Palavras-chaves: Peeling químico; Cosméticos; Esfoliação; Princípios Ativos; Renovação celular.



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Transcrição:

1 PEELINGS QUÍMICOS FACIAIS UTILIZADOS EM PROTOCOLOS ESTÉTICOS Bruna de Souza Pinto1 1 Samanta Fernanda da Rosa 2 2 Daniela da Silva 3 A procura por procedimentos estéticos vem em um constante crescente entre os tratamentos mais procurados em clínicas de estética e consultórios médicos. Tem-se o peeling químico pelo efeito causado sobre a pele proporcionando aparência mais jovem e saudável. Para que possamos causar a descamação e promover a renovação celular utilizamos ácidos empregados nas formulações cosméticas. Os mais utilizados são: alfa-hidroxíacidos, beta-hidroxíacidos e poli-hidroxíacidos. No grupo dos alfa-hidroxíacidos o ácido glicólico é um dos mais utilizados em formulações cosméticas, por penetrar facilmente na pele garantindo a permeação de ativos. Desta forma, o objetivo principal deste artigo é avaliar a rotulagem de 15 produtos contendo princípios ativos de características ácidas que agem como peeling químico para melhor entendimento de suas formulações e para que se possa melhor empregá-los nos protocolos estéticos. Este artigo consiste em uma pesquisa bibliográfica e documental, devido à utilização de artigos, livros, revistas assim como a rotulagem dos produtos, do tipo exploratória e explicativa, com abordagem qualitativa. Entre os produtos analisados pode-se verificar que em todos os cosméticos a maior predominância de AHAs presentes nas formulações e o ácido glicólico esta presente em 53,3% dos produtos avaliados. Dentre os princípios ativos associados há maior prevalência entre AHA e PHA nas rotulagens encontra-se em 50%, pois, a combinação destes ácidos traz benefícios à pele minimizando os possíveis efeitos causados pelos AHAs, por serem moléculas menores os AHA permeiam mais rapidamente na pele potencializando os resultados em cada tratamento. Palavras-chaves: Peeling químico; Cosméticos; Esfoliação; Princípios Ativos; Renovação celular. 1 INTRODUÇÃO A busca por tratamentos estéticos vem crescendo a cada dia e o objetivo principal é melhorar, preservar e restaurar a beleza e a juventude, proporcionando melhorias na qualidade de vida tanto na parte física como mental. A estética esta relacionada à saúde e á aparência. Tem como foco a beleza e o bem estar. Sua finalidade é realçar a beleza natural de cada indivíduo, atingindo 1 Bruna de Souza Pinto Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. E-mail:brunitz_22@hotmail.com 2 Samanta Fernanda da Rosa Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. E-mail: Samanta_rosa@hotmail.com 3 Daniela da Silva Orientadora, Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. E-mail:Daniela@univali.br

2 conseqüentemente não só a aparência como também questões fisiológicas e psicológicas melhorando a auto-estima (SIQUEIRA, 2008). Como a estética é também uma questão cultural, ela está direcionada através dos padrões de beleza de cada cultura, é impulsionada pela mídia, e padrões globais. Assim há uma constante preocupação com a beleza, associada ao desejo de eterna juventude principalmente quando se fala de estética facial. O profissional de estética lida com questões muito delicadas como saúde e bem-estar, que exigem disciplina, dedicação, estudo, ética, responsabilidade e conhecimento. Podemos conceituar a estética, neste novo milênio, como a ciência que busca a harmonia exterior, lidando com a saúde e o bem-estar do individuo, tendo em mente que o exterior é reflexo do interior (GOMES, 2009). Entre os tratamentos estéticos o peeling é um dos procedimentos mais utilizados para melhorar a aparência da pele. É indicado por médicos, dermatologistas e esteticistas devido ao seu fácil acesso e resultados satisfatórios (PIMENTEL, 2008). O peeling é o procedimento que resulta no estímulo da renovação celular a partir da camada basal seguido da reação inflamatória tecidual que leva aos mediadores inflamatórios, provocando a síntese de colágeno e finalmente a reparação tecidual, tendo o objetivo de melhorar o aspecto cutâneo (PIMENTEL, 2008). Desta forma os peelings são procedimentos realizados com a finalidade de promover o refinamento da pele. A retirada das células que constituem o estrato córneo contribui também na melhora da permeação cutânea dos princípios ativos que serão utilizados posteriormente (PIMENTEL, 2008; GOMES, 2009). O uso do peeling pode ser indicado em alterações estéticas como hipercromias, acne, estrias, fotoenvelhecimento, rugas, cicatrizes, revitalização, plasticidade, luminosidade, diminuição da hiperqueratinização. Em decorrência dos benefícios dos pellings muitos profissionais utilizam produtos cosméticos ou procedimentos com esta finalidade (KEDE, 2009). Os peelings químicos são um dos procedimentos mais utilizados em consultórios médicos, dermatológicos e clínicas de estética devido à sua efetividade, há uma grande procura deste tratamento para melhorar a aparência da pele e prevenção da estética (RUBIN, 2007).

