Prof. Dra. Denise Quaresma
Verificar o que está sendo estudado no Brasil sobre o estresse profissional de um público específico, os profissionais da TI.
Pesquisa objetivou verificar as publicações científicas na base de dados Scielo no período de 2004 à 2014 sobre o estresse profissional na Tecnologia de Informações. ESTRESSE PROFISSIONAL,GÊNERO E TRABALHADORES DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÕES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Fernanda Koch Bender Denise Quaresma da Silva
Em 2013, 97.098 empresas de serviços de informação e comunicação empregaram 968.941 das pessoas ocupadas e pagaram R$ 40,9 bilhões em salários e outras remunerações. IBGE, 2013
Apenas nos anos 80 surge a graduação de Ciência da Computação. Somente nos anos 2000 surgem os tecnólogos da área, fragmentando e direcionando mais as atuações na Tecnologia da informação.
Os fatos ocorridos no Brasil em relação a TI, são mencionados de forma incompleta ou fragmentada, a maioria dos materiais expostos e publicados refere-se aos acontecimentos internacionais, dificultando o conhecimento e divulgação dessa área dentro do mercado profissional (CARDI,2002)
Fatores sociais Fatores culturais e econômicos Indivíduo e os recursos pessoais que lhe permitem optar por ações e estilos de vida que determinarão seu bem-estar e qualidade de vida.
Na perspectiva da saúde do trabalhador, encontra-se a influência do trabalho, cuja relação favorece a saúde ou o adoecimento (DEJOURS, 2005)
O estresse está ligado à capacidade de adaptação e à mudança (Moal, 2007). É uma relação particular entre o indivíduo e o ambiente, tornando-se essencial compreender todo e qualquer recurso psicológico e social que intermedeie este contato (Cooper &Dewe, 2007; Lazarus, 2000; Moal, 2007).
Embora seja impossível viver sem estresse o seu excesso pode causar danos graves a saúde tanto física quanto emocional, podendo intervir na rotina diária, assim como afetando a produtividade e o relacionamento interpessoal (NAHAS, 2001) (SHARKEY, 2008).
Como nos relacionamos Paternidade Maternidade estresse profissional Dependênci as e co dependência Como adoecemos Sexualidade
O estresse está associado a 7 entre cada 10 das principais causas de morte em países desenvolvidos ( Organização Mundial da Saúde)
O estresse tem sido considerado como a doença do século em decorrência do somatório de fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo, podendo causar sérias complicações à saúde se esses fatores não forem controlados (NUNOMURA; TEIXEIRA; CARUSO, 2004).
60 à 90% de todas as consultas médicas são de grande parte devido aos fatores psicológicos, emocionais e comportamentais, ou seja, relacionados diretamente ao estresse excessivo (BENSON, 2010). A maioria das doenças ocupacionais tem correlação com o estresse, pois o desgaste que as pessoas são submetidas no ambiente e nas relações de trabalho, é um fator determinante para as doenças, mais significativo (LIMONGI e RODRIGUES,2005).
Os elementos estressores no trabalho são muito comuns e frequentes, uma vez que a maioria dos adultos passa grande parte do dia no desempenho de tarefas laborais, e o estresse é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma epidemia global (PAIS- RIBEIRO, 2009).
O estresse pode comprometer o profissional através de diversas manifestações em diferentes graus, pelos seus principais sintomas.
Raiva Iritabilidade Sintomas estresse profissional Esgotamento emocional Ansiedade Insonia
Problemas de ordem muscular como tensões, dores de cabeça, dores nas costas, acidez no estômago, flatulência, diarreia, constipação, elevação da pressão sanguínea, arritmias, sudorese excessiva das mãos, palpitações, tontura, enxaqueca, dores no peito e falta de ar (NUNOMURA; TEIXEIRA; CARUSO, 2004).
Se o estresse diário continuar e entrar na fase de exaustão ocorrerá uma queda no mecanismo de defesa do organismo, ocasionando doenças como: úlcera digestivas, hipertensão arterial, derrames cerebrais, infartos agudos do miocárdio, câncer, depressão, distúrbios nervosos, artrite, alergias e dores de cabeça (NAHAS, 2001
O estresse leva ao sofrimento do indivíduo. consequências sobre seu estado de saúde e igualmente sobre seu desempenho, pois passam a existir alterações e ou disfunções pessoais e organizacionais, com repercussões econômicas e sociais (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEAO, 2010).
Profissionais dessa área precisam de um treinamento técnico especifico e constante aprimoramento em virtude do ciclo continuo e rápido de mudanças tecnológicas. Necessitam de uma série de habilidades no seu perfil que podem ser divididas em técnicas, de negócios ou comportamentais (REZENDE; ABREU, 2000).
se enquadram na categoria de profissionais que passam horas em condições limitadas de movimentos em frente ao computador e no seu tempo livre costumam fazer atividades passivas, como televisão, internet, jogos eletrônicos, provocando doenças hipocinéticas (doenças associadas a falta de exercício físico e cuidados com a alimentação como: diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, obesidade mórbida, arteriosclerose múltipla, osteoporose e o câncer) (NAHAS, 2001).
O ambiente do trabalho se modificou e acompanhou o avanço das tecnologias com mais velocidade do que a capacidade de adaptação dos trabalhadores, os profissionais vivem hoje sob contínua tensão (BALLONE, 2005).
