento e armazenamento dos produtos alimentícios. 100% 90% 83% 92% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 17% 8% Inadequado Adequado 10% 0% Antes do Treinamento Depois do Treinamento Figura 4 Gráfico das porcentagens de conformidade com a legislação da ANVISA no recebimento e armazenamento de alimentos, antes e depois da capacitação Durante a capacitação (palestra/treinamento) sobre higiene pessoal foram abordados assuntos relacionados à utilização de toucas, máscaras, luvas; os cuidados com a higiene das mãos, o uso de adornos e os problemas que podem causar durante a manipulação dos alimentos, entre outros. A Figura 5 mostra os resultados da capacitação em relação à higiene pessoal, antes e após treinamento. Notou-se que antes da palestra, 75% dos manipuladores percebiam a importância do uso de toucas, dos cuidados com a higiene das mãos, uniformes e dispensavam o uso de adornos durante a manipulação dos alimentos. Contudo, ainda havia um percentual considerável (25%) dos manipuladores que não tinham conhecimento e consequentemente não tinham cuidados ao respeito. 10

100% 92% 90% 80% 75% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 25% 8% Inadequado Adequado 10% 0% Antes do Treinamento Depois do Treinamento Figura 5 - Gráfico das porcentagens de itens em conformidade antes e depois do treinamento em relação à Higiene Pessoal Apesar das irregularidades observadas nas vistorias, em relação na Resolução nº 216, de 15 de setembro de 2004 (BRASIL, 2004), não há constatação oficial da ocorrência de surtos de toxinfecções alimentares, porém, há somente comentários sobre tais acontecimentos. A conscientização por parte da população em comunicar à Vigilância Sanitária os casos de surtos alimentares é fundamental para futuras prevenções. 5. Considerações finais A qualidade sanitária do alimento depende do controle exercido sobre todos os aspectos que permeiam as etapas da cadeia alimentar, iniciada na produção e finalizada no consumo. Assim, a necessidade da inspeção sanitária nos estabelecimentos de produção e comercialização de alimentos é de suma importância para garantir a saúde do consumidor. A adequação das unidades de alimentação para atender Resolução nº 216 da ANVISA, é a maneira mais efetiva de evitar toxinfecções e surtos alimentares. Diante deste cenário, o presente trabalho buscou verificar as empresas do setor alimentício do município de Ivaiporã/PR, com o intuito de capacitar os manipuladores de alimentos, difundindo à importância da qualidade na produção/beneficiamento dos mesmos, possibilitando a majoração da inocuidade dos produtos comercializados. A pesquisa constatou que os manipuladores já possuem algum conhecimento sobre as boas práticas de manipulação, entretanto, necessitam de mais esclarecimentos sobre estas práticas. Eles reconhecem sua importância no que diz respeito à possibilidade de contaminação de alimentos, ficando evidente a indigência de treinamentos periódicos para capacitá-los, além de melhorar seus desempenhos na realização das etapas do processo. Somente por intermédio de um eficiente permanente programa de conscientização e capacitação dos manipuladores para se garantir a oferta de alimentos seguros em qualidade e sabor e propriedades nutricionais que satisfazem os anseios dos consumidores. O órgão de Vigilância Sanitária do município de Ivaiporá/PR oferece importante serviço na promoção à saúde da população ali residente, obedecendo às normas estabelecidas pela Legislação Brasileira. Contudo, poderia ser mais atuante se dispusesse de maior contingente de recursos humanos e fosse incentivada pelo Poder Público. 11

