Curso de formação de responsáveis técnicos e auditores de PI: Citros, Goiaba e Morango Área temática 6: Nutrição de Plantas Flávio Fernandes Jr. flavio.fernandes@embrapa.br
6.1- Fertilização Obrigatória - para produção no solo, a correção e a adubação deverão ser realizadas mediante análise de solo, conforme recomendação do responsável técnico; para a produção em substrato, as quantidades de nutrientes devem ser equilibradas, respeitando os níveis de salinização, fitotoxidez e deficiências nutricionais conforme requisitos da cultura e recomendação do responsável técnico Recomendada - realizar análise foliar
Objetivo Efetuar a correção do solo e as suplementações nutricionais com base em parâmetros estabelecidos pelos órgãos de pesquisa, visando, a obtenção da melhor produtividade possível sem prejuízos a sanidade das plantas nem ao meio ambiente.
Fertilização Um programa de adubação racional deve visar a obtenção de altas produções de morangos de alta qualidade, aliada a um custo economicamente viável de adubos e com baixo risco de contaminação das águas. É necessário que se estabeleça a dose de nutrientes necessária, o tipo de Adubo mais adequado, a forma e a época de adubação mais interessantes (Garcia, 1993). Nos locais tradicionais na produção de morangos, onde há alta incidência de pragas e moléstias, deve-se levar em consideração os estados nutricionais predisponentes à elas, para adequação da nutrição visando-se a redução do uso de defensivos (Pritts, 1998).
Fertilização Estado nutricional X predisposição a problemas fitossanitários: - Nitrogênio em excesso favorece a ocorrência de mofo cinzento, de ácaro rajado, pulgões, chocolate (Antracnose). - Potássio em baixos teores pode ser associado ao aumento da incidência de Verticillium, Pythium, Phytophthora e Rhizoctonia. - Mangânes em excesso pode favorecer a ocorrência de oídio.
Fertilização Dentre as lacunas tecnológicas da produção de morangos destaca-se, a adubação e a nutrição mineral (Castellane, 1993). A atualização das recomendações de adubação para o morangueiro, é tema levantado com freqüência em encontros técnicos relacionados à cultura, uma vez que essas foram estabelecidas em Raij et al. (1996) e Ribeiro et al. (1999) para cultivares com potencial produtivo bem inferior às utilizadas atualmente. Em razão do maior potencial produtivo das cultivares em uso atualmente no Brasil é senso comum entre os produtores a necessidade de aporte de doses maiores que as preconizadas nas recomendações oficiais e faz-se de forma empírica alterações nas doses recomendadas.
Fertilização No Sul de Minas e nos municípios de Atibaia e Jarinú, importante região produtora de São Paulo a aplicação da formulação 4-14-8 na dosagem de 50 a 100g por planta como adubação de base (informação pessoal), implica no aporte de 120 a 240 kg de N ha -1 só no plantio, quando o recomendado por Raij et al. (1996) é a aplicação de 40 kg de N ha -1 no plantio. Ribeiro et al. (1999) recomenda 40 % no plantio da dose total de N recomendada que é de 220 kg de N/ha. Dentro dessa prática aplica-se ainda de 480 a 840 kg de P 2 O 5 ha -1 e 240 a 480 kg de K 2 O ha -1. Para o potássio Raij et al. (1996) recomendam de 100 a 400 kg de K 2 O ha -1 e Ribeiro et al. (1999) de 80 a 350 kg de K 2 O ha -1.
Planejamento da Adubação Requerimento Nutricional Reserva do Solo Fatores que afetam a eficiência de uso dos fertilizantes.
Extração máxima de macronutrientes em três cultivares de morango Cultivares Nutrientes Campinas Camanducaia Monte Alegre kg/ha N 241,55 288,47 199,06 P 54,05 42,62 35,23 K 280,77 217,05 203,86 Ca 109,73 107,98 109,28 Mg 44,52 45,22 37,34 S 31,04 29,26 30,56 FONTE: Adaptado de Souza et al (1981). Dados referentes a uma população de 150000 plantas por hectare.
