AVALIAÇÃO DE COBERTURAS VEGETAIS SEMEADAS NA PRIMAVERA E SUAS INFLUÊNCIAS SOBRE O ALGODOEIRO 1

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE COBERTURAS VEGETAIS SEMEADAS NA PRIMAVERA E SUAS INFLUÊNCIAS SOBRE O ALGODOEIRO 1 Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira (Embrapa Algodão / acunha@cnpa.embrapa.br), Fernando Mendes Lamas (Embrapa Agropecuária Oeste), Maria da Conceição Santana Carvalho (Embrapa Algodão), Kézia de Assis Barbosa (Fundação GO), André da Silva Teobaldo (Fundação GO) RESUMO - Este trabalho objetivou avaliar, no cerrado goiano, a produção e a influência da matéria seca de espécies vegetais, semeadas na primavera, sobre o algodoeiro. Os tratamentos consistiram das espécies de cobertura: 1 - Brachiaria ruziziensis; 2 - Milheto (Pennisetum glaucum); 3 - Sorgo (Sorghum bicolor); 4 - Capim pé-de-galinha (Eleusine coracana); 5 - Crotalaria spectabilis; 6 - Brachiaria ruziziensis + Crotalaria spectabilis; 7 - Milheto + C. spectabilis; 8 - Sorgo + C. spectabilis; 9 - Capim pé-de-galinha + C. spectabilis; 10 Milheto + C. spectabilis; 11 - Sorgo + C. spectabilis; 12 - Capim pé-de-galinha + C. spectabilis; 13 - Brachiaria ruziziensis + C. spectabilis; 14 - Pousio - sem plantas daninhas; e 15 - Pousio - com plantas daninhas. A altura de planta, as características tecnológicas das fibras, a percentagem e a produtividade de fibra não apresentaram efeito significativo em função das espécies vegetais formadoras de palha. Antes da semeadura do algodão, a máxima produção de biomassa seca foi de 2.821 kg/ha, e a maioria das espécies produziu menos de 2,3 t/ha. Nenhuma das espécies semeadas na primavera propiciou boa cobertura e persistência de palha no solo ao longo do ciclo do algodoeiro. Palavras-chave: Gossypium hirsutum; plantas de cobertura; persistência; produtividade de fibra INTRODUÇÃO O sistema convencional de preparo do solo (aração + gradagens) ainda predomina na cotonicultura praticada no cerrado brasileiro. Este sistema de manejo tem ocasionado sérios problemas nos solos de várias regiões dos principais Estados brasileiros produtores de algodão, comprometendo a produtividade e a rentabilidade agrícola. Um dos fatores alegados pelos agricultores para a não inclusão da cotonicultura no sistema plantio direto diz respeito à falta de opções de espécies vegetais adaptadas às condições do cerrado, para uso como cobertura do solo. A camada de palha sobre o solo é essencial para o sucesso do sistema plantio direto, e ela melhora as condições físicas, químicas e biológicas do solo, e o protege nos períodos de excesso ou escassez de água, resultando em benefícios para a cultura posterior (ALVARENGA et al., 2001; NUNES et al., 2006). O milheto (Pennisetum glaucum), semeado na primavera antes da semeadura do algodão, é uma espécie utilizada para formação de palha e cobertura do solo. Contudo, as altas temperaturas, as constantes precipitações pluviais e o longo tempo em que o algodoeiro permanece no campo, fazem com que a persistência da palha de milheto na superfície do solo seja baixa. 1 Trabalho realizado com recursos do FIALGO e da EMBRAPA

Em virtude da grande importância do cultivo do algodoeiro no sistema plantio direto, realizouse este trabalho com o objetivo de avaliar, nas condições do cerrado goiano, a produção de matéria seca de espécies vegetais, semeadas na primavera, e suas influências no solo e no algodão. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado na área da Fundação GO, em Santa Helena de Goiás, GO. Os tratamentos consistiram das espécies de cobertura: 1 - Brachiaria ruziziensis; 2 - Milheto (Pennisetum glaucum); 3 - Sorgo (Sorghum bicolor); 4 - Capim pé-de-galinha (Eleusine coracana); 5 - Crotalaria spectabilis; 6 - Brachiaria ruzizienis + Crotalaria spectabilis; 7 - Milheto + C. spectabilis; 8 - Sorgo + C. spectabilis; 9 - Capim pé-de-galinha + C. spectabilis; 10 Milheto + C. spectabilis; 11 - Sorgo + C. spectabilis; 12 - Capim pé-de-galinha + C. spectabilis; 13 - Brachiaria ruziziensis + C. spectabilis; 14 - Pousio sem plantas daninhas; e 15 - Pousio com plantas daninhas. As espécies dos tratamentos 6, 7, 8 e 9 foram semeadas na mesma linha, e as dos tratamentos 10, 11, 12 e 13 em fileiras alternadas. