PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA PEDIÁTRICA E NEONATAL

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Transcrição:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA PEDIÁTRICA E NEONATAL CLÁUDIA DA SILVA OLÍMPIO ANÁLISE DA MORTALIDADE INFANTIL CADASTRADA NO DATASUS NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS NO DISTRITO FEDERAL Brasília 2016

Cláudia da Silva Olímpio Análise da mortalidade infantil cadastradas no DATASUS nos últimos dez anos no Distrito Federal Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Especialização em Fisioterapia Pediátrica e Neonatalda UTI à Reabilitação Neurológica, do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada, chancelado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Orientadora: Profa. Ma. Glaciele Nascimento Xavier Brasília 2016

RESUMO Introdução: A mortalidade infantil no Brasil houve uma redução importante nos últimos anos devido o aprimoramento das políticas públicas e da assistência prestada a população. Objetivo: Verificar o índice de mortalidade infantil no Distrito Federal, com base nos dados cadastrados no DATASUS nos últimos dez anos. Metodologia: Os dados foram coletados pelo sistema de informação DATASUS, entre o período de 2005 à 2015. Resultados e Conclusões: No período pós-neonatal houve uma redução de 52% e neonatal precoce apresentou um declínio 1% do ano de 2005 ao 2015. As políticas públicas e o aprimoramento da assistência prestada a gestantes e ao recém-nascidos são essenciais para combater a mortalidade infantil. Palavras Chaves: Mortalidade Infantil, Mortalidade Neonatal, Mortalidade Pós-neonatal. ABSTRACT Introduction: There were an important reduction in infant mortality in Brazil because of the improvement of public policies and assistance to population. Objectives: Check infant mortality rate in the Distrito Federal in the last 10 years ago. Methodology: The data was collected in the DATASUS database between 2005, 2015.Results, and conclusions: There was a reduction of the 52% in the post-neonatal and the neonatal premature there were a 1% decline from 2005 until 2015. So, concludes that the public policies and the assistance improvement to pregnant and the newborn are essentials to combat the infant mortality. Keywords: Infantmortality, neonatal mortality, post-neonatal mortality.

INTRODUÇÃO A mortalidade infantil ocorre no primeiro ano de vida, ou seja, são os óbitos que ocorrem em crianças menores de um ano de vida, podendo ser classificada em: mortalidade perinatal ocorre, a partir de 22 semanas completas de gestação, somado aos óbitos ocorridos até o 7 dia completo de vida.; mortalidade neonatal, quando o óbito ocorre nas quatro primeiras semanas de vida, isto é, entre 0 a 28 dias após o nascimento; a mortalidade neonatal pode ser subdividida em: neonatal precoce, quando o óbito ocorre entre 0 a 6 dias completos de vida, e neonatal tardio quando ocorre entre 7 a 27 dias de vida; pós neonatal, que se refere aos óbitos ocorridos entre 28 dias à um ano de idade 1,2,3. No Brasil a taxa de mortalidade infantil passou de 47,1% para cada mil bebes nascidos vivos para 19,3% mortes em 2007, com uma redução de 59,7% nesse período. O Coeficiente de mortalidade infantil (CMI) é o número de menores de um ano de idade por mil nascido vivos, em um determinado espaço geográfico no ano considerado. Sua função é evidenciar a situação de saúde da população infantil 4,5,6. As primeiras discussões sobre a mortalidade infantil ocorreram na década de 1990, sua finalidade é reduzir a mortalidade os riscos de doenças e outros agravos. No Brasil, foram implementados várias políticas e programas para combater a mortalidade infantil 7,8. Criado em 1995, o Programa de Redução da Mortalidade Infantil, teve por finalidade, reduzir as taxas de mortalidade infantil, para isso, buscou fornecer um cuidado integral e multiprofissional, de modo a prevenir agravos, e promover ações de saúde para as crianças 8. Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno, implantado em 1981, tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância do aleitamento materno para a saúde das crianças. O leite materno é o único fornece nutrientes importantes para o desenvolvimento da criança,9,10. 4

