ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN Órgão Julgador: 10ª Turma

Documentos relacionados
ACÓRDÃO RO Fl. 1. JUÍZA CONVOCADA LAÍS HELENA JAEGER NICOTTI Órgão Julgador: 1ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR MILTON VARELA DUTRA Órgão Julgador: 10ª Turma

DESEMBARGADORA ANA LUIZA HEINECK KRUSE Órgão Julgador: 4ª Turma. Arruda. - Adv. Sandra Denise dos. Santos Balsamo. 1ª Vara do Trabalho de Bagé

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR JOÃO PEDRO SILVESTRIN Órgão Julgador: 4ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR GILBERTO SOUZA DOS SANTOS Órgão Julgador: 3ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR CLÁUDIO ANTÔNIO CASSOU BARBOSA Órgão Julgador: 3ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR JOÃO PEDRO SILVESTRIN Órgão Julgador: 4ª Turma

ACÓRDÃO AIRO Fl. 1. DESEMBARGADOR JOÃO GHISLENI FILHO Órgão Julgador: 11ª Turma. 9ª Vara do Trabalho de Porto Alegre

ACÓRDÃO RO Fl. 1. JUIZ CONVOCADO RICARDO HOFMEISTER DE ALMEIDA MARTINS COSTA Órgão Julgador: 11ª Turma

Inconformada com a sentença das fls. 179/185, proferida pela juíza Rejane Souza Pedra, a reclamada recorre.

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA LUCIA EHRENBRINK Órgão Julgador: 8ª Turma. Vara do Trabalho de Palmeira das Missões

''Conciliar também é realizarjustiça r TURMA CNJ: TRT: ) (RO)

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA DENISE PACHECO Órgão Julgador: 7ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR ANDRÉ REVERBEL FERNANDES Órgão Julgador: 4ª Turma

PROCESSO: RO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA MARIA CRISTINA SCHAAN FERREIRA Órgão Julgador: 6ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. JUIZ CONVOCADO MARCOS FAGUNDES SALOMÃO Órgão Julgador: 11ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN Órgão Julgador: 7ª Turma

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR MARCELO GONÇALVES DE OLIVEIRA Órgão Julgador: 7ª Turma

CONSTRUTORA TENDA S/A SEBASTIÃO JORGE GOMES. Giselle Bondim Lopes Ribeiro

ACÓRDÃO RO Fl. 1. JUIZ CONVOCADO FERNANDO LUIZ DE MOURA CASSAL Órgão Julgador: 10ª Turma

ACÓRDÃO AIRO Fl. 1. DESEMBARGADORA ANA ROSA PEREIRA ZAGO SAGRILO Órgão Julgador: 10ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN Órgão Julgador: 10ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR FABIANO DE CASTILHOS BERTOLUCCI Órgão Julgador: 4ª Turma

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Reclamante: SILVIA IARA DURO FERNANDES DOS SANTOS Reclamado: ESPÓLIO DE AMADOR DOS SANTOS Objeto: SENTENÇA

PROCESSO: RTOrd

A Ré, às fls. 70/78, argui preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, insurge se em relação a declaração de sucessão e quanto a

SEXTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº / CLASSE CNJ COMARCA DE SORRISO

ACÓRDÃO AP Fl. 1. DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN Órgão Julgador: 10ª Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA MARIA INÊS CUNHA DORNELLES Órgão Julgador: 6ª Turma

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gabinete Juiz Convocado 8 Av. Presidente Antonio Carlos, 251

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 1ª TURMA

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

A C Ó R D Ã O 5ª T U R M A

RECURSO ORDINÁRIO DA PRIMEIRA RECLAMADA.

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR WILSON CARVALHO DIAS Órgão Julgador: 7ª Turma

ACÓRDÃO. Acordam os Desembargadores que compõem a 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, na sessão de julgamento, por unanimidade,

O Sr(a) foi contratado(a) pela reclamante, para defender seus direitos. Os pedidos foram rejeitados na origem e mantidos pelo TRT da 9ª Região.

PROCESSO Nº AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ORDINÁRIO ORIGEM: 32ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR HERBERT PAULO BECK Órgão Julgador: 11ª Turma

PROCESSO: RO

PROCESSO Nº TST-RR C Ó R D Ã O (7ª Turma) GMDAR/MG/

ACÓRDÃO RO Fl. 1. JUÍZA CONVOCADA BRÍGIDA JOAQUINA CHARÃO BARCELOS TOSCHI Órgão Julgador: 5ª Turma

ACÓRDÃO AP Fl. 1. DESEMBARGADORA MARIA DA GRAÇA RIBEIRO CENTENO Órgão Julgador: Seção Especializada em Execução

ACÓRDÃO EXCSUSP Fl. 1. DESEMBARGADOR JOÃO PEDRO SILVESTRIN Órgão Julgador: 4ª Turma

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 3ª Turma GMAAB/pc/ct/dao

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR RICARDO HOFMEISTER DE ALMEIDA MARTINS COSTA (REDATOR) Órgão Julgador: 11ª Turma

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Contestação às folhas 70/80. Atas de audiência às folhas 541 e 555.