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições. As espécies foram semeadas manualmente na primavera (21/10/2005), em estreitos sulcos abertos mecanicamente, em parcelas de 10,0 x 10,0 m. O espaçamento entre linhas foi de 0,45 m. Nenhuma espécie recebeu qualquer tipo de adubação ou irrigação. No dia 09/12/2005 foi feito o manejo (dessecação) com herbicidas (100 ml/ha de Aurora + 0,5% de óleo mineral + 3 L/ha de glifosato). A semeadura do algodão, cultivar BRS 269 Buriti, foi no dia 22/12/2005, no espaçamento de 0,90 m e densidade de 9 plantas/m. A adubação de semeadura foi feita com 450 kg/ha de 4-30-16 + 0,5% Zn + 0,2% B. Imediatamente após a semeadura do algodão foi aplicado herbicida pré-emergente (s-metolacloro = 0,8 L/ha). Antes da semeadura do algodoeiro foi avaliada em cada parcela experimental a biomassa seca das diferentes espécies vegetais, por meio de três amostragens, cada qual em 0,25 m 2. Para avaliar a persistência da biomassa seca das diferentes espécies, durante o desenvolvimento do algodoeiro, foi feita amostragem em 30 de janeiro de 2006, aos 34 dias após a emergência do algodão (DAE), utilizando-se a mesma metodologia citada anteriormente. Não foram realizadas outras amostragens em função da pequena quantidade de palha remanescente das diferentes espécies, além de que os resíduos encontravam-se extremamente misturados às partículas de solo. As amostras das espécies de cobertura foram secas em estufa à temperatura de 65 C, até que a massa seca atingisse valor constante; depois foi determinada a matéria seca, expressando-se os resultados em kg/ha. Por ocasião da colheita foi avaliada a altura de cinco plantas, selecionadas ao acaso em cada parcela experimental. Também foram coletados 20 capulhos, sendo um por planta, localizados no terço médio, para determinação da percentagem de fibra e das características tecnológicas da fibra. Para a avaliação da produtividade de algodão em fibra foi colhida a área equivalente a 9 m 2, e o algodão foi descaroçado em máquina de rolo; os dados de produção de fibra de algodão em g/parcela foram transformados em kg/ha. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância. Para comparação das médias dos tratamentos foi utilizado o teste Scoot Knott, a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas avaliações realizadas em 02/12/2005, antes da semeadura do algodão, e aos 34 dias após a emergência, observou-se que a produção de biomassa seca das espécies formadoras de palha foi muito baixa (Tab. 1), isto devido ao intervalo relativamente curto entre a semeadura das espécies e a dessecação, para posterior semeadura do algodoeiro. A época de semeadura das espécies vegetais para formação de palha depende do início do período chuvoso. Assim, mesmo nos anos em que ocorre

alguma precipitação no mês de setembro ou início de outubro, a irregularidade das chuvas no cerrado brasileiro geralmente não permite que a semeadura seja feita antes de meados de outubro. As espécies que apresentaram melhor produção de matéria seca, antes da semeadura do algodoeiro, foram o milheto e o sorgo, semeadas em sistema solteiro, milheto + C. spectabilis e sorgo + C. spectabilis, semeadas em consórcio na mesma linha, e Milheto + C. spectabilis e Sorgo + C. spectabilis, semeadas em consórcio em fileiras alternadas. Entretanto, a produção máxima de matéria seca obtida foi de 2.821 kg/ha. Para que possa proporcionar uma boa cobertura do solo, a espécie vegetal