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Transcrição:

Registro: 2017.0000401274 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0005184-47.2011.8.26.0358, da Comarca de Mirassol, em que é apelante ROBERTA ANDREIA SANTOS SOLER VEIGA (JUSTIÇA GRATUITA), são apelados ASSOCIAÇÃO LAR SÃO FRANCISCO DE ASSIS NA PROVIDÊNCIA DE DEUS e CLICIA LUCIA ZAFALON MATTA. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), BERETTA DA SILVEIRA E EGIDIO GIACOIA. São Paulo, 6 de junho de 2017. Marcia Dalla Déa Barone relator Assinatura Eletrônica

VOTO Nº 17.012 Apelante: Roberta Andreia Santos Soler Veiga Apelados: Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus e Outro Comarca: Mirassol (1ª Vara) Juiz: Marcelo Haggi Andreotti Ação de indenização por danos materiais e morais Responsabilidade objetiva de clínicas e hospitais Responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais (denunciação) Prova documental e pericial que afasta a caracterização de vício na prestação de serviços Intercorrência representada pela ruptura uterina que é imprevisível Índices medidos que não indicavam a ocorrência Ausência de sintomas que pudessem indicar o evento Extração do útero que teve como objetivo salvar a vida da paciente Criança que veio a óbito Inexistência de qualquer liame com a conduta dos médicos assistentes Afastamento do dever de indenizar -Sentença de improcedência confirmada - Recurso não provido. Ao relatório de fls. 336/vº acrescento ter a sentença apelada julgado improcedente o pedido para o fim de não impor ao Hospital requerido o dever de indenizar, impondo à autora vencida os ônus de sucumbência, anotada a gratuidade. A autora interpôs recurso de apelo buscando a reforma do julgado. Argumenta que a gravidez descrita na inicial era classificada como normal e sem maiores riscos, bem assim que não havia qualquer razão para o desencadeamento da morte de sua filha, tampouco para as intercorrências que resultaram na extração do órgão reprodutor. Observa que sua filha nasceu viva e respirando, VOTO Nº 17.012 2

conforme laudo necroscópico. Acredita que a retirada do útero tenha sido causada pelo atraso no atendimento médico, vez que deu entrada na Hospital as 11:00 horas e somente foi submetida ao parto cesáreo às 19:20 horas. Acredita que a prova coligida aos autos seja suficiente para demonstrar a responsabilidade do Hospital requerido pelos danos por si experimentados, em especial o laudo necroscópico, anotando que a causa morte da criança foi traumatismo crânio encefálico, anotando que não classificou o evento como erro médico, acreditando apenas tenha ocorrido vício na prestação de serviços o que impõe responsabilidade ao requerido. O recurso foi regularmente processado. Contrarrazões a fls. 349/351 e 352/354. Não houve oposição ao julgamento virtual do presente recurso. É o relatório. Cuida-se de ação de indenização por danos materiais e morais decorrentes de ato ilícito, buscando a postulante impor ao Hospital requerido o pagamento de verba indenizatória em seu favor. Aduz vício na prestação de serviços que teria sido causa da morte da filha durante o parto realizado, além da necessidade de extração do útero, com as gravosas consequências daí decorrentes. O Hospital requerido procurou excluir sua responsabilidade alegando que os trabalhos foram realizados em suas dependências, mas a profissional que deu assistência à autora deve VOTO Nº 17.012 3

responder pelas consequências de seus atos. A médica assistente foi denunciada à lide, esclarecendo que a requerente recebeu atendimento regular e protocolar, bem assim que a extração do útero teve como causa a ruptura do órgão, anotando as circunstâncias da morte da filha da autora. As clínicas médicas e os estabelecimentos hospitalares, na condição de fornecedores de serviços, respondem objetivamente pelos danos causados aos seus pacientes, conforme preleciona o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. Diferentemente da responsabilidade decorrente da prestação de serviço direta e pessoalmente pelo médico, na condição de profissional liberal, que é enquadrada como subjetiva (inteligência do artigo 14, 4º do Código de Defesa do Consumidor), a responsabilidade do prestador de serviços (clínicas e hospitais) é vista como atividade empresarial, sujeita, portanto, ao dever de segurança que deve ser garantido ao consumidor, não sendo necessária a discussão de sua culpa em caso de defeitos nos serviços prestados. Com efeito: Não há, assim, nenhuma incompatibilidade entre a responsabilidade dos estabelecimentos hospitalares e a responsabilidade objetiva solidária estabelecida no Código do Consumidor, mesmo em face dos enormes riscos de certos tipos de cirurgias e tratamento, tendo em vista que o hospital só responderá quando o evento decorrer de defeito do serviço. Para afastar a sua responsabilidade, bastará ao hospital provar que não houve defeito na prestação do seu serviço (CAVALIERI FILHO, Sérgio, Programa de responsabilidade civil, 9ª ed., São Paulo: Atlas, 2010, p. 399). VOTO Nº 17.012 4

