CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES DE FINALIZAÇÃO EM JOGOS DE FUTSAL: uma análise técnico-tática
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- Nina Sequeira Castanho
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1 CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES DE FINALIZAÇÃO EM JOGOS DE FUTSAL: uma análise técnico-tática Alexandre Andrade Gomes / UNI-BH Leonardo Henrique Silva Fagundes / UNI-BH Pablo Ramon Coelho de Souza / UNI-BH Alessandro Júnior Mendes Fidelis / UNILEÓN jmenfd@unileon.es ոո Palavras-chave: Futsal, Finalização, Observação, Análise de Jogos. INTRODUÇÃO A dinâmica atual dos jogos esportivos coletivos (JEC) caracteriza-se, por um lado, num progressivo aumento e variação do ritmo do jogo na procura da concretização do gol/ponto, e por outro, na crescente diminuição do tempo e do espaço à disposição do jogador na posse da bola, na tentativa de contrariar o sucesso adversário. Neste sentido, as finalizações das ações ofensivas têm ocorrido em uma zona restrita do terreno, onde a pressão dos adversários é elevada e o espaço de realização cada vez mais reduzido (CASTELO, 1994). Sendo assim, as finalizações assumem um papel de destaque nos JEC atuais, procurando-se tornar o processo ofensivo, tanto quanto possível, 742 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p , 2013
2 objetivo e concreto, na tentativa de criar um elevado número de oportunidades de gol/ponto e evitar o desperdício da maioria das mesmas (OLIVEIRA, 1998). Ainda, segundo o mesmo autor, o reduzido espaço de jogo (maior facilidade na aproximação a baliza adversária), assim como o menor número de jogadores intervenientes, aponta no sentido da criação de um elevado número de situações de finalização que, inevitavelmente, se traduz na frequente concretização do objetivo do jogo. Devido a esses fatores, a média de gols por jogo é relativamente elevada, onde as frequentes oportunidades de gol proporcionam momentos de grande emotividade. Nesse sentido, o número de vezes que uma equipe consegue chegar ao gol adversário ou atingi-lo com uma finalização, para além do número de gols que consegue ou não concretizar, constitui um indicador importante acerca da produção ofensiva no jogo (GARGANTA, 1997). Assim sendo, o presente estudo pretende caracterizar as ações de finalização em jogos de futsal, por meio de uma análise detalhada, que leve em consideração, aspectos técnico-táticos inerentes, bem como, possíveis relações entre alguns destes aspectos. MÉTODOS Foi realizada uma pesquisa descritiva de campo, com o intuito de analisar aspectos técnico-táticos, relacionados às situações de finalização de uma equipe adulta masculina participante da Liga Futsal Foram coletados através de imagens de filmagem, os dados referentes às ações técnico-táticas inerentes às finalizações de uma das dez melhores equipes de futsal do país, em 12 jogos da mesma enquanto mandantes, durante a Liga de Futsal Para uma coleta de dados eficiente e sistematizada, foi desenvolvida uma planilha de observação, adaptada de Nunes (2004) e Backes (2007), objetivando ter um levantamento mais detalhado possível, de todos os aspectos técnico-táticos inerentes às situações de finalização. Para se analisar a localização exata da finalização, foi elaborada uma planilha de observação (Figura 1), onde a quadra foi dividida em quatro setores distintos, de acordo com a conjugação de dois indicadores: Distância à baliza e, corredores que dividem longitudinalmente o espaço de jogo. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p ,
3 Figura 1 Planilha de observação para identificação do setor da finalização. Foram analisadas ainda no estudo: Dominância: Classificação que foi adotada para verificar qual era a lateralidade dominante dos atletas, destro ou canhoto (informação confirmada pela comissão técnica da equipe analisada); Execução do chute: Lateralidade da execução (pé direito ou esquerdo) ou outra parte do corpo (cabeça, peito, coxa, etc); Forma de execução do chute: face interna, face externa, dorso, bico, cavada (cobertura) e sola pé; Contatos com a bola para finalização: Um toque (chute de primeira), dois, três e mais de três toques; Circunstâncias de Finalização: Jogo organizado; contra-ataque; bola parada; jogador expulso; goleiro linha; e o Resultado da finalização: Gol, fora alto, fora lateral, trave, defendido