COMPARAÇÃO DO CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL E DA COORDENAÇÃO MOTORA ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PARTICIPANTES DE UM PROJETO ESPORTIVO

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1 COMPARAÇÃO DO CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL E DA COORDENAÇÃO MOTORA ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PARTICIPANTES DE UM PROJETO ESPORTIVO Área Temática: Saúde Schelyne Ribas Da Silva (Coordenadora da Ação de Extensão) Schelyne Ribas da Silva 1 Zacarias Chumlhak 2 Gabriel Witonski Jaskulski 2 Thais Renata da Silva 3 Marcos Roberto Brasil 3 Bruna Janaína Estevão 3 Vinicius Machado de Oliveira 3 Palavras-chave: orientação esportiva, jogos esportivos coletivos, coordenação. Resumo: O objetivo deste estudo foi identificar o nível de conhecimento tático processual e coordenação motora de participantes iniciantes em um projeto esportivo. A amostra deste estudo foi constituída por 30 crianças e adolescentes, com faixa etária entre 09 e 14 anos, de ambos os sexos, separadas em dois grupos (G1 = 9 a 12 anos e G2 = 13 e 14 anos). Para análise descritiva dos dados foram utilizados as médias e desvio padrão e, os testes de comparação teste "t" independente. Os resultados evidenciaram que os ingressantes no projeto esportivo com menor idade apresentam maior conhecimento tático processual com o pé, comparado com os de maior idade, entretanto, estes últimos apresentam maior conhecimento tático processual com a mão, assim como maiores níveis de coordenação motora. Espera-se que no decorrer das práticas e na avaliação final estas deficiências sejam minimizadas. Introdução A prática dos Jogos Esportivos Coletivos (JEC) é considerada como um dos fenômenos que mais desperta o interesse de crianças e adolescentes (MENEZES et al, 2014). Nesse sentido, a prática esportiva pode ser entendida como um instrumento apropriado para fomentar diversos benefícios a estes indivíduos, tais como a promoção da saúde, o desenvolvimento da personalidade e a integração social, entre outros (COLLET et al., 2008). De acordo com Oliveira (2002), para que 1 Mestre. Docente do Departamento de Educação Física da UNICENTRO, campus Cedeteg. schelys@hotmail.com 2 Acadêmico do Curso de Educação Física da UNICENTRO, campus Cedeteg. 3 Graduado. Laboratório de Esportes e Psicologia Esportiva, LAESPE, UNICENTRO.

2 estes e outros benefícios sejam estimulados é necessário que o processo de ensinoaprendizagem-treinamento (EAT) seja desenvolvido de forma planejada, organizada e sistematizada, norteada por propostas metodológicas contemporâneas que se opõem aos métodos tradicionais. Levando-se em consideração estes aspectos, as propostas metodológicas da Iniciação Esportiva Universal (IEU) de Greco e Benda (1998) e a Escola da Bola (EB) de Kröger e Roth (2002) são consideradas modelos de ensino contemporâneos aplicados aos esportes. A IEU destaca dois processos paralelos que devem ser considerados no processo de EAT: o processo da aprendizagem motora ao treinamento técnico, que consiste, basicamente, em promover o desenvolvimento das capacidades coordenativas e das habilidades técnicas; e o processo do desenvolvimento da capacidade de jogo ao treinamento tático, composto por três pilares: as capacidades táticas, as estruturas funcionais e os jogos para desenvolvimento da inteligência. Ao passo que a EB enfatiza a aplicação de atividades que levem em consideração o ABC no processo de EAT. Esta proposta apoia-se em três pilares básicos: A) o desenvolvimento das capacidades táticas; B) o treinamento das capacidades coordenativas e C) o desenvolvimento das habilidades. Por isto, este estudo teve como objetivo identificar o nível de conhecimento tático processual e coordenação motora, a fim de avaliar a orientação esportiva e o nível coordenativo de crianças e adolescentes participantes iniciantes em um projeto-esportivo. Metodologia Amostra Participaram deste estudo 30 crianças e adolescentes com faixa etária entre 09 e 14 anos, de ambos os sexos, separadas em dois grupos (G1 = 9 a 12 anos e G2 = 13 e 14 anos), participantes do Projeto de Extensão Esportes Sem Fronteiras. Instrumentos de medida Para a avaliação da capacidade tática foi utilizado o teste de conhecimento tático processual para orientação esportiva (TCTP: OE), o qual consiste em avaliar o indivíduo com e sem a bola na situação de ataque e defesa, e para avaliar a coordenação motora foi aplicado o teste de coordenação corporal para crianças (Körperkoordinationstest Für Kinder -KTK) proposto por Kiphard e Schilling (1974), composto por 4 tarefas: trave de equilíbrio; salto monopedal; salto lateral e transposição da plataforma. Procedimentos de coleta O Projeto de Extensão Esporte Sem Fronteiras possuía financiamento externo e duração de 12 meses (Edital 01/2013 do Programa de Extensão Universidade sem Fronteiras, Sub-Programa Apoio às Licenciaturas, da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná -SETI). A equipe multiprofissional do projeto foi composta por 1 professor coordenador de Educação Física e 1 professor orientador de Nutrição, 2 profissionais recém-formados de

