RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DA PCH POQUIM

Documentos relacionados
RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DA PCH PETI

RELATÓRIO DA ICTIOFAUNA DA UHE SALTO GRANDE

Monitoramento da Ictiofauna

RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DA PCH DONA RITA

RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DA PCH DONA RITA

Monitoramento da Ictiofauna

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Monitoramento da Ictiofauna

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Monitoramento da Ictiofauna

CONTRATO N RELATÓRIO FINAL

RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DA PCH TRONQUEIRAS

Monitoramento da Ictiofauna

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DA PCH PETI

DADOS PRELIMINARES DO LEVANTAMENTO DA ICTIOFAUNA DO PLANALTO DE POÇOS DE CALDAS

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Gerência de Gestão Ambiental da Geração e Transmissão

ICTIOFAUNA DE RIACHOS DA BACIA DO RIO ARAGUARI, MG: ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO E RELAÇÕES COM ASPECTOS GEOGRÁFICOS E AMOSTRAIS.

MONITORAMENTO ANUAL DE ICTIOFAUNA 2005

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA

MONITORAMENTO ANUAL DA ICTIOFAUNA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE DE MIRANDA, RIO ARAGUARI, BACIA DO PARANÁ 2005

Relatório de Resgate de Ictiofauna. PCH Pedra do Garrafão

RELATÓRIO FINAL REFERENTE ÀS CAMPANHAS DE CAMPO

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA MIRANDA

Impacto de barragem hidrelétrica na reprodução de peixes NILO BAZZOLI

TÍTULO: INFLUÊNCIA DA PCH LUIZ DIAS SOBRE A COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA NO RIO LOURENÇO VELHO, MG

Geração e Transmissão S.A

Migração e reprodução de Prochilodus costatus no alto rio São Francisco. Como conservar esta população se barragens forem instaladas?

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA EMBORCAÇÃO

ÊNFASE NO ANDIRÁ Henochilus wheatlandii

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA MIRANDA

MONITORAMENTO DA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE MIRANDA, RIO ARAGUARI, BACIA DO PARANÁ, MG (ANO DE 2004) RELATÓRIO FINAL

COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA E ESTRUTURA EM TAMANHO DA ASSEMBLÉIA DE PEIXES DO CÓRREGO ITYS, NO MUNICÍPIO DE MARIALVA PR

RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DAS PCHS BOM JESUS DO GALHO E SUMIDOURO

Relatório anual do monitoramento do surubim Steindachneridion amblyurum - Eigenmann & Eigenmann 1888 (condicionante 21)

2º Seminário Estratégias pra Conservação de Peixes em Minas Gerais Belo Horizonte, 18 de novembro de 2010

Manejo pesqueiro: compromisso ético com conservação

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE MIRANDA, RIO ARAGUARI, MG (ANO DE 2002)

RELATÓRIO FINAL MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DA UHE MIRANDA

ICTIOFAUNA DO RIACHO DO JAPIRA, BACIA DO TIBAGI, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR

- Gerenciamento de Recursos Hídricos - Convênio de Cooperação Técnica CBH Araguari / ABHA

TECNOLOGIAS DE PROTEÇÃO DA ICTIOFAUNA EM EMPREENDIMENTOS HIDRELÉTRICOS. A.A.Cesário Porto, E.M. de Faria Viana e C. Barreira Martinez.

ABUNDÂNCIA RELATIVA DE Auchenipterus nuchalis DO RESERVATÓRIO COARACY NUNES

DISTRIBUIÇÃO DO ICTIOPLÂNCTON NO MÉDIO RIO URUGUAI: INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS REGIONAIS E LOCAIS

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DO RESERVATÓRIO E SISTEMA DE TRANSPOSIÇÃO DE PEIXES DA UHE IGARAPAVA

1º MONITORAMENTO DE ICTIOFAUNA

RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DAS PCHS BOM JESUS DO GALHO E SUMIDOURO

A utilização de índices baseados em assembleias de peixes (RFAI) em reservatórios do Sudeste brasileiro

Geração e Transmissão S.A

PCH PANDEIROS: UMA COMPLEXA INTERFACE COM A GESTÃO AMBIENTAL REGIONAL

ALIMENTAÇÃO DE DUAS ESPÉCIES DE PEIXES DO CÓRREGO ITIZ, MARIALVA, PARANÁ

Localização da bacia e aspectos políticos

Pequena Central Hidrelétrica de Pirapetinga. Campanha 3 - Período Seco

Pequena Central Hidrelétrica. Pedra do Garrafão. Campanha 3 - Período Seco

SISEMA Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. POLÍCIA MILITAR D E M I N A S G E R A I S Nossa profissão, sua vida.

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DO PARQUE AQÜÍCOLA XORORÓ NO RESERVATÓRIO DE ITAIPU PARANÁ/BRASIL

EFEITO DA URBANIZAÇÃO SOBRE A FAUNA DE INSETOS AQUÁTICOS DE UM RIACHO DE DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA PRESENTES EM UM RESERVATÓRIO DO SEMIÁRIDO POTIGUAR ANTES DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO.

ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS

DA ICTIOFAUNA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE MIRANDA, RIO ARAGUARI, MG (ANO DE 2003)

Acadêmico de Bacharelado em Ciências Biológicas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre FAFIA Alegre ES. 2

A Ictiofauna do Rio Santa Maria do Rio Doce. Guilherme P. Fadini 1*

Programa de Monitoramento de Ictiofauna da Pequena Central Hidrelétrica de Pedra do Garrafão Monitoramento do canal de adução

ASPECTOS DA BIOLOGIA POPULACIONAL DO TUCUNARÉ (Cichla piquiti) NO RESERVATÓRIO DE LAJEADO, RIO TOCANTINS

PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA SÃO SIMÃO

MONITORAMENTOS DE PEIXES EM RESERVATÓRIOS: COMPREENDENDO PADRÕES ESPAÇO-TEMPORAIS

G e o l o g i a M i n e r a ç ã o e A s s e s s o r i a L t d a. geominas@terra.com.br Fone Fone Fax

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Importância do Monitoramento de Ictiofauna no processo de Licenciamento de empreendimentos Hidrelétricos

5ª CAMPANHA DE MONITORAMENTO DE ICTIOFAUNA DAS TERRAS INDÍGENAS DO RIO TIBAGI/PR

TÍTULO: ICTIOFAUNA EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: INVENTÁRIO, ESTRUTURA DA COMUNIDADE E A RELAÇÃO COM ESPÉCIES INVASORAS NA FLORESTA NACIONAL DE IPANEMA

TÍTULO: LEVANTAMENTO DE PEIXES NA FAZENDA SANTO ANTONIO, AGUDOS, SÃO PAULO

CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S/A RELATÓRIO FINAL MONITORAMENTO ANUAL DE ICTIOFAUNA NO RESERVATÓRIO E A JUSANTE DA UHE DE NOVA PONTE

Relatório do Programa de Monitoramento Ictiológico. Pequena Central Hidrelétrica de Pirapetinga. Campanha 2 - Período Chuvoso


Macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores da qualidade da água em uma lagoa do IFMG - campus Bambuí

COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DIVISÃO DE MEIO AMBIENTE ÁREA DE GERAÇÃO

Estudo do Comportamento a jusante de barragens:

5 - Caracterização dos padrões reprodutivos da ictiofauna

ANALISE DE ICTIOPLÂNCTON AHE- JARI

REPRODUÇÃO E ALEVINAGEM

ALIMENTAÇÃO DE TRÊS ESPÉCIES DE Astyanax, NO CÓRREGO ITIZ, MARIALVA, PR

ASPECTOS DA ICTIOFAUNA DAS BACIAS DO ALTO PARANÁ (Rio Paranaíba e rio Grande)

Relatório conclusivo do monitoramento do bagre Rhamdia jequitinhonha - Silfvergrip, 1996 (condicionante 21)

Fitossociologia e Diversidade

Variações espaciais na estrutura da comunidade de peixes do reservatório de Nova Ponte.

ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL (ISSA) PARA TRECHO DE VAZÃO REDUZIDA

Monitoramento da ictiofauna na área de influencia da UHE Irapé entre 2008/09

TERMO DE REFERÊNCIA PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA (AAI) DA BACIA DO RIO TIJUCO MINAS GERAIS

O programa Aliança EcoÁgua Pantanal e sua contribuição para o Pacto em defesa das cabeceiras do Pantanal. Maitê Tambelini Ibraim Fantin da Cruz

É COM VOCÊ. cartilha. Reservatórios: degradação ambiental (?) Meio Ambiente / Série: Água Nº 2 Escassez de chuva ou. Janeiro/ ,00 556,00

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

LEVANTAMENTO RÁPIDO DA ICTIOFAUNA NO RIACHO SECO, BREJÃO - PE

PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA USINA HIDRELÉTRICA SÃO SIMÃO

RELATÓRIO FINAL MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS HIDRELÉTRICAS DE JAGUARA E VOLTA GRANDE

Relatório de Resgate de Ictiofauna no TVR da PCH Pedra do Garrafão

STUDY OF THE ICTIOFAUNA IN JURAMENTO RIVER RESERVOIR, JURAMENTO/ MG,BRAZIL

Macroinvertebrados bentônicos em riachos de cabeceira: Múltiplas abordagens de estudos ecológicos em bacias hidrográficas

Conclusões e Considerações Finais

Transcrição:

RELATÓRIO DO MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DA CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A. DATAS DAS COLETAS: 29 de agosto de 2011 e 27 de fevereiro de 2012 DATA DA EMISSÃO DO RELATÓRIO: 20 de maio de 2012 N DO CONTRATO: 4570012215/510 PATOS DE MINAS 2012 1

RESPONSABILIDADE TÉCNICA Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda. Equipe Técnica Técnico Responsável pela elaboração do Relatório Regina Célia Gonçalves Bióloga CRBio 44.468/4D Equipe técnica colaboradora Nome Formação Função Adriane Fernandes Ribeiro Bióloga Biometria / Análise gonadal / Elaboração de Relatório / Conteúdo estomacal Adil Gomes Pereira - Arraiz / Aquaviário José Fernando Pinese Biólogo Dr. em Ecologia e Recursos Naturais Coletas / Biometria / Análise gonadal / Conteúdo estomacal Erika Fernandes Araújo Vita Bióloga Biometria / Análise gonadal / Elaboração de Relatório / Conteúdo estomacal Rubens Paiva de Melo Neto Biólogo Coletas / Elaboração de Relatório André Luiz Moraes de Castro Biólogo MSc. em Ciências Naturais Parecer sobre necessidade de mecanismo de transposição de peixes ENDEREÇO: Av. Padre Almir Neves de Medeiros, 650 - Sobradinho Patos de Minas - MG. 38701-118 (034)3818-8440 / 9975-5014 / 9975-1280 2

ÍNDICE APRESENTAÇÃO... 5 1 CARACTERIZAÇÕES DO EMPREENDIMENTO... 6 2 INTRODUÇÃO... 7 2.1 ÁREA DE ESTUDO... 8 3 OBJETIVOS... 9 3.1 OBJETIVO GERAL... 9 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 9 4 METODOLOGIA... 10 4.1 COLETA DE PEIXES, EQUIPAMENTOS, IDENTIFICAÇÃO E ACONDICIONAMENTO... 10 4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA... 12 4.3 COLETA DE OVOS E LARVAS... 13 4.1 DIETA... 14 4.2 COLETA DE MATERIAL GENÉTICO... 14 4.3 ÍNDICE DE SIMILARIDADE (IS)... 15 4.4 ESTIMATIVA DA DIVERSIDADE ICTIOFAUNÍSTICA (H )... 15 4.5 EQUITABILIDADE (E)... 16 4.6 RIQUEZA DE ESPÉCIES (D)... 16 4.7 ÍNDICE DE IMPORTÂNCIA PONDERAL - IP... 16 4.8 AVALIAÇÃO DA PESCA PROFISSIONAL E AMADORA NO RESERVATÓRIO... 16 4.9 TOMBAMENTO DO MATERIAL COLETADO... 17 5 RESULTADOS... 18 5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS COLETAS... 18 5.2 COMPOSIÇÃO ICTIOFAUNÍSTICA... 20 5.3 ABUNDÂNCIA... 26 5.4 DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE... 30 5.5 SIMILARIDADE... 31 5.6 RIQUEZA DE ESPÉCIES... 31 5.7 BIOMETRIA... 32 5.8 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA... 37 5.9 ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO... 38 5.10 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ALIMENTAR... 38 5.11 ÍNDICE PONDRAL DE DOMINÂNCIA (IP)... 38 5.12 ANÁLISE DE OVOS E LARVAS... 39 5.13 PESCA PROFISSIONAL... 40 6 DISCUSSÃO... 41 3

7 PARECER SOBRE A NECESSIDADE DE MECANISMO DE TRANSPOSIÇÃO DE PEIXES... 45 7.1 INTRODUÇÃO... 45 7.2 MIGRAÇÃO... 46 7.3 TRANSPOSIÇÃO... 47 7.4 ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA TOMADA DE DECISÃO EM SE ADOTAR STPS COMO MEDIDA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ESTOQUE DE PEIXES SUJEITOS A BARRAMENTOS... 52 7.5 PARECER TÉCNICO... 53 7.6 MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO... 53 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 54 9 BIBLIOGRAFIA... 55 10 ANEXOS... 63 ANEXO A... 63 ANEXO B... 65 ANEXO C... 72 ANEXO D... 77 4

APRESENTAÇÃO O presente relatório reporta os resultados obtidos durante o período de 2011/2012 para o Monitoramento da Ictiofauna da PCH Poquim, empreendimento da CEMIG Geração e Transmissão S.A., sendo a primeira campanha de amostragem realizada no mês de agosto/2011 e a segunda em fevereiro/2012, pela equipe técnica da Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda, conforme contrato n 4570012215/510. 5

