UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE DIREITO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO PERÍODO: 2º/2014 1. Tema central Metalinguagem regulatória 2. Programa (Programa atualizado em www.marcioaranha.com) Unidade 1: Modernidade, espaço público e regulação -Ordem, caos e artifício -Esfera pública e papel da regulação: ação, libertação e liberdade -Instituição e o papel da regulação: instituição como cristalização da cultura e as instituições estatais de modelagem do agir -Instituição, ação e corporação -Modernidade e imprevisão: a normalidade da mudança e a ruptura das fronteiras nacionais Unidade 2: Leituras utópicas, determinismo tecnológico e análise institucional -Utopias -Determinismo tecnológico -Os panos de fundo de desenvolvimento e dependência - Unidade 3: Identidade institucional do fenômeno regulatório -Identidade jurídica do fenômeno regulatório: teoria processual administrativa da regulação -Identidade funcional do fenômeno regulatório: o Estado Administrativo -Identidade terminológica do fenômeno regulatório: o conceito de regulação -Identidade distributiva do fenômeno regulatório: a equação investimento x crescimento econômico -Identidade valorativa do fenômeno regulatório: regulação e interesse público -Identidade espacial do fenômeno regulatório: a globalização -Identidiade autopoiética do fenômeno regulatório: teoria dos sistemas -Identidade público-privada do fenômeno regulatório: o regime regulatório -Identidade orgânica do fenômeno regulatório: órgãos/autoridades/agências reguladoras -Identidade compositiva do fenômeno regulatório: o juízo arbitral -Identidade nacional do fenômeno regulatório: o caso norte-americano -Identidade nacional do fenômeno regulatório: o caso brasileiro -Identidade geográfica do fenômeno regulatório: direito comparado -Identidade histórico-ideológica do Estado Regulador: Estado e Economia -Identidade federativa do fenômeno regulatório: centralização, descentralização e interdependência 3. Contextualização O termo regulação vem carregado de conteúdos jurídicos comumente tidos por inovadores. Partindo-se do pressuposto de que a intervenção estatal em setores relevantes da economia não é novidade, há que se perquirir sobre que novo enfoque fornece ao fenômeno regulatório autonomia enquanto campo do saber. Trata-se, portanto, da definição do ponto de partida da abordagem jurídica da intervenção estatal agora dotada da necessária ampliação de foco da lente do observador. Dita ampliação somente é possível a partir da pergunta fundamental sobre a análise regulatória. O que é regulação? Não é uma atitude do Estado; é um método, no sentido de ser uma opção sobre o significado de um objeto. O problema está em saber que objeto é este. Ele é complexo. Ele é relacional; relação que vem sintetizada na fórmula Estado intervenção Mercado. Esta equação Estado-Mercado encobre, entretanto, o seu significado jurídico. Regulação, sob o prisma jurídico, incorpora regras e princípios de regência do fenômeno regulatório, ou seja, traduz-se em elo de ligação entre Estado e Mercado. Assim, acrescenta-se à equação uma nova variável: Estado regime jurídico regulatório Mercado. O regime jurídico regulatório seria, portanto, o filtro que forneceria a medida da interferência do Estado no Mercado. Esta é uma visão contaminada pelo pressuposto de que há uma direção única no fenômeno, e mais ainda, que a relação se dá entre dois pontos predeterminados: do Estado para a Sociedade. Se se parte do pressuposto de que o regime-jurídico regulatório se esgota na limitação/autorização de interferência do Estado na Economia, ele fica cego ao movimento inverso. A fórmula, portanto, deveria ser: Estado/Mercado regime jurídico regulatório Mercado/Estado. Mas esta visão também está entregue à prévia limitação dos partícipes da relação regulatória: Estado e Mercado. Daí a importância de uma visão mais distanciada para compreensão do Página 1 de 17