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 12ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

PROCESSO: RTOrd Acórdão - 7a Turma

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR FLAVIO PORTINHO SIRANGELO Órgão Julgador: 7ª Turma

A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMCB/ean PREPOSTO. ADVOGADO. ATUAÇÃO SIMULTÂNEA. REVELIA.

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA DENISE PACHECO Órgão Julgador: 10ª Turma. Vara do Trabalho de Osório

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

ACÓRDÃO 3ª TURMA NULIDADE JULGAMENTO EXTRA PETITA É nula a sentença que julga pretensão diversa da formulada pelo Autor. Buffet Amanda Ltda.

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente

ACÓRDÃO AP Fl. 1. DESEMBARGADOR LUIZ ALBERTO DE VARGAS Órgão Julgador: 3ª Turma. 4ª Vara do Trabalho de Pelotas E M E N T A

Processo originário da 4ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro.

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO: RTOrd Acórdão - 7a Turma

PROCESSO nº (RO) RECORRENTE: MOACIR MOREIRA DA ROCHA RELATORA: ANGELA FIORENCIO SOARES DA CUNHA

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PROCESSO Nº TST-AIRR

I - Trata-se de apelação cível interposta contra sentença (ref. mov. 28.1) prolatada em ação de transcrição de assento de casamento, autos nº

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 4ª TURMA GDCCAS/CVS/NC/iap

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMCB/ssm/wmf

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA ROSANE SERAFINI CASA NOVA Órgão Julgador: 1ª Turma

R E L A T Ó R I O V O T O. Conheço dos recursos ordinários porque preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade.

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 2ª Turma GMJRP/scm/nj

Gabinete Desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis APELAÇÃO CÍVEL Nº ( )

ACÓRDÃO RO Fl.1

A C Ó R D Ã O 4ª Turma JOD/abm/gms RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº /2014.

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN Órgão Julgador: 10ª Turma

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 1ª TURMA

PROCESSO: RTOrd

ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADORA MARIA HELENA LISOT Órgão Julgador: 6ª Turma

Adoto o relatório da r. sentença de fs. 142/145, que julgou a ação improcedente. Embargos de declaração (fs. 149), julgou improcedente.

Acórdão 6a Turma RELAÇÃO DE EMPREGO. VENDEDOR AUTÔNOMO. A diferenciação central entre o vendedorempregado

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (3ª Turma) GMALB/rhs/scm/AB/ri

RECURSO ORDINÁRIO Nº

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

NEGARAM PROVIMENTO. Nº COMARCA DE URUGUAIANA A C Ó R D Ã O

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMCB/ean

ACÓRDÃO RO Fl. 1. JUÍZA CONVOCADA REJANE SOUZA PEDRA Órgão Julgador: 5ª Turma. 1ª Vara do Trabalho de Porto Alegre

RECURSO ORDINÁRIO TRT/RO RTOrd A C Ó R D Ã O 7ª Turma

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional do Trabalho 2ª Região. 32ª Vara do Trabalho de São Paulo

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (Ac. 3ª Turma) GMALB/mal/AB/jn

Acórdão-6ªC RO

Transcrição:

0000293-67.2011.5.04.0221 RO Fl. 1 DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN Órgão Julgador: 10ª Turma Recorrente: Recorrido: Origem: Prolator da Sentença: SILVIA IARA DURO FERNANDES DOS SANTOS - Adv. Odilon Nunes da Silva Junior AMADOR DOS SANTOS (ESPÓLIO) - Adv. Luciana Mello Alves Vara do Trabalho de Guaíba JUIZ HORISMAR CARVALHO DIAS E M E N T A VÍNCULO DE EMPREGO. NÃO CONFIGURAÇÃO. Hipótese em que evidenciado nos autos que entre as partes não houve relação de emprego mas sim relação afetiva que resultou em casamento. A realização de tarefas pela reclamante no âmbito doméstico revertia em prol não somente do reclamado, mas do casal. Sentença de improcedência confirmada. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da 10ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso ordinário da reclamante. Intime-se. Porto Alegre, 27 de setembro de 2012 (quinta-feira).