1 CARACTERIZAÇÕES DO EMPREENDIMENTO Empreendedor: CNPJ: 06.981.176/0001-58 CEMIG GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A. Gerência de Manutenção de Ativo de Geração do Leste MG/LE Endereço: Avenida Carlos Chagas, 674 Bairro Cidade Nobre Ipatinga / MG CEP: 35.162-359 Empreendimento: Pequena Central Hidrelétrica Poquim, localizada no Ribeirão Pouquinho, pertencente à bacia hidrográfica do rio Doce, município de Itambacuri / MG Empresa Elaboradora: Água e Terra Planejamento Ambiental Avenida Padre Almir Neves de Medeiros, 650 Bairro: Sobradinho Patos de Minas / MG CEP: 38.701-118 Tel./Fax: (34) 3818-8440 Contato: Biólogas Regina Célia Gonçalves e Adriane Fernandes Ribeiro. 6

2 INTRODUÇÃO A matriz energética brasileira é predominantemente hidrelétrica. A despeito dos avanços na produção de energia elétrica por fontes alternativas, elas não possuem escala para atender as crescentes necessidades do país, tornando imprescindível a implantação de novos empreendimentos hidrelétricos a curto e médio prazo (CARNEIRO-JUNHO, 2008). A construção de barragens para fins hidrelétricos ocasiona modificações na dinâmica fluvial e, consequentemente, nas comunidades aquáticas e terrestres das suas áreas de influência. O represamento é responsável por modificações físicas, químicas e geomorfológicas que causam perturbações na produtividade primária, na disponibilidade de alimentos e de outros recursos, acarretando alterações nas assembléias de invertebrados e peixes (AGOSTINHO et al., 2007). Logo após o enchimento do reservatório, a fauna na região alagada é muito similar à preexistente naquela localidade. Contudo, com as novas características deste ambiente, que foi alterado de lótico para lêntico, nota-se, uma reestruturação da composição ictiofaunística. Outro aspecto bem definido nos represamentos é a interrupção dos ciclos migratórios alimentares e reprodutivos de algumas espécies de peixes reofílicas de alto valor comercial e a presença de uma ictiofauna menos complexa que dos seus rios formadores (CASTRO & ARCIFA, 1987; LOWE-McCONNELL, 1987; FERNANDO & HOLCIK, 1991; WOYNAROVICH, 1991; PETRERE JR., 1996). Devido aos sucessivos barramentos de rios, as espécies tendem a se adequar às novas situações ecológicas, para poder realizar satisfatoriamente o ciclo reprodutivo (SUZUKI & AGOSTINHO, 1997). Com relação à ictiofauna, as espécies generalistas, que possuem maior flexibilidade adaptativa (menores exigências com relação à alimentação e reprodução), são mais bem sucedidas. Devido ao fato da maioria das espécies de peixes neotropicais apresentarem elevada plasticidade comportamental (com relação à alimentação e reprodução), não ocorrem extinções na maioria dos represamentos. A situação mais comumente relatada nos reservatórios é a alteração na composição e estrutura da assembléia de peixes (AGOSTINHO et al., 2007). O monitoramento da ictiofauna submetidas a distúrbios de tal magnitude é uma das principais medidas geradoras de informação que direcionam para decisões mitigadoras e de manejo e conservação do pescado local. Informações sobre a estrutura das comunidades de peixes, com suficiente abrangência espacial e temporal, fornecem importantes 7

informações para o seu monitoramento. Assim, o conhecimento dos processos ambientais que influenciam as relações das espécies com o ambiente, em especial para o ambiente aquático, constitui-se em uma abordagem eficiente para o melhor entendimento da composição e estruturação das assembléias de peixes. 2.1 ÁREA DE ESTUDO A Bacia Hidrográfica do rio Doce possui 83.400 km 2, dos quais 86% em Minas Gerais e 14% no Espírito Santo, sendo 222 municípios. No Médio rio Doce, que vai do rio Piracicaba até o rio Manhuaçú na cidade de Aimorés, é uma região diversificada de atividades econômicas, prevalecendo as grandes indústrias no vale do aço e as atividades agropecuárias. É o trecho mais degradado e crítico da Bacia, existindo estudos que apontam ser uma região em acelerado processo de desertificação devido à rápida retirada de suas matas, grandes monoculturas de eucaliptos e grandes áreas de pastagens, assim como a má utilização do solo e o rápido aparecimento das erosões, que assoream o leito do rio, lixos e esgotos industriais e domésticos. Nessa região do Rio Doce está localizado o Ribeirão Poquim onde se encontra instalada a PCH de Poquim, no município de Itambacurí (MG). A PCH Poquim é uma usina do tipo fio d água que está situada no rio Poquim, afluente do rio Itambacuri e contribuinte do rio Doce, no município de Itambacuri, a 15 km da cidade de Teófilo Otoni. A usina foi inaugurada em 1950 com uma unidade geradora de 704 kw, composta por gerador Siemens e turbina tipo Pelton. Em 1954 entrou em operação a segunda unidade geradora com as mesmas especificações técnicas e de fabricação. O arranjo do aproveitamento compreende a barragem de concreto gravidade para a tomada d água, vertedouro de 30 m de comprimento com comporta, tubulação forçada com trecho inicial em túnel e 175 m de comprimento. A usina foi retirada de operação em 1995 e reativada em 2002. Atualmente apresenta potência de 1.408 MW e conta com duas unidades geradoras. 8

3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL O Monitoramento da Ictiofauna da PCH Poquim teve como objetivo o conhecimento das características ecológicas, reprodutivas e alimentares de sua ictiofauna, bem como, informações que subsidiarão subsequentes programas de conservação e manejo da fauna ictica. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliação da diversidade, riqueza e abundância das espécies de peixes que ocorrem na área de influência indireta do empreendimento, bem assim suas variações sazonais; Avaliação da reprodução dos peixes na área de influência do empreendimento através de análise da maturação gonadal e amostragem de ictioplâncton, buscandose uma caracterização sazonal da reprodução das espécies com caracterização de eventuais sítios reprodutivos; Avaliação dos hábitos alimentares (ecologia trófica) das principais espécies existentes na área de influência indireta do empreendimento; Coleta de material para análises genéticas a serem realizadas com as principais espécies existentes na área de influência da usina, assim como para armazenamento em banco genético da CEMIG Geração e Transmissão Diagnóstico das atividades de pesca amadora e profissional no reservatório; Apresentar informações que justifiquem a ausência de STP; Formulação de um banco de dados ictiológicos dos reservatórios da CEMIG; Indicações de sugestões de manejo e conservação da ictiofauna para cada reservatório, com propostas mitigadoras de eventuais impactos. 9

4 METODOLOGIA 4.1 COLETA DE PEIXES, EQUIPAMENTOS, IDENTIFICAÇÃO E ACONDICIONAMENTO Na PCH Poquim foram realizadas amostragens semestrais, sendo a primeira campanha foi efetuada no dia 29 de agosto de 2011 e a segunda no dia 27 de fevereiro de 2012. Neste empreendimento são monitorados dois pontos, conforme disposto na Tabela 1. Tabela 1: Localização dos Pontos de amostragem Identificação do Ponto Localização Localização geodésica PQ IC 01 PQ IC 02 Corpo do reservatório Ribeirão Pouquinho a jusante do canal de fuga 18 0'56.11"S 41 39'47.89"O 18 1'33.87"S 41 40'1.84"O Cada uma destas estações de amostragem é visualizada nas fotos e figura a seguir. Foto 1: PQ-IC-01 Reservatório agosto/2011. Foto 2: PQ-IC-01 Reservatório fevereiro/2012. 10

Foto 3: PQ-IC-002 Ribeirão Pouquinho agosto/2011. Foto 4: PQ-IC-002 Ribeirão Pouquinho fevereiro/2012. Figura 1: Localização das estações de amostragem. Devido ao tamanho reduzido desse reservatório, foram efetuadas apenas coletas qualitativas, utilizando-se: Rede de arrasto de tela mosquiteira abertura de 2,0 mm; Puçás e peneiras; Espinheis; 11

Tarrafas com malha 2,4 cm. Em cada ponto, com puçás/peneiras, o esforço foi de, no mínimo, uma hora/homem, utilizando-se duas pessoas; para os espinheis, foram utilizados pelo menos 25 anzóis em 50 metros de linha; para as tarrafas, pelo menos 15 tarrafadas na região em torno do ponto. Nesse reservatório, como não haverá coletas quantitativas, o esforço quantitativo foi padronizado conforme especificado acima, para que fosse possível comparar as abundâncias de peixes em cada campanha. Todos os peixes capturados foram identificados, medidos, pesados e quantificados. Em campo, os exemplares foram fixados em formol 10% (por no mínimo 72 horas) e acondicionados em sacos plásticos etiquetados, separados por ponto de coleta e malha e colocados em bombonas tampadas. Em laboratório, os peixes foram lavados, triados, conservados em solução de álcool etílico a 70 GL e identificados taxonomicamente. 4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA Para a avaliação da atividade reprodutiva, em campo, os peixes foram submetidos à incisão ventral para determinação do sexo e do diagnóstico macroscópico de maturação gonadal. Para os diagnósticos duvidosos, foram coletados fragmentos de uma das gônadas, os quais foram fixados em líquido de Bouin e conservados em álcool 700 GL após 24 horas para posterior processamento histológico. A análise macroscópica foi baseada, principalmente, no volume relativo da gônada na cavidade abdominal, integridade da rede sanguínea (machos e fêmeas), presença e tamanho dos diversos tipos de ovócitos (ovócitos I, II, III e IV) e integridade das lamelas ovarianas (fêmeas). Para esta análise foram considerados os seguintes estádios de maturação, seguindo-se as características propostas por Vono et. al. (2002): Repouso 1: ovários delgados e íntegros, translúcidos, sem ovócitos visíveis a olho nu; testículos delgados e íntegros, predominantemente hialinos. Maturação inicial 2A: ovários com discreto aumento de volume e poucos ovócitos vitelogênicos (ovócitos II, III e IV) evidentes; testículos com discreto aumento de volume e com aparência leitosa. 12

Maturação intermediária 2B: ovários com maior aumento de volume, grande número de ovócitos IV evidentes, porém, ainda com áreas a serem preenchidas; testículos com maior aumento de volume, leitosos. Maturação avançada 2C: ovários com aumento máximo de volume, ovócitos vitelogênicos distribuídos uniformemente; testículos com aumento máximo de volume, túrgidos, leitosos. Esgotado (desovado ou espermiado) 3: ovários flácidos e sanguinolentos, com número variável de ovócitos vitelogênicos remanescentes; testículos flácidos e sanguinolentos. Antes da transferência dos peixes para o álcool 70º GL, as gônadas foram pesadas para avaliação do índice gonadossomático, calculado pela seguinte fórmula: IGS = PG / PC x 100 Onde PG = peso da gônada PC = peso corporal 4.3 COLETA DE OVOS E LARVAS Nos pontos de amostragem, foram feitas coletas ativas de ovos e larvas. A coleta foi realizada através de rede de plâncton de malha de 0,5 mm. Foi instalado um fluxômetro no centro da boca da rede para medir a velocidade e pelo conhecimento da área da boca temse o volume filtrado. A rede foi colocada 50 cm abaixo da superfície da água, permanecendo por aproximadamente 30 minutos. Em locais onde não há correnteza, a rede foi usada na forma de arrasto, manual ou com auxílio de barco, sempre próximo da margem. O material coletado foi fixado em solução de formalina a 4%, tamponada com carbonato de cálcio (1 g de CaCO 3 para 1000 ml de solução de formalina, segundo proposto por NAKATANI et al, 2001) e levado ao laboratório para identificação e quantificação. No entanto, no presente monitoramento não foram capturados ovos e/ou larvas e, por esse motivo, não apresentamos informações relacionadas ao cálculo das densidades. 13

4.1 DIETA Após fixação em formalina a 10% por cerca de cinco dias e conservação em álcool 70º GL, os peixes foram eviscerados para dissecção dos estômagos. O conteúdo estomacal foi analisado em estereomicroscópio e microscópio óptico. Os itens alimentares foram identificados até o menor nível taxonômico possível. Para cada item foram calculados a frequência de ocorrência (Fi = nº de estômagos em que ocorre o item i / total de estômagos com alimento) e seu peso relativo (Pi = peso do item i / peso total de todos os itens), combinados no Índice Alimentar (IAi) modificado de KAWAKAMI & VAZZOLER(1980): N IAi = (Fi. Pi) / Σ Fi. Pi I = 1 Onde: IAi = índice alimentar do item i, Fi = frequência de ocorrência do item i, Pi = peso proporcional do item i. O IAi foi calculado para cada espécie separadamente, e então usado para calcular a similaridade entre as espécies utilizando um índice quantitativo (ex. Morisita-Horn). A matriz de similaridade foi utilizada para a caracterização de guildas tróficas, utilizando uma análise de agrupamento pelo método de ponderadas dos grupos (UPGMA). O coeficiente cofenético deve ser superior a 0,8. As abundâncias em número e biomassa das guildas foram estimadas com base na captura por unidade de esforço (CPUE), expressas em suas respectivas frequências de ocorrência. 4.2 COLETA DE MATERIAL GENÉTICO Estava prevista a coleta de tecidos (fragmentos de nadadeiras, fígado ou tecido muscular) de espécies de interesse, por serem migradoras, ameaçadas de extinção ou exóticas. Como o empreendimento está localizado na bacia do rio Doce, foram destacadas as seguintes espécies-alvo: Leporinus copelandii (piau vermelho); Leporinus conirostris (piau branco); Prochilodus vimboides (curimatá); 14

Steindachneridion doceanum (surubim-do-doce). Como neste período de amostragem não foram capturados nenhum indivíduo pertencente a estas espécies, a coleta de material genético não foi realizada. 4.3 ÍNDICE DE SIMILARIDADE (IS) As composições das comunidades dos diferentes pontos de coletas foram comparadas através do Índice de Similaridade de Sorensen (MAGURRAM, 1988) utilizando a fórmula: IS = 2j/(a+b) Onde: IS = índice de similaridade; j = número de espécies em comum; a + b = número de espécies em dois pontos. 4.4 ESTIMATIVA DA DIVERSIDADE ICTIOFAUNÍSTICA (H ) Para o cálculo da diversidade de espécies foram empregados os dados quantitativos obtidos através das capturas com redes de emalhar (CPUE). Foi utilizado o índice de diversidade de Shannon (MAGURRAN, 1988), descrito pela equação: S H' = - (pi) x (log n pi), i = 1 Onde: S = número total de espécies na amostra; i = espécie 1, 2, 3...i na amostra; pi = proporção do número de indivíduos da espécie i na amostra, através da CPUE em número. 15