3 O peeling pode ser realizado através de produtos cosméticos que contenham substâncias que alterem a estrutura córnea como os ácidos, enzimas ou substâncias abrasivas, outra possibilidade é o procedimento com o uso de laser como a Luz intensa pulsada (PIMENTEL, 2008). Ampla gama de substâncias químicas, como os alfa-hidrohixiácidos, os betahidroxiácidos e os poli-hidroxiácidos são utilizados em formulações cosméticas para peelings químicos (PIMENTEL, 2008; GOMES, 2009). Devido a diversidade de produtos cosméticos disponibilizados pelo mercado cosmético contendo princípios ativos com finalidade de esfoliação química desenvolveu-se uma pesquisa de mercado para análise destes produtos, buscando o entendimento dos princípios ativos esfoliantes para definir a escolha e assim melhor empregá-los em protocolos faciais. Com o aumento da procura por este procedimento e diversidade de produtos surgem as dúvidas e as inseguranças dos profissionais. Talvez o uso de ácidos seja a causa dessa insegurança pelo receio de prejudicar a pele do cliente, por causa do efeito corrosivo (GOMES; DAMAZIO, 2009). As principais distribuidoras de produtos cosméticos profissionais foram o universo de pesquisa escolhido para análise da rotulagem destes produtos. Entre os diversos tipos de peeling, iremos realizar um estudo particularmente dos peelings químicos e seus principais ativos empregados nas formulações cosméticas com o objetivo fundamental de avaliar o produto identificando os ativos dos cosméticos profissionais utilizados nos protocolos de tratamento para esfoliação química, com o intuito de compreender as diferenças entre os produtos cosméticos disponíveis nas distribuidoras da região de Balneário Camboriú e Itajaí- SC. Faz-se indispensável à abordagem de alguns tópicos para a compreensão das diferenças existentes entre os produtos cosméticos para peeling químico disponível no mercado. 2 PEELING QUÍMICO Peeling é uma abrasão da pele promovida por agentes químicos (ácidos), mecânicos (abrasivos), laser, onde os procedimentos realizados têm a finalidade de promover renovação celular e de se obter um refinamento da pele. Esta ação se dá através de substâncias enzimáticas, físicas e químicas, como os ácidos e

4 substâncias cáusticas. Ele visa à renovação da pele com base na descamação cutânea superficial, ou seja, da epiderme e/ou derme superficial, promovendo intensa renovação celular podendo ocorrer lesão na pele seguida de epitelização (SOUZA, 2006; PIMENTEL, 2008; GOMES; DAMAZIO 2009). A palavra peeling se origina no verbo to peel do inglês, que significa pelar, descamar, esfolar, desprender, promovendo dessa forma a renovação celular (GOMES, 2009). Os peelings químicos utilizam o efeito químico de substâncias; os físicos promovem lixamento e abrasões na pele e, por fim, os a laser que são peelings ablativos, que fazem a retirada da pele pela ação da energia luminosa do laser, e os não ablativos utilizam o luz intensa pulsada (PIMENTEL, 2008). Como o resultado do peeling é a descamação, a pele torna-se renovada a partir das camadas mais profundas, obtendo aspecto mais jovem, melhorando manchas e rugas além da pele apresentar melhor capacidade e qualidade da elasticidade. (PIMENTEL, 2008). A profundidade do peeling depende da substância aplicada, de sua quantidade, da concentração do ativo e de seu ph, do preparo que antecede imediatamente o procedimento com limpeza e retirada de oleosidade, do tipo de pele (fina, espessa), duração do contato com a pele (ASSAFIM, 2007; GOMES, 2009). Os produtos cosméticos utilizados em peeling podem ser encontrados na forma de loção, gel, creme, pó ou microgrânulos (GOMES, 2009). A pele sofre um ciclo de constante renovação, sendo que diariamente trocamos células antigas por novas. Entretanto, com o avançar da idade, ou por outros fatores, esse ciclo vai diminuindo, e o resultado são manchas, desidratação e rugas na pele. À medida que a maturação epidérmica se torna anormal, a pele tornase seca, enrugada e frouxa, com evolução de queratoses, efélides, lentigos solares e comedões. A degeneração do colágeno e da elastina dérmicos resulta no aparecimento de rugas, dobras, pregas e sulcos. O sistema da melanina sofre alterações, onde começam a aparecer manchas, sardas, lentigos, queratoses actínicas e seborréias pigmentadas enquanto o melasma e a hiperpigmentação pósinflamatória são agravados. Todas essas alterações são amplificadas pelas irregularidades do fluxo sanguíneo da derme papilar, que produzem telangiectasias e microangiomas com eritema e equimose resultantes (KEDE, 2009).

