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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 3ª VARA FEDERAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Processo nº 000000-00.2016.403.6103 ANA MARIA DE QUEIROZ DOS ANJOS, brasileira, solteira, estudante, menor impúbere, portadora do RG 00.000.0000-0 (SSP/SP) e do CPF 000.000.000-00, neste ato representada por sua mãe ANA CLÁUDIA DE QUEIROZ, brasileira, divorciada, dona de casa, RG 00.000.0000-0 (SSP/SP) e CPF 000.000.000-00, e-mail acqueiroz2@hotmail.com, ambas residentes e domiciliadas na Rua 07 de Setembro, 229, Jardim Paulista, São José dos Campos/SP, CEP 12345-678, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar, no prazo legal, CONTESTAÇÃO aos termos da Ação Previdenciária que lhe move MONIQUE SANTANA DA RESTAURAÇÃO, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: Preliminarmente, requer o benefício da gratuidade da Justiça, por ser a ré pobre na acepção legal do termo, não podendo arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo próprio e de sua família. I - DOS FATOS: Cuida-se de ação previdenciária em que a autora busca a concessão de pensão por morte em face do falecimento de ANTONIO FRANCISCO DOS ANJOS, segurado do Instituto Nacional do Seguro Social, argumentando, para tanto, que 1

convivia com o segurado falecido como se casados fossem (união estável), tratando-se de sua dependente para fins previdenciários (companheira). Afirma a autora que, em razão disso, seria legalmente enquadrada como dependente deste, razão pela qual requer a concessão de pensão por morte em seu favor, desde o requerimento administrativo, com o pagamento das parcelas vencidas, corrigidas monetariamente, acrescidas de juros de mora e os encargos decorrentes da sucumbência. O Instituto Nacional do Seguro Social, em sua resposta, sustentou não ter sido comprovada a condição de companheira. Aduziu, ainda, que o falecido não mantinha a qualidade de segurado na data do óbito, requerendo a improcedência dos pedidos formulados pela autora. É o breve relato do ocorrido. II - DO MÉRITO PROPRIAMENTE DITO: O benefício pleiteado pela requerente está disciplinado nos artigos 74 e seguintes da Lei nº 8.213/91, os quais estabelecem dois pressupostos que se fazem necessários para a sua concessão, quais sejam, a condição de segurado do "de cujus" e a relação de dependência entre o mesmo e quem está requerendo o benefício. Sobre a dependência econômica, há que se observar o que prescreve o art. 16 da Lei n. 8.213/91, seus incisos, e o parágrafo 4º: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; 2

II - os pais; III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (omissis) 4º - A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada. No caso em discussão, a autora pretende habilitar-se à pensão por morte na condição de companheira de ANTONIO FRANCISCO DOS ANJOS, com o que não se pode concordar. Ora, Excelência, o Decreto nº 3.048/99, em seu art. 22, 3º, disciplina a questão nos seguintes termos: Art. 22. (...). 3º Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser apresentados no mínimo três dos seguintes documentos: I - certidão de nascimento de filho havido em comum; II - certidão de casamento religioso; III - declaração do Imposto de Renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente; IV - disposições testamentárias; V - [revogado]; VI - declaração especial feita perante tabelionato; VII - prova de mesmo domicílio; VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; X - conta bancária conjunta; XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável; XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de 21 anos; ou XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. 3