Extração de macro nutrientes, Albregts & Howard(1980 ) e Souza et al(1981). Albregts Souza et Souza para Nutriente & Howard al 60000 ha -1 ----------------Kg ha -1 --------------- N 130,8 243,02 97,20 P 19,2 43,96 17,58 K 116,3 202,36 80,94(112,3) Ca 59,6 108,99 43,59 Mg 18,6 42,36 16,94
Extração de nutrientes ao longo do ciclo de cultivo pela cultura do morangueiro. Nutriente Transplantio Primeira Primeira Meia Final de florada colheita estação estação --------------------------------------------------Kg ha -1 ---------------------------------------------- N 2,4 10,7 21,8 37,3 58,6 P 0,5 0,8 2,7 5,8 9,4 K 1,7 4,3 14,6 32,6 63,1 Ca 1,7 4,7 7,3 15,1 30,8 Mg 0,4 1,5 2,9 6,0 7,8 --------------------------------------------------g ha -1 ------------------------------------------------ Fe 24,8 45,6 103,6 235,0 455,8 Zn 5,6 17,6 2,7 76,5 88,1 Mn 4,4 27,5 58,5 114,0 160,9 B 5,8 9,6 22,6 59,0 76,6 FONTE: ALBREGTS & HOWARD (1980).
Planejamento da Adubação Requerimento Nutricional Reserva do Solo Fatores que afetam a eficiência de uso
Planejamento da Adubação Análise de solo reserva Análise da solução do solo prontamente disponível
Planejamento da Adubação Fatores que afetam a eficiência de uso -perdas: lixiviação, volatilização e adsorção. - eficiência na absorção iônica: fatores externos e internos
Fatores que afetam a absorção iônica Fatores externos: -Aeração: a maior parte da absorção ocorre por processo ativo, que depende de energia fornecida pela respiração. - Umidade do solo: a água é o veículo de transporte dos íons e da qual depende o processo de difusão e fluxo em massa. - Temperatura: temperaturas extremas afetam a absorção dos nutrientes.
Fatores externos - Próprio íon: Velocidade de absorção diferente: ÂNIONS: NO -3 > Cl - > SO4-2 > H2PO -4 CÁTIONS: NH +4 > K + > Na + > Mg +2 > Ca +2 - Disponibilidade do nutriente -Outros íons INIBIÇÃO: A presença de um íon diminui a absorção de outro elemento. (ex.: K diminui Ca e Mg). SINERGISMO: A presença de um íon aumenta a absorção de outro (ex.: P / Mo).
Fatores internos -Intensidade de crescimento -Nível metabólico -Intensidade respiratória: a absorção é função de respiração - Estado iônico interno:uma planta saturada em íons absorverá menos que outra que tenha poucos íons.
Planejamento da Adubação Recomendação de adubação de plantio P resina, mg/dm 3 K trocável, mmol c / dm 3 Nitrogênio 0-10 11-25 26-60 > 60 0-70 0,8-1,5 1,6-3,0 > 3,0 N, kg/ha P 2 O 5, kg/ha K 2 O, kg/ha 40 900 600 450 300 400 300 200 100
Produção, número total de frutos comercializáveis e peso médio dos frutos das cultivares Festival, Oso Grande e Camino Real. Atibaia, Fazenda Cachoeira, 2010. Cultivar Produção total* g.planta -1 Massa média dos frutos* g.fruto -1 Número total de frutos comercializáveis* *As médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste Festival 1017,7 a 12,8 c 57,0 a Oso Grande 933,8 b 13,6 b 49,6 b Camino Real 654,8 c 16,1 a 26,8 c Tukey em nível de 5 % de significância.
Produção total, massa média dos frutos e número de frutos comercializáveis de morangos em função das doses de N e K. Atibaia, Fazenda Cachoeira, 2010. Massa média dos Tratamento Produção total* Doses g.planta -1 frutos* g.fruto -1 100 %N 900 a 14,5 a 44,9 a Número total de frutos comerciáveis* 88,3 % N 861 a 14,1 a 44,0 a 66,6 %N 849 a 13,9 a 44,5 a 50 %N 864 a 14,3 a 44,5 a 100 %K 868 a 14,3 a 45,0 a 88,3 % K 881 a 14,2 a 45,0 a 66,6 %K 856 a 14,2 a 43,5 a 50 %K 869 a 14,1 a 44,3 a Os valores representam a média obtida entre as três cultivares *As médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste Tukey em nível de 5 % de significância.
Teor de sólidos solúveis totais ( o Brix), acidez titulável (% ácido cítrico) e ácido ascórbico (mg 100g -1 ) de morangos em função das doses de N e K.Atibaia, Fazenda Cachoeira, 2010. Tratamento Sólidos solúveis totais* Acidez titulável* Doses 100 %N 9,2 a 0,68 a 65,5 a Teor de ácido ascórbico* 88,3 % N 8,8 a 0,68 a 66,6 a 66,6 %N 9,2 a 0,63 ab 66,7 a 50 %N 9,0 a 0,62 b 66,3 a 100 %K 8,8 b 0,62 b 66,6 a 88,3 % K 9,1 ab 0,66 ab 65,8 a 66,6 %K 9,2 a 0,69 a 66,5 a 50 %K 9,1 ab 0,64 ab 66.3 a Os valores representam a média obtida entre as três cultivares *As médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste Tukey em nível de 5 % de significância.