5 A esfoliação das camadas mais externas ativa um mecanismo que estimula a renovação e o crescimento celular, resultando na aparência mais saudável e bonita da pele, graças as alterações na arquitetura celular (PIMENTEL, 2008). Os peelings químicos são os melhores recursos para o rejuvenescimento que não interrompam o curso de vida diária, uma vez que promovem uma esfoliação cutânea e posteriormente uma renovação celular (PIMENTEL, 2008). Dependendo do tempo, do quadro clínico e da disponibilidade do cliente, pode-se empregar peelings superficiais. Quanto mais agressivo for o ácido, mais profundo será o peeling, com conseqüentes melhores resultados e maior risco de complicações (PIMENTEL, 2008). Os peelings químicos também são excelentes complementos a outros procedimentos estéticos. Eles podem ser usados em casa de forma contínua com menor concentração. É freqüentemente a combinação de tratamentos que produz os resultados desejados como cada preocupação facial é abordada com modalidade apropriada (SAPIJASZKO, 2001). Os formuladores de peelings químicos empreendem uma constante procura de métodos que ofereçam maior segurança na sua utilização e atinjam resultados cada vez melhores com menos desconforto para o cliente (RUBIN, 2007). 2.1 Mecanismos de ação dos Peelings Químicos Os peelings químicos irão interagir com as células epiteliais que constituem a epiderme, camada mais superficial do sistema tegumentar que exibe a camada córnea com características especificas importantes para a função de barreira como a coesão entre as células, pouca ou ausência de líquido intersticial abaixo da camada córnea encontra-se camadas diferenciadas como camada lúcida, granulosa, espinhosa e basal. Estas camadas se assentam sobre um tecido de sustentação fibrilar chamado derme, constituído por tecido conjuntivo. A derme, por sua vez, repousa sobre a camada adiposa também conhecida como tecido subcutâneo ou hipoderme (PEYREFITTE, 1998; JUNQUEIRA, 1997; GUIRRO; GUIRRO, 2004). Utilizam-se vários tipos de ácidos para realizar um peeling, de forma isolada ou em associações. O objetivo é que essa substância penetre na pele não apresentando toxicidade ao organismo e, conforme a profundidade atingida seja capaz de conseguir benefícios nos tratamentos estéticos. Dependendo da alteração

6 clínica a ser tratada a escolha das substâncias devem ser compatíveis com grau de penetração que se deseja, podendo o esteticista utilizá-lo superficialmente. (PIMENTEL, 2008). Ao aplicar o peeling na região, ocorre uma estimulação epidérmica que resulta na remoção do estrato córneo, permitindo a penetração de substâncias. Após a penetração, teremos uma reação inflamatória tecidual que leva aos mediadores inflamatórios, provocando o que, segundo esperase, seja a síntese de colágeno e finalmente a reparação. (PIMENTEL, 2008, p. 37). No esclarecimento de Gomes (2009), os ácidos atuam reduzindo a coesão entre as células, pois reagem com a enzima cimentante que existe entre a queratina, promovendo a esfoliação da superfície acelerando dessa maneira a renovação celular; a alteração do ph leva a ruptura das ligações de queratina, a desobstrução dos folículos pilo-sebáceos; facilita a permeabilidade da pele, tornando a permeação transepidérmica mais eficiente. Deste modo resulta que, através da renovação celular intensificada melhora a textura da pele, revitalizando, tornando a superfície cutânea mais lisa, clara, luminosa e reduzindo rugas superficiais, estímulo do fibroblasto, aumento do colágeno, dando à pele mais resistência e flexibilidade, redução de cloasmas solares superficiais e aumenta a síntese do metabolismo basal. Os peelings químicos causam alterações na pele por meio de mecanismos de estimulação do crescimento epidérmico mediante a remoção do estrato córneo, destruição de camadas específicas da pele lesada, substituindo-as por um novo tecido e a indução de uma reação inflamatória mais profunda que a necrose produzida pelo agente esfoliante (KEDE, 2009). Com o passar do tempo a pele entra em acomodação e não responde mais ao tratamento com o ácido e dessa maneira a renovação celular diminui, mas ocorre o aumento do efeito cosmético dos ácidos sobre a pele, melhorando a hidratação e a plasticidade. Todos esses benefícios justificam a utilização dos ácidos nos procedimentos estéticos que buscam a correção inestética da superfície cutânea, sendo fundamental o conhecimento do profissional para que ele tenha controle e segurança na utilização da terapia (PIMENTEL, 2008).