3 COORDENAÇÃO MOTORA TCTP-OE Educação Física, 3 acadêmicos de Educação Física e 1 acadêmico de Nutrição, que visavam oportunizar práticas esportivas variadas de qualidade e informações sobre hábitos nutricionais saudáveis. Para o recrutamento das crianças participantes do projeto, foram feitas divulgações nas escolas públicas (estadual e municipal) próximas aos 4 núcleos do projeto que situam-se em bairros carentes do município. Para participar das atividades as crianças precisaram entregar a ficha de inscrição preenchida e posteriormente às explicações o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais/responsáveis. Resultados e discussão Tabela 1: Caracterização da amostra: Média, desvio padrão e comparação das variáveis em relação à faixa etária. G1 (9 a 12 anos) G2 (13 a 14 anos) Variáveis Média DP Média DP p AJAM 5,8 5,1 11,2 6,3 0,022* AJDM 1,9 2,2 2,6 1,6 0,331 AJAP 5,3 5,6 4,6 3,8 0,689 AJDP 2,1 2,2 1,7 1,2 0,516 TM * TP QM QM QM QM QM total TCTP-OE: teste de conhecimento tático processual para orientação esportiva; AJAM: ação do jogador no ataque com a mão; AJDM: ação do jogador na defesa com a mão; AJAP: ação do jogador no ataque com o pé; AJDP: ação do jogador na defesa com o pé; TM: total com a mão; TP: total com o pé; QM1: quociente motor da trave de equilíbrio; QM2: quociente motor do salto monopedal; QM3: quociente motor do saltito lateral; QM4: quociente motor da transferência sobre plataformas; QM total: quociente motor total;*p Analisando os dados do TCTP-OE, conforme descreve a tabela 1, o grupo G1 obteve uma frequência de aparecimento das ações do jogador no ataque com a mão de 5,8 ± 5,1, enquanto que a do grupo G2 foi de 11,2 ± 6,3. Foi encontrada diferença estatisticamente significativa na comparação desta variável (p 0.025*) entre os grupos. Nas ações do jogador na defesa com a mão o grupo G1 obteve uma frequência de aparecimento de 1,9 ± 2,2 e a do grupo G2 foi de 2,6 ± 1,6. Não foi identificada diferença estatisticamente significativa (p 0,331) na comparação desta variável entre os grupos. No entanto, os escores superiores são atribuídos ao grupo G2. Nas ações do