Está relacionado à situações em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador às suas necessidades de realização pessoal e profissional, assim como uma ameaça para a sua saúde física ou mental, prejudicando essa relação de trabalho com o ambiente de trabalho; na medida em que esse ambiente contenha demandas excessivas a ela ou que ela não tenha recursos adequados para enfrentar qualquer situação (PAIS- RIBEIRO, 2009).
Estresse e Trabalho Decorrente da inserção do indivíduo nesse contexto, pois o trabalho, além de possibilitar crescimento, transformação, reconhecimento e independência pessoal, também causa problemas de insatisfação, desinteresse, apatia e irritação. O trabalho deve ser algo prazeroso, com os requisitos mínimos para a atuação e para a qualidade de vida dos indivíduos (BATISTA E BIANCHI, 2006).
Os profissionais de TI sofrem mais com o estresse do que especialistas de qualquer outra atividade profissional. PESQUISA REALIZADA NA IRLANDA revela que 97% dos profissionais de TI consideravam o seu trabalho estressante ((REGGIANI, 2006).
A maioria dos artigos científicos publicados no Brasil com o descritor estresse profissional está direcionados para a área da saúde, correspondendo a 75% do total de artigos, com 16% da amostra os artigos estão relacionados a área da educação, 7% área organizacional e apenas 2% a área de transportes.
Quais os resultados sobre o estresse em trabalhadores de TI?
A área da saúde por ter situações de exposição dos trabalhadores a riscos mais visuais (pacientes e doenças), está mais enraizada a preocupação com esse trabalhador, o que podemos supor por esse grande número de publicações nesta área.
A profissional do sexo feminino em todas as áreas é mais estressada do que o profissional do sexo masculino devido à sobreposição de papéis entre as responsabilidades da casa e do trabalho (LIM e TEO,1999) (MOORE, 2000) (ROCHA e PAIS-RIBEIRO, 2001) e (REGGIANI, 2006).
Na busca com o descritor gênero e estresse foram encontrados 30 artigos com a predominância novamente da área da saúde 60 % (18) estudos. Desta forma o que podemos supor é que existe uma preocupação com essa área de atuação e inexiste na área de TI.
O estado de São Paulo tem predominância nos estudos publicados sobre gênero e estresse, sendo que ds 15 artigos publicados na decada pesquisada, produziu 12 destes estudos, todos na área da saúde.
No descritor estresse e TI não foram encontrados resultados, o que aponta para a necessidade de pesquisas nesta área. Como não encontramos nenhuma publicação sobre este tema, refizemos a busca com o uso de outro descritor, estresse e informática e encontramos apenas um estudo de 1995.
Os profissionais de TI reagem e interagem com o meio da mesma forma com o seu processo de trabalho. vivem em constante nível de estresse pela elevada cobrança, pois o futuro de um sistema, um software está sob seus cuidados. Essa responsabilidade em cima do trabalhador causa um acumulo de preocupações e desgastes, sendo este um dos possíveis potencializados do nível de estresse desses profissionais.
Prsquisa realizada em Cingapura revela: o sexo feminino que trabalha na área de TI, se sente mais estressado, considerando principalmente o grande número de demanda, a ambiguidade de papeis e a própria atividade de manutenção de sistemas, considerando uma insatisfação com o trabalho maior que a dos homens, e necessidade de sair da empresa (MOORE, 2000) (REGIANE, 2006).
Se torna de suma importância para o perfil feminino a manutenção diária de um ambiente satisfatório de trabalho, um bom clima organizacional, enquanto os homens, costumam acusar descontentamento quando percebem situações graves e com maior tempo de incomodo (ROCHA E PAIS- RIBEIRO, 2001).
Considerando os estudos científicos realizados na última década no Brasil sobre estresse profissional, estresse na área de TI, e estresse e gênero, se faz necessário alertar para a falta de estudos sobre os temas pesquisados na área de TI, que foram constatados pela escassez de estudos relacionados a estes temas.
A área de TI tem por característica um ambiente de avanço tecnológico, rápido e exigente o que por sua vez gera um volume grande de demanda para os profissionais dessa área. Existe uma elevada cobrança para a entrega dessas demandas e por outro lado poucos profissionais aptos para suprir essa necessidade. Com isso apresenta-se um ambiente de maior pressão, podendo ser um ambiente ameaçador.
Através desse estudo sobre o estresse nessa área de trabalho, percebe-se que há pouca preocupação com esses trabalhadores.
Em geral, os novos sistemas que são implantados nas grandes empresas geram mudanças significativas em toda a estrutura organizacional, o que aumenta a responsabilidade, por parte dos profissionais de tecnologia, para cumprir prazos e entregar produtos com a menor quantidade de erros (FOSTER, CORSO, RÓGIO, VIRTUOSO E SILVA, 2007).
estresse ocupacional é um tema amplamente debatido principalmente na área de saúde. A área de tecnologia, que é reconhecidamente uma das áreas mais estressantes, necessita urgentemente de estudos que expliquem os fatores de estresse.
estresse ocupacional é um tema amplamente debatido principalmente na área de saúde. A área de tecnologia, que é reconhecidamente uma das áreas mais estressantes, merece estudos que expliquem os fatores de estresse. Urge a regulamentação da profissão para a visibilidade e o reconhecimento dos Direitos de trabalhadores dseta categoria.