4.5 EQUITABILIDADE (E) A equitabilidade (E) de distribuição das capturas pelas espécies, estimada para cada período de captura foi calculada através da equação de Pielou (1975). E = H / log N Onde: H = Índice de Diversidade de Shannon; N = número de espécies. 4.6 RIQUEZA DE ESPÉCIES (D) A riqueza de espécies (D) foi estimada segundo Odum (1985). D = (S-1)/logN Onde: S = número de espécies; N = número de indivíduos. 4.7 ÍNDICE DE IMPORTÂNCIA PONDERAL - IP O Índice Ponderal (IP) é aqui utilizado para estabelecer as espécies de maior representatividade durante o período amostral considerado. Visto tratar-se de um índice que associa a abundância numérica à biomassa específica, nem sempre as espécies mais numerosas são classificadas como as mais importantes. O IP segue o seguinte modelo: IP= NiPi/ΣNiPi x 100 Onde, Ni = número de exemplares da espécie i; Pi = peso dos exemplares da espécie. 4.8 AVALIAÇÃO DA PESCA PROFISSIONAL E AMADORA NO RESERVATÓRIO Esta avaliação tem como objetivo verificar a existência de qualquer atividade de pesca profissional e amadora nos reservatórios, através de inspeções de campo e visitas à órgãos envolvidos. Foram desenvolvidas as seguintes atividades: 16

Inspeções no lago e no entorno do reservatório visando à identificação de atividade de pesca profissional como: presença de embarcações, concentração de pescadores e locais de comercialização do pescado; Obtenção de dados desta atividade junto ao IEF e Polícia Ambiental. Avaliação do desembarque pesqueiro proveniente da atividade de pesca profissional e amadora no reservatório através da aplicação de questionários estruturados; Obtenção de dados de atividades ligadas à piscicultura na área de influência das usinas junto ao IEF e avaliação do risco de introdução de espécies exóticas a partir destas atividades. 4.9 TOMBAMENTO DO MATERIAL COLETADO O material coletado foi enviado para a Universidade Federal de Uberlândia, estando aos cuidados do professor Dr. José Fernando Pinese, conforme carta de aceite apresentada no Anexo A. 17

5 RESULTADOS 5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS COLETAS Neste relatório são apresentados os resultados obtidos durante o monitoramento realizado no período 2011/2012 na PCH Poquim, sendo a primeira campanha foi realizada no dia 29 de agosto/2011 e a segunda amostragem no dia 27 de fevereiro/2012. As condições gerais e climáticas observadas no momento das coletas estão representadas na Tabela 2. É importante ressaltar que na PCH Poquim realiza-se apenas a amostragem qualitativa, devido ao tamanho do reservatório. Essas coletas foram executadas com peneiras, redes de arrasto e anzóis, conforme observado na foto a seguir. No entanto, foi evidenciado sucesso de captura apenas para a peneira e tarrafa. Foto 5: Amostra qualitativa, coleta com tarrafa. 18

Ponto Tipo de ambiente Tipo de Corrente Tabela 2: Condições climáticas por ponto de amostragem (continua). Agosto/2011 Inclinação Vegetação Vegetação Condições Tipo de fundo Mata ciliar da margem seca/submersa marginal do tempo PQ-IC-01 Lêntico Imperceptível Silte, lodo Suave Submersa PQ-IC-02 Lótico Moderada Cascalho/Areia Suave Submersa Ponto Tipo de ambiente Tipo de Corrente Presente (Gramíneas) Presente (Gramíneas) Preservada Preservada Ensolarado Ensolarado Tabela 2: Condições climáticas por ponto de amostragem (continuação). Fevereiro/2012 Inclinação Vegetação Vegetação Condições Tipo de fundo Mata ciliar da margem seca/submersa marginal climáticas PQ-IC-01 Lêntico Imperceptível Silte, lodo Suave Submersa PQ-IC-02 Lótico Moderada Cascalho/Areia Suave Submersa Presente (Gramíneas) Presente (Gramíneas) Preservada Preservada Ensolarado Ensolarado Observações Corpo do reservatório no Ribeirão Pouquinho, local próximo a ranchos, com profundidade variando de 1,0 a 3,0 m, onde se visualiza leito argiloso, água esverdeada e parada. Presença de resquícios de pesca no entorno. Ribeirão Pouquinho Jusante da Casa de Força, local logo abaixo da casa de força, com profundidade variando de 0,5 a 1,0 m, onde se visualiza leito argiloso, água limpa e corrente com alguns remansos. Presença de animais domésticos e de banhistas. Observações Corpo do reservatório no Ribeirão Pouquinho, local próximo a ranchos, com profundidade variando de 1,0 a 3,0 m. Leito argiloso, água esverdeada e parada. Presença de resquícios de pesca no entorno e animais domésticos. Ribeirão Pouquinho Jusante da Casa de Força, local logo abaixo da casa de força, com profundidade variando de 0,5 a 1,0 m. Leito argiloso, água parda e corrente com alguns remansos. Presença de banhistas. 19

5.2 COMPOSIÇÃO ICTIOFAUNÍSTICA Durante o monitoramento realizado no período de 2011/2012, foram capturados 109 (cento e nove) indivíduos na PCH Poquim, pertencentes a 04 (quatro) ordens (Characiformes, Cyprinodontiformes, Siluriformes e Perciformes), e distribuídos em 07 (sete) famílias e 10 (dez) espécies distintas. No monitoramento realizado entre 2010/2011 foi coletado uma menor quantidade de indivíduos (58 exemplares), porém estes também pertenciam as ordens: Cyprinodontiformes, Cyprinodontiformes, Siluriformes e Characiformes, e estavam distribuídos em 07 (sete) famílias e 13 (treze) espécies. Em agosto/2011, foram amostrados 37 (trinta e sete) indivíduos, pertencentes a 04 (quatro) ordens (Characiformes, Perciformes, Siluriformes e Cyprinodontiformes), e distribuídos em 05 (cinco) famílias e 05 (cinco) espécies distintas. Já em fevereiro/2012, foram capturados 72 (setenta e dois) exemplares, pertencentes as ordens Characiformes, Cyprinodontiformes, Siluriformes e Perciformes, e distribuídos em 06 (seis) famílias e 08 (oito) espécies. A distribuição das espécies por ponto de amostragem encontra-se representada na tabela a seguir. 20

Tabela 3: Composição ictiofaunística nos pontos de amostragem. Ordem Família Espécie Nome popular Categoria Characiformes Characidae Comportamento migrador Ago./2011 Fev./2012 PQ-IC-01 PQ-IC-02 PQ-IC-01 PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis lambari Nativa Não - 21 17 - Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo Nativa Não - - - 6 Astyanax sp lambari Nativa Não - - 10 4 Crenuchidae Characidium sp canivete Nativa Sim - - - 22 Curimatidae Steindachnerina sp saguiru Nativa Não - 1 - - Cyprinodontiformes Poeciliidae Phalloceros caudimaculatus guaru Exótica Não 2 1 3 - Perciformes Siluriformes Cichlidae Cichlasoma sp cará Nativa Sim - 5 - - Cichlasoma facetum cará Nativa Não - - 8 - Heptapteridae Pimelodella sp. mandi Nativa Não - - - 1 Loricariidae Hypostomus sp1 cascudo Nativa Sim 7 - - 1 Total de espécies 2 4 4 5 Total de indivíduos 9 28 38 34 21

Conforme observado na tabela anterior, na primeira campanha, o ponto PQ-IC-02 apresentou a maior quantidade de indivíduos, com 28 (vinte e oito) exemplares capturados, enquanto que no PQ-IC-01 foram capturados apenas 09 (nove) indivíduos. O PQ-IC-02 também apresentou a maior diversidade de espécies, com 04 (quatro) espécies distintas. Já na segunda amostragem, a estação PQ-IC-01 apresentou a maior abundância de indivíduos, com 38 (trinta e oito) exemplares, enquanto que na PQ-IC-02 foram amostrados 34 (trinta e quatro) indivíduos. A maior riqueza de espécies também foi evidenciada no PQ- IC-02, correspondendo a 05 (cinco) espécies distintas. Em relação à primeira campanha, verificou-se um aumento no número de indivíduos, famílias e espécies. Exemplares das espécies Steindachnerina sp e Chiclasoma sp., foram encontrados apenas em agosto/2011, enquanto que Astyanax bimaculatus, Astyanax sp.1, Characidium sp., Cichlasoma facetum e Pimelodella sp. foram capturados apenas em fevereiro/2012. As fotos a seguir referem-se a algumas espécies amostradas neste monitoramento. Foto 6: Hypostomus sp.1 Foto 7: Pimellodela sp. Foto 8: Astyanax bimaculatus Foto 9: Astyanax sp. 22

Foto 10: Characidium sp. A composição ictiofaunística dos pontos amostrais está representada nos gráficos a seguir. 23

22% 21% 78% Phalloceros caudimaculatus Hypostomus sp1 8% 26% 45% Astyanax scabripinnis Astyanax sp Phalloceros caudimaculatus Cichlasoma facetum A B Gráfico 1: Composição ictiofaunística do ponto PQ-IC-01, A refere-se a amostragem de agosto/2011, e B a de fevereiro/2012. 24

3% 3% 4% 18% 17% 3% 75% Astyanax scabripinnis Steindachnerina sp Phalloceros caudimaculatus Cichlasoma sp 65% 12% Astyanax bimaculatus Astyanax sp Characidium sp Pimelodella sp. Hypostomus sp1 A B Gráfico 2: Composição ictiofaunística do ponto PQ-IC-02, A refere-se a amostragem de agosto/2011 e B a de fevereiro/2012. 25

5.3 ABUNDÂNCIA De acordo com Lowe-McConnell (1999), a dominância de Ostariophysi é comum em rios neotropicais. A superordem Ostariophysi é composta pelas seguintes ordens: Characiformes, Siluriformes, Gymnotiformes, Cyprinoformes e Gonorynchiformes. Esse fato foi evidenciado na PCH Poquim, visto que esse grupo correspondeu a 78% e 85% do total capturado em agosto/2011 e fevereiro/2012, respectivamente. No monitoramento realizado no período 2010/2011, os Ostariophysi foram dominantes apenas em janeiro/2011, enquanto que em agosto/2010, os Cyprinodontiformes ocorreram em maior proporção. Em relação à abundância das ordens, nas duas campanhas realizadas, os Characiformes foram mais representativos, apresentando 22 (vinte e dois) exemplares coletados (59% do total amostrado) na primeira amostragem; e 59 (cinquenta e nove) indivíduos (82% do total) na segunda campanha. No Gráfico 3, a seguir, é apresentada a abundância das ordens. 70 60 nº de indivíduos 50 40 30 20 10 Characiformes Cyprinodontiformes Perciformes Siluriformes 0 Ago./2011 Campanhas Fev./2012 Gráfico 3: Abundância relativa das ordens. Conforme observado no gráfico a seguir, tanto em agosto/2011 como em fevereiro/2012, a família Characidae foi predominante, apresentando 21 (vinte e um) indivíduos capturados na primeira campanha e 37 (trinta e sete) exemplares na segunda, sendo representada, sobretudo, pelo gênero Astyanax. No monitoramento realizado em 2010/2011, a família Poecilidae foi mais abundante nas coletas realizadas em agosto/2010, sendo representada pelas espécies Poecilia 26

reticulata e Poecilia vivipara; enquanto que, Characidae predominou em janeiro/2011, sendo composta apenas pelo gênero Astyanax. Loricariidae Heptapteridae 1 1 7 Cichlidae 5 8 Poeciliidae Curimatidae 1 3 3 Fev./2012 Ago./2011 Crenuchidae Characidae 21 22 37 0 10 20 30 40 nº de indivíduos Gráfico 4: Abundância relativa das famílias. Bennemann e colaboradores (2000) ressaltam que os Characidae apresentam um grande predomínio de espécies de pequeno porte e/ou capazes de concluir seu ciclo de vida em ambientes lênticos, com grande flexibilidade de hábitos alimentares e capacidade de reprodução em diversos habitats. Em relação à abundância relativa e absoluta de cada uma das espécies capturadas, os resultados obtidos estão representados na Tabela 4. 27

Espécie Tabela 4: Abundância absoluta e relativa das espécies amostradas na PCH Poquim. Ago./2011 Fev./2012 nome popular Abundância absoluta Abundância Relativa Abundância absoluta Abundância Relativa Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo - - 6 0,08 Astyanax scabripinnis lambari 21 0,57 17 0,24 Astyanax sp. lambari - - 14 0,19 Characidium sp. canivete - - 22 0,32 Cichlasoma sp cará 3 0,08 - - Cichlasoma facetum cará - - 8 0,11 Hypostomus sp1 cascudinho 1 0,03 1 0,01 Phalloceros caudimaculatus guaru 7 0,19 3 0,04 Pimelodella sp. mandi - - 1 0,01 Steindachnerina sp saguiru 5 0,13 - - Total 37 1 72 1 28