0000293-67.2011.5.04.0221 RO Fl. 2 R E L A T Ó R I O Inconformada com a sentença de improcedência da ação (fls. 119-121) recorre a reclamante. Em seu recurso ordinário das fls. 122-125 argumenta ter sido comprovada nos autos a existência de relação de emprego em período anterior à sua união matrimonial com o reclamado, ou seja, de setembro de 2005 a outubro de 2009. Há contrarrazões nas fls. 128-132. Os autos sobem a este Tribunal para exame e julgamento do recurso. É o relatório. V O T O DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN (RELATOR): RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO O Juízo "a quo" não reconheceu o vínculo de emprego postulado na petição inicial ao fundamento de que o contexto probatório dos autos, essencialmente a prova oral, não demonstra a presença concomitante dos elementos legais na relação entre as partes, não permitindo o acolhimento da pretensão da autora. A reclamante não se conforma com tal decisão. Em suas razões recursais argumenta ter sido comprovada nos autos a existência de relação de

0000293-67.2011.5.04.0221 RO Fl. 3 emprego no período anterior à sua união matrimonial com o reclamado, ou seja, de setembro de 2005 a outubro de 2009, época em que o demandado contratou a recorrente para que fosse morar com ele e fazer todo o serviço da casa, mediante promessa de assinatura da CTPS e pagamento de meio salário mínimo. Salienta que o fato de ter casado com o reclamado não elide o contrato de trabalho havido anteriormente. Ao exame. Por ocasião do depoimento da reclamante (ata das fls. 116-117) ela revelou que "(...) trabalhou para AMADOR DOS SANTOS e mais tarde casou com ele; pode dizer que trabalhou de setembro-2005 a outubro-2009; o trabalho era na casa de AMADOR, aqui em Guaíba; [...] recorda que a depoente foi trabalhar na casa do reclamado quando a sua filha, em determinado dia, procurava uma casa para um sobrinho, falou com o reclamado e ele teria dito que precisava de alguém para trabalhar; a filha da depoente indicou a depoente e AMADOR foi até a casa da depoente e lá disse que precisava de uma pessoa para cuidar dele, morar com ele, fazer todo o serviço da casa; disse também que morava sozinho e tinha medo de ficar só à noite, tinha fobia; na época a filha MAGDA, presente na audiência, tinha casa ao lado de AMADOR, mas foi embora para PORTO ALEGRE, pois não se acertava muito com o pai; AMADOR tem duas filhas; a depoente aceitou a proposta de AMADOR e foi residir no imóvel de AMADOR, ocupando, com a filha e neta, a parte da frente da casa, enquanto AMADOR morava nos fundos; lembra que acertou com AMADOR que a depoente iria morar na casa, na parte da frente, sem custo nenhum, e pelo trabalho da depoente haveria o pagamento de meio salário mínimo e anotação da CARTEIRA; a carteira da depoente não foi

0000293-67.2011.5.04.0221 RO Fl. 4 anotada; AMADOR pagou o meio salário mínimo para a depoente, as vezes até pegando adiantamento; AMADOR é natural de CRUZ ALTA, sendo que toda a família estava nessa cidade, apenas as filhas, MAGDA e LINDONES, é que residiam em PORTO ALEGRE; MAGDA tinha ido para PORTO ALEGRE um mês antes da depoente ir trabalhar para AMADOR; lembra que AMADOR tinha problemas de coração, falta de ar; mais tarde, AMADOR fez a proposta para a depoente, de casamento, e a depoente aceitou, pois tinha pena de AMADOR, ela era sozinho e as suas filhas quase não o visitavam; a depoente cuidou dele até o falecimento dele, quando tinha em torno de 84 anos; AMADOR teve esquemia cerebral e outras complicações; não sabe dizer quanto tempo AMADOR estava na residência quando a depoente foi para lá, em 2005; acredita que ele tenha construído a casa dos fundos em 2002, por volta desse ano; no mesmo terreno havia duas casas, sendo que a casa da frente foi ocupada pela depoente, que era de madeira; a dos fundos, de alvenaria, era ocupada por AMADOR; [...] lembra que na época quando a depoente casou com AMADOR ele dirigia o veículo dele, muito mal, mas dirigia; pode dizer que foi a partir de treze de novembro, ano do casamento da depoente com AMADOR, é que ele ficou muito doente; a proposta de casamento de AMADOR feita a depoente foi de que ele precisava de uma companhia ao lado dele, apenas isso; a depoente é pensionista do IPE, pelo falecimento de AMADOR (grifei). A testemunha trazida pela autora, Carla Regina, relatou que "(...) conhece a reclamante lá do bairro Parque 35, pois via ela passar com a neta em frente a casa da depoente e as vezes encontrava ela na escola da neta onde também estuda a filha da depoente; conheceu também AMADOR,