Recomendações para adubações de cobertura Boletim 100 180 kg/ha de N* ( perda estimada: 20%) 90 kg/ha de K 2 O* ( perda estimada: 15%) *parcelar as doses em 6 aplicações com intervalos de 1 mês, a partir do transplantio
Adubações de cobertura Via sólida Fertirrigação O mais fracionada o possível fontes solúveis de fácil lixiviação. - Avaliação das doses aplicadas ao longo do ciclo de cultivo.
Como fracionar a adubação de cobertura? Requerimento da cultura/ tamanho estimado do ciclo ex:180kg de N/ha/240 dias= 0,75 kg/ha/dia 5,25 kg de N/ha/semana Dividindo-se em duas aplicações semanais: 2,63 kg de N/ha/aplicação Usando-se KNO 3 como fonte, tem-se: 2 g de KNO 3 /m 2 de canteiro
Taxa de absorção ao longo do ciclo Nutriente Pegamento Primeira florada Primeira colheita Meia estação de colheita Final da estação de colheita -----------------------------% absorvido em cada fase do ciclo --------------------------------------- N 1,8 8,18 16,7 28,5 44,8 P 2,6 4,16 14,1 30,2 48,9 K 1,5 3,7 12,6 28,0 54,3 Ca 2,9 7,9 12,2 25,3 51,7 Mg 2,2 8,1 15,6 32,3 41,9
ex: usando a absorção ao longo do ciclo -considerando-se a recomendação por ha de 180 kg de N e 90 de K 2 O. -fase do pegamento a 1ª florada 8,2% do N(14,8kg/há) e 3,7% do K(3,33kg/há). -fontes: Nitrato de Cácio: 19% Ca; 15,5% N Nitrato de Potássio: 36,5% K; 13% N MAP: 11% de N; 26% P Usar até 20% de N-NH4 3 kg de N via MAP = 27,3kg de MAP/há Fechar o potássio 8,76kg de KNO 3 que fornece 1,14kg N/há Assim 14,8-3 -1,14= 10,66Kg N/há Fechar com nitrato de cálcio: 68 kg de CaNO 3 /há.
Como monitorar e corrigir o fracionamento? Estado nutricional análise de folhas Análise de solo Observação fundamentada na experiência Análise de solução do solo e análise de seiva
Análise de folhas Amostragem: - 30 plantas por talhão. - 3ª ou 4ª folhas(s/pecíolo) recém expandidas. -por ocasião da 1ª florada.
Folhas a serem amostradas Fonte:Paule tti(2008)
Nutrientes Faixas de suficiência Faixa 1 Faixa 2 Faixa 3 Faixa 4 g.kg -1 Nitrogênio 21-40 13,8-15,5 15-25 30 Potássio 11-25 23,9-25 20-40 10-60 Fósforo 2,0-4,5 2-4,2 2-4 1,5-13 Cálcio 6-25 5,3-16,2 10-25 4-27 Magnésio 2,5-7,0 6,3-8,2 6-10 3-7 mg.kg -1 Boro 25-60 - 35-100 35-200 Cobre 6-20 - 5-20 3-30 Ferro 50-250 - 50-300 50-300 Manganês 30-350 - 30-300 30-700 Zinco 20-50 - 20-50 20-50 FONTES: Faixa 1, Mills & Benton Jones (1996); Faixa 2, Schiavinato (1990) para a cultivar Campinas; Faixa 3, Trani & Raij (1997); Faixa 4, Ulrich et al (1980)
Extrator de solução com capsula porosa
Condutivímetros
Colorimetria - Kits
Fotocolorímetro
Cartões para testes de nitrato e potássio
Sintomas de deficiência Nitrogênio: Fonte:Pauletti(20 08)
Potássio: Fonte:Pauletti(20 08)
Magnézio: Fonte:Pauletti(20 08)
Boro: Fonte:Pauletti(20 08)
Ferro: Fonte:Pauletti(20 08)
Zinco: Fonte:Pauletti(20 08)
Manganês: Fonte:Pauletti(20 08)
Flávio Fernandes Jr. flavio.fernandes@embrapa.br Embrapa Agrosssilvipastoril Sinop - MT