Conforme observado na tabela anterior, em agosto/2011, a espécie mais abundante foi Astyanax scabripinnis com 21 (vinte e um) indivíduos, perfazendo 57,0% dos exemplares capturados; seguida por Phalloceros caudimaculatus que apresentou apenas 07 (sete) espécimes amostrados. Já em fevereiro/2012, Characidium sp. foi a espécie mais representativa, com 22 (vinte e dois) exemplares capturados, correspondendo a 30,5% do total amostrado; seguido por Astyanax scabripinnis e Astyanax sp. que apresentaram 17 (dezessete) e 14 (quatoreze) indivíduos coletados, respectivamente. O gráfico a seguir apresenta a abundância absoluta das espécies. Steindachnerina sp 5 Pimelodella sp. 1 Phalloceros caudimaculatus Hypostomus sp1 1 1 3 7 Cichlasoma facetum 8 Cichlasoma sp 3 Characidium sp. 22 Astyanax sp. 14 Astyanax scabripinnis 17 21 Astyanax bimaculatus 6 0 5 10 15 20 25 nº de indivíduos Fev./2012 Ago./2011 Gráfico 5: Abundância das espécies encontradas. No monitoramento efetuado em 2010/2011, a espécie Poecilia vivipara e Geophagus brasiliensis apresentaram a maior abundância em agosto/2010 e janeiro/2011, respectivamente. Em relação à abundância absoluta, verificou-se que, em agosto/2011, o ponto PQ- IC-02 foi o mais abundante, apresentando 28 (vinte e oito) indivíduos capturados, enquanto que no PQ-IC-01 foram coletados apenas 09 (nove) espécimes. Já em fevereiro/2012, a maior abundância foi evidenciada na estação PQ-IC-01 com 38 (trinta e oito) exemplares, enquanto que na PQ-IC-02 foram amostrados 34 (trinta e quatro) indivíduos. 29

No Gráfico 6, a seguir, é apresentada a abundância relativa de cada um dos pontos de amostragem. 40 38 35 34 nº de indivíduos 30 25 20 15 10 5 0 9 PQ-IC-01 28 PQ-IC-02 Ago./2011 Fev./2012 Gráfico 6: Abundância absoluta dos pontos de amostragem. Analisando a abundância das espécies por ponto, verificou-se que Astyanax scabripinnis foi mais representativa no PQ-IC-02, em agosto/2011, e no PQ-IC-01 em fevereiro/2012; enquanto que Phalloceros caudimaculatus e Characidium sp. apresentaramse em maior proporção no PQ-IC-01 e no PQ-IC-02, na primeira amostragem e na segunda amostragem, respectivamente. 5.4 DIVERSIDADE E EQUITABILIDADE O índice de Shannon assume que os indivíduos foram amostrados ao acaso e que todas as espécies estão representadas na amostra (MAGURRAN, 1988). Como exposto na metodologia, a análise leva em conta dois fatores, a riqueza absoluta de espécies e suas abundâncias relativas ou a equitabilidade. Desta forma, quanto mais equitativa a distribuição do número de indivíduos por espécie, maior a diversidade. Por outro lado, quanto menos equitativa, menor o índice, o que pode indicar uma condição de estresse ou alteração ambiental a partir da condição original (ODUM, 1985). Na Tabela 5, a seguir, são apresentados os resultados obtidos em cada ponto monitorado. 30

Tabela 5: Índice de diversidade de Shannon (H ) e indice de equitabilidade (E) para os locais de coleta. Ago./2011 Fev./2012 Parâmetros PQ-IC-01 PQ-IC-02 PQ-IC-01 PQ-IC-02 H 0,23 0,331 0,538 0,455 E 0,764 0,549 0,894 0,651 De acordo com os resultados apresentados, verificou-se que, a maior diversidade de espécies em foi observada para o ponto PQ-IC-02, em agosto/2011, e para o PQ-IC-01, em fevereiro/2012. Por outro lado, em ambas as campanhas, a estação PQ-IC-01 mostrou uma distribuição mais equitativa. Os resultados para o índice de diversidade encontrados na área de estudo demonstram a ocorrência de ambientes com qualidade ambiental bastante alterada. É importante ressaltar que o baixo número de indivíduos coletados pode alterar os valores dos índices de diversidade e equitabilidade, não apresentando dados reais sobre a população local, uma vez que a presença ou ausência de um único indivíduo pode afetar os índices analisados. 5.5 SIMILARIDADE De acordo com o índice de similaridade, foram obtidos os seguintes resultados: Tabela 6: Índice de similaridade dos pontos de amostragem. Ago./2011 Fev./2012 PQ-IC-01 PQ-IC-02 PQ-IC-01 PQ-IC-02 PQ-IC-01 * 0,33 * 0,22 Em relação ao índice de similaridade, nas duas amostragens realizadas, os resultados obtidos foram considerados baixo, uma vez que, tanto em agosto/2011 como em fevereiro/2012, apenas uma espécie foi comum aos dois pontos monitorados. 5.6 RIQUEZA DE ESPÉCIES Através do cálculo da riqueza de espécies, proposto por Odum (1985), verificou-se que, em ambas as campanhas, o ponto de maior riqueza foi o PQ-IC-02, conforme observado na Tabela 07. 31

Tabela 7: Número de espécies (S), abundância (N) e riqueza de espécies (D) dos pontos analisados PONTOS Ago./2011 Fev./2012 S N D S N D PQ-IC-01 2 9 1,05 4 38 1,91 PQ-IC-02 4 28 2,07 5 34 2,61 5.7 BIOMETRIA Os resultados referentes ao comprimento máximo e mínimo das espécies amostradas estão descritas na Tabela 8, a seguir. 32

Tabela 8: Comprimento corporal padrão máximo, mínimo, médio e desvio padrão. Espécie Nome popular Ago./2011 Fev./2012 CP Máx. CP Mín. CP Médio Desvio Padrão CP Máx. CP Mín. CP Médio Desvio Padrão Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo - - - - 57 47 53,33 7,07 Astyanax scabripinnis lambari 37 15 23,62 15,56 14 11 12,47 2,12 Astyanax sp. lambari - - - - 45 16 26,36 20,51 Characidium sp. canivete - - - - 40 27 35,59 9,19 Cichlasoma sp cará 59 39 53,2 14,14 - - - - Cichlasoma facetum cará - - - - 112 52 70,87 42,43 Hypostomus sp1 cascudo 46 35 41 7,78 38 38 - - Phalloceros caudimaculatus guaru 18 13 15,67 3,53 22 13 19 6,36 Pimelodella sp. mandi - - - - 62 62 - - Steindachnerina sp saguiru 109 109 - - - - - - 33

Conforme observado na tabela anterior, em agosto/2011, o indivíduo com maior comprimento corporal coletado foi um espécime de Steindachnerina sp. com 109 mm de CP padrão. Já um indivíduo de Phalloceros caudimaculatus foi o menor espécime amostrado, apresentando um comprimento corporal correspondente a 13 mm. Em fevereiro/2012, Cichlasoma facetum apresentou o maior comprimento padrão, correspondendo a 112 mm, seguido por Pimelodella sp. com 62 mm. Já para um exemplar da espécie Astyanax scabripinnis foi evidenciado o menor CP amostrado, com apenas 11 mm. Considerando o comprimento padrão médio, na primeira amostragem, a espécie Cichlosoma sp. apresentou o maior comprimento padrão médio (53,2 mm), enquanto que em Phalloceros caudimaculatus foi evidenciado a menor média, com 15,67 mm. Já na segunda amostragem, Cichlasoma facetum apresentou o maior comprimento padrão médio (70,87 mm), enquanto que em Astyanax scabripinnis foi evidenciado a menor média, correspondendo a 12,47 mm. No gráfico a seguir, está representado o comprimento padrão médio das espécies amostradas. 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Astyanax bimaculatus Astyanax scabripinnis Astyanax sp. Characidium sp. CP médio (mm) Cichlasoma sp Cichlasoma facetum Hypostomus sp1 Phalloceros caudimaculatus Gráfico 7: Comprimento padrão médio das espécies amostradas. Durante o monitoramento realizado em 2011/2012, foi coletado um total de 289,3 gramas de material ictiológico na PCH Poquim, sendo 98,1 gramas em agosto/2011 e 191,2 gramas em fevereiro/2012. 34

Na primeira amostragem, a maior biomassa total coletada foi evidenciada para Cichlasoma sp, com 43,0 gramas. Já Astyanax scabripinnis foi a espécie com menor biomassa total coletada, correspondendo a apenas 0,1 gramas. Já na segunda campanha, Cichlasoma facetum apresentou a maior biomassa total capturada, correspondendo a 129,0 gramas, seguida por Astyanax bimaculatus com 31,0 gramas. Por outro lado, a menor biomassa total foi obtida para Hypostomus sp., com 1,0 gramas, sendo que para essa espécie foi coletado apenas um exemplar. Os resultados referentes a biomassa total, máxima e mínima, bem como a média e o desvio padrão são apresentados na Tabela 9, a seguir. 35

Tabela 9: Biomassa corporal total, máxima, mínima, média e desvio padrão das espécies capturadas. Espécie Nome popular Ago./2011 Fev./2012 Bio total Bio. Máx. Bio. Mín. Bio Méd. Desvio Padrão Bio total Bio. Máx. Bio. Mín. Bio Méd. Desvio Padrão Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo - - - - - 31 6 3 5,17 2,12 Astyanax scabripinnis lambari 9,1 2 0,1 0,43 1,34 7,8 1 0,1 0,46 0,64 Astyanax sp. lambari - - - - - 8,3 2 0,1 0,59 1,34 Characidium sp. canivete - - - - - 10,7 0,7 0,2 0,49 0,35 Cichlasoma sp cará 43 11 3 8,6 5,66 - - - - - Cichlasoma facetum cará - - - - - 129 52 6 16,12 32,53 Hypostomus sp1 cascudinho 10 2 1 1,43 0,71 1 1 1 - - Phalloceros caudimaculatus guaru 2 1 1 1 0 1,4 1 0,2 0,47 0,57 Pimelodella sp. mandi - - - - - 2 2 2 - - Steindachnerina sp saguiru 36 36 36 - - - - - - - 36

Em relação à média da biomassa corporal, em agosto/2011, a espécie Cichlasoma sp apresentou a maior biomassa capturada (8,6 g), enquanto que em Astyanax scabripinnis foi evidenciada a menor média, com apenas 0,43 gramas. Já em fevereiro/2012, Cichlasoma facetum apresentou a maior biomassa capturada (16,12 g), enquanto que em Astyanax scabripinnis foi evidenciada a menor média, com apenas 0,46 gramas. No gráfico a seguir, está representada a biomassa corporal média das espécies amostradas. Biomassa méida (g) 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Astyanax bimaculatus Astyanax scabripinnis Astyanax sp. Characidium sp. Cichlasoma sp Cichlasoma facetum Hypostomus sp1 Phalloceros caudimaculatus Gráfico 8: Biomassa corporal média das espécies amostradas. Diante dos dados apresentados, verificou-se que a população íctia local apresenta baixíssima populosidade, sendo que as espécies capturadas, tanto em agosto/2011 como em fevereiro/2012, possuem tamanho e biomassa reduzida. Resultados similares foram obtidos no monitoramento realizado em 2010/2011. 5.8 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REPRODUTIVA Com relação à atividade reprodutiva, é importante ressaltar que os indivíduos mantidos inteiros não foram considerados. Os indivíduos inteiros são aqueles conservados como indivíduos-testemunho. A escolha da quantidade dos mesmos foi relacionada com a tentativa de se retratar da melhor forma as possíveis alterações morfológicas e do estágio de desenvolvimento existentes dentro de uma mesma espécie. 37

Em ambas as campanhas, não foi possível realizar a avaliação da atividade reprodutiva dos indivíduos amostrados, visto que todos exemplares capturados encontravam-se em estágio de deterioração bastante avançado, impossibilitando a determinação do sexo e avaliação dos estágios de desenvolvimento gonadal. Esse fato ocorreu em função da quantidade de espécimes de hábitos alimentares detritívoros capturados e que, em virtude do tempo que permanecem na rede de espera, apresentaram conteúdo deteriorado. 5.9 ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO Conforme mencionado anteriormente, tanto em agosto/2011 como em fevereiro/2012, todos os indivíduos capturados apresentaram conteúdo bastante deteriorado, impossibilitando a avaliação do índice gonadossomático de todos os indivíduos capturados. 5.10 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ALIMENTAR Os estudos referentes ao hábito alimentar de peixes, é de extrema importância, principalmente para a conservação em ambiente natural. A questão fundamental diz respeito à flexibilidade observada na dieta de muitas espécies. Devido principalmente a este fato, o estudo dos itens alimentares encontrados no conteúdo estomacal de diferentes espécies da ictiofauna, tem se tornado freqüente e de fundamental importância para conservação de diferentes espécies (FELIPE et al., 2007). De acordo com diversos autores os peixes podem ocupar vários níveis tróficos dentro de um ecossistema, entretanto, a classificação dos mesmos em categorias tróficas definidas, tem sido dificultada em função da enorme variedade de espécies conhecidas, além do amplo espectro de itens alimentares ingeridos pelas mesmas. Na área de influência da PCH Poquim, em ambas as campanhas, todos os indivíduos capturados apresentaram o conteúdo deteriorado, impossibilitando a análise do conteúdo estomacal destes exemplares. 5.11 ÍNDICE PONDRAL DE DOMINÂNCIA (IP) Quanto ao índice de importância ponderal, os resultados evidenciados em cada uma das espécies amostradas estão descritos a seguir na Tabela 10. 38