No que tange a equipe que desenvolveu o presente trabalho, verifica-se que o acompanhamento nas vistorias e a participação ativa na capacitação dos manipuladores de alimentos, possibilitaram exercer a atividade profissional de forma eficaz e transparente, baseados nos conhecimentos adquiridos na universidade. Ao término do trabalho constatou-se a importância que os acadêmicos do curso de Engenharia de Alimentos e de Produção possuem nas empresas alimentícias, visto que eles possibilitam uma majoração da qualidade dos processos produtivos das respectivas empresas. Referências ALMEIDA C. R. O sistema HACCP como instrumento para garantir a inocuidade dos alimentos. Higiene Alimentar. v. 12, n. 53, p. 12-20, 1998. BRASIL. Resolução RDC n. 275, de 21 de outubro de 2002 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Diário Oficial, Brasília, 23 de outubro de 2002. BRASIL. Resolução RDC n. 12, de 08 de julho de 2003 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Diário Oficial, Brasília, 10 de julho de 2003. BRASIL. Portaria n. 518/2004, de da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Diário Oficial, Brasília, 25 de março de 2004. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Legislação Vigilância Alimentar. Disponível em: http//www.anvisa.gov.br/institucional/snvs/inde.htm>. Acessado em: 9 nov. 2009. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Educação para o Comércio de Alimentos Saudáveis. N. 35, p.4-5, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria/ANVISA nº. 1428/1993. Regulamento Técnico para Inspeção Sanitária de Alimentos. Brasília, D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 02 de dezembro de 1993. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº. 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. BRASIL. Lei nº 13.331, de 23 de novembro de 2001 - Código de Saúde do Paraná, Decreto nº 5711, de 23 de maio de 2002. Curitiba: SESA, 2004. BRASIL. Portaria n. 518 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Diário Oficial, Brasília, 25 de março de 2004. BRASIL. Resolução do Colegiado n.12. Diário Oficial: Brasília, 2003. BRASIL. Resolução do Colegiado n.275. Diário Oficial: Brasília, 2002. CÂMARA, S. A. V. Surtos de toxinfecções alimentares no estado de Mato Grosso do Sul, no período de 1998-2001. Campo Grande, 2002. Disponível em: <http://dtr2001_saúde.gov.br/bvs/ct/pdf/sonia_aparecida.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2009. CARDOSO, N. M. A. A Importância das Boas Práticas de Fabricação na Produção de Sobremesas. In: I Simpósio em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Mercosul, 2004, Cascavel. Anais... Cascavel: UNIOESTE, 2004. FDA. Food Drug Administration. Estados Unidos, jan. 1992. Disponível em: <ht tp: /www. cfsan. fda. gov >. Acesso em : 26 jul. 2009. FERREIRA, J. O.; MURARO, M.; WOLPE, L. A. A Importância Das Condições Higiênico-Sanitárias Na Produção De Alimentos. Disponível em: <www.unibem.br/cursos/nutricao/kath/7.doc>. Acesso em: 03 mar. 2010. GIANOTO, N. & BILATTO, M. A. Técnica de Coleta de Amostras de Água para Exame Laboratorial: Manual de Coleta e Vigilância da Qualidade da Água de Consumo Humano. Paraná: [s.n.], 2005. 12

HOBBS B. C. & ROBERTS D. Toxinfecções e controle higiênico sanitário de alimentos. São Paulo: Livraria Varela; 1999. PANZA, S. G. A.; BROTHERHOOD, R.; ANDREOTTI, A.; REZENDE, C.; BALERONI, F. H.; PAROSCHI, V. H. B. Avaliação das Condições Higiênico-Sanitárias Durante a Manipulação dos Alimentos, em um Restaurante Universitário, Antes e Depois do Treinamento dos Manipuladores. São Paulo: ANATEC, 2006. SILVA JÚNIOR, J. B. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos. 4. ed. São Paulo: Varela, 2001. SILVA JÚNIOR, J. B. Vigilância epidemológica das doenças transmitidas por alimentos no Brasil. Boletim Eletrônico Epidemiológico Brasília DF, ano 05, nº 06, dez. 2005. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/bol_epi_6_2005_corrigido.pdf >. Acesso em: 02 ago. 2009. SILVA, J. A. Tópicos da Tecnologia de Alimentos. São Paulo: Varela, 2000. SILVA, P. Segurança Alimentar E Legislação Na Produção. In: VII SIMPÓSIO BRASIL SUL DE AVICULTURA, 2006, Chapecó. Anais... Chapecó, 2006. Disponível em: <www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/publicacao_o640j0t.pdf >. Acesso em: 02 ago. 2009. SOUZA, L. H. L. A manipulação inadequada dos alimentos: fator de contaminação. Higiene Alimentar, v. 20, n. 146, p. 32-39, 2006. ZANDONADI, R.P.; BOTELHO, R.B.A.; SÁVIO, K.E.O.;AKUTSU, R.C.Ç ARAÚJO, W.M.C. Atitudes de risco do consumidor em restaurantes de auto-serviço Revista de Nutrição. vol.20 no.1 Campinas Jan./Feb. 2007 13