fenômeno regulatório, que transcende as análises tradicionais de Direito e de Economia. Uma visão sobre o próprio significado que é dado a cada pólo da relação, como se fossem somente dois pólos, e como se fossem distintos. Regulação é um espaço regrado de manifestação política e não uma forma de relação entre atores predeterminados. A projeção política dos atores setoriais permite este novo enfoque da questão regulatória como a presença de diversos atores setoriais governo, parlamento, órgãos de controle hierárquico, interorgânico e social, grupos de pressão, mercado, interessados, usuários efetivos, usuários potenciais em torno a um regime jurídico regulatório não mais visto como uma pauta de relação entre dois pólos bem definidos, mas como espaço de postulação de interesses legítimos. A disciplina se destina a aprofundar os pressupostos teóricos esclarecedores do espaço regulatório de postulação de interesses legítimos. 4. Ementa O fenômeno da regulação é apreensível sob o pano de fundo da Modernidade e partilha de percepções de existência não iluminadas em abordagens contemporâneas a seu tempo. A compreensão deste fenômeno, portanto, necessita da ampliação de horizontes sobre a questão da imprevisão, da esfera pública, das instituições, e do próprio significado da Modernidade como libertação e como tecnologia. Tais pressupostos conceituais moldam o discurso vigente sobre o chamado Estado Regulador e dialogam com a herança de sistemas jurídicos de tradições continental-europeia e anglo-americana, promovendo a fusão de horizontes normativos até então tidos como incomensuráveis. O estudo aprofundado do fenômeno regulatório, portanto, necessita ser iluminado por novos pontos de vista capazes de suscitar visão crítica sobre as opções jurídico-políticas de atuação regulatória estatal, bem como de interação regulatória dos atores dos diversos setores regulados. O diálogo entre as distintas tradições fixadoras de fronteiras entre o público e o privado em termos jurídicos, entre os regimes de direito público e privado vêm apresentadas sob nova roupagem quando empiricamente figuradas nos setores regulados. Daí a importância de uma análise do fenômeno regulatório estar equacionada sob a base empírica fornecida pelo Direito Setorial, como direito de recorte transversal do fenômeno regulatório a partir do enfoque de setores específicos de atividades, tais como, telecomunicações, energia, transportes, petróleo, recursos hídricos, saúde, educação, dentre outros. 5. Tópicos Direito Regulatório. Direito Setorial. Pressupostos filosóficos da Regulação: natureza, caos e artifício. Teleologia da Regulação: procedimento, obstáculo e espaço de projeção política. Espaço Público regulatório. Modernidade. Instituição. Corporativismo. Imprevisão. Identidade institucional do fenômeno regulatório: identidade jurídica; identidade funcional; identidade terminológica; identidade valorativa; identidade compositiva; identidade autopoiética; identidade geográfica; identidade público-privada; identidade orgânica; identidade nacional; e identidade histórico-ideológica do fenômeno regulatório. Direito Comparado Regulatório. 6. Estrutura de apresentação oral Os seguintes princípios devem ser observados para apresentações orais: 1) é recomendável o uso de slides projetados com canhão de projeção a ser reservado na secretaria da Faculdade de Direito; 2) é vedado ler os slides para fins de apresentação; 3) ao menos 20% dos slides preparados devem conter somente imagens representativas das ideias centrais do texto lido; 4) as questões-guias, quando disponíveis no programa da disciplina, devem ser respondidas separadamente pelo expositor; 5) a estrutura da apresentação deve obedecer à seguinte ordem básica: a) Biografia do autor lido; b) Contextualização da produção intelectual do autor lido; c) Descrição do texto; d) Tópicos de relevo do texto e questões-guias do texto; e) Conclusão do expositor sobre a relação que existe entre o texto e o tema de fundo da disciplina. 7. Resumo estruturado de artigo final O artigo final da disciplina deve ser produzido a partir do modelo constante do link http://www.getel.org/0modeloartigordet.doc, alterando-se o nome do arquivo para NomedoAutor_AnoMesDiadeEntrega.doc. O artigo deve ser enviado para o email iorio@unb.br e depositado no escaninho do professor da disciplina, na Faculdade de Direito da UnB, até 15 dias após o último encontro presencial. 8. Avaliação Nota final composta por: 20% de participação em discussões em sala de aula; 40% de apresentação de seminário; 40% de artigo final. Página 2 de 17