Tabela 10: Índice de importância ponderal para indivíduos capturados. As espécies em destaque são consideradas importantes (IP> 1%). Agosto/2011 Espécie Nome popular N Bio IP Astyanax scabripinnis lambari 21 9,1 36,88 Steindachnerina sp saguiru 1 36 6,95 Phalloceros caudimaculatus guaru 3 2 1,16 Cichlasoma sp cará 5 43 41,5 Hypostomus sp1 cascudinho 7 10 13,51 Fevereiro/2012 Espécie Nome popular N Bio IP Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo 6 31 10,88 Astyanax scabripinnis lambari 17 7,8 7,76 Astyanax sp. lambari 14 8,3 6,8 Characidium sp. canivete 22 10,7 13,77 Cichlasoma facetum cará 8 129 60,37 Hypostomus sp1 cascudinho 1 1 0,06 Phalloceros caudimaculatus guaru 3 1,4 0,24 Pimelodella sp. mandi 1 2 0,12 Em agosto/2011, todas as 05 (cinco) espécies capturadas na PCH Poquim apresentaram importância ponderal (> 1%). Cichlasoma sp. apresentou a maior IP, correspondendo a 41,5%, seguido por Astyanax scabripinnis com 36,88%. Já em fevereiro/2012, das 08 (oito) espécies amostradas 05 (cinco) apresentaram importância ponderal, sendo o maior valor observado para Cichlasoma facetum correspondendo a 60,37%, seguido por Characidium sp. e Astyanax bimaculatus que apresentaram 13,77% e 10,88%, respectivamente. 5.12 ANÁLISE DE OVOS E LARVAS O material para análise de ovos e larvas foi coletado em todas as estações de amostragem. No entanto, em ambas as campanhas, em nenhuma das amostras foram encontrados ovos e/ou larvas de peixes, sendo detectada apenas a presença de insetos e/ou larvas de insetos. Na época da estiagem, mesmo em reservatórios, a reprodução tende a zero, uma vez que a esta época não abrange o período de desova da maioria das espécies de peixes de água doce (VAZZOLER, 1996). Como as amostragens foram realizadas durante o dia, recomenda-se que, para os próximos monitoramentos, as amostragens sejam realizadas ao entardecer e durante os períodos com picos de chuvas. Recomenda-se que as coletas sejam realizadas em períodos 39

pré-definidos, como no início do período chuvoso e ao final do período reprodutivo, e não com intervalos pré-fixados de seis meses. Acredita-se que dessa forma, ovos e/ou larvas serão capturados e contribuirão para o conhecimento do ictioplâncton do local. 5.13 PESCA PROFISSIONAL O Art. 26 do Código Nacional de Pesca diz que "Pescador profissional é aquele que matriculado na repartição competente (SEAP) segundo as leis e regulamentos em vigor faz da pesca sua profissão ou meio principal de vida. Para levantamento da pesca profissional, foram entrevistados pescadores na Área de Influência Direta (AID) do empreendimento. As coletas dos dados foram realizadas de maneira a contemplar as informações das comunidades de pesca ao longo de todo o trecho de estudo que estivessem na Área de Influência Direta do empreendimento. Para a PCH Poquim, durante as vistorias realizadas, não foi constatada a presença de pescadores em nenhuma das estações de amostragem. Em ambas as campanhas, no ponto PQ-IC-01 foi observada a ocorrência de resquícios de pesca, sobretudo de anzóis, linhas e varas. 40

6 DISCUSSÃO A transformação do ambiente lótico em lêntico é o primeiro impacto observado na construção de empreendimentos hidrelétricos ou de qualquer barramento de um rio. A hidrologia local é severamente alterada, significando que as condições químicas e físicas da água são modificadas (alteração limnológica) e, com isso há formação de um novo ambiente, com novos habitats e à perda de outros. O principal objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento e um monitoramento da composição ictiofaunística, além de avaliar possíveis impactos ambientais causados as populações de peixes na represa, na área de influência da PCH Poquim. Durante o monitoramento realizado em 2011/2012, foram capturados 109 (cento e nove) indivíduos na PCH Poquim, pertencentes a 04 (quatro) ordens (Characiformes, Cyprinodontiformes, Siluriformes e Perciformes), e distribuídos em 07 (sete) famílias e 10 (dez) espécies distintas. Em agosto/2011, foram amostrados apenas 37 (trinta e sete) indivíduos, distribuídos em 05 (cinco) famílias e 05 (cinco) espécies distintas. Já em fevereiro/2012, foram capturados 72 (setenta e dois) exemplares, distribuídos em 06 (seis) famílias e 08 (oito) espécies. O baixo número de indivíduos capturados pode se associar às próprias características da região (trecho alto, curso d água de pequeno porte) como também às modificações causadas no ambiente, principalmente em função de uso e ocupação do solo no entorno. Comparando-se os resultados obtidos neste monitoramento, com aqueles encontrados em 2009/2010 e em 2010/2011, foram observados os resultados apresentados na Tabela 11. 41

Tabela 11: Composição ictiofaunística da PCH Poquim ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE Nome comum 2009/2010 1 2010/2011 2 2011/2012 Astyanax bimaculatus lambari-do-rabo-amarelo X X X Astyanax scabripinnis lambari X Characidae Astyanax sp. lambari X X Astyanax sp.1 lambari X Astyanax sp.3 lambari X CHARACIFORMES Curimatidae Steindachnerina sp.1 saguiru X Crenuchidae Characidium sp. canivete X X Characidium sp.1 canivete X Cyphocharax gilbert saguiru X Erythrinidae Hoplias cf. lacerdae traírão X Hoplias malabaricus traíra X X Geophagus cf. altifrons cará X PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma sp. cará X Cichlasoma facetum cará X Geophagus brasiliensis acará X X Heptapteridae Rhamdia quelen bagre X Pimelodella sp. mandi X Pimelodidae Pimelodella sp. bagrinho X Trichomycteridae Trichomicterus sp.1 bagrinho X SILURIFORMES Neoplecostomus sp. cascudinho X Neoplecostomus aff. brasiliensis cambeva X Loricariidae Hypostomus luetkeni casudo X Hypostomus sp.1 cascudo X Hypostomus affins cascudo X X Poecilia reticulata guppy X CYPRINODONTIFORMES Poeciliidae Phalloceros caudimaculatus guaru X Poecilia vivipara guarú X Nº de espécies 12 13 10 1 Monitoramento realizado pela Empresas PRB Ambiental Consultoria e Projetos no período 2009/2010. 2 Monitoramento realizado pela Empresas Água e Terra Planejamento Ambiental Ltda no período 2010/2011. 42

Em 2009/2010, foram capturados 59 (cinquenta e nove) indivíduos, distribuídos em 12 (doze) espécies distintas, enquanto que, em 2010/2011, foram amostrados 58 (cinqüenta e oito) exemplares, pertencentes a 12 (doze) espécies. Já no período 2011/2012 foram coletados 109 (cento e nove) espécimes, distribuídos em 10 (dez) espécies distintas. Para a PCH Poquim, acredita-se que as alterações na composição ictiofaunística tenham ocorrido quando de sua implantação. Para as variações observadas na composição ictiofaunística, atualmente, supõe-se que estas estejam relacionadas com as atividades desenvolvidas na bacia de drenagem e não com as atividades do empreendimento. Foram capturadas indivíduos migradores, como é o caso das espécies Hypostomus sp.1, Characidium sp. e Cichlasoma sp. A captura desses exemplares provavelmente está relacionada ao grau de preservação observada no ponto PQ-IC-02 e o tamanho do reservatório (PQ-IC-01) que não abriga grandes predadores. Estas localidades podem estar sendo utilizadas como berçário para algumas das espécies de peixes da Bacia como um todo. Segundo Lowe-McConnell (1999), a dominância de Ostariophysi, principalmente de Characiformes e Siluriformes, é comum em rios neotropicais. Este fato foi observado na PCH Poquim, visto que esse grupo correspondeu a 78% e 85% do total capturado na primeira e na segunda amostragem, respectivamente. Para a abundância das ordens, verificou-se que, em ambas as campanhas, os Characiformes foram mais representativos, correspondendo a 59% do total capturado em agosto/2011, e a 82% do total coletado em fevereiro/2012. O percentual de Characiformes e Siluriformes em relação ao número total de espécies encontradas reflete um padrão geral característico dos rios da América do Sul (LOWE-MCCONNELL, 1987), corroborando com os resultados obtidos na PCH Poquim. Em relação à abundância das famílias, verificou-se o predomínio de indivíduos pertencentes a família Characidae nas duas campanhas realizadas, sendo representada por exemplares do gênero Astyanax. Tanto em agosto/2011 como em fevereiro/2012, os peixes capturados apresentaram exclusivamente um pequeno porte. Segundo Castro (1999), o número e a composição das espécies variam muito de acordo com o porte e porção do riacho, da região ou bacia. Já para Vazzoler (1996) incluem-se na categoria "pequeno porte" aquelas espécies com comprimento total máximo menor que 200 mm, "médio porte" aquelas entre 200 e 400 mm, e "grande porte" aquelas maiores que 400 mm. Entretanto, não há consenso quanto ao limite de tamanho de um peixe de pequeno porte, pois Castro (1999) atribui o comprimento igual ou inferior a 150 mm como limite máximo. 43

Nas duas amostragens realizadas não foi possível realizar a identificação do estágio de desenvolvimento gonadal, sexagem, índice gonadassomático e da dieta alimentar, visto que os indivíduos coletados apresentaram conteúdo bastante deteriorado, fato relacionado com a quantidade de espécimes de hábitos alimentares detritívoros capturados e com o tempo que permanecem na rede de espera. Já para a atividade de pesca, em ambas as campanhas, foi observada presença apenas de resquícios de pesca no ponto PQ-IC-01. É importante ressaltar que, o porte deste curso d água limita a ocorrência de espécies de maior porte e mais apreciadas pela pesca, de modo que não há um atrativo na região para a realização de pesca profissional ou mesmo a amadora. A resiliência das espécies para área de TVR ocorre, provavelmente, porque nessa região as características de heterogeneidade de habitat se apresentam propícios para colonização destas espécies (vegetação marginal abundante, poções, fundos com muita pedra e areia). Em relação a transposição (STP s), de acordo com os resultados obtidos, não seria necessário a implementação desse tipo de sistema na PCH Poquim, visto que as espécies consideradas migradoras (cascudos e acará) são comumente encontradas na região e na bacia do rio Doce. Deve-se destacar também que o volume de água encontrado não propiciaria a migração de peixes de maior porte, a não ser que houvesse aumento da liberação de água pela PCH, o que necessitaria de um projeto de engenharia mais específico. 44

7 PARECER SOBRE A NECESSIDADE DE MECANISMO DE TRANSPOSIÇÃO DE PEIXES 7.1 INTRODUÇÃO A matriz energética brasileira é predominantemente hidrelétrica. A despeito dos avanços na produção de energia elétrica por fontes alternativas, elas não possuem escala para atender as crescentes necessidades do país, tornando imprescindível a implantação de novos empreendimentos hidrelétricos a curto e médio prazo (Carneiro-Junho 2008). Apesar de seus incontestáveis benefícios energéticos a que os aproveitamentos hidrelétricos estão associados, associam-se também impactos ambientais com destaque para, a interferência nas populações de peixes, especialmente de espécies migratórias. Este fato assume importância ainda maior quando se leva em conta a alta diversidade de espécies de peixes nos rios brasileiros, e que os peixes migradores são componentes importantes da economia e cultura da pesca de subsistência das populações humanas e da água doce Neotropical (Carolsfeld & Harvey, 2003). A implantação de barragens em rios pode causar a interrupção das rotas migratórias destes peixes, e atualmente os sistemas para transposição de peixes constituem solução clássica na tentativa de restaurar a conectividade longitudinal entre sítios de alimentação e desova em rios. Atualmente os reservatórios constituem parte da paisagem na maioria das bacias do Brasil, resultado da opção de escolha do país por tal matriz energética. Para rios menores com quedas de pequeno ou médio porte, as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) são as melhores opções de geração de energia, uma vez que, além do custo mais acessível, têm menor prazo de implementação e legislação mais acessível. Usinas Hidrelétricas (UHEs) e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) alteram o fluxo original do rio bloqueando a migração da ictiofauna. Como consequência importante disso, a redução da diversidade de peixes (Agostinho et al., 2003; Mérona et al., 1999) e até mesmo a extinção local (Godinho & Godinho, 1994), principalmente das espécies migratórias. Dentre as estratégias empregadas para atenuar os efeitos do bloqueio exercido por barramentos na migração dos peixes, está a construção de Mecanismos de Transposição de Peixes (MTPs) ou Sistemas de Transposição de Peixes (STPs), estruturas hidráulicas que têm como objetivo principal permitir à subida e/ou descida dos peixes. Algumas vezes, estes sistemas, ao invés de ajudar, são ineficientes à subida dos peixes, pois, se os peixes não reconhecem prontamente a entrada da escada, podem permanecer 45

em suas imediações por tempo prolongado, atrasando a migração e comprometendo a desova, ou mesmo jamais acessá-la. A construção de passagens para peixes tem sido uma das estratégias adotadas pelo setor elétrico como forma de diminuir os efeitos de barramentos sobre as comunidades de peixes. 7.2 MIGRAÇÃO Migrações são observadas nos mais diferentes grupos animais (Dingle, 1996), sendo realizadas também por peixes de diferentes espécies. Constituindo, em geral, uma estratégia para escapar das restrições do sítio de reprodução quanto à disponibilidade de alimentos, frequentemente conduzindo a aumento de crescimento, fecundidade, sobrevivência e produção (Northcote, 1978). A migração, definida por Northcote (1978), é o deslocamento entre dois ou mais sítios disjuntos, com eventual retorno ao sítio original, que ocorre com periodicidade regular e que envolve a maior parte da população das espécies de peixes. O padrão básico de adultos inclui o deslocamento entre dois sítios principais, o de alimentação e o de reprodução. A direção da migração depende das condições locais e pode ser descendente, ou seja, para jusante (rio abaixo) ou ascendente, ou seja, para montante (rio acima). Neste complexo padrão de migração, os peixes migradores brasileiros migram (ou se dispersam) ao longo dos rios durante todos os estágios de suas vidas, ou seja, ovos, larvas, alevinos e adultos. Ovos e larvas movem-se somente para jusante, em migrações passivas, e em algum ponto os jovens migra rio acima. Os jovens, possivelmente, também migram rio abaixo. A migração rio acima por adultos é o movimento pré-desova mais comum já encontrado entre os peixes brasileiros. Com relação aos efeitos diretos a montante de barragens, segundo Lariner (2001), a formação de reservatórios pode afetar de forma dramática o habitat de espécies migradoras, pela transformação de ambientes lóticos, ou seja, de água corrente, em ambientes lênticos, com águas em baixas velocidades. Assim, independente das questões associadas à livre passagem de peixes pela barragem, espécies que desovam em águas correntes podem ser eliminadas, devido à perda de áreas de desova por alagamento. Aspectos também relevantes é a significativa redução das chances de ovos e larvas provenientes da eventual desova a montante alcançarem os sítios de alimentação a jusante e, em consequência, de completarem seu ciclo de vida, devido o aumento da exposição à predação por outros peixes e pássaros, ou mesmo da deposição no substrato do 46