O Programa de Saúde da Família (PSF), criado no ano de 1994, tem como intuito aumentar o acesso da população ao sistema único de saúde (SUS), bem como de reestruturar às práticas de atenção à saúde, através de uma equipe multiprofissional, de modo a melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, por meio de ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde dos usuários do sistema de saúde 10. Os principais fatores que contribuem para a alta prevalência de mortalidade infantil no Brasil são: a prematuridade, a presença de malformação congênita, a asfixia intra-parto e as afecções perinatiais 10.Através de ações para a melhoria da assistência prestada no serviço de saúde, e políticas públicas direcionadas para as crianças, esses fatores podem ser reduzidos 11,12. É possível acessar informações pelo departamento de informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) para analisar a situação da saúde no país. Através dessas informações podem ser elaborados programas que auxiliem na melhoria da assistência à saúde da população 12,5. As taxas de mortalidade infantil são consideradas um eficiente indicador das condições de vida, uma vez que é simples de ser calculado e revela a situação de saúde dos menores de um ano, ou seja, a parcela mais vulnerável da população 13. O Ministério da Saúde (MS), e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são as principais fontes de dados de óbitos e nascimentos para o cálculo da mortalidade infantil deste modo, os estudos acerca da taxa de mortalidade infantil, contribuem de maneira eficiente no fornecimento de dados aos Sistemas de Informações disponibilizados pelo MS e IBGE 14. A partir desses dados disponibilizados e de pesquisas acerca da mortalidade infantil, é possível reorientar as ações dos profissionais de saúde nos cuidados com a população, promover melhorias na cobertura e qualidade 5

dos serviços de saúde, e também auxiliar com informações para formulações de políticas públicas que contemplem essa parcela da população 14,15. Diante do exposto, objetivo do presente estudo é verificar a mortalidade infantil no Distrito Federal (DF) com informações cadastradas no DATASUS nos últimos 10 anos. MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo é do tipo observacional longitudinal retrospectivo. Para verificar o Painel de Monitoramento da Mortalidade Infantil e Fetal no Distrito Federal, os dados foram coletados a partir da base de dados DATASUS. Os dados coletados são disponibilizados pelo site do DATASUS, através da base de dados DATASUS. O DATASUS disponibiliza o registro sistemático de dados de mortalidade e de sobrevivência (Estatísticas Vitais Mortalidade e Nascidos Vivos), ao selecionar a opção de Estatísticas Vitais, o DATASUS fornece a opção Monitoramento de eventos prioritários de mortalidade (SVS/DANTPS), ao selecionar essa opção, é ofertado o resultado de dois tipos de painéis, um deles é o Painel de Monitoramento de Mortalidade Infantil e Fetal. Para apresentar os dados e os gráficos para a pesquisa, no painel havia informações sobre qual a abrangência dos resultados, a categoria do indicador, a subcategoria do indicador e indicador, a região, a unidade federativa, a mesorregião, a microrregião, a região de saúde, o município, o ano, a estatística, grupo etário e Raça/Cor. Na configuração do local, foi selecionado a opção residência, na abrangência foi selecionada a opção município, na categoria indicador, foi selecionado notificação 6

de óbitos infantis e fetais, na subcategoria foi selecionada óbitos por todas as causas, e no indicador foi escolhido todas as causas, na categoria região, foi selecionada Centro Oeste, na unidade federativa, foi selecionada Distrito Federal. Na categoria Ano, foram selecionados os anos: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015. Na categoria estatística foi selecionado número de casos, o grupo etário infantil, e na categoria Raça/Cor foi selecionado todos. As categorias mesorregião, microrregião, região de saúde e município foram indiferentes, por não se aplicarem com os resultados da busca para a pesquisa. O fluxograma abaixo (figura 1) demostra as etapas da coleta de dados. As informações utilizadas para compor essa pesquisa, estão disponibilizados em uma base de dados pública, justificando assim a desobrigação de submissão deste projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa, conforme a resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde 7