7 2.2 Classificação da profundidade dos peelings químicos A profundidade da permeação histológica dos peelings químicos depende de alguns fatores como ph e concentração do produto a ser aplicado. O peeling pode ser classificado como muito superficial agindo no estrato córneo até o estrato granuloso, área da estética; superficial agindo na epiderme, do estrato granuloso até a camada basal, área da estética e médica; médios agindo na derme papilar e profundo até a derme reticular, restritos a área médica (GOMES; DAMAZIO, 2009). O peeling superficial é geralmente epidérmico, e não apresenta riscos de complicações ao cliente. Pode ser utilizado em todos os tipos de pele, com a devida escolha do principio ativo, por ser menos agressivo, não exige repouso para recuperação, podendo o cliente voltar às atividades no mesmo dia (PIMENTEL, 2008; RUBIN; 2007). O tratamento de peeling químico é considerado suave porque provoca apenas fina descamação na pele, deixando-a um pouco avermelhada, repuxada e com leve ardor (PIMENTEL, 2008). Devido à penetração muito superficial desses peelings, eles tendem a ser seguros e apropriados para todos os tipos de pele, embora os melhores resultados apareçam em loiras, ruivas, orientais e morenas claras. Mas mesmo assim devem ser utilizados com cautela (YARDY apud RUBIN, 2007). Os alfa-hidroxiácidos fazem parte dos peelings superficiais, entre eles, temos o málico e cítrico, das frutas cítricas; o ácido lático, derivados do leite; o ácido glicólico, da cana-de-açúcar; e o ácido tartárico, das uvas e os beta-hidroxiácidos como o ácido salicílico (PIMENTEL, 2008). O peeling superficial serve para as retiradas das manchas muito superficiais, redução da aspereza, melhora a pele sem brilho, pele descamativa e pele seca. Melhoram a textura da pele, atenuam rugas finas, queratose actínica, bem como nos foto danos leves podem trazer benefícios quando aplicado o peeling químico superficial (LIMA, 2011; SAPIJASZKO, 2011). Pimentel (2008) esclarece que os peelings médios levam a uma descamação intensa, são mais agressivos e efetivos que os peelings superficiais, e retiram manchas e rugas de média profundidade. Esse método remove parcial ou totalmente a primeira camada da pele, até atingir a derme. Com isso, a face ganha um toque suave, tom uniforme e aparência jovial num curto espaço de tempo.

8 O peeling superficial é recomendado para a retirada de queratoses actínicas, de manchas, melhora das cicatrizes, rugas, sardas, rugas finas ao redor dos lábios, poros dilatados, cicatrizes superficiais de acne, envelhecimento precoce ou lesões provocadas pelo sol. É ideal para quem tem pele clara, como loiras naturais ou orientais e morenas claras. Devem ser evitadas pelas mulheres negras, ou bronzeadas artificialmente ou pelo sol, caso contrário, podem aparecer manchas escuras (PIMENTEL, 2008). Lima (2011) descreve que os peelings médios, provocam descamação mais espessa e escura, necessitando de cuidados maiores no pós peeling. O peeling profundo atinge a derme reticular, agindo nas lesões mais profundas da pele. Esses peelings melhoram dramaticamente a profundidade das rítides, cicatrizes de acne e flacidez cutânea (YARDY apud RUBIN, 2007) É o mais profundo que se consegue atingir em um peeling. Devido à profundidade dos peelings médios e profundo, não é realizado pelo profissional de Tecnologia em Cosmetologia e Estética. 2.3 Princípios ativos para peeling químico Para que os peelings químicos façam o seu efeito no estímulo da renovação celular, geralmente utilizam-se princípios ativos com característica ácida. Entre estas substâncias ativas destacam-se os alfa-hidroxiácidos (ácido glicólico, ácido mandélico, ácido lático, ácido cítrico, ácido tartárico). No grupo dos betahidroxiácidos (ácido salicílico) e ainda os poli-hidroxiácidos (glucolactona, ácido lactobiônico) (GOMES, 2009). 2.3.1 Alfa- hidroxiácido (AHA) Os alfa-hidoxiácidos são um grupo de substâncias naturais encontradas em frutas e em outros alimentos. Constitui um grupo de compostos orgânicos que possuem em comum a hidroxila na posição alfa (ALMEIDA, 2008). Expressa Rubin (2007), que os AHAs, em contado com pele, têm a capacidade de diminuir a concentração dos corneócitos na camada córnea da epiderme, facilitando a renovação celular e tornando-a mais fina e mais permeável a outros ativos. Por esse motivo são muito utilizados como coadjuvante de