Calendário Apresentação do curso Unidade 1 Modernidade, espaço público e regulação / [ ] ORDEM, CAOS E ARTIFÍCIO: PANO DE FUNDO DA PERCEPÇÃO DO FENÔMENO REGULATÓRIO ROSSET, Clément. A anti-natureza: elementos para uma filosofia trágica. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1989, p. 13-45. Os pressupostos de nossos discursos sobre o sentido da regulação de atividades sob a batuta estatal partilham de compreensões desta percepção que são fundamentalmente distintas: a compreensão da existência como a sequência de pautas intrínsecas à natureza; a compreensão da existência como tendência à destruição, ao caos, à desordem, à selvageria, e portanto, como aponta Hobbes, da condição humana como medo perpétuo e esforço perpétuo rumo à sua defesa contra a bestialidade (o Leviatã é a defesa possível do homem contra a bestialidade); a compreensão da existência como produto do agir humano, da criatividade e inovação produzida pelo ser que dialoga com a realidade e a molda segundo sua compreensão, revelando-a como um ponto de vista, e não como uma percepção apodítica. A depender destes pressupostos, a visão sobre a regulação da vivência e convivência humana pode resultar em mero procedimento de manifestação das condições de atuação (ordem); como reação possível à inevitável tendência à destruição da estabilidade das relações humanas (caos); como veículo de potencialização da dimensão política do ser humano como ser que provê os caminhos para o futuro e o desenha segundo seus projetos e valores (artifício). Ao procurarmos regular condutas, procuramos reproduzir estruturas pressupostas ideais, como o mercado, a intervenção? Esta crença na dependência da arte frente à natureza é questionada desde a antiguidade em Empédocles, nos Sofistas, em Lucrécio, até em Bacon, que é apontado como o primeiro a denunciar a distinção entre artifício e natureza. Nietzsche é produto desta corrente. Já em Platão (As Leis, X, 889 a.d.) e em Aristóteles (A física, II), vê-se a natureza como instância alheia tanto à arte como ao acaso. David Hume, nos Diálogos acerca da religião natural, diz que a mais profunda religiosidade não está na ideia de Deus, mas na ideia de natureza. A quem servimos quando formamos em nossas mentes a imagem do fenômeno regulatório e lhe damos vida? 1) Quais são as formas de percepção da existência descritas pelo autor? 2) Como o texto dialoga com a ideia de proteção do mercado? Leitura complementar: BERLIN, Isaiah. The Divorce between the Sciences and the Humanities, p. 80-110. In: HARDY, Henry (org.). Against the Current: Essays in the History of Ideas. New York: Penguin Books, 1979. Por detrás das opções de ordem, caos ou artifício sob o ponto de vista metodológico. DIDEROT, Denis. Da interpretação da natureza. (De l interpretation de la nature). Os artifícios (os produtos da arte humana) são imperfeitos enquanto não propuserem a imitação mais fiel da natureza. A arte somente existe nos limites da natureza. HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martins Fontes, 1998. O começo da sociedade civil provém do medo recíproco, mas ainda há indicações de semi-socialidade antes de haver a sociedade, algo que desaparece no Leviatã. MANDELBROT, Benoit B. The Fractal Geometry of Nature. New York: W. H. Freeman and Company, 1977. A expansão da medida matemática sobre a natureza, ou da natureza sobre o mundo natural via matemática. NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Gaia ciência. Um antinaturalista: contra a sombra de Deus. ROSSET, Clément. Lógica do pior. Espaço & Tempo, 1989. (Logique du pire) SCHMITT, Carl. El Leviathan en la teoría del Estado de Tomas Hobbes. Granada: Editorial Comares, 2004. (Colección Crítica del Derecho) VICO, Giambattista. La Scienza Nuova. Bari: Gius. Laterza & Figli. 1911. Algo que não vemos, mas temos a ilusão de que existe fantasia. / [ ] ESFERA PÚBLICA E PAPEL DA REGULAÇÃO. AÇÃO, LIBERTAÇÃO E LIBERDADE ARENDT, Hannah. Sobre a Revolução. Lisboa: Relógio D Água Editores, 2001. Página 3 de 17
