AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL E DA COORDENAÇÃO MOTORA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PARTICIPANTES DE UM PROJETO ESPORTIVO Área Temática: Saúde Schelyne Ribas Da Silva (Coordenadora da Ação de Extensão) Schelyne Ribas Da Silva 1 Zacarias Chumlhak 2 Gabriel Witonski Jaskulski 3 Palavras-chave: orientação esportiva, jogos esportivos coletivos, coordenação. Resumo: O objetivo deste estudo foi identificar o nível de conhecimento tático processual e coordenação motora de participantes iniciantes em um projeto esportivo. A amostra deste estudo foi constituída por 30 crianças e adolescentes, com faixa etária entre 09 e 14 anos, de ambos os sexos, separadas em dois grupos (G1 = 9 a 12 anos e G2 = 13 e 14 anos). Para a análise dos dados foi utilizada a análise da frequência absoluta e relativa. Verificou-se que: no grupo G1, metade da amostra apresenta níveis baixos de orientação esportiva com a mão e, na orientação esportiva com o pé, a maioria das crianças (58%) obteve uma classificação moderada (25%) e alta (33%). No grupo G2, em referência a orientação esportiva com a mão, 50% dos adolescentes manifestam níveis altos de orientação esportiva com a mão e, na orientação esportiva com o pé, a maioria (77,8%) obtiveram classificação alta (38,9%) e moderada (38,9%). Na avaliação da coordenação motora, observou-se que, no grupo G1, a maioria das crianças (58,4%) demonstraram perturbações de coordenação (41,7%) e insuficiências coordenativas (16,7%). Porém, no grupo G2, a maioria dos adolescentes (66,7%) evidencia coordenação motora normal. A partir do objetivo e resultados do estudo, pode-se concluir que a maioria dos ingressantes no projeto esportivo detinha baixo conhecimento tático processual, com mão e pé, juntamente com níveis de insuficiência e perturbação da coordenação. Espera-se que no decorrer das práticas e na avaliação final estas deficiências sejam minimizadas. Introdução A prática dos Jogos Esportivos Coletivos (JEC) é considerada como um dos fenômenos que mais desperta o interesse de crianças e adolescentes (MENEZES et 1 Mestre. Docente do Departamento de Educação Física da UNICENTRO, campus Cedeteg. Email: schelys@hotmail.com 2 Acadêmico do Curso de Educação Física da UNICENTRO, campus Cedeteg. 3 Acadêmico do Curso de Educação Física da UNICENTRO, campus Cedeteg.
al, 2014). Nesse sentido, a prática esportiva pode ser entendida como um instrumento apropriado para fomentar diversos benefícios a estes indivíduos, tais como a promoção da saúde, o desenvolvimento da personalidade e a integração social entre outros (COLLET et al., 2008). De acordo com Oliveira (2002), para que estes e outros benefícios sejam estimulados é necessário que o processo de ensinoaprendizagem-treinamento (EAT) seja desenvolvido de forma planejada, organizada e sistematizada, norteada por propostas metodológicas contemporâneas que se opõem aos métodos tradicionais. Levando-se em consideração estes aspectos, as propostas metodológicas da Iniciação Esportiva Universal (IEU) de Greco e Benda (1998) e a Escola da Bola (EB) de Kröger e Roth (2002) são consideradas modelos de ensino contemporâneos aplicados aos esportes. A IEU destaca dois processos paralelos que devem ser considerados no processo de EAT: o processo da aprendizagem motora ao treinamento técnico, que consiste, basicamente, em promover o desenvolvimento das capacidades coordenativas e das habilidades técnicas; e o processo do desenvolvimento da capacidade de jogo ao treinamento tático, composto por três pilares: as capacidades táticas, as estruturas funcionais e os jogos para desenvolvimento da inteligência. Ao passo que a EB enfatiza a aplicação de atividades que levem em consideração o ABC no processo de EAT. Esta proposta apoia-se em três pilares básicos: A) o desenvolvimento das capacidades táticas; B) o treinamento das capacidades coordenativas e C) o desenvolvimento das habilidades. Por isto, este estudo teve como objetivo identificar o nível de conhecimento tático processual e coordenação motora, a fim de avaliar a orientação esportiva e o nível coordenativo de crianças e adolescentes participantes iniciantes em um projeto-esportivo. Metodologia Amostra Participaram deste estudo 30 crianças e adolescentes com faixa etária entre 09 e 14 anos, de ambos os sexos, separadas em dois grupos (G1 = 9 a 12 anos e 2 = 13 e 14 anos), participantes do Projeto de Extensão Esportes Sem Fronteiras. Instrumentos de medida Para a avaliação da capacidade tática foi utilizado o teste de conhecimento tático processual para orientação esportiva (TCTP: OE) o qual consiste em avaliar o indivíduo com e sem a bola na situação de ataque e defesa, e para avaliar a coordenação motora foi aplicado o teste de coordenação corporal para crianças (Körperkoordinationstest Für Kinder KTK) proposto por Kiphard e Schilling (1974) composto por 4 tarefas: trave de equilíbrio; salto monopedal; salto lateral e transposição da plataforma. Resultados e discussão Na tabela 1 é possível visualizarmos os valores de frequência absoluta e relativa das variáveis estudadas em relação à faixa etária.