9 tratamentos de antienvelhecimento, pois permitem a melhor absorção de ativos como vitaminas e antioxidantes. Os alfa-hidroxiácidos são produtos de utilização em peelings superficiais, indicados para rugas finas, lesões actínicas, melasma, efélides, acne, discromias, peles rugosas, hiperpigmentacão pós-inflamatória, hiperqueratinização, fotoenvelhecimento e queratoses (SOUZA; ANTUNES JUNIOR, 2006). Destaca Gomes (2009, p.168) que os alfa-hidroxiácidos exercem grande capacidade de umectância aumentando sensivelmente a retenção de água no extrato córneo e conseqüentemente hidratação. Entre os AHA destaca-se o ácido glicólico, derivado da cana de açúcar, hidrossolúvel, conhecida como ácido hidroxiacético, ou ácido 2-hidroxietanóico (ALMEIDA, 2008). O ácido glicólico tem o menor peso molecular de todos os AHAs e, portanto, atravessa a pele facilmente, dependendo do veículo, formulação, ph, local de aplicação e da condição da pele a qual esta sendo aplicado. Em baixas concentrações (até 10%), quando aplicado topicamente o ácido glicólico diminui a coesão dos queratinócitos, ajudando em distúrbios da queratinização, como acne, queratose seborréica, ictiose, etc (LEONARDI, 2008). O ácido glicólico não neutralizado tem ph tão baixo que, quando aplicado em estado puro sobre a pele, pode produzir inativação do sistema enzimático presente. A influência do ph em formulações com ácido glicólico, é fundamental sendo que a capacidade de estimulação da renovação celular diminui com aumento do ph. Logo, o efeito do ácido glicólico depende do ph ácido da formulação (ALMEIDA,2008). No grupo dos AHA temos o ácido Mandélico obtido do extrato de amêndoas amargas. É considerado um dos AHA de maior peso molecular o que significa que a pele absorve lentamente favorecendo um efeito uniforme e minimizando os transtornos comuns na aplicação de ácidos (PIMENTEL,2008). O ácido mandélico demonstra ser menos irritante para a pele em comparação com outros ácidos já conhecidos. Possui o efeito vantajoso para o rejuvenescimento de peles mais morenas. Ele age durante o processo infeccioso da acne, pois, além de combater as bactérias que formam o processo evita a formação de novas bactérias e acelerando a cicatrização, colaborando ainda com o tratamento de eventuais seqüelas (PIMENTEL, 2008).

10 Outro AHA, o ácido lático, obtido pela fermentação da lactose com molécula maior do que a do ácido glicólico. Têm sido utilizado amplamente como agente de peeling (RUBIN, 2007). O sucesso de um tratamento tópico com AHA depende da concentração biodisponível do AHA e do veículo utilizado. Portanto, quanto menor o ph maior será a biodisponibilidade. A biodisponibilidade do ácido glicólico, quando o veículo se encontra em ph aproximadamente 2,5 é de 0,96; ou seja, 96% do ácido glicólico está disponível na formulação, e portanto pode penetrar no estrato córneo facilmente (LEONARDI, 2008), porém em cosméticos o valor de ph de produtos contendo ácido glicólico não pode ser menos que 3,5 (ANVISA, 2011). A utilização de AHAs e seus derivados em formulações cosméticas deverá ter sua concentração máxima limitada a 10%, calculada na forma ácida, em ph maior ou igual a 3,5, isto porque o ph esta diretamente relacionado ao efeito do peeling (CORDEIRO; GUTZ, 2010). 2.3.2 Beta- hidroxiácido (BHA) Os beta-hidroxiácidos possuem um grupo hidroxi na posição beta, possui como membro o ácido salicílico, que tem ação queratoplástica em concentrações até 2% e queratolítica acima de 2%, também usado nas hiperqueratoses na concentração de até 10%, com ação bacteriostática e fungicida, nas concentrações de 1% a 5% (ASSAFIM, 2007). O ácido salicílico melhora a aparência da pele fotoenvelhecida, é efetivo na redução das rugas finas, além de melhorar a textura da pele, pois atua como esfoliante. Pode ser utilizado também no combate á acne. Este beta-hidroxiácido regulariza a oleosidade da pele e também apresenta ação antiinflamatória (LEONARDI, 2OO8). O ácido salicílico é levemente solúvel em água, entretanto muito solúvel em éter e etanol, encontrado naturalmente em certas plantas e particularmente em frutas. O ácido salicílico é utilizado essencialmente sozinho em preparações tópicas ou em soluções para peeling, graças as suas propriedades queratolíticas. Apresenta uma alta afinidade pelos lipídios e preferencialmente exerce seu efeito queratolítico dentro dos poros, tornando-se uma terapia útil na acne (DEWANDRE apud RUBIN 2007).