reservatório, pela redução da velocidade do escoamento e pelo aumento da transparência das águas (Agostinho et al., 2007). Quirós (1988) conclui que a construção de barragens na parte superior de rios da América Latina pode ter levado ao desaparecimento de estoques de peixes migradores nos reservatórios e nos trechos de rio a montante daquelas estruturas. E que o mesmo ocorreu em trechos de rio onde várias barragens foram construídas em série. Além disso, a construção de barragens pode provocar, também, uma acentuada queda da produção pesqueira. Principalmente pela substituição de espécies de piracema por espécies por espécies de baixo valor comercial (Godinho, 1993). Essa modificação leva à alteração acentuada nas condições socioeconômicas dos pescadores (Sato & Osório, 1998), e nas atividades comerciais relacionadas à pesca. Segundo Sato et al. (2003), os principais impactos sobre os peixes a jusante de reservatórios parecem ocorrer em seu processo reprodutivo. Espécies que dependem de cheias e de condições de temperatura específicas como gatilho para desova são as mais afetadas, devido ás alterações introduzidas pelos reservatórios nos regimes hidrológicos, com a atenuação e retardamento das cheias, e nas temperaturas da água. Diversos impactos sobre populações de peixes a jusante de reservatórios são apresentados, dentre os quais, a interrupção do processo migratório, a inibição da reprodução, o aumento da vulnerabilidade à predação, a interferência nas áreas de alimentação e recrutamento de filhotes, e a modificação na composição da ictiofauna. A concentração de peixes a jusante de barragens, incluindo indivíduos desorientados por escoamentos turbulentos dos vertedouros ou pela passagem pelas turbinas, quando proveniente do reservatório, aumenta sua exposição à vulnerabilidade à predação por outros peixes e pássaros. 7.3 TRANSPOSIÇÃO Os sistemas de transposição de peixes em barramentos de rios constituem solução clássica para mitigação de impactos sobre espécies de peixes migradoras, do ponto de vista da conservação da ictiofauna, porque possibilitam a restauração da conectividade longitudinal entre os sítios de alimentação e reprodução, nas migrações ascendentes, complementados pela passagem por turbinas, vertedouros e sistemas de contorno a partir do reservatório, que permitem a restauração daquela conectividade nas migrações descendentes. 47

Sucessos na recuperação de estoques de espécies migradores em rios com barramentos têm sido obtidos com a implantação desses sistemas de transposição para montante, conforme Moffit et al. (1982), Moring (1993) & Clay (1995). Os sistemas de transposição de peixes podem ser agrupados, de acordo com Clay (1995), em três categorias gerais: Eclusas, elevadores e escadas. Eclusas de peixes Eclusas são sistemas que possuem uma câmara, na qual os peixes entram ao nível da água a jusante, que se enche, periodicamente. Quando o nível de água do seu interior atinge o nível do reservatório, os peixes podem vencer o desnível da barragem e prosseguir para montante. As eclusas do tipo Borland são de uso mais disseminado principalmente na Europa, suas principais desvantagens é a sua capacidade seletiva para determinadas espécies de peixes migradores, principalmente as de grande porte. Elevadores de peixes Elevadores de peixes são sistemas mecânicos que transportem os peixes de forma passiva, através da utilização de compartimentos estanques. Os elevadores mais comuns são aqueles em que os peixes numa caçamba içada por cabo (captura e transporte aéreo) e liberados diretamente sobre um canal ao nível de reservatório e aqueles em que os peixes são transportados por caminhões (captura e transporte terrestre). Por captura entende-se a utilização de um escoamento de atração dos peixes ao interior de um canal onde serão capturados de forma eficiente e cuidadosa. As principais vantagens dos elevadores sobre as eclusas são a maior eficiência, devido à maior capacidade de transposição de peixes por ciclo, e à pronta liberação dos peixes no reservatório. Escadas de peixes As escadas de peixes, de acordo com Kamula (2001), do ponto de vista biológico, são estruturas que permitem aos peixes vencerem os obstáculos em seus deslocamentos migratórios enquanto que do ponto de vista hidráulico, são estrutura de dissipação de energia. As escadas de peixes do tipo ranhura vertical são constituídas de uma série de tanques em desníveis, que são separados por defletores localizados junto a uma das 48

paredes do canal ou mesmo às duas, que possuem uma abertura ou ranhura ao longo de toda a vertical. O escoamento ocorre através da ranhura e é direcionado para o interior do tanque, e sua energia é dissipada através da circulação em torno de um ou dois eixo(s) vertical(is), perpendicular(es) ao fundo do canal. O padrão de escoamento e a consequente distribuição de velocidades e dissipação de energia praticamente independente da lâmina d água no interior dos tanques. Os peixes podem fazer a travessia dos defletores ao longo de toda a lâmina d água, na profundidade de sua preferência. Apesar dessa discussão, é evidente a importância do conhecimento das características dos diversos sistemas de transposição de peixes, tanto nos aspectos de engenharia quanto biológico, particularmente para espécies de peixes neotropicais, para aqueles casos, cada vez mais freqüentes, em que sua implantação for necessária, seja por motivos de conservação e manejo, seja por exigências legais. Outro aspecto a considerar é o comportamento reofílico dos peixes, ou seja, a orientação e o movimento contra o escoamento (Pavlov, 1989), mais acentuado em algumas espécies migradoras, que leva indivíduos a se concentrarem junto aos tubos de sucção das turbinas e à região de restituição do escoamento de vertedouros em aproveitamentos hidrelétricos. Em decorrência desse comportamento reofílico, algumas operações e de manutenção de reversão do modo de operação das turbinas podem ocasionar, eventualmente, mortalidade de peixes. Isso também pode ocorrer naqueles aproveitamentos cuja região de restituição do escoamento vertido não possui água na maior parte do ano, ocasionando o aprisionamento de indivíduos em poços ali formados, após a operação de fechamento das comportas dos vertedouros. Estes aspectos, dificilmente encontrados na literatura, podem ocasionar impactos sobre populações de peixes a jusante, dependendo da sua magnitude. De acordo com Kamula (2001), do ponto de vista biológico, as escadas de peixes são estruturas que permitem aos peixes vencerem os obstáculos em seus deslocamentos migratórios, enquanto que do ponto de vista hidráulico, são estruturas dissipadoras de energia. Estudos de monitoramento e avaliação de aspectos de ictiofauna foram realizados, infelizmente, apenas para um pequeno número de escadas de peixes dentre as construídas no país (Godinho et al., 1991, Agostinho et al., 2002). Com base nos resultados desses poucos estudos, existe certa controvérsia com relação aos efeitos da implantação de sistemas para transposição de peixes sobre populações de espécies migradoras neotropicais (Pelicice & Agostinho, 2008; Godinho & Kynard, 2007). 49

O canal de entrada é, provavelmente, a parte mais importante dos sistemas de transposição. Caso a sua localização seja definida de forma inadequada e não seja encontrado facilmente pelos peixes, pode conduzir a operação ineficiente do sistema de transposição, por causar atraso na sua entrada na escada, ou mesmo impossibilitar sua migração para montante (Clay, 1995; Von Gunten et al., 1956), ainda que o restante do sistema, como um todo, esteja tecnicamente correto e funcione adequadamente. O canal de entrada é equipado, geralmente, com uma comporta, junto ao Canal de Fuga, que tem como objetivo criar um jato capaz de atrair os peixes para seu interior, onde deverão encontrar condições de escoamento com velocidades suficientes para fazê-los prosseguir em direção à escada. Para imposição de velocidades de escoamento na entrada do canal superiores à do escoamento do canal de fuga, em toda faixa de variação de níveis d água para as quais o sistema deve funcionar, geralmente são utilizadas comportas na extremidade jusante do canal de entrada. Sistemas de transposição de peixes podem fornecer, para indivíduos de diferentes espécies, um caminho seguro para o reservatório e trechos de rio a montante, onde poderão encontrar locais adequados para alimentação e desova. Ao mesmo tempo em que constituem alternativas viáveis para a redução da possível mortalidade de peixes naquelas regiões de perigo, pela redução do número de indivíduos a jusante. Segundo Coutant & Whitney (2000), a transposição de peixes para jusante é um desafio a ser vencido em todo mundo. Enquanto a entrada de sistemas de transposição de peixes para montante encontrase, em geral, no canal de fuga ou junto à casa de força das usinas e PCH s, uma região de escoamento confinado, onde as velocidades do escoamento provenientes das turbinas, da ordem de 1,0 a 2,0 m/s, facilitam a localização daquela entrada pelos peixes, a saída desses sistemas de transposição usualmente é posicionada no reservatório, em regiões relativamente distantes das estruturas de vertedouros e tomada d água, para evitar que sejam eventualmente induzidos a retornar para a região de jusante, na hipótese de desorientação na saída daqueles sistemas. Como as velocidades de escoamento em reservatórios são muito baixas e as vazões escoam pelas tomadas d água, ao longo de todo o ano, e também pelos vertedouros, nos períodos de cheias, a saída dos sistemas de transposição de peixes para montante, com vazões comparativamente muito mais baixas, muito dificilmente é localizada por peixes em migrações descendentes. Essa dificuldade é ainda maior para ovos e larvas, que se deslocam de forma passiva. 50

Grandes esforços têm sido despendidos, em outros países, para se entender como os peixes negociam sua passagem para jusante em Usinas Hidrelétricas e Pequenas Centrais Hidrelétricas lhes fornecer vias seguras que minimizem a mortalidade provocada durante a passagem pelas turbinas e pelos vertedouros. Segundo Therrien & Bourgeois (2000), estudos nas turbinas Kaplan, por exemplo, indicam que as taxas de mortalidade variam de 0 a 20%. Variações súbitas na pressão, choque e compressão contra as pás, desorientação devido à alta turbulência no tubo de sucção, e conseqüente susceptibilidade a predadores, segundo Cada (2001), são as principais causa de morte de peixes migradores que atravessam a barragem através das turbinas. Sendo assim de forma geral, sistemas e mecanismos de transposição tem tido sua eficiência na manutenção da diversidade de peixes controlada com rigor no Brasil (Godinho et al., 1991; Agostinho et al., 2002). Aspectos relevantes da manutenção de populações de peixes em ambos os segmentos inferior e superior do rio criado artificialmente por barragens não podem mais ser negligenciados nos estudos de avaliação da conveniência de instalação de tais passagens (Clay 1995; Agostinho et al., 2002). Não se sabe se existe procura pelos peixes às rotas alternativas (tributários ou outros rios próximos), ou se permanecem agregados perto da barragem. Outra questão importante refere-se ao comportamento daqueles que conseguem passar a represa, pois quando os peixes passam existem facilidades. No entanto, há dúvidas sobre a capacidade do peixe para continuar o seu movimento migratório. Embora Agostinho et al. (1999) apresentaram evidências que isso é possível, a evidência empírica é ainda escassa. Os poucos trabalhos para avaliar a eficácia dos mecanismos de transposição de peixes foram realizados em grandes usinas e não em PCH s e, a partir destes, é possível verificar algumas conclusões, as quais mostram que os mecanismos de transposição são seletivos, ou seja, o conjunto de espécies que efetivamente ascende às escadas é dominado por poucas espécies, podendo incluir entre as dominantes ou aquelas que não necessitam ser transpostas. A bacia hidrográfica do rio Doce drena aproximadamente 12% do território Mineiro, a sua fauna de peixes é pouco conhecida, mas estimativas atuais sugerem que existem 77 espécies, sendo 37 delas endêmicas e fortemente ameaçadas devido ao elevado grau de alterações antrópicas (Godinho & Vieira, 1998). A PCH Poquim está instalada Ribeirão Poquim, afluente do rio Doce, no município de Itambacurí, na região do rio Doce de Minas Gerais. 51

A PCH Poquim é uma usina do tipo fio d água que está situada no rio Poquim, afluente do rio Itambacuri e contribuinte do rio Doce, no município de Itambacuri, a 15 km da cidade de Teófilo Otoni. A usina foi inaugurada em 1950 com uma unidade geradora de 704 kw, composta por gerador Siemens e turbina tipo Pelton. Em 1954 entrou em operação a segunda unidade geradora com as mesmas especificações técnicas e de fabricação. O arranjo do aproveitamento compreende a barragem de concreto gravidade para a tomada d água, vertedouro de 30 m de comprimento com comporta, tubulação forçada com trecho inicial em túnel e 175 m de comprimento. A usina foi retirada de operação em 1995 e reativada em 2002. Atualmente apresenta potência de 1.408 MW e conta com duas unidades geradoras. Apesar de no sudeste não termos uma sazonalidade bem marcada, a maioria das espécies de peixes executam suas migrações nos períodos em que os rios aumentam seu nível, nos meses em que chove mais. Durante o período reprodutivo, espécies movimentamse rio acima em busca de ambientes adequados para desova, viajando longas ou médias distâncias em direção aos tributários de ordem inferior. A reprodução é reconhecidamente um dos mais importantes aspectos estudados para avaliarem-se os efeitos do represamento de um rio sobre a comunidade de peixes, dada à importância desse processo na manutenção das populações. Portanto, a avaliação do sucesso reprodutivo de diferentes espécies parece ser uma medida adequada para detectar efeitos imediatos de perturbações de fluxo na comunidade (Poff & Ward, 1990). 7.4 ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA TOMADA DE DECISÃO EM SE ADOTAR STPS COMO MEDIDA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DE ESTOQUE DE PEIXES SUJEITOS A BARRAMENTOS Ordem do rio principal que sofreu o barramento Rios de pequeno porte (primeira, segunda terceira ordens) raramente suportam espécies migradoras de grande e médio porte em sua calha principal. Sendo assim não indicado se adotar STPs. Tributários que desaguam à jusante e/ou a montante do rio principal que sofreu barramento Quando rios de médio (quarta e quinta ordem) e grande porte (acima de quinta ordem) que suporte uma ictiofauna migratória e comercial sofrem barramentos e não recebem tributários de mesma grandeza a jusante ou a montante do barramento os STPs são indicados para a manutenção da conexão de espécies aos sítios de alimentação e reprodução. 52