deve produzir no mínimo 6.000 kg/ha de matéria seca (ALVARENGA et al., 2001). A camada de palha sobre a superfície do solo é essencial para o sucesso do sistema plantio direto, pois ela cria um ambiente favorável às condições físicas, químicas e biológicas do solo, contribuindo para o controle de plantas daninhas, estabilização da produção e recuperação ou manutenção da qualidade do solo. Cruz et al. (2001) citam que pelo menos 50% da superfície do solo deve estar coberta com palha. Aos 34 DAE, a quantidade remanescente de matéria seca (Tab. 1), na maioria dos tratamentos, foi maior do que por ocasião da semeadura do algodoeiro. Isso se deve ao fato de que a pouca palha produzida e a baixa cobertura do solo possibilitaram o aparecimento de algumas plantas daninhas, as quais foram manejadas por meio de herbicidas, mas ficaram misturadas às palhas das espécies de cobertura. Nos tratamentos 14 e 15 não foram retiradas amostras para avaliação de biomassa seca, e esses tratamentos serviram apenas para verificar seus efeitos sobre o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade do algodoeiro. Além do mais, quando das amostragens, a incidência de plantas daninhas no tratamento 15 era muito baixa e a distribuição irregular. Em função disto, não foi feita a mensuração da biomassa das plantas daninhas. A quantidade remanescente de palha das diferentes espécies, aos 70 DAE, foi extremamente baixa, por isso os resultados foram desprezados. Isso indica a baixa persistência de todas as espécies estudadas, quando semeadas no período de primavera, no início do período chuvoso. Nas condições do cerrado goiano, especialmente nas regiões de baixa e média altitude, há de se buscar alternativas para a produção de palha e posterior semeadura direta do algodoeiro. Espécies vegetais de crescimento inicial mais rápido, e que apresentem maior persistência da palha (maior relação C/N), devem ser testadas em semeadura na primavera. Em virtude das condições climáticas de várias regiões do cerrado brasileiro, a semeadura de espécies para produção de palha fica de certa forma limitada, sendo viáveis as semeaduras realizadas após a colheita das culturas de verão, como a soja e o milho (FERREIRA et al., 2006). As espécies avaliadas não tiveram efeito significativo sobre a altura de plantas, a percentagem de fibra e a produtividade de fibra da cultivar BRS 269 - Buriti (Tab. 2). Respostas semelhantes foram obtidas por Lamas e Staut (2006), em Primavera do Leste, MT, onde foram avaliadas várias espécies vegetais cultivadas anteriormente ao algodoeiro. As características tecnológicas de fibra não apresentaram efeitos significativos em função dos diferentes tratamentos. Na tabela 3 são apresentados os resultados médios obtidos.

Tabela 1. Biomassa seca (kg/ha) das espécies vegetais semeadas em outubro/2005, em avaliações realizadas em dezembro/2005 (antes da semeadura do algodão) e janeiro/2006 (34 dias após a emergência do algodoeiro - DAE), em Santa Helena de Goiás, GO. Tratamentos Meses Dezembro/2005 Janeiro/2006 1 - Brachiaria ruziziensis 2004 b 2312 b 2 - Milheto 2565 a 3800 a 3 - Sorgo 2363 a 3235 a 4 - Capim pé-de-galinha (Eleusine coracana) 2112 b 2313 b 5 - Crotalaria spectabilis 525 c 978 c 6 - Brachiaria ruziziensis + Crotalaria spectabilis 1078 c 1948 b 7 - Milheto + C. spectabilis 2339 a 2750 b 8 - Sorgo + C. spectabilis 2697 a 2415 b 9 - Capim pé-de-galinha + C. spectabilis 2177 b 2370 b 10 - Milheto + C. spectabilis fileiras alternadas 2628 a 2394 b 11 - Sorgo + C. spectabilis fileiras alternadas 2821 a 2290 b 12 - Capim pé-de-galinha + C. spectabilis fileiras alternadas 1929 b 2498 b 13 - Brachiaria ruziziensis + C. spectabilis fileiras alternadas 1693 b 1528 c 14 - Pousio sem plantas daninhas 0,0 0 15 - Pousio com plantas daninhas 0,00 0 C.V. (%) 32,02 41,81 Obs: Médias de tratamentos seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5%. Tabela 2. Altura de plantas, percentagem e produtividade de fibra da cultivar BRS 269- Buriti, em função das diferentes espécies vegetais formadoras de palha, em Santa Helena de Goiás, GO, safra 2005/2006. Tratamentos Altura de plantas (m) Percentagem de fibra Produtividade de fibra (kg/ha) 1 - Brachiaria ruziziensis 1,23 a 39,90 a 872,50 a 2 - Milheto 1,26 a 39,44 a 860,66 a 3 - Sorgo 1,24 a 39,84 a 908,85 a 4 - Capim pé-de-galinha (Eleusine coracana) 1,29 a 40,06 a 870,95 a 5 - Crotalaria spectabilis 1,24 a 39,17 a 784,14 a 6 - Brachiaria ruziziensis + Crotalaria spectabilis 1,34 a 38,82 a 772,94 a 7 - Milheto + C. spectabilis 1,26 a 39,18 a 825,64 a 8 - Sorgo + C. spectabilis 1,29 a 39,43 a 934,99 a 9 - Capim pé-de-galinha + C. spectabilis 1,21 a 39,65 a 857,57 a 10 - Milheto + C. spectabilis fileiras alternadas 1,26 a 39,36 a 849,87 a 11 - Sorgo + C. spectabilis fileiras alternadas 1,20 a 40,32 a 943,83 a 12 - Capim pé-de-galinha + C. spectabilis fileiras 1,31 a 39,98 a 876,61 a alternadas 13 - Brachiaria ruziziensis + C. spectabilis fileiras 1,30 a 39,00 a 809,69 a alternadas 14 - Pousio sem plantas daninhas 1,23 a 39,41 a 833,16 a 15 - Pousio com plantas daninhas 1,26 a 38,87 a 864,51 a C.V. (%) 4,74 2,13 7,67 Obs: Médias de tratamentos seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5%.

Tabela 3. Características tecnológicas de fibra: UHM - Comprimento (mm), UNF - Uniformidade (%), SFI - Índice de fibras curtas, STR - Resistência (gf/tex), ELG - Alongamento à ruptura (%), MIC - Índice micronaire, MAT: Maturidade, Rd - Reflectância (%), +b - Grau de amarelo e SCI - Índice de fiabilidade. UHM UNF SFI STR ELG MIC MAT R B SCI Características 29,6 83,5 8,0 30,4 6,9 4,3 87,2 75,1 8,0 137,7 C.V. (%) 2,3 1,2 17,8 5,7 6,6 6,2 1,0 1,9 6,1 6,2 CONCLUSÕES A produção de matéria seca das espécies vegetais semeadas no cerrado goiano, no período da primavera, é baixa, e não garante boa cobertura e persistência no solo após a semeadura do algodão. A produtividade de algodão em fibra, a altura das plantas, a percentagem e as características tecnológicas de fibra não são afetadas pelas palhas das diferentes espécies de cobertura semeadas dois meses antes da semeadura do algodoeiro. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Por meio deste trabalho observa-se que a semeadura de espécies vegetais para produção de palha, quando do início do período chuvoso, antes da semeadura do algodão, não possibilita a produção de palha em quantidade suficiente para posterior semeadura direta do algodão. Essas informações são importantes de forma que se pesquisem alternativas para que o algodoeiro possa ser integrado ao sistema plantio direto, sobretudo nas regiões de média e baixa altitude do cerrado goiano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, R.C.; LARA C., W.A.; CRUZ, J.C.; SANTANA; D.P. Plantas de cobertura de solo para sistema plantio direto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.22, n.208, p.25-36, 2001. CRUZ, J.C. PEREIRA FILHO, I.A.; ALVARENGA, R.C.; SANTANA, D. P. Plantio direto e sustentabilidade do sistema agrícola. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 22, n, 208, p. 13-24. 2001. FERREIRA, A.C. de B; LAMAS, F.M. Manejo do solo e instalação da cultura do algodoeiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 8p. (Embrapa Algodão. Circular Técnica, 91). LAMAS, F.M.; STAUT, L.A. Algodoeiro em sistema plantio direto. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2006. 7p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Comunicado Técnico, 118). NUNES, U.R.; ANDRADE JÚNIOR, SILVA, E. DE B.; SANTOS, N.S.; COSTA, H.A.O.; FERREIRA, C.A. Produção de palhada de cobertura e rendimento do feijão em plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41, n.6, p.943-948, 2006.