RESULTADOS O número total de óbitos no intervalo analisados no Distrito Federal foram de 8.279, divididos entre 4.311 óbitos neonatais precoces, 1.538 neonatais tardios e 2.430 pós-neonatais. A tabela 1demonstra o número de óbitos de acordo com cada ano entre o período de 2005 a 2015, demostrando uma redução nas taxas de óbitos no período estudado. ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 TOTAL Neonatal 390 403 357 354 396 398 379 403 418 431 382 4,311 Precoce Neonatal 171 153 132 124 118 152 148 151 142 128 119 1,538 Tardio Pós- 306 254 225 249 215 211 197 201 224 188 160 2,430 Neonatal TOTAL 867 810 714 727 729 761 724 755 784 747 661 8,279 Tabela 1: Número de óbitos em cada ano segundo o painel de monitoramento da mortalidade No ano de 2005, foram registrados 306 óbitos pós-neonatais, e no ano de 2015 esse número reduziu para 160, observa-se que houve um declínio de 52%. Houve também uma diminuição nos neonatais tardios, pois em 2005, registrou 171 óbitos e em 2015, foram registrados 119 óbitos, ou seja, houve uma redução de 30%. Em relação aos neonatal precoce, não apresentou uma diminuição satisfatória, uma vez que no ano de 2005, o número de óbitos foram 390, e em 2015 registrou 382 óbitos, isto é, houve um declínio de menos de 1%, comparado ao ano de 2005. O gráfico 1, demonstra que houve um decréscimo nas taxas de mortalidade neonatal tardia e pós-neonatal. 8

Gráfico 1: Mortalidade infantil no DF no período de 2005 a 2015 No gráfico 2 estão demonstradas as principais causas de óbito no período neonatal precoce. Gráfico 2: Principais causas de óbito entre neonatais precoces 9

Na classificação de óbitos neonatal precoce, as afecções perinatais apresentaram 79% das causas de óbito, seguido por 19% ocasionadas pela malformação congênita, e 2% são por outras causas. No gráfico 3 estão representadas as causas de óbitos dos neonatos tardios. De acordo com o gráfico abaixo, 68% das causas são por afecções perinatais, 26% por malformação congênita, e 6% são consideradas demais causas. Gráfico 3: Principais causas de óbitos entre neonatos tardios No gráfico 4 estão representadas as principais causas de óbito no período pósnatal. Diferente das causas de óbitos dos neonatos precoce e neonatos tardios, as principais causas de óbitos no período pós-natal são 34% por malformação congênita, 7% afecções perinatais, 17% doenças do aparelho respiratório, 16% algumas doenças infecciosas e parasitárias e 26% por demais causas. 10

Gráfico 4: Principais causas de óbitos entre pós-neonatos DISCUSSÃO Os óbitos neonatais estão relacionados com as condições de vida e saúde da mulher, assistência prestada durante a gestação, parto, pós-parto e com os cuidados imediatos prestados ao recém-nascido 14,15,16. Durante a gestação, não deve haver preocupação somente com a quantidade de números de consultas, mas também com a qualidade da assistência prestada durante a gestação, pois a detecção precoce de gestações de risco, poderá evitar complicações durante o parto, e consequentente reduzirá as chances de um recém-nascido vir a óbito 17. Em conformidade com os resultados apresentados, a mortalidade nos pósneonatais foi a que apresentou a maior taxa de redução da mortalidade infantil. E a mortalidade neonatal precoce, revelou a menor taxa de redução no número de óbitos 17,18. 11

No estudo de Alves et al (2008), ao analisar o progresso das principais causas dos óbitos pós-neonatais, na cidade de Belo Horizonte, no período de 1996 a 2004, relatou que houve declínio na taxa de mortalidade pós-neonatal. A redução da mortalidade infantil nesse estudo foi atribuída a redução da mortalidade por causas respiratórias e infecciosas. O acesso da população aos serviços de saúde e o aprimoramento da assistência à saúde prestada a população são responsáveis por esse desfecho favorável 19. Uma assistência adequada durante o parto e pós-parto, influencia na redução da mortalidade por anoxia, hipóxia e/ou outras complicações respiratórias, além de evitar infecções neonatais 20,21. O principal local em que ocorre infecção neonatal são em unidades de terapia intensiva neonatais, sendo as mais frequentes a bacteremia e a sepse, sendo responsáveis por 30 a 50% de episódios de infecções hospitalares em recém-nascidos 20,21 O local em que irá recepcionar o recém-nascido, deve ser imprescindivelmente ser um setor que ofereça condições para prestar um atendimento de qualidade, uma vez que são realizados os primeiros cuidados destinados para a manutenção do controle térmico, aspiração das vias aéreas, ventilação e administração de medicações 22. As condições da estrutura de uma sala de parto também, é de grande impacto na redução da mortalidade neonatal precoce, visto que é nesse local em que ocorrem os primeiros cuidados imediatos ao recém-nascido 22,23. No estudo de Bittencourt e Gaiva (2014), que teve por finalidade apontar as influências das intervenções clínicas realizadas nas salas de parto e UTI Neonatal no óbito neonatal precoce, na cidade de Cuiabá, no ano de 2010, expôs que 72,2% do neonato, que morreram entre 0 a sete dias de vida, necessitaram de reanimação 12