Composição da Ictiofauna Os STPs podem ser indicados quando O rio que principal que sofre barramento, abriga espécies migratórias e comerciais. Características de ocupação e uso do solo e características sócios ambientais no entorno do rio principal que sofre oi barramento STPs não são indicados quando a degradação do entorno do mesmo além de sua alta eutrofização artificial, visto que a modificação na vazão do empreendimento pode inutilizar a água do rio para quaisquer fins, além de não suportar espécies migratórias que possuem restrições ambientais extremas. 7.5 PARECER TÉCNICO Diante das informações expostas, é importante a realização de mais estudos na área de atuação deste empreendimento para que se possa realizar o direcionamento de ações referentes à conservação e manejo da fauna ictía. 7.6 MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO As principais medidas a serem adotadas no em torno da PCH Poquim é um intenso trabalho de educação Ambiental, junto à população e a Prefeitura da cidade que margeiam o ribeirão, além de monitoramento da comunidade de peixes e qualidade da água. 53

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A morfometria da bacia de captação, a vazão, o padrão de circulação, a profundidade, a área, o desenho da barragem e os procedimentos operacionais são algumas das variáveis que afetam a estrutura e a dinâmica das comunidades bióticas em reservatórios. Essas variáveis tornam cada reservatório uma entidade particular, cujo manejo requer informações localizadas. Alteração no hábitat tem influência direta sobre as funções biológicas de cada espécie de peixe, pois ocasiona modificações na complexa estrutura ambiental, afetando as inter-relações entre os elementos que a compõem, o que pode, consequentemente, alterar a composição e abundância da ictiofauna local. Modificações, como a alteração da estrutura e do regime hidrológico, resultam em impactos significativos sobre a biodiversidade, facilitando a introdução de espécies exóticas, contribuindo para o desaparecimento de espécies comercialmente interessantes e inviabilizando algumas atividades de comunidades tradicionais dependentes dos recursos naturais. Os reservatórios, a exemplo de outros ambientes artificiais, requerem mais atenção de manejo que os ambientes naturais. As condições ambientais impostas por uma barragem são determinantes na re-estruturação da ictiofauna residente. Verifica-se durante o processo de colonização a depleção de algumas populações, para as quais as novas condições são restritivas e a explosão de outras, que tem no novo ambiente condições favoráveis para manifestar seu potencial de proliferação. Durante este monitoramento não foram evidenciados impactos significativos na ictiofauna na área de estudo que apresentassem ligação direta com as atividades desenvolvida na PCH Poquim. Provavelmente, os maiores impactos ocorrerem no período de enchimento do reservatório e da transformação do ambiente lótico em lêntico. Dentre todos os aspectos abordados, verificou-se que as localidades nas áreas sob influência da PCH Poquim apresentaram elevado grau de conservação. O reservatório da PCH Poquim existe há vários anos e as espécies encontradas são espécies comuns à grande maioria dos ambientes lênticos, conforme apresentado na autoecologia das espécies. As informações apresentadas permitem concluir que ainda são insuficientes os esforços realizados até o presente para caracterizar o potencial desta área. Diante das informações expostas, é importante a realização de mais estudos na área de atuação deste empreendimento para que se possa realizar o direcionamento de ações referentes à conservação e manejo da fauna ictía. 54

9 BIBLIOGRAFIA Agostinho, A. A., Gomes, L.C., Pelicice, F.M., 2007. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil. Maringá: Eduem. 501p. Agostinho, A. A., L. C. Gomes, D. R. Fernandez & H. I. Suzuki. 2002. Efficiency of fish ladder for Neotropical ichthyofauna. River Research and Application, 18: 299-306. Agostinho, A. A., L. C. Gomes, H. I. Suzuki & H. F. Júlio Jr. 2003. Migratory fishes of the Upper Paraná river basin, Brazil. Pp.19-98. In: Carolsfeld, Y., B. Harvey, C. Ross, & A. Baer (Eds.).Migratory fishes of South America: biology, fisheries and conservation status. Ottawa, International Development Centre/The World Bank, 372p. Agostinho, A. A., L. E. Miranda, L. M. Bini, L. C. Gomes, S. M. Thomaz & H. I. Suzuki. 1999. Patterns of colonization in neotropical reservoirs, and prognoses on aging. Pp. 227-265. In: Tundisi, J. G. & M. Straskraba (Eds). Theoretical reservoir ecology and its applications. São Carlos, Backhuys Publishers, Brazilian Academy of Sciences, 585p. Agostinho, A. A., S. M. Thomaz & L. C. Gomes. 2004. Threats for biodiversity in the floodplain of the Upper Paraná River: effects of hydrological regulation by dams. Ecohydrology & Hydrobiology, 4(3): 255-268 AGOSTINHO, A. A.; HAHN, N. S. et al. 1997. Estrutura trófica. In: VAZZOLER, A. E. A.; AGOSTINHO, A. A. & HAHN, N. S. A planície de inundação do alto rio Paraná: aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. Maringá, Editora da Universidade Estadual de Maringá. p. 229-248. AGOSTINHO, A. A.; JÚLIO, H. F., JR. & PETRERE, M., JR. 1994. Itaipu reservoir (Brazil): impacts of the impoundment on the fish fauna and fisheries. In: COWX, I. G. ed. Rehabilitation of freshwater fisheries. London, Fishing New Books. p. 171-184. AGOSTINHO, C.S.; MARQUES, E.E. Selection of netted prey by piranhas, Serrasalmus spilopleura and S. marginatus (Pisces, Serrasalmidae). Acta Scientiarum, v.23, n.2, p.461-464, 2001. Araújo, J.R. & G.W. Nunan, 2005 Ictiofauna do rio Paraíba do sul Danos ambientais e sociais causados por barragens, hidrelétricas e poluição no trecho fluminense. ALERJ, Rio de Janeiro. Ávila Vlo, Antonia Pereira. Conservação da fauna aquática em reservatórios. Seminário sobre Fauna Aquática e o Setor Elétrico Brasileiro, MME Ministério de Minas e Energia, ELETROBRAS 55

Centrais Elétricas Brasileiras S.A, COMASE Comitê Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico, Rio de Janeiro, Brasil, dezembro, 1994. Barbieri, G.; J.R. Verani & M.C. Barbieri. 1982. Dinâmica quantitativa da nutrição de Hoplias malabaricus (Bloch, 1794), na Represa do Lobo, Brotas-Itirapina, SP (Pisces, Erythrinidae). Rev. bras. Biol. 42 (2): 295-302. BARRETO, A. P.; ARANHA, J. M. R. Assembléia de peixes de um riacho da Floresta Atlântica: composição e distribuição espacial (Guaraqueçaba, Paraná, Brasil). Acta. Sci. Biol.Sci. Marigá, v. 27. nº 2, p.153-160, April/June, 2005. Bizerril, C. R. S. F. & Primo, P. B. S. 2001. Peixes de águas interiores do estado do Rio de Janeiro. FEMAR SEMADS. 417 p. BRITISKI, H.A.; SATO, Y.; ROSA, A.B.S.. Manual de identificação de peixes da região de Três Marias (Com chaves de identificação para os peixes da Bacia do Rio São Francisco). CODEVASF, Divisão de Piscicultura e Pesca, Brasília/DF. 1984.143p. Britski, E. A. 1994. As bacias hidrográficas e a preservação da biodiversidade. Seminário sobre fauna aquática e o Setor Elétrico Brasileiro. MME Ministério de Minas e Energia, ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras S.A, COMASE Comitê Coordenador das Atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico, Rio de Janeiro, Brasil, dezembro, 1994, Pp. 30-37. Caderno 1. BRITTO, G.C.; SIROL, R.N.; VIANNA, N.C.; JARDIM, M. S.; SANTOS, J.C.; PELISARI, E.. Peixes do rio Paranapanema edição: Duke Energy International Geração Paranapanema, 2003. BUCKUP, P. A. 2003. Astyanax. In: Reis, R. E.; Kullander, S. O. & Ferraris, C. J. 2003. (Ed.) Check List of the Freshwater Fishes of South and Central América. Porto Alegre, Edpucrs, pp 107-113. BUCKUP, P.A. & CHERNOFF, B. 1991. Bryconops and the Phylogeny of Characiformes. 71th Annual Meeting of the American Society of Ichthyologists and Herpetologists. New York, N.Y., U.S.A. Cada, G.F. & J.E. Francfort, 1995 Examining the benefits and costs of fish passage and protection measures. Hydro Rewiew, 14(1): 47-55. Carneiro-Junho, R. A., 2008 Migrações ascendentes de peixes neotropicais e hidrelétricas: Proteção a jusante de turbinas e vertedouros e sistemas de transposição. Tese de Doutorado. São Paulo. 56

Carolsfeld, Y. & B. Harvey. 2003. Introduction: fishes of the floods. Pp. 1-18. In: Carolsfeld, Y., B. Harvey, C. Ross & A. Baer (Eds.). Migratory fishes of South America: biology, fisheries and conservation status. Ottawa, International Development Centre/The World Bank, 372p. CASTRO, R. M. C & ARCIFA, M. S. Comunidades de peixes de reservatório do Sul do Brasil. Rev. Bras. Biol. 47: 493-500, 1987. CASTRO, R.M.C. 1999. Evolução da ictiofauna de riachos sul-americanos: padrões gerais e possíveis processos causais. In Ecologia de peixes de riachos (E.P. Caramaschi, R. Mazzoni & P.R. Peres- Neto, eds.). Série Oecologia Brasiliensis, PPGE-UFRJ, Rio de Janeiro, v.vi, p.139-155. CEMIG / CETEC Companhia Energética de Minas Gerais / Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. Guia Ilustrado de peixes da bacia do rio Grande. Belo Horizonte: CEMIG/CETEC, 2000. Clay, C.H., 1995 Design of fishways and other fish facilities. 2 nd Ed. Boca Raton, Florida: CRC Press. 248p. Coutant, C.C.; Whitney, R.R. Fish behaviour in relation to passage through hydropower turbines: a review. Transactions of the Americam Fisheries Society, 129: p. 351-380, 2001. Dingle, H. Migration: The biology of life on the move. New York: Oxford University Press, 1996. 480p. FERNANDO, C. H & HOLCÍK, J. Fish in Reservoirs. Int. Rev. Ges. Hydrobiol. 1991, p. 149-67. FINK, W. I. & FINK, S. A Amazônia central e seus peixes. Supl. Acta Amazônica, v.8, n.4, p.19-42, 1978. FISHBASE. http://www.fishbase.org/search.php. GENRI, F.S.; ANGELESCU, V. La nutricion de los peces iliófagos en ralación con el metabolismo general del ambiente acuático. Rev. del Inst. Nac. de Investgación de las Ciencias Naturales, v.2, n.1, p.1-44, 1951. Godinho, A. L. & H. P. Godinho. 1994. Ecology and conservation of fish in Southeastern Brazilian river basins submitted to hydroelectric impoundments. Acta Limnologica Brasiliensia, 5:187-197. GODINHO, A. L. & POMPEU, P. S. A importância dos ribeirões para os peixes de piracema in: GODINHO, H. P. & GODINHO, A.L. (orgs). Águas, peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais. Belo Horizonte: PUC Minas, 2003. p. 361-372. 57

Godinho, A. L. 1994. Biologia reprodutiva da Piaba-Facão, Triportheus guentheri (Characiformes, Characidae) e o manejo hidrológico da Represa de Três Marias. Revista Brasileira de Biologia, 54: 515-524. Godinho, A.L. & Kynard, B., 2007 Fishways for Brazilian fishes. In: Proceedings of International Symposium on Fish Passages in South America. Lavras: UFLA, p. 74-81. Godinho, H. P., A. L. Godinho, P. S. Formagio & V. C. Torquato, 1991. Fish ladder efficiency in a South-eastern Brazilian river. Ciência e Cultura, 43: 63-67. GODINHO, H.P.; GODINHO, A.L.. Águas, peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais Belo Horizonte: PUC Minas, 2003. GOMES, J.H.C.; VERANI, J.R. 2003. Alimentação de espécies de peixes do reservatório de Três Marias, p. 195-227. In: H. P. Godinho; A. L. Godinho. Águas, peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais. Belo Horizonte: PUC Minas, 468p. GOULDING, M.; CARVALHO, M.L.; FERREIRA, E.G. Rio Negro, rich life in poor water: Amazonian diversity and foodchain ecology as seen through fish communities. The Hague: SPB Academic, 1988, 200p. HAHN, N. S.; ANDRIAN, I. F. et al. 1997. Ecologia trófica. In: VAZZOLER, A. E. A.; AGOSTINHO, A. A. & HAHN, N. S. A planície de inundação do alto rio Paraná: aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. Maringá, Editora da Universidade Estadual de Maringá. p. 209-228. HOFFMANN, Ana Cecília, ORSI, Mario L. and SHIBATTA, Oscar A. Fish diversity in the UHE Escola Engenharia Mackenzie (Capivara) reservoir, Paranapanema River, upper Rio Paraná basin, Brazil, and the importance of large tributaries in its maitenance. Iheringia, Sér. Zool. vol. 95, no. 3, pp. 319-325. 2005. HYNES, H.B.N. 1950. The food of freshwaler sticklebaks (Gaerosteus aculeatus and Pygosteus pungitius) with a review of methods used in the studies of the food of fishes. J.Anim. Ecol. 19: 35-58. HYSLOP, E.P. 1980. Stomach contents analysis a review methods and their application. J. Fish. Biol. 17: 411-429. Isaac-Nahum, V.J. & A.E.A. de M. Vazzoler, 1983. Biologia reprodutiva de Micropogonias fumieri (Desmarest, 1823) (Teleostei, Sciaenidae). I. Fator de condicao como indicador do período de desova. Bolm. Inst. Oceanogr., São Paulo, 32 (1): 63-69. 58