Tabela 1: Frequência absoluta e relativa das variáveis em relação à faixa etária. G1 (9 a 12 anos) G2 (13 a 14 anos) Variáveis f % f % OE mão Abaixo P33 6 50.0 3 16.7 Entre P33 e P66 3 25.0 6 33.3 Acima de P66 3 25.0 9 50.0 OE PÉ Abaixo P33 5 41,7 3 22.2 Entre P33 e P66 3 25.0 6 38.9 Acima de P66 4 33.0 9 38.9 Coordenação Motora Insuficiente 2 16.7 2 11.1 Perturbação 5 41.7 4 22.2 Normal 5 41.7 12 66.7 OE mão: orientação esportiva com a mão; OE pé: orientação esportiva com o pé; P: percentil; Abaixo P33: Baixa OE; Entre P33 e P66: Moderada OE e Acima de P66: Alta OE. Analisando a tabela 1, no que se refere à orientação esportiva com a mão, no grupo G1, foi observado que metade da amostra nesta faixa etária apresenta níveis baixos de orientação esportiva com a mão, e na orientação esportiva com o pé a maioria das crianças (58%) obteve uma classificação moderada (25%) e alta (33%). No grupo G2, em referência à orientação esportiva com a mão, 50% dos adolescentes indicam níveis altos de orientação esportiva com a mão, e na orientação esportiva com o pé a maioria (77,8%) atingem uma classificação alta (38,9%) e moderada (38,9%). Estes desempenhos apresentados por ambos os grupos podem ser resultantes da influência de diversos fatores, tais como as experiências vivenciadas, as condições sociais e culturais, a maturação, a motivação e o contexto de ensino (VALENTINI; TOIGO, 2004; GALLAHUE; DONNELLY, 2008; HAYWOOD; GETCHELL, 2004;CLARCK,2007). Na avaliação da coordenação motora, percebe-se que, no grupo G1, a maioria das crianças (58,4%) demonstraram perturbações de coordenação (41,7%) e insuficiências coordenativas (16,7%). Porém, no grupo G2, a maioria dos adolescentes (66,7%) evidenciaram coordenação motora normal. A idade dos sujeitos pode ser considerada um fator determinante no desenvolvimento da coordenação motora (VALDIVIA et al., 2008). O aumento nos níveis de coordenação motora com o avanço da idade encontrados no presente estudo corrobora com os resultados encontrados em investigações internacionais (DEUS et al., 2008; MAIA; LOPES, 2002; VALDIVIA et al., 2008). Todavia, os resultados dos estudos de Lopes et al. (2003) e Collet et al. (2008) revelaram que as médias do quociente motor de crianças diminuem com o avanço da idade.
Considerações finais A partir do objetivo e resultados do estudo, pode-se concluir que a maioria dos ingressantes no projeto esportivo detinha baixo conhecimento tático processual, com mão e pé, juntamente com níveis de insuficiência e perturbação da coordenação. Espera-se que no decorrer das práticas e na avaliação final estas deficiências sejam minimizadas. Referências CLARCK, J. E. On the problem of motor skill development: motor skills do not develop miraculously from one day to the next. They must be taught and practiced. (Alliance Scholar Lecture). Journal Physical Education, Recreation, and Dance, Reston, v. 78, no. 5, p. 39, May/ June 2007. COLLET, C.; FOLLE, A.; PELLOZIN, F.; BOTTI, M.; NASCIMENTO, J. V. Nível de coordenação motora de escolares da rede estadual da cidade de Florianópolis. Motriz, Rio Claro, v.14 n.4, p.373-380, out./dez. 2008. DEUS, R. K. B. C.; BUSTAMANTE, A.; LOPES, V. P.; SEABRA, A. F. T.; SILVA, R. M. G.; MAIA, J. A. R. Coordenação motora: estudo de tracking em crianças dos 6 aos 10 anos da Região Autônoma dos Açores, Portugal. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.10, n.3, p.215-222, 2008. GALLAHUE, D.; DONNELLY, F. C. Educação Física desenvolvimentista para todas as crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008. GRECO, P. Iniciação desportiva universal 1 e 2. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. KIPHARD, E. J., & SCHILLING, V. F. (1974). Körper-koordinations-test für kinder KTK: manual Von FridhelmSchilling. Weinhein: Beltz Test. KRÖGER, C.; ROTH, K. Escola da bola: um abc para iniciantes nos jogos esportivos. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2002. LOPES, V. P.; MAIA, J. A. R; SILVA, R. G.SEABRA, A.; MORAIS, F. P. Estudo do nível dedesenvolvimento da coordenação motora dapopulação escolar (6 a 10 anos de idade) da Região Autônoma dos Açores. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v.3, n.1, p.47 60, 2003. MAIA, J. A. R.; LOPES, V. P. Estudo do crescimento somático, aptidão física, actividade física e capacidade de coordenação corporal de crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico da Região Autónoma dos Açores. Porto: FCDEF-UP, 2002. MENEZES, R. P; MARQUES, R. F. R; NUNOMURA, M. Especialização esportiva precoce e o ensino dos jogos coletivos de invasão. Movimento, Porto Alegre, v. 20, n. 01, p. 351-373, jan/mar de 2014. OLIVEIRA, V. O processo de ensino dos jogos desportivos coletivos: um estudo acerca do basquetebol. Universidade Estadual de Campinas: Dissertação de Mestrado, 2002. VALDIVIA, A. V.; CARTAGENA, L. C.; SARRIA,N. E.; TÁVARA, I. S.; SEABRA, A. F. T.; SILVA,R. M. G.; MAIA, J. A. R. Coordinación motora: influencia de la idad, sexo, estatus socioeconômico y niveles de adiposidad en niños peruanos. Revista Brasileira decineantropometria e Desempenho Humano,Florianópolis, v.10, n.1, p.25-34, 2008.
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