11 2.3.3 Poli-hidroxiácido (PHA) Os poli-hidroxiácidos (PHAs) são ácidos carboxílicos que possuem grupamento hidroxila, sendo os representantes mais comuns o ácido glucônico e o ácido lactobiônico. Esta classe apresenta moléculas maiores, o que reduz os efeitos adversos causados pelos alfa-hidroxiácidos, pois penetram mais lentamente na pele. Além disso, são umectantes e antioxidantes, auxiliando na prevenção do fotoenvelhecimento, na redução o acúmulo de escamas, pois são capazes de normalizar a reposição celular e a esfoliação, podendo estimular a produção de ceramidas para reforçar a função de barreira (BARQUET; FUNCK; KOESTER, 2006). O efeito antioxidante dos PHAs pode ser um possível mecanismo de resistência à irritação, sendo indicados para pessoas com pele sensível, já que são moléculas altamente hidratantes para as quais foram descritas atividades antioxidantes. Fazem parte do grupo dos poli-hidroxiácidos a gluconolactona que é um delta- lactona do ácido glutâmico obtido pela oxidação da glicose do milho (GOMES, 2009). Tem ação umectante e hidratante por re-estruturar a epiderme, renovador celular e antioxidante. É indicado para fotoenvelhecimento, acne e rosácea, incluindo linhas de expressão, rugas, hiperpigmentação e aumento de firmeza (SOUZA, 2005). A gluconolactona proporciona proteção contra os danos causados por radicais livres produzidos pela exposição solar e inflamação crônica da pele prejudicada pelo sol (LEONARDI, 2008). Outro ativo é o ácido Lactobiônico que é um ácido orgânico conhecido como ácido galactoglucônico, obtido pela oxidação química ou microbiana da lactose, promove efeito rejuvenescedor, revitalizante, cicatrizante, hidratante e combate os radicais livres. Concentrações de 2% a 10% e ph entre 3,0 e 5,0 (GOMES, 2009). O ácido lactobiônico é comumente encontrado no leite, tendo amplo uso comercial, devido a sua forte atividade antioxidante. Este ácido é formado pela oxidação da lactose possui efeito antioxidante através da quelação do ferro e da inibição da oxidação de outras substâncias, incluindo substâncias rapidamente oxidáveis, como antralina e hidroquinona (SOUZA, 2005).

12 Devido à sua ação antioxidante, também é eficaz na pele fotoenvelhecida, já que a oxidação e degradação da pele são causadas pelos radicais livres gerados através da exposição à radiação UV. É benéfico também por inibir a enzima metaloproteinase, responsável pela degradação da matriz extracelular e da integridade estrutural da pele, contribuindo para a formação de rugas, flacidez e telangiectasia (BARQUET; FUNCK; KOESTER, 2006). 3 METODOLOGIA Este estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica e documental do tipo exploratória e explicativa, com abordagem qualitativa. Foi realizada uma análise teórica embasada em livros, artigos, revistas especializadas e sites, visando buscar informações sobre peelings químicos. Oliveira (2002) diz que a pesquisa bibliográfica tem como finalidade o conhecimento das distintas formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado fenômeno ou assunto. Tendo como objetivo avaliar o produto identificando os princípios ativos destinados ao uso profissional com finalidade de esfoliação química. Uma pesquisa documental é formada por documentos provenientes de órgãos que realizaram as observações em questão, explora fontes documentais e utiliza materiais que ainda não receberam um tratamento analítico (MARCONI; LAKATOS, 2001). A pesquisa qualitativa segundo Denzin e Lincoln (2006) permite entender o meio pesquisado e localiza o pesquisador a este meio, com práticas interpretativas, apoiadas a ferramentas que comprovam as afirmações feitas. Neste caso são os estudos já realizados, e os livros escritos por estudiosos da área. Foram avaliadas as rotulagens das principais marcas de cosméticos, contendo ativos com ação de esfoliação química, no período de Setembro de 2011 nas principais distribuidoras de cosméticos profissionais das cidades de Balneário Camboriú e Itajaí com o objetivo de facilitar a escolha dos produtos com os ativos corretos para os protocolos em cabine pelo profissional Tecnólogo em Cosmetologia e Estética. Este estudo tem como finalidade facilitar a escolha para melhor empregar os ativos químicos e auxiliar nos diferentes tipos de alterações estéticas, promovendo

13 assim um tratamento mais efetivo e seguro. A análise de dados demonstrou ao profissional da área da estética que atualmente no mercado existe uma variedade de produtos cosméticos com finalidade de peeling químico, porém a utilização destes produtos não dispensa os devidos cuidados para garantir a eficácia do tratamento. Os dados foram tabelados no programa Microsoft Office Word 2007 e distribuídos graficamente utilizando o programa Microsoft Office Excel 2007. 4 ANÁLISE DOS DADOS Foram analisados 15 produtos cosméticos com a finalidade de esfoliação química presente no mercado para uso profissional da área da estética, nas principais distribuidoras da região de Balneário Camboriú e Itajaí SC. Através desta análise encontrou-se 3 marcas de produtos cosméticos contendo princípios ativos químicos presente na formulação com o objetivo de peeling químico, com base em seus protocolos para uso em cabine pelo profissional da área estética conforme quadro 1 no Apêndice A deste trabalho. Dos produtos cosméticos para esfoliação química analisados verificou-se nove ativos diferentes nas formulações, entre os princípios ativos mais utilizados nas formulações cosméticas, o acido glicólico apresentou 53,3% prevalência seguida do ácido mandélico 33,3%, salicílico 20% e 20% de prevalência dos ativos ácido lático, gluconolactona, ácido lactobiônico e resorcinol com 13,3%, e os ácidos cítrico e tartárico com 6,7% de prevalência, conforme gráfico 1. Gráfico 1 - Prevalência dos ativos para peeling químico nos produtos cosméticos avaliados. Fonte: Dados da pesquisa