Ação e virtude política. O século XVIII, ao esvaziar a importância da esfera pública para o social, faz com que a ação seja movida da política para a história. Há a procedimentalização do agir humano. A percepção da história como processo do fazer contínuo é substituída pela visão da história como fabricação poiesis de cópia de uma forma pré-fixada (natureza). A história como processo de fazer contínuo está apoiada na apreensão da história como um resultado da ação imprevisível, contingente, inovadora, pautada na pluralidade humana. A história, neste sentido, é o espaço de discurso e de ação regida pela espontaneidade da ação humana. Mas o século XVIII deslocou a idéia de ação para a de fabricação (palavra colada à idéia de processo), de cópia de uma forma pré-fixada, pautada no automatismo e não na ação. Já o fazer é uma atividade que tem sua finalidade fora de si. Por isso, falar-se na passagem da ação do homem para a história: a criação agora é enclausurada num modelo predeterminado. Leitura complementar: BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução em França. CONSTANT, Benjamin. Sobre la libertad en los antiguos y en los modernos. 2ªed., Trad. Marcial Antonio López & M. Magadalena Truyol Wintrich, Madrid: Tecnos, 2002, p. 63-93. GELLNER, Ernest. Da Revolução à Liberalização. Centro de Documentação Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília. HARTOG, François. Da liberdade dos antigos à liberdade dos modernos: o momento da Revolução Francesa. In: NOVAES, Adauto (org.). O avesso da liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 151-177. TOCQUEVILLE, Alexis de. Democracia na América. TOCQUEVILLE, Alexis de. O Antigo Regime e a Revolução. 4ªed., trad. Yvonne Jean, Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997. Os franceses fizeram, em 1789, o maior esforço no qual povo algum jamais se empenhou para cortar seu destino em dois (...) (p.43). / [ ] INSTITUIÇÃO E O PAPEL DA REGULAÇÃO. INSTITUIÇÃO COMO CRISTALIZAÇÃO DA CULTURA E AS INSTITUIÇÕES ESTATAIS DE MODELAGEM DO AGIR. SUMNER, William Graham. Folkways. New York, Ginn and Company, 1906. Tradução de Lavínia Costa Villela. Folkways: estudo sociológico dos costumes. Tomo I. São Paulo, Livraria Martins Editora, 1950. (74 páginas iniciais) Instituição e Ação. Sedimentação da ação nas instituições reguladoras. Instituição como cristalização da cultura; como mores esforços convergentes e cooperadores racionalizados no sentido de serem acessíveis quanto ao seu significado e a sua visibilidade. Onde ela se encaixa em nossas opções de percepção da existência? A instituição é a realidade sedimentada, mas sedimentar a ação é feri-la de morte. A instituição, como estrutura estatal, é uma percepção inclinada à formação da concepção da existência como ordem. Ela, entretanto, por revelar a transformação em meio à estabilidade, permite o diálogo entre as percepções da existência. Um produto do ser humano, que depende de sua ação para manter-se vivo, faz a ligação entre as percepções de ordem, caos e artifício. As instituições, ao revelarem a dinâmica no estático, funcionam como uma contradição na vivência humana capaz de promover o despertar do ser para a compreensão da regulação como ordem, caos e artifício ao mesmo tempo. Sumner promove a duas abordagens: uma conceitual, sobre os folkways, mores e instituições; outra sobre a divisão das classes e dogmas da época. A instituição é vista como processo regulador do sistema social no sentido orgânico de compensação por difunções. Ela detém força própria, mas, ao ser revelada, permite sua transformação pensada. ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1994. (BCE 930.85 E42u 2.ed.