Assim, caberia à autora a demonstração dos danos e do nexo de causalidade, entre o evento danoso e a conduta imputada aos prepostos do Hospital requerido, e à defesa a comprovação da ausência de vício na prestação de serviços. O Hospital requerido é parte legítima para responder aos termos desta na medida em que o parto foi realizado em suas dependências e diante da aplicação da disposição contida no Artigo 7º do Código de Processo Civil, pode o mesmo responder por todos os atos praticados pelos profissionais autorizados a trabalhar no local, qualquer que seja o regime de contratação (com ou sem vínculo empregatício). O conjunto probatório não autoriza o reconhecimento de vício na prestação de serviços médicos realizados nas dependências do Hospital requerido, elidindo a responsabilidade objetiva a si imposta. Igualmente, não se vislumbrou a caracterização e dolo ou culpa em erro médico. Dois foram os eventos danosos descritos na inicial, a extração do útero realizada após parto cesáreo e a morte da criança decorrente de traumatismo crânio-encefálico. O primeiro deles, que resultou na extração do útero da postulante, com a consequente infertilidade a partir de então, teve como causa, conforme descrição contida no prontuário médico acostado aos autos, em conjunto com as conclusões contidas no laudo pericial, a ruptura uterina, que segundo a prova pericial pode decorrer de condições pessoais da paciente e de anterior cicatriz cesariana, como VOTO Nº 17.012 5

ocorria na hipótese dos autos. A paciente deu entrada no Hospital requerido por volta das 11:00 horas, sendo atendida de forma satisfatória, com a coleta dos índices adequados para a conduta do trabalho de parto. Há anotação de todos os índices medidos durante o período em que a autora aguardou, anotando que, por volta das 17:40 horas, quando detectada a bradicardia fetal foi iniciado o parto cirúrgico. Não se vislumbra, no atendimento falha ou negligência que poderia ter colaborado para o evento danoso, ainda mais porque os índices evoluíam como esperado e a autora não apresentava qualquer sintoma que pudesse indicar a ruptura uterina, na forma em que se constatou na sequência. Também se confirmou que a intercorrência em questão, embora muito grave é imprevisível, inexistindo indícios de que a conduta dos profissionais que assistiram ao parto tenha colaborado com o evento danoso. Com a ruptura uterina, consta do prontuário médico, o grande fluxo de sangue na cavidade, sendo acionados os protocolos para salvar a vida da paciente, logo após a retirada da criança que foi entregue à médica pediatra. Desta forma, em relação ao evento em questão demonstrou o requerido que a conduta de seus prepostos se deu de forma regular inexistindo vício na prestação de serviços médicos, o que elide a responsabilidade objetiva legalmente prevista. No que tange à causa da morte da criança, filha da autora, é certo que o laudo necroscópico foi realizado logo após VOTO Nº 17.012 6

o evento morte e diante dos restos mortais da criança, oportunidade em que se verificou que a causa da morte teria sido traumatismo crânio encefálico, somente constatado após a abertura das cavidades, inexistindo sinais externos, anotada, ademais, a ausência de expansão pulmonar. O laudo pericial constatou que o traumatismo não teria sido causado por agente cortante, concluindo ter o mesmo decorrido do processo de parto em razão das pressões uterinas, o que afasta a possibilidade de configuração de conduta descuidada da médica assistente, acrescentando que quando ocorre a ruptura uterina, na maioria dos casos o feto vai a óbito por falta de oxigenação considerando o descolamento da placenta. Assim, se por um lado o laudo necroscópico afirma que a criança viveu, por outro relata ausência de expansão pulmonar, o que permite concluir que as afirmações do laudo oficial se confirmam no que tange à afirmação e que a realização da Docimásia Hidrostática de Galeno (tentativa de reanimação) é que teria sido causa do falso positivo em relação à afirmação de que a criança viveu. De qualquer forma, sem que se perca a sensibilidade pela trágica ocorrência, tendo nascido morta ou morrido logo após o parto, o fato é que não se pode reconhecer vício na prestação de serviços médicos, o que permite confirmar a sentença de improcedência. Anota-se que embora não tenha constado, expressamente, da sentença apelada a improcedência da denunciação da lide, deve ser a mesma reconhecida na medida em que afastada a responsabilidade do Hospital denunciante pelo evento danoso. VOTO Nº 17.012 7

Igualmente, não houve qualquer insurgência das partes em relação ao fato de ter sido imposta à autora a sucumbência em relação à lide principal e à paralela, com atribuição de pagamento de honorários advocatícios, observada a gratuidade. Referida matéria não foi devolvida a este E. Tribunal e mantida a improcedência da ação, não poderá ser a mesma alterada. Deixo de fixar honorários recursais em razão da ausência de insurgência das partes em relação à distribuição dos ônus de sucumbência. Em face do exposto, pelo voto, Nega-se provimento ao recurso, mantidos os termos da sentença apelada. MARCIA DALLA DÉA BARONE Relatora VOTO Nº 17.012 8