14 Os ativos mais utilizados em peelings químicos foram os alfa-hidroxiácidos (AHA), especialmente o ácido glicólico e ácido mandélico. Os AHA estão presentes em todas as formulações analisadas, de forma isolada ou em associações com outros ativos esfoliantes. Os AHA, especialmente o ácido glicólico vem sendo amplamente utilizado na área da estética para as diversas alterações estéticas como observado (figura 1) atualmente ainda é a substância esfoliante mais encontrada nas formulações, apesar de ser descrito que devido ao seu baixo peso molecular, com apenas dois carbonos em sua cadeia, ele é facilmente absorvido pelo epitélio. A estrutura molecular extremamente pequena apresenta excelente permeação muitas vezes ocasionando desconforto e freqüentemente causando sensibilidade aos usuários (ALMEIDA, 2008; RUBIN, 2007; LEONARDI, 2008). As reações de irritação e ardência usuais podem ser decorrentes de três fatores. O baixo ph da formulação porém, este sozinho é apenas uma sensação transitória, devido à presença de íons hidrogênio, mas não pode ser relacionado à irritação intrínseca potencial. Outro fator é a rápida liberação e penetração pela pele da forma ácida dos AHAs presentes no veículo e o terceiro é o estado da pele em condições anormais ou sensíveis de acordo Yu; Van Scott (2001 apud BARQUET; FUNCK; KOESTER, 2006). Mesmo assim o ácido glicólico destaca-se possivelmente devido a seu efeito de renovação celular sendo observado facilmente pelo cliente, pois ocasiona uma leve descamação da pele perceptível a olho nu e os resultados são mais rápidos. Entretanto insta salientar a importância de realizar um peeling de forma gradual para que não ocorram efeitos indesejáveis como hipocromia, processos inflamatórios, hiperpigmentação entre outras. Autores ainda destacam que substâncias como os PHA apresentam a mesma eficácia dos AHA, porém com efeitos indesejáveis muito menores (BARQUET; FUNCK; KOESTER, 2006). A grande vantagem do uso dos PHA é a de não causar irritação na pele, penetra de forma mais lenta e gradual, sem causar queimação, ardência ou sensação de picadas provocadas pelos AHA tradicionais é indicada para indivíduos de pele sensível e étnica (BARQUET; FUNCK; KOESTER, 2006), sendo assim, uma substância segura que deveria ser melhor empregado em formulações passando mais segurança ao profissional, melhor conforto ao cliente e com a devida divulgação de estudos sobre os PHA, proporcionando resultados satisfatórios.

15 Em 46,6% dos produtos cosméticos analisados observou-se associação de princípios ativos com finalidade de peeling químico. Todas as associações apresentaram um ativo do grupo dos AHA e em mais de 50% das associações foram entre AHA e PHA, supostamente porque os PHA apresentam moléculas maiores, o que reduz os efeitos adversos causados pelos alfa-hidroxiácidos, pois penetram mais lentamente na pele, além disso, são umectantes e antioxidantes, auxiliando na prevenção do fotoenvelhecimento (BARQUET; FUNCK; KOESTER, 2006). Uma substância usada em associação com os AHAs encontrada em algumas formulações analisadas foi o resorcinol, estudos comprovam que ele desfaz as ligações débeis da queratina, desempenhando papel queratolítico, antipruriginoso, antisseborreico e anti-séptico, porém podem causar reações irritativas. É um peeling considerado superficial e indicado para o tratamento da acne e seborreica (KEDE, 2009; GOMES, 2009). Outras associações foram observadas entre ativos esfoliantes e ativos com mecanismos de ação diferentes. Entre eles destacam-se a associação com despigmentantes como o ácido kójico onde ocorre uma sinergia melhorando a ação do produto para tratamento de hipercromias, associação com ativos que auxiliam a regeneração tecidual, antioxidantes, hidratantes e princípios ativos que contribuem na redução dos sinais do envelhecimento. A associação de esfoliantes químicos com outros mecanismos de ação tornase relevante devido à capacidade dos ativos esfoliantes contribuem no processo de renovação celular, pois diminuindo a coesão dos corneócitos na camada córnea estariam auxiliando na melhora da permeação dos ativos (LEONARDI, 2007). Diante da análise de dados podemos observar a grande disponibilidade de produtos cosméticos com a finalidade de esfoliação química disponível no mercado. Para a utilização do profissional da área da estética, a pesquisa levantou dados que muitos produtos cosméticos tem associação de princípios ativos, levando em consideração o seu uso com responsabilidade e cuidados com reações adversas devido a sua combinação de ativos ácidos. Os peelings químicos são tratamentos seguros e que trazem resultados satisfatórios, porém o profissional que utiliza esses tratamentos deve sempre estar atento para a composição e o protocolo de utilização correto para cada cliente garantindo a eficácia do tratamento.