=690: über den Prozess der Zivilisation). Zivilisation x Kultur: civilização como universalizador; Kultur como caráter circunscrito de grupo. Cultura setorial? HAURIOU, Maurice. Teoria dell istituzione e della fondazione. trad. Widar Cesarini Sforza, Milano: Giuffrè Editore, 1967. HENSEL, Albert. Institution, Idee, Symbol. Königsberg: Gräfe und Unzer Verlag, 1929. LOURAU, René. A análise institucional. trad. Mariano Ferreira, Petrópolis: Editora Vozes, 1996. (original: L Analyse institutionnelle) MONTAIGNE, Michel Eyquem de. Ensaios. Porque o costume é efetivamente um pérfido e tirânico professor. Pouco a pouco, às escondidas, ganha autoridade sobre nós; a princípio terno e humilde, implanta-se com o decorrer do tempo, e se afirma, mostrando-se repentinamente uma expressão imperativa para a qual não ousamos sequer erguer os olhos. Página 4 de 17
PIERSON, Donald. Teoria e pesquisa em sociologia. 7ªed., São Paulo: Edições Melhoramentos, 1962. STAROBINSKI, Jean. Os emblemas da razão. São Paulo: Cia das Letras, 1988, 206p. (BCE 1789: les emblemes de la raison) / [ ] INSTITUIÇÃO, AÇÃO E CORPORAÇÃO: A FUNÇÃO COMO BERÇO DA LEGITIMIDADE MANOÏLESCO, Mihaïl. O século do corporativismo: doutrina do corporativismo integral e puro. Trad. Antônio José Azevedo Amaral. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1938. O ideal do liberalismo político foi o de alcance do consenso na diversidade. O mesmo ideal persegue o corporativismo, mas mediante o alcance de uma sociedade funcionalmente homogênea, embora socialmente heterogênea. O espaço público pode ser visto como encontro de interesses corporativos (econômicos, sociais, funcionais) ou como espaço regido pela principiologia participativa (teoria funcional versus liberalismo político). O mercado, por sua vez, pode ser visto como interesses corporativos ou como princípio jurídico de bloqueio ao corporativismo via preservação da competição. Enfim, a coletividade tem substância concreta corporativa (econômica, social, funcional) guiada, portanto, pelos setores, ou tem substância principiológica ideal (e.g. representativa, participativa) capaz de guiar o setor regulado? A oposição hegeliana entre o universal em si e para si do Estado e os interesses particulares das coletividades administrados nas corporações ajuda a iluminar novos aspectos do fenômeno regulatório. A proposta de um corporativismo integral (porque abarca mais do que as corporações econômicas do facismo) e puro (porque somente corporações são eleitas, transformando o Estado em uma super-corporação) ilumina esta contradição. 1) O que significa o corporativismo puro e integral proposto pelo autor. 2) Qual o conceito de corporação segundo Manoïlesco? 3) As instituições reguladoras representam mecanismos corporativos ou de encontro de interesses não-corporativos? 4) A principiologia informadora do espaço público regulatório obedece ao desiderato de alcance do consenso de posições funcionais da igreja, do exército, da empresa, etc, ou de posições individuais dos interessados? 5) Em sua opinião, a visão corporativista responde à prática da decisão regulatória? 6) BARTHÉLEMY, Joseph. La crise de la démocratie représentative. Paris: Marcel Giard, 1928, p. 23. O corporativismo fascista, em que o cidadão dá lugar ao produtor. HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da Filosofia do Direito. Trad. Norberto de Paula Lima. Adaptação e Notas de Márcio Pugliesi. São Paulo: Ícone, 1997. Os interesses particulares das coletividades que fazem parte da sociedade civil e se encontram situadas fora do universal em si e para si do Estado são administrados nas corporações (p.243). Esta função [de representar concretamente o universal imanente à corporação] atribui à corporação o direito de gerir os seus interesses sob a vigilância dos poderes públicos, admitir membros em virtude da qualidade objetiva da opinião e probidade que têm e no número determinado pela situação geral, encarregando-se de proteger os seus membros, por uma lado, contra os acidentes