pelo goleiro e interceptado pela defesa. A técnica de observação utilizada foi à análise centrada no jogo. As filmagens foram realizadas por uma empresa terceirizada e acompanhada pela comissão técnica do time analisado. O processo de observação e análise dos jogos foi realizado por dois observadores previamente treinados. em uma sala contento uma televisão de 29 polegadas, um aparelho DVD, uma mesa, uma cadeira e um computador, sem que houvesse interferência de terceiros, com a possibilidade de voltar às imagens por inúmeras vezes, até que se obtivesse a maior clareza possível sobre as ações executadas. Para análise dos dados foram utilizadas as ferramentas estatísticas do software SPSS for Windows versão A análise foi composta por estatística descritiva (distribuição de frequência). 744 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p , 2013
4 RESULTADOS Durante os 12 jogos observados, foram registradas 351 ações de finalizações, com uma média de 29 finalizações por jogo. Foram marcados 37 gols, o que indica um valor de 10,54% de efetividade de finalizações. Este indicativo da efetividade de finalização da equipe analisada, também foi investigado no estudo de Nunes (2004), que encontrou o valor 11,55 % de aproveitamento em uma amostra 7 jogos do campeonato brasileiro de seleções, categoria juvenil, de 2002-GO, e do estudo de Backes (2007), que quando comparou a efetividade de ataque e de finalização entre as categorias juvenil e adulta um valor de 11,69% de efetividade da categoria juvenil e 6,27% da categoria adulta com uma amostra de 20 jogos do Campeonato Brasileiro de Seleções de Pode-se observar no estudo, a predominância de atletas destros (74%) no plantel da equipe analisada, ou seja, de um plantel de 23 jogadores, 17 eram destros, e apenas 6 atletas (26%) são canhotos. Consequentemente, as finalizações com o pé direito representaram o maior percentual em relação às demais execuções (64%), uma vez que os atletas buscam finalizar preferencialmente com seu pé dominante. Estas finalizações geraram 62% dos 37 gols observados durante a pesquisa, enquanto 43% dos gols foram marcados com o pé esquerdo. Observou-se nesta pesquisa, que as finalizações realizadas com o dorso do pé representam o maior percentual (57,9%) em relação às demais formas de finalização, seguido das finalizações com o bico de pé (28,2%) e com a face interna do pé um percentual baixo de finalizações em relação as demais formas (9,5%). Este resultado atribuísse ao fato de os chutes com maior potência são os que os atletas utilizam o dorso e o bico do pé para executá-los (MUTTI, 2003). Porém, a face interna é muito comum na execução do passe, sendo que para o chute, os atletas utilizam essa forma quando a precisão é prioridade, uma vez que o contato do pé com a bola nessa forma de execução é muito grande, facilitando o direcionamento da mesma e dificultando a força. Os valores encontrados foram semelhantes aos estudos de Oliveira (1998) e Nunes (2004). A finalização direta (46%) foi a maneira mais utilizada, em relação ao número de contatos com a bola, pelos atletas para golpear a mesma em direção à meta adversária. Isso pode ser explicado pelo fato de ser uma equipe de alto nível, jogando um campeonato nacional, em que os espaços de finalização são reduzidos e a pressão sobre o portador da bola é muito grande, fazendo com R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p ,
5 que a finalização direta se torne uma necessidade para se chegar à obtenção de gols. Isto explica também o fato de a finalização precedida por mais de 3 toques terem obtido o menor percentual de frequência (3%). Observou-se um elevado número de situações de finalização por meio do jogo organizado (34%), mostrando, provavelmente, um alto nível tático da equipe, pois, nessa circunstância, existe a necessidade de se desenvolver movimentações eficientes para desequilibrar defesas bem organizadas, criando espaços para as finalizações. Ressalta-se o fato que as finalizações que aconteceram por meio do contra-ataque e de bola parada, apresentaram grande equilíbrio em sua frequência (27% em cada), mostrando regularidade da equipe analisada que, além de manter a posse de bola através do jogo organizado, também investe na fase defensiva do jogo, fato confirmado por Júnior (1988), que afirma que, defesas bem organizadas favorecem o contra