cardiopulmonar 23,19. Isto demostra a importância de uma estrutura, sala de parto, adequada para prestar um atendimento de qualidade ao recém-nascido 24. Lourenço, Bruken e Luppi (2010), realizaram um estudo que teve o propósito descrever o perfil dos óbitos neonatais, na cidade de Cuiabá, no ano de 2007, constatou que 82% dos óbitos neonatais eram evitáveis, se houvesse uma adequada assistência à mulher durante a gestação e no parto, e também com cuidados imediatos ao recémnascido 24,16. Em relação aos aspectos socioeconômicos, dois estudos, o de Almeida et al (2002), que realizou um estudo caso-controle, com a finalidade de identificar a influência do peso ao nascer, fatores sócio demográficos e assistenciais na mortalidade infantil, e do Costa et al (2003), que procurou analisar a mortalidade infantil no País em períodos de crise econômica, afirmaram que mães em que conviviam em condições precárias e que apresentavam baixo grau de alfabetização, especificamente inferior ao 2 grau (o atual ensino médio), são fatores de risco que contribuem para a mortalidade neonatal. Deste modo, ambos os estudos corroboram que as condições de vida e saúde das mulheres estão intimamente relacionadas aos óbitos neonatais. 25,26. Duarte (2007), realizou uma revisão sistemática de literatura científica, acerca da mortalidade infantil, defendeu que o sistema de análise e de vigilância do efeito das políticas públicas de saúde nas condições de vida, é essencial, e deve estar sempre vinculado aos níveis decisórios 27. Em outro estudo, realizado por Guimarães et al (2009), que teve por objetivo analisar o impacto da PSF na redução das taxas de mortalidade infantil, na cidade de Olinda, relatou que o efeito da PSF na redução da mortalidade infantil deve-se ao fato de que são realizadas pelo o programa ações de atenção primárias, como o adequado controle da gravidez, atenção ao parto, ações de prevenção e promoção, diagnóstico e tratamento precoce, e parceria com outros setores políticos que afetam intimamente as condições de vida e saúde da população 27. 13

Apesar do Distrito Federal apresentar um dos menores Coeficientes de Mortalidade Infantil do País, o desafio com o coeficiente da mortalidade infantil neonatal precoce, é um reflexo do perfil das causas básicas de morte, especialmente no que se refere às causas evitáveis 27. CONCLUSÃO Percebe-se em concordância com os resultados desse estudo, que houve um decréscimo na taxa de mortalidade infantil entre o período de 2005 a 2015, em todo Distrito Federal. Entretanto, a taxa de redução da mortalidade infantil neonatal precoce não foi considerada bem-sucedida, visto que as condições de vida e saúde da mulher, a assistência recebida durante a gestação, parto e pós-parto pode influenciar intimamente para esse resultado. As políticas e programas de saúde podem ser considerados um dos maiores fatores na contribuição da redução da taxa de mortalidade infantil, pois são a partir delas que ocorrem melhorias no saneamento básico, nas condições biológicas e socioeconômicas da mulher, e nos serviços de atenção à saúde, um exemplo é o Programa Saúde da família (PSF), que tem o propósito de melhorar a qualidade de vida e levar a saúde para mais perto das famílias 27, e que também auxiliou na redução da taxa de mortalidade. É necessário que se mantenha em funcionamento integral os programas e políticas públicas, voltadas às questões infantis, fortalecendo as ações e serviços de saúde que podem contribuir para uma redução satisfatória da mortalidade neonatal precoce no Distrito Federal. 14

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