particulares e, por outro lado, na formação das aptidões para fazerem parte dela. Numa palavra, a corporação é para eles uma segunda família, missão que é indefinida para a sociedade civil em geral, mais afastada como esta está dos indivíduos e das exigências particulares (p.202). MUSSOLINI, Benito. La riforma elettorale. In: HOEPLI, Ulrico (org.). Scritti e discorsi di Benito Mussolini: L inizio della nuova política. Vol. III, 28 ottobre 1922 31 dicembre 1923, p. 187-203. O fascismo vuole fare del Parlamento una cosa un po più seria, se non solenne, vuole, se fosse possibile, colmare quell hiatus che esiste innegabilmente fra Parlamento e Paese. (p.199) PECCI, Giocchino [Papa Leão XIII]. Literae encyclicae: quod apostolici muneris. Santa Sé: s/e, 1878, 15. PECCI, Giocchino [Papa Leão XIII]. Literae encyclicae: rerum novarum. Santa Sé: s/e, 1891, 36. PINTO, Bilac. Regulamentação efetiva dos serviços de utilidade pública. Rio de Janeiro: Forense, 1941. REALE, Miguel. Corporativismo e unidade nacional. In:. Obras políticas: 1ª fase 1931-1937. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1983, p. 235-242 (Cadernos da UnB). SOUZA, Francisco Martins de. Raízes teóricas do corporativismo brasileiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1999. Página 5 de 17
STEPAN, Alfred. Estado, corporativismo e autoritarismo. Trad. Mariana Leão Teixeira Viriato de Medeiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p. 73-77 (Coleção Estudos Latino- Americanos, vol.17). / [ ] MODERNIDADE E IMPREVISÃO: A NORMALIDADE DA MUDANÇA E A RUPTURA DAS FRONTEIRAS NACIONAIS WALLERSTEIN, Immanuel. Após o Liberalismo: em busca da reconstrução do mundo. Trad. Ricardo Anibal Rosenbusch, Petrópolis: Vozes, 2002. A Modernidade como normalidade da mudança situa o fenômeno regulatório como um fenômeno apoiado em um fundamento filosófico de reconhecimento da dinâmica como um elemento essencial da regulação, entendida como acompanhamento cotidiano: Direito Administrativo Conjuntural. Por mais que as ideologias fossem contra o Estado, elas sempre precisaram do Estado. Sua substituição proposta nos dias de hoje por grupos de solidariedade em uma perspectiva inclusiva é o diferencial apresentado pelo autor. Os conceitos de modernidade tecnológica e da libertação. BECK, Ulrich. La sociedad del riesgo: hacia una nueva modernidad. Barcelona: Paidós, 2002. GIDDENS, Anthony. Modernidade e Identidade. Trad. Plínio Dentzien, Rio de Janeiro: Zahar Editor, 2002. HUNTINGTON, Samuel P. O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. PINCUS, Steve. The First Modern Revolution. New Haven: Yale University Press, 2009. Moderno como centralização e burocratização da autoridade política, além do significado de transformação constante. WALLERSTEIN, Immanuel. Geopolitics and geoculture: essays on the changing worldsystem. Cambridge: Cambridge University Press, 1997. Tratamento do tema em termos de ciclos de hegemonias e da normalidade da mudança. WALLERSTEIN, Immanuel. The Modern World-System I: capitalist agriculture and the origins of the european world-economy in the sixteenth century. London: Academic Press, reimpressão de 1974 (Studies in Social Discontinuity). WALLERSTEIN, Immanuel. The Modern World-System II: mercantilism and the consolidation of the european world-economy, 1600-1750. London: Academic Press, reimpressão de 1980 (Studies in Social Discontinuity). WALLERSTEIN, Immanuel. The Modern World-System III: the second era of great expansion of the capitalist world-economy, 1730-1840s. London: Academic Press, reimpressão de 1989 (Studies in Social Discontinuity). WALLERSTEIN, Immanuel. World-Systems Analysis. Durham/London: Duke University Press, 2004. A co-presença das conquistas revolucionárias francesas da normalidade da mudança política e da remodelagem do conceito de soberania sob o manto da cidadania. Unidade 2 Leituras utópicas, determinismo tecnológico e análise institucional / [ ] UTOPIAS FRANCO, Afonso Arinos de Melo. O índio brasileiro e a Revolução Francesa: as origens brasileiras da teoria da bondade natural. 