16 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme levantamento de dados observou-se que o grupo de substâncias mais utilizado em formulações cosméticas com a finalidade de esfoliação química é o grupo dos alfa-hidroxiácidos. Dentre os AHAs o principio ativo mais utilizado é o ácido glicólico, que vem sendo utilizado amplamente em formulações cosméticas registrado em 53,3% dos produtos analisados. As formulações apresentam freqüentemente associações entre esfoliantes químicos diferentes ou entre ativos com finalidades diferentes. Apesar das vantagens dos PHAs estes ainda não são amplamente utilizados em formulações para peeling químico. Considerando que os produtos analisados são de uso profissional da área da estética, o conhecimento necessário a respeito da composição, ação dos princípios ativos ácidos e os biótipos cutâneos são essenciais para o uso seguro e eficaz dos peelings químicos. O Profissional Tecnólogo em Cosmetologia e Estética é capacitado a realizar os procedimentos de peeling químico superficial, diferenciando os princípios ativos, suas indicações, identificando as alterações estéticas, assim realizando o uso correto em seus protocolos estéticos. Concluímos que os peelings químicos são métodos seguros e baratos, entretanto é fundamental que o profissional escolha o peeling adequado para cada cliente, com o intuito de alcançar o efeito desejado e diminuir os riscos de complicações como hiper e hipocromias entre outras. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Emily Frizzo. Utilização do ácido glicólico nas alterações estéticas. Revista Personalité. São Paulo, v.11, n. 56, p. 124-135, mar./abr. 2008. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/informa/parecer_alfa.htm>. Acesso em: 17 set. 2011. ASSAFIM, Marina. Estudo científico sobre peeling. Revista Vida estética. Rio de Janeiro, n.125, p. 13-18, mar./abril 2007.

17 BARQUET, Ana Paula; FUNCK Ana Paula G; KOESTER Letícia Scherer. Comparação entre alfa-hidroxiácidos e poli-hidroxiácidos na cosmiatria e dermatologia. 2006. Curso de Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Florianópolis, SC, Brasil, 2006. CORDEIRO, Marina Ramos; GUTZ Ana Cláudia. Análise da rotulagem de cosméticos contendo alfa-hidoxiácidos sob exigências legais vigentes. 2010. Trabalho acadêmico (graduação) - Universidade do Vale do Itajaí. Balneário Camboriú, 2010. DENZIN, N. K; LINCOLN, Y. S. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. GOMES, Rosaline Kelly; DAMASIO, Marlene Gabriel. Cosmetologia descomplicando os princípios ativos. São Paulo: Livraria Médica Paulista, 2009. GUIRRO, E. C. O. ; GUIRRO, R. R. J. Fisioterapia dermato - funcional. Fundamentos, Recursos e Patologias. 3 ed. São Paulo: Manole, 2004. JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, Jose. Biologia celular e molecular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. KEDE, Maria Paulina Villarejo. Peelings químicos superficiais e médios. In: KEDE,Maria Paulina Villarejo; SABATOVICH,Oleg. Dermatologia e estética. 2.ed.São Paulo: Atheneu, 2009. Cap. 15.1, p.[563]-595. LIMA, Roberto Barbosa. Peeling Químico. Disponível em: <http://dermatologia.net/novo/base/estetica/est_peel.shtml>. Acesso em: 17 set. 2011. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho cientifico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2001. OLIVEIRA, S. L. de. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. PEYREFITTE,G.; MARTINI, M. C, Cosmetologia e biologia geral: biologia da pele. São Paulo: Andrei, 1998. PIMENTEL, Arthur dos Santos. Peeling, máscara e acne. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2008. LEONARDI, Gislaine Ricci. Cosmetologia Aplicada. São Paulo: Santa Isabel, 2008. RUBIN, Mark G. Peeling químico. Rio de Janeiro: Elsevier Ltda, 2007.

18 SAPIJASZKO, Mariusz J.A. MD FRCPC. Peelings químicos: a arte re-emergentes. Disponível em:<http://www.cosmeticprocedureguide.ca/chemical_peels.html#1>.acesso em: 17 set. 2011. SIQUEIRA, Cristiane. Princípios de estética. Revista Cidadão, out. 2008 Disponível em: <http://www.cristianesiqueira.com.br/2009/05/principios-de-estetica-reportagem.html>. Acesso em: 18 nov. 2011. SOUZA, Valéria Maria de. Ativos dermatológicos. São Paulo: Pharmabooks, 2005. v. 2. SOUZA, Valéria Maria de; JUNIOR, Daniel Antunes. Ativos dermatológicos. v. 4. São Paulo: Pharmabooks, 2006.

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