ataque. Além disso, as situações de bola parada são uma estratégia que as equipes estão dando a importância necessária, pois elas podem fazer a diferença em um campeonato de alto rendimento (SAMPEDRO, 1997). O setor 2, que se refere ao lado esquerdo da meia-quadra de ataque foi o mais utilizado para finalizações (52%), seguido pelo setor 3 (31%), que se refere ao lado direito da mesma meia-quadra. Isso pode ser explicado, pelo fato de que, apesar da predominância de atletas destros na equipe, os mesmos procuram, muitas vezes, jogar no corredor contrário (esquerdo) ao pé dominante (direito), para realizar dribles para o centro da quadra e aumentando o seu ângulo, em relação à meta. Observou-se também que as finalizações ocorridas no setor 1 (área de meta) foram menos frequentes do que os setores laterais. Isso pode ser explicado pelo fato da maior dificuldade dos jogadores penetrarem sobre a defesa adversária, ou seja, estarem numa zona restrita do terreno, onde a pressão dos adversários é elevada e o espaço de realização cada vez mais reduzido (CASTELO, 1994). Por fim, observou-se que o resultado da finalização defendido pelo goleiro (25,1%) e rebatido pela defesa (17,1%), somados correspondem a 43% das finalizações. Esses valores, que representam a intervenção da equipe adversária sobre as finalizações, podem ser justificados pelo fato de que, segundo Oliveira (1998), a permanente pressão sobre o portador da bola, a estreita vigilância dos jogadores que não a têm, para além da crescente aplicação dos conceitos de cobertura e ajuda defensiva, dificultam bastante as ações ofensivas do 746 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p , 2013
6 adversário e consequentemente, suas finalizações. Além disso, principalmente, no alto nível de rendimento, a posição de goleiro deve ser ocupada por um atleta de alto nível técnico, sendo considerada por Mutti (2003), como a mais importante no futsal, pois nenhuma outra exige que o atleta seja um especialista como a de goleiro. CONCLUSÕES A partir dos resultados do presente estudo, pode-se concluir que houve uma predominância de atletas destros (74%) no plantel da equipe analisada e um elevado percentual de execuções com o pé direito (64%), sendo que esse alto percentual deve-se ao grande número de jogadores destros na equipe. Pode-se observar também que a finalização com o dorso do pé obteve o maior percentual (57,9%), em relação as demais formas, e que a finalização direta (de primeira) é a mais utilizada por equipes de alto nível técnico. Outro fator importante deste estudo foi que, apesar do jogo organizado (34%), ter sido a circunstância tática mais utilizada pela equipe analisada para finalizar a gol, houve um equilíbrio entre as outras circunstâncias táticas (contra-ataque e bola parada). Observou-se também que os setores laterais ofensivos da quadra, obtiveram o maior número de finalizações. Por último, verificou-se que a maioria percentual das finalizações analisadas foram defendidas pelo goleiro. REFERÊNCIAS BACKES, M. Análise das ações técnico-táticas ofensivas em jogos de futsal: uma comparação entre as categorias Sub-15 e Adulta f. Monografia (Graduação em Educação Física), Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, CASTELO, L. Futebol, modelo técnico-táctico do jogo. Lisboa: Edições F.M.H., GARGANTA, J. M. Modelação tática do Jogo de Futebol: estudo da organização da fase ofensiva em equipes de alto rendimento f. Tese (Doutorado em Ciência do Desporto), Faculdade de Ciências do Deporto e de Educação Física, Universidade do Porto, Porto, R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p ,
7 JÚNIOR, B. A ciência do esporte aplicada ao futsal. Rio de Janeiro: Sprint, p , MUTTI, D. Futsal: da Iniciação ao alto nível. 2ª ed. São Paulo: Phorte, NUNES, J. Análise do Perfil das finalizações de ações ofensivas das equipes juvenis de futsal do campeonato brasileiro de seleções. 59f. Monografia (Graduação em Educação Física), Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, OLIVEIRA, S. Perfil da actividade do jovem jogador de Futsal/Cinco: um estudo em atletas juvenis masculinos f. Tese (Dissertação em Ciências do Desporto), UP FCDEF, Porto, SAMPEDRO, J. Futbol sala las acciones del juego. Madrid: Editora Gymnos, R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p , 2013
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