3ª ed., Rio de Janeiro: Topbooks. O pensamento utópico de isolamento da realidade política afigura-se como requisito para a reconstrução da carta política fundamental. A transformação da realidade política dá-se via remissão ao pensamento utópico de concepção de uma realidade fora da humanidade. Apesar disso, o pensamento utópico tem efeitos práticos. Afonso Arinos chega a descrever a ilha de Utopia de Hitlodeu como um dos mais terríveis libelos revolucionários do século dezesseis. A história das ideias nos permite fugir da armadilha do nacionalismo local: a cultura como algo que não tem fronteiras; a importância da alteridade cultural como necessária à identidade local, Página 6 de 17
ou seja, a alteridade cultural como cerne do político. Os monstros que habitam o desconhecido substituídos pela literatura do bom selvagem. MORUS, Thomas. Utopia. 3ª ed., trad. Ana Pereira de Melo Franco, Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1992. A defesa que Morus faz de uma filosofia mais sociável e prática de reconhecimento do teatro do mundo, pode ser interpretada, no diálogo com Rafael Hitlodeu, como a proposta de um equilíbrio a ser alcançado na Europa a partir da visualização de um novo mundo capaz de sensibilizar, pela perfeição, o movimento de transformação europeia. POCOCK, J. G. A. (org.). The Commonwealth of Oceana and A System of Politics. Cambridge: Cambridge University Press, 1992. SCHMITT, Carl. Land und Meer. Leipzig, 1942. O homem não se deixa absorver por seu entorno. VOLTAIRE, François Marie Arouet de. Cândido. 2ª ed., trad. Maria Ermantina Galvão, São Paulo: Martins Fontes, 1998. A ideia utópica de enclave expressa no Eldorado de Cândido. / [ ] DETERMINISMO TECNOLÓGICO WILSON, Ernst J. The Information Revolution and Developing Countries. Cambridge, Massachusetts: The MIT Press, 2006. (36 páginas iniciais) Crítica às análises deterministas tecnológicas ou tecnodeterministas. O pensamento utópico, ao se arvorar na solução dos problemas humanos fora da humanidade, fornece o material para a compreensão da tecnologia presumivelmente carregada de conteúdo moral, quando, pelo contrário, a tecnologia é neutra e impulsiona o rumo de um conjunto complexo de decisões e instituições. O determinismo tecnológico defende que a origem das transformações sociais inaugurada com a sociedade da informação seria tecnológica ao invés de institucional e política. Em outras palavras, segundo o determinismo tecnológico e o pensamento desenvolvimentista, a infraestrutura resultaria em uma sociedade melhor e os imperativos do desenvolvimento tecnológico seriam determinantes para as transformações sociais. BENIGER, J. The Control Revolution: Technological and Economic Origins of the Information Society. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1986. MASUDA, Y. The Information Society as Post-Industrial Society. Washington, DC: World Future Society, 1980. TOFFLER, A. The Third Wave. New York: Morrow, 1980. / [ ] OS PANOS DE FUNDO DE DESENVOLVIMENTO E DEPENDÊNCIA CARLSSON, Ulla. (2003). The Rise and Fall of NWICO: From a Vision of International Regulation to a Reality of Multilevel Governance. In: Nordicom Review 2: 31-68. A influência do pano de fundo dos paradigmas de desenvolvimento e sua relação com o determinismo tecnológico. Trata-se dos paradigmas da dependência [dependency paradigm], da modernização [modernization paradigm] e de um outro desenvolvimento [another development]. Este último é sintetizado na máxima global problems, local solutions, ou seja, na assertiva de que não há uma fórmula única de desenvolvimento para todas as nações, pois os problemas são locais, mas as soluções dependem de participação local apoiada na cultural local e na identidade. A tecnologia é a utilidade que lhe dão as culturas locais. AIZU, Izumi. Cultural Impact on Network Evolution in Japan: Emergence of Netizens. Tokyo: Institute for HyperNetwork Society, 1995. A influência da dimensão cultural na distribuição de tecnologias da informação e comunicação em