Kamula, R., 2001 Flow over Weirs with application to fish passage facilities. Finland: University of Oulu. 113p. KAWAKAMI, E. & VAZZOLER, G. 1980. Método gráfico e estimativa de índice alimentar aplicado no estudo de alimentação de peixes. Bol. Inst. Oceanogr. 29:205-207. KULLANDER, S.O.. Family Cichlidae. pp. 605-654. In: Reis, R.E., S.O. Kullander & C.J. Ferraris Jr. (eds). Check list of the freshwater fishes of South and Central America. Porto Alegre, Edipurcs. 2003. Larinier, M., 2001 Environmental Issues, Dams and fish migration. In: Marmulla, Gerd (ed.) Dams, fish and fisheries: Opportunities, challenges and conflict resolution. FAO Fisheries Technical Paper 419, p. 45-89. Le Cren, E.D. 1951. The lenght-weight relationship and seasonal cycle in gonad weight and condition factor in the perch (Perca fluviatilis). Journal of Animal Ecology, 20 (2): 201-219. LOWE-McCONNELL, R. H.. Ecological studies in tropical fish communities. Cambridge Univ. Press, 1987, 382p. LOWE-MCCONNELL, R.H. 1999. Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. São Paulo, EDUSP, 534p. MAGO-LECCIA, F. Estudios preliminares sobre La Ecologia de los Peces de los Llanos de Venezuela. Acta Biol. Venezuelica 7(1): 71-102. 1970. MAGURRAN, A. E. 1991. Ecological diversity and its measurement. New York, Chapman & Hall. 179p. MAGURRAN, A.E. 1988. Ecological Diversity and its measurement. Princeton University Press, London. 179p. MENDONÇA, J.P. & ANDREATA, J.V.. Aspectos reprodutivos de Poecilia vivipara (Bloch & Schneider) (Poecilidae) da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 18 (4): 1041-1047, 2001. MENEZES, N.A.; GERY, J. Seven new acestrorhynchin charcid species (Osteichthyes, Ostariophysi, Characiformes) wit comments on the systematic of the group. Rev. Suisse Zool. 90(3): 563-592, 1983. 59

Mérona, B. & P. Albert, 1999 Ecological monitoring of fish assemblages downstream of a hydroelectric dam in French Guiana (South America). Regulated Rivers, 15: 339-351. Mérona, B., R. Vigouroux & F. L Tejerina-Garro. 2005. Alteration of fish diversity downstream from Petit-Saut Dam in French Guiana: implication of ecological strategies of fish species. Hydrobiologia, 551: 33-47. Moffit, C.M.; Kynard, B.; Rideout, S.G. Fish passge facilities and anadromus fish restoration in the Connecticut river basin. Fisheries, 7(6): p. 2-11, 1982. Moring, J.R., 1993 Anadromus stocks. In: Kohler, C.C.; Hubert, W.A. (eds.) Inland fisheries management in North America. Bethesda, Maryland: American Fisheries Society, p. 553-580. NAKATANI et al., 2001. Ovos e larvas de peixes de água doce: desenvolvimento e manual de identificação. Maringá, EDUEM, 378p. NOGUEIRA, M. G. Composição, abundância e distribuição espaço-temporal das populações planctônicas e das variáveis físico-químicas na represa de Jurumirim, rio Paranapanema, SP. São Carlos. 430 p. Tese (Doutorado) Universidade de São Paulo, 1996. Northcote, T.G., 1978 Migratory Strategies and production in fresh water fishes. In: Gerking, S.D. (ed.) Ecology of fresh water fish production. Oxford: Blackwell, p. 326-359. ODUM, E.P. 1985. Ecology. Holt-Saunders. London. 244 p. Pavlov, D.S., 1989 Structures Assisting the Migrations of Non-Salmonid Fish: U.S.S.R.. FAO Fisheries Tech. Pap. N o. 308. Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations, 97p. Pelicice, F.M.; Agostinho, A.A., 2008 Fish Passage Facilities as ecological traps in large Neotropical rivers. Conservation Biology, 22(1): p. 180-188. PEREIRA, R.A.C. & ALMEIDA, V.L.L.. Peixes herbívoros da planície inundável do rio Miranda, Pantanal, Mato Grosso do Sul, Brasil. Corumbá: EMBRAPA-CPAP, 1998. 24p. PETRERE-JÚNIOR, M. 1996 Fisheries in large tropical reservoirs in South America. Lakes & Reservoirs: Research and Management, 2: 111-133. PIELOU, E.C. Ecological diversity. New York: John Wiley and Sons, 1975. 60

PNDA PROGRAMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA PESCA AMADORA - Guia de pesca Amadora peixes de água doce. Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e florestas IBAMA 2008. Poff, N. LeRoy & Ward, J. V. 1990. Physical habitat template of lotic systems: Recovery in the context of historical pattern of spatiotemporal heterogeneity. Environmental Manegement, 14 (5): 629-645. POMPEU, P.S. & H.P. GODINHO. 2003. Dieta e estrutura trófica das comunidades de peixes de três lagoas marginais do médio São Francisco, p. 183-194. In: H.P. GODINHO & A.L. GODINHO (Eds). Águas, peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais. Belo Horizonte, PUC-Minas, 458p. Quirós, R., 1988 Structures assisting the migrations of non-salmonid fish: Latin America. FAO- COPESCAL Tech. Doc. N 5. Rome: Food and agriculture organization of the United Nations. 50p. Reis, R.E.; Kullander, S.O.; Ferraris Jr., C.J. 2003. Check list of the freshwater fishes of South SANTOS, E. Peixes da água doce. 4 ed. V. 2. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984. Sato, Y. & Osório, F.M.F., 1988 A Pesca na região de Três Marias, MG em 1986. In: Associação mineira de Aqüicultura. Coletânea de resumos dos encontros da associação mineira de aqüicultura: 1982-1987. Brasília: CODEVASF, p. 91-92. SATO, Y. et al. Reprodução induzida de peixes da bacia do São Francisco In: GODINHO, H. P. & GODINHO, A.L. (orgs). Águas, peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais. Belo Horizonte: PUC Minas, 2003. P.275-289. Sato, Y.; Bazzoli, N.; Rizzo, E.; Boschi, M.B.; Miranda, M.O.T., 2003 Impacto a jusante do Reservatório Três Marias Sobre a Reprodução do Peixe reofílico Curimatá-Pacu (Prochilodus argenteus) In: Godinho, H.P.; Godinho, A.L. (orgs.) Águas, Peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais. Belo Horizonte: PUC Minas, p. 327-345, 2003. SAZIMA, I., F. A. Machado, Underwater observations of piranhas in western Brazil. Environ. Biol. Fish. 28:17-31, 1990. SUZUKI, H. I. & AGOSTINHO, A. A. 1997. Reprodução de peixes do reservatório de Segredo. In: Agostinho, A. A. & GOMES, L. C. Reservatório de Segredo, bases ecológicas para o manejo. Maringá. Eduem. p.163-182. 61

TEIXEIRA, I.; BENNEMANN, S. T. Ecomorfologia refletindo a dieta dos peixes em um reservatório no sul do Brasil. Biota Neotrop. Vol. 7. Nº 2. Maio-Agosto/2007. Therrien, J.; Bourgeois, G., 2000 Fish passage at small Hydro Sites. Report by Genivar Consulting Group for Canmet Energy Technology Centre, Ottawa. TUNDISI, J. G. Impactos ecológicos da construção de represas: aspectos específicos e problemas de manejo. In: TUNDISI, J. G (Ed). Limnologia e manejo de represas. São Paulo, Academia de Ciências de São Paulo. V.1. Tomo 1.1988. URENHA JR, A. Cachorra facão. Disponível em: http://pesca-cia.uol.com.br/peixes-do-brasil/aguadoce.aspx?c=241. Acesso em outubro 2008. VARI, R. P. & L. R. MALABARBA. 1998. Neotropical Ichthyology: an Overview. p. 1-12, in L. R. Malabarba, R. E. Reis, R. P. Vari, Z. M. S. Lucena & C. A. S. Lucena. Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes. Porto Alegre: EDIPUCRS. VARI, R. P. 1992. Systematics of the neotropical characiform genus Cyphocharax Fowler (Pisces: Ostariophysi). Smithsonian Contributions to Zoology, 529:1-137. Vazzoler, A.E.A.M. 1996. Biologia de peixes teleósteos: teoria e prática. Ed. EDUEM, Maringá, 169p. VIEIRA, F.; SANTOS G. B.; ALVES, C. B. M. 2005. A ictiofauna do Parque Nacional da Serra do Cipó (Minas Gerais, Brasil) e áreas adjacentes. Lundiana 6 (supplement):77-87. Instituto de Ciências Biológicas UFMG. VILLARES JUNIOR, G. A.; GOITEIN, R. Fish, Sorocaba River basin, São Paulo State, Brazil. Check List, Rio Claro, v. 2, n. 3, p. 131-136, 2006. Von Gunten, G.H.; Smith, H.A.; Maclean, B.M., 1956 Fish passage facilities at Macnary Dam. Journal of Power Division, ASCE, 82(2): p. 1-27. VONO, V. et al. 2002. Efeitos da implantação de duas barragens sobre a estrutura da comunidade de peixes do rio Araguari (Bacia do Alto Paraná, MG). Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 132p. WOYNAROVICH, E. The hydroelectric Power plants and the fish fauna. Verh. Int. Ver. Limnol. 24: 2531-6, 1991. 62

10 ANEXOS ANEXO A CARTA DE ACEITE 63

64

ANEXO B DADOS BRUTOS AGOSTO/2011 65

Ponto Espécie wt Ls sexo EMG WG IGS ERE WE OBS PQ-IC-01 Hypostomus sp1 2 45 na na na na na na tombo PQ-IC-01 Hypostomus sp1 2 45 na na na na na na tombo PQ-IC-01 Hypostomus sp1 2 46 na na na na na na tombo PQ-IC-01 Hypostomus sp1 1 41 na na na na na na tombo PQ-IC-01 Hypostomus sp1 1 38 na na na na na na tombo PQ-IC-01 Hypostomus sp1 1 37 na na na na na na tombo PQ-IC-01 Hypostomus sp1 1 35 na na na na na na tombo PQ-IC-01 Phalloceros caudimaculatus 1 18 na na na na na na tombo PQ-IC-01 Phalloceros caudimaculatus 1 16 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Steindachnerina sp 36 109 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Cichlasoma sp 11 59 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Cichlasoma sp 11 58 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Cichlasoma sp 9 55 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Cichlasoma sp 9 55 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Cichlasoma sp 3 39 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 2 37 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 1 31 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,5 27 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,5 27 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,5 27 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,5 27 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,5 27 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,5 26 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,4 26 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,4 26 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,3 22 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,3 22 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,3 22 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,3 22 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,2 21 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,2 21 na na na na na na tombo 66

Ponto Espécie wt Ls sexo EMG WG IGS ERE WE OBS PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,2 20 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,2 20 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,1 15 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,1 15 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Astyanax scabripinnis 0,1 15 na na na na na na tombo PQ-IC-02 Phalloceros caudimaculatus NA 13 na na na na na na tombo 67

DADOS BRUTOS FEVEREIRO/2012 68

Ponto malha Ordem Família Espécie Nome comum wt Ls sexo EMG WG IGS ERE WE PQ-IC-01 TAR PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 52 112 na na na na na na PQ-IC-01 TAR PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 17 75 na na na na na na PQ-IC-01 TAR PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 15 73 na na na na na na PQ-IC-01 TAR PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 14 72 na na na na na na PQ-IC-01 TAR PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 11 67 na na na na na na PQ-IC-01 TAR PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 8 63 na na na na na na PQ-IC-01 TAR PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 6 52 na na na na na na PQ-IC-01 TAR PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma facetum cará 6 53 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,5 31 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,5 30 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,3 27 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,2 22 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,2 21 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,2 21 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,1 16 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,1 16 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,1 16 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 0,1 16 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,2 14 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,2 14 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,2 14 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,2 14 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,2 14 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,2 14 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,2 14 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,1 12 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,1 12 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,1 12 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 0,1 12 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 1 11 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 1 11 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 1 11 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 1 11 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 1 11 na na na na na na 69

Ponto malha Ordem Família Espécie Nome comum wt Ls sexo EMG WG IGS ERE WE PQ-IC-01 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax scabripinnis lambari 1 11 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CYPRINODONTIFORMES Poeciliidae Phalloceros caudimaculatus guaru 0,2 22 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CYPRINODONTIFORMES Poeciliidae Phalloceros caudimaculatus guaru 0,2 22 na na na na na na PQ-IC-01 PEN CYPRINODONTIFORMES Poeciliidae Phalloceros caudimaculatus guaru 1 13 na na na na na na PQ-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo 6 57 na na na na na na PQ-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo 6 56 na na na na na na PQ-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo 6 55 na na na na na na PQ-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo 5 53 na na na na na na PQ-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo 5 52 na na na na na na PQ-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax bimaculatus lambari do rabo amarelo 3 47 na na na na na na PQ-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 2 45 na na na na na na PQ-IC-02 TAR CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 2 43 na na na na na na PQ-IC-02 TAR SILURIFORMES Heptapteridae Pimelodella sp. mandi 2 62 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 1 33 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Characidae Astyanax sp lambari 1 32 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,7 40 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,7 40 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,7 40 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,7 40 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,7 40 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,7 40 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,7 40 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,7 40 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,5 37 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,5 37 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,5 37 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,5 37 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,5 37 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,5 37 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,3 32 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,3 32 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,3 32 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,3 32 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,3 32 na na na na na na 70

Ponto malha Ordem Família Espécie Nome comum wt Ls sexo EMG WG IGS ERE WE PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,2 27 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,2 27 na na na na na na PQ-IC-02 PEN CHARACIFORMES Crenuchidae Characidium sp canivete 0,2 27 na na na na na na PQ-IC-02 PEN SILURIFORMES Loricariidae Hypostomus sp1 cascudo 1 38 na na na na na na 71

ANEXO C ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA ART S 72

73

74

75

76