0000293-67.2011.5.04.0221 RO Fl. 5 da rua, do mesmo bairro, e porque ele era uma pessoa conhecida em Guaíba, pois residia há muito tempo; foi na casa de AMADOR, quando a reclamante veio morar ali, que a depoente a conheceu; lembra que a reclamante foi morar com a filha e neta; AMADOR morava nos fundos, enquanto a reclamante na frente, no mesmo terreno, com duas casas; AMADOR morava sozinho; pelo que lembra a reclamante trabalhava para AMADOR e se não está enganada ela também teria trabalhado em uma LANCHERIA, por pouco tempo, em razão da saúde de AMADOR; sabe que a reclamante passou a cuidar de AMADOR quando passou a morar no local; pelo que lembra não havia pessoa que cuidasse de AMADOR antes da chegada da reclamante; o trabalho da autora na LANCHERIA foi comentário dela com a depoente, justificando esse trabalho pelo que ganhava na casa de AMADOR, talvez por cinco a seis meses, em 2009, acredita que tenha sido esse ano; na lancheria lembra que a reclamante falava que fazia faxina, em torno de duas horas; AMADOR não tinha parentes que morassem ali perto; AMADOR sempre foi sozinho até a chegada da reclamante; recorda que viu, antes da chegada da reclamante, a filha que está na audiência visitá-lo; raramente viu a filha visitar o pai após a chegada da reclamante; acha que foi em 2005 que a reclamante foi morar no imóvel de AMADOR, talvez em setembro; lembra dessa data porque na época a depoente tinha voltado para GUAÍBA, pois a depoente estava em SANTA CATARINA; sabe, por informações da autora, de que foi AMADOR que a convidou para trabalhar na sua casa e também porque viu a reclamante indo morar na casa, com a mudança; acha que a reclamante não pagava aluguel ao Sr. AMADOR; deve dar umas quatro ou cinco casas a distância da casa da depoente para a de AMADOR, onde estava a reclamante; as casas são na mesma quadra; as

0000293-67.2011.5.04.0221 RO Fl. 6 conversas com a reclamante, onde ela contava sobre a sua situação, ocorreram na escola, quando se encontravam; nunca entrou na casa de AMADOR e nem naquela onde morava a reclamante; o encontro com a reclamante no colégio ocorria pela parte da manhã, quando levavam as crianças ao colégio, pelas 8h, e quando buscavam elas, lá pelo meio-dia; a depoente não sabe dizer se a reclamante mantinha alguma relação amorosa com AMADOR antes dela se casar com ele; o casamento da autora com AMADOR foi de conhecimento de toda a rua e ela mesmo disse à depoente; pode dizer que AMADOR era uma pessoa reservada, sendo que a depoente nunca falou pessoalmente com ele; a depoente só via ele passando; lembra que AMADOR dirigia veículo, muito pouco, não lembrando a época que isso ocorreu, se antes ou após a chegada da autora." (destaquei). Resulta esclarecido que a autora passou a morar em residência fornecida pelo falecido, cuidando do ambiente residencial. Na linha da sentença, entendo que o contexto dos autos leva à conclusão de que a reclamante prestava serviços ao autor por estar envolvida emocionalmente com este, tendo com ele, de início, uma relação de amizade, que passou a ser de cunho amoroso, tanto que resultou em casamento, sendo forçoso concluir que os serviços que realizava resultavam em benefício não só do reclamado, mas do casal. Adoto, ainda, a fundamentação do Julgador da origem no sentido de que "o matrimônio não é situação ocorrida subitamente, mas sim resultado do amadurecimento de uma relação amorosa e afetiva, ou seja, inviável entender que a reclamante era empregada do falecido até o dia anterior em que se tornou sua esposa, entendendo-se que o casamento seria

0000293-67.2011.5.04.0221 RO Fl. 7 equiparado a uma despedida sem justa causa (a inicial comenta inclusive aviso-prévio, embora não tenha sido renovada essa parcela nos pedidos). E, de qualquer sorte, ao esclarecimento, convém explicitar que, de regra, ao empregado doméstico não foi assegurado o limite de jornada, como posto na exordial. Dessa forma, não tenho como caracterizado o vínculo jurídico de emprego entre as partes, tal como definido nos arts. 2º e 3º da CLT, ou, ainda, nos moldes da Lei 5.859/72. Por decorrência, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados na inicial, todos eles consectários do vínculo de emprego." Nego provimento, portanto. PARTICIPARAM DO JULGAMENTO: DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN (RELATOR) JUIZ CONVOCADO FERNANDO LUIZ DE MOURA CASSAL DESEMBARGADORA DENISE PACHECO