Os documentos apresentados pela parte autora (fls. - ), todavia, não se prestam a comprovar a alegada união estável que, em verdade, nunca existiu. Os documentos em questão, de um modo geral, comprovam apenas que a autora manteve um relacionamento afetivo com o segurado falecido, o que não é o bastante para a configuração do vínculo de companheiros. O segurado ANTONIO FRANCISCO DOS ANJOS foi legalmente casado com a Sra. Maria José Siqueira dos Anjos (já falecida), por mais de 20 anos, conforme certidão de casamento que acompanha a presente, não tendo havido formal dissolução do vínculo até o óbito desta (doc nº X). Nesse ínterim, manteve um relacionamento extraconjugal com ANA CLÁUDIA DE QUEIROZ, mãe da autora, que nasceu como fruto deste relacionamento amoroso. Isto foi, Excelência, exatamente o que se passou entre o falecido e a autora. Mais um - dos múltiplos - relacionamentos afetivos extraconjugais que o falecido manteve, mesmo sendo casado. Assim, é evidente que o ex-segurado pernoitava, eventualmente, na residência da autora (da mesmíssima forma com que pernoitou na residência da mãe da ora contestante), mas isto não é suficiente para caracterizar a união estável exigida para a concessão da pensão. Não se está a negar que o "de cujus" tivesse um relacionamento com a autora mas, absolutamente, tal relacionamento jamais constituiu uma união estável. Veja-se que a ré, ora contestante, nasceu quando o segurado ainda era legalmente casado com a Sra. Maria José Siqueira dos Anjos. O "de cujus" era caminhoneiro e permanecia vários dias longe de casa e da família, oportunidades em que se 4

aproveitava para se relacionar com outras mulheres. Sempre foi um homem que teve vários relacionamentos extraconjugais, mas jamais teve intenção de constituir família com outras mulheres. Além disso, era um pai de família muito agressivo, de modo que embora a esposa tivesse conhecimento de sua infidelidade, jamais ousou tomar qualquer atitude contra tal situação. Excelência, para fins previdenciários, "considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada de acordo com o 3º do art. 226 da Constituição Federal" (art. 16, 3º, da Lei 8.213/91). O parágrafo 3º do art. 226 da Constituição Federal, por seu turno, reza que "para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento". E o Código Civil de 2002, em seu art. 1.723, reconhece como entidade familiar "a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família". Além disso, expressamente dispõe que "as relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos". Como se vê, não se tratando de uma convivência contínua e respaldada pelos deveres de lealdade e respeito, não se tratava, evidentemente, de uma união estável. Na espécie, como sustentar a existência de uma união estável entre o "de cujus" e a autora se aquela convivência não era contínua, eis que o segurado falecido "parava" em vários endereços e se relacionava concomitantemente com 5

várias mulheres, a depender de onde se encontrava por força de seu trabalho (motorista de caminhão)? Ademais, respeito e lealdade é que não existiam naquela relação, diante de todos os fatos ora trazidos a juízo. Em síntese, não se nega o direito da filha do segurado falecido perceber o benefício previdenciário em questão, eis que se encontra perfeitamente resguardada pela legislação previdenciária. Todavia, não se pode concordar com a habilitação da autora, uma vez que jamais chegou a ser considerada companheira do "de cujus" nos termos do que preconiza a lei. Por todo o exposto, seja em razão de não ter sido apresentada prova documental suficiente para a comprovação do alegado, seja porque o relacionamento ora em debate não estava regido pelos deveres de lealdade e respeito, nem mesmo era contínuo e exclusivo, não é caso de ser reconhecida a autora como dependente do segurado falecido. Portanto, não faz jus a autora ao benefício previdenciário de pensão por morte. Contudo, para o caso de assim não entender Vossa Excelência, o que se admite apenas para argumentar, requer-se que, em caso de ser concedida a pensão por morte à autora, que a data de início do benefício (DIB) seja fixada no trânsito em julgado da sentença, sem pagamento de parcelas atrasadas, para que não haja prejuízos aos demais dependentes que recebem o benefício previdenciário em questão. Tudo em decorrência do caráter alimentar da pensão por morte e do princípio da irrepetibilidade das prestações alimentícias. III - DOS REQUERIMENTOS: 6

Diante de todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência: a) a concessão dos benefícios da gratuidade da Justiça, nos termos do artigo 98 do CPC; b) a anotação no sistema informatizado do nome dos Advogados que esta subscrevem, para efeito da intimação para os demais atos do processo, sob pena de nulidade; c) ao final do processo, a total improcedência dos pedidos formulados pela autora, nos termos dos fundamentos expostos acima; e d) a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental inclusa, o depoimento pessoal da autora e a inquirição das testemunhas cujo rol será oportunamente apresentado, no prazo legal. Termos em que, PEDE DEFERIMENTO. São José dos Campos, 12 de fevereiro de 2017. OAB/SP 000000 OAB/SP 000000 7