4 jogador no ataque com o pé e na defesa com o pé, o grupo G1 obteve uma frequência de aparecimento de 5,3 ± 5,6 e 2,1 ± 2,2, respectivamente. Ao passo que, para o grupo G2, a frequência de aparecimento das ações do jogador no ataque com o pé foi de 4,6 ± 3,0 e nas ações do jogador na defesa com o pé foi de 1,7 ± 1,2. Em relação às médias anteriormente citadas não foi identificada diferença significativa, sendo os escores superiores apresentados pelo grupo G1. No total com a mão o grupo G1 obteve uma média de 7,8 ± 6,1 e o grupo G2 uma média de 13,7 ± 7,0. Ao comparar esta variável entre os grupos observa-se que houve diferença estaticamente significativa (p 0.025*). No total com o pé o grupo G1 obteve uma média de 6,5 ± 6,4 e o grupo G2 uma média de 6,4 ± 4,2. Apesar dos scores serem superiores para o grupo G1, a diferença não foi significativa. Estes desempenhos apresentados por ambos os grupos podem ser resultantes da influência de diversos fatores, tais como as experiências vivenciadas, as condições sociais e culturais, a maturação, a motivação e o contexto de ensino (VALENTINI; TOIGO, 2004; GALLAHUE; DONNELLY, 2008; HAYWOOD; GETCHELL, 2004; CLARCK, 2007). No que se refere à comparação dos dados dos componentes do KTK em relação à faixa etária, o grupo G1 obteve scores superiores apenas no quociente motor do saltito lateral 88,4 ± 15,3, em proporção ao grupo G2 87,9 ± 11,6. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa na comparação de nenhuma variável entre os grupos. A idade dos sujeitos pode ser considerada um fator determinante no desenvolvimento da coordenação motora (VALDIVIA et al., 2008). O aumento nos níveis de coordenação motora com o avanço da idade encontrados no presente estudo corrobora com os resultados encontrados em investigações internacionais (DEUS et al., 2008; MAIA; LOPES, 2002; VALDIVIA et al., 2008). Todavia, os resultados dos estudos de Lopes et al. (2003) e Collet et al. (2008) revelaram que as médias do quociente motor de crianças diminuem com o avanço da idade. Considerações finais Diante das evidências encontradas no presente estudo, pode-se concluir que os ingressantes no projeto esportivo com menor idade apresentam maior conhecimento tático processual com o pé, comparado com os de maior idade, entretanto, estes últimos apresentam maior conhecimento tático processual com a mão, assim como, maiores níveis de coordenação motora. Espera-se que no decorrer das práticas e na avaliação final estas deficiências sejam minimizadas. Assim, as estratégias que o projeto poderá adotar para isso incluem a aplicação de mais exercícios coordenativos e que sejam realizados com o a mão para os alunos de menor idade, bem como o emprego de mais atividades e jogos com os pés para os alunos de maior idade, sem deixar de lado as atividades com os pés e as mãos, respectivamente, para ambos os grupos. Referências CLARCK, J. E. On the problem of motor skill development: motor skills do not developmiraculously from one day to the next. They must be taught and practiced. (Alliance Scholar Lecture). Journal Physical Education, Recreation, and Dance, Reston, v. 78, no. 5, p. 39, May/ June 2007.

5 COLLET, C.; FOLLE, A.; PELLOZIN, F.; BOTTI, M.; NASCIMENTO, J. V. Nível de coordenação motora de escolares da rede estadual da cidade de Florianópolis. Motriz, Rio Claro, v.14 n.4, p , out./dez DEUS, R. K. B. C.; BUSTAMANTE, A.; LOPES, V. P.; SEABRA, A. F. T.; SILVA, R. M. G.; MAIA, J. A. R. Coordenação motora: estudo de tracking em crianças dos 6 aos 10 anos da Região Autônoma dos Açores, Portugal. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.10, n.3, p , GALLAHUE, D.; DONNELLY, F. C. Educação Física desenvolvimentista para todas as crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, GRECO, P. Iniciação desportiva universal 1 e 2. Belo Horizonte: Ed. UFMG, HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, KIPHARD, E. J., & SCHILLING, V. F. (1974). Körper-koordinations-test für kinder KTK: manual Von Fridhelm Schilling. Weinhein: Beltz Test. KRÖGER, C.; ROTH, K. Escola da bola: um abc para iniciantes nos jogos esportivos. 1. ed. São Paulo: Phorte, LOPES, V. P.; MAIA, J. A. R; SILVA, R. G. SEABRA, A.; MORAIS, F. P. Estudo do nível de desenvolvimento da coordenação motora da população escolar (6 a 10 anos de idade) da Região Autônoma dos Açores. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v.3, n.1, p.47 60, MAIA, J. A. R.; LOPES, V. P. Estudo do crescimento somático, aptidão física, actividade física e capacidade de coordenação corporal de crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico da Região Autónoma dos Açores. Porto: FCDEF-UP, MENEZES, R.P; MARQUES, R. F. R; NUNOMURA, M. Especialização esportiva precoce e o ensino dos jogos coletivos de invasão. Movimento, Porto Alegre, v. 20, n. 01, p , jan/mar de OLIVEIRA, V. O processo de ensino dos jogos desportivos coletivos: um estudo acerca do basquetebol. Universidade Estadual de Campinas: Dissertação de Mestrado, VALDIVIA, A. V.; CARTAGENA, L. C.; SARRIA, N. E.; TÁVARA, I. S.; SEABRA, A. F. T.; SILVA, R. M. G.; MAIA, J. A. R. Coordinación motora: influencia de la idad, sexo, estatus socioeconômico y niveles de adiposidad en niños peruanos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.10, n.1, p.25-34, VALENTINI, N.C.; TOIGO, A. M. Ensinando Educação Física nas séries iniciais: desafios e estratégias. Canoas: Salles, 2004.

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