nível internacional. (http://www.nira.or.jp/past/publ/review/95autumn/aizu.html). BANCO MUNDIAL. World Development Report: Knowledge for Development. Oxford: Oxford University Press, 1999. A revolução informacional como dependente de aspectos do desenvolvimento. MANSELL, R.; WEHN, U. Knowledge Societies: Information Technology and Sustainable Development. New York: Oxford University Press, 1998. A tecnologia influencia o caminho tomado, mas não se afigura em mão invisível que dirige as opções das pessoas. PNUD. Human Development Report. New York: Oxford University Press. A revolução informacional como dependente de aspectos do desenvolvimento. Página 7 de 17
ROHOZINSKI, R. Mapping Russian Cyberspace: Perspectives on Democracy and the Net. New York: United Nations Research Institute for Social Development, 1999. A internet não é um fenômeno universal, mas um sistema tecnológico que se manifesta em variados contextos econômicos, estruturas de poder e modelos organizacionais. ROSENAU, James N. Information Technologies and the Skills, Networks and Structures that Sustain World Affairs. p. 275-288. In: ROSENAU, James N.; SINGH, J. P. (org.). Information Technologies and Global Politics: The Changing Scope of Power and Governance. Albany: State University of New York Press, 2002. A tecnologia é essencialmente neutra; ela não molda estruturas e comportametos uniformimente; ela se apresenta como variável de segunda grandeza. United States Office of Technology Assessment (OTA). 1990. Critical Connections: Communication for the Future. Washington, DC: U.S. Government Printing Office. Incentivos institucionais moldam o ritmo de adoção de novas tecnologias. WILSON, Ernst J. The Information Revolution and Developing Countries. Cambridge, Massachusetts: The MIT Press, 2006. A revolução informacional é produto de engrenagens diversas, igualmente relevantes, quais sejam, as engrenagens estrutural, institucional, jogo político e política pública. / [ ] A REALIDADE COMO ELA É... REGULADA JOHNSTON, David Cay. The Fine Print. New York: Penguin, 2012. O pressuposto regulatório do acompanhamento conjuntural normativo encontra respaldo na percepção de mundo afeta às peculiaridades dos setores e à criatividade de adaptação às adversidades de seus atores. O fenômeno regulatório não é disciplinar nem setorial, mas multissetorial, complexo e intrinsecamente regulado. No socialismo corporativo descrito por Johnston, os lucros são privatizados e as perdas socializadas. 1) Quais setores são tratados no livro? 2) Em que consiste o objetivo central do livro? 3) Selecione quatro casos mais representativos do livro para descrevê-los com mais detalhes. 4) A partir da leitura, o que significa a desregulação? CAVANAUGH, Maureen B. Democracy, Equality, and Taxes. Alabama Law Review, Winter 2003. CUDAHY, Richard D.; HENDERSON, William D. From Insull to Enron: Corporate (Re) Regulation after the Rise and Fall of Two Energy Icons. Energy Law Journal 25(1): 35-110, 2005. Unidade 3 Identidade institucional do fenômeno regulatório / [ ] IDENTIDADE JURÍDICA DO FENÔMENO REGULATÓRIO: A TEORIA PROCESSUAL ADMINISTRATIVA DA REGULAÇÃO CROLEY, Steven P. Regulation and Public Interests. Princeton: Princeton University Press, 2008, p. 1-25; 239-257; 304-306. A proposta de uma análise institucional jurídica da regulação tem um veio cada vez mais explorado sob a forma de uma teoria processual administrativa crítica à abordagem da tomada de decisão regulatória proposta pela teoria da public choice. Segundo a teoria da dimensão processual administrativa da regulação, a estrutura institucional jurídica que rege as agências reguladoras, sejam elas subordinadas ao Executivo ou independentes, lhes dá suficiente autonomia institucional para afastarem os resultados da teoria da public choice e implementarem uma regulação de interesse público. 5) Que pergunta fundamental o livro procura responder? 6) Que relação há entre a pergunta fundamental do texto e os conceitos de special interest regulation e public interest regulation? Página 8 de 17