EDUCAÇÃO, TERRITÓRIO E DIREITOS HUMANOS: HABITAÇÃO RURAL E O ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO BRASILEIRO

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EDUCAÇÃO, TERRITÓRIO E DIREITOS HUMANOS: HABITAÇÃO RURAL E O ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO BRASILEIRO LUIZ, Gabriel Amaro. Estudante do Curso de Arquitetura e Urbanismo- ILATIT UNILA; E-mail: gabriel.luiz@aluno.unila.edu.br; CUNHA, Gabriel Rodrigues da Docente/pesquisador do curso arquitetura e Urbanismo ILATIT UNILA. E-mail: gabriel.cunha@unila.edu.br. 1 Introdução A habitação rural, o campo e o meio rural são secundários no mundo onde o espaço urbano opera. Técnicas construtivas, conhecimentos empíricos, materiais naturais (não processados), arquitetura vernacular ou qualquer outro elemento da temática rural é considerado arcaico e ultrapassado nessa realidade. O progresso que a cidade apresenta faz do campo um meio à espera de urbanização. O arquiteto e urbanista possui protagonismo, pois através de projetos e planos urbanísticos poderá ou não melhorar esta relação entre campo e cidade. Porém, em suma, a Arquitetura e o Urbanismo são vistos como elementos específicos do espaço urbano, não deixando espaço para o meio rural. A pesquisa estuda os cursos públicos de Arquitetura e Urbanismo, em específico, na Região Sul do Brasil (estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), avaliando os Projetos Pedagógicos de curso (PPC s) e as ementas das disciplinas sobre a abordagem da habitação rural no ensino da profissão. Ao todo foram 11 cursos estudados (Paraná Univ. Federal do Paraná (UFPR), Univ. Estadual de Maringá (UEM), Univ. Estadual de Londrina (UEL), Univ. Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Univ. Federal da Integração Latino-americana (UNILA); Santa Catarina Univ. Federal de Santa Catarina (UFSC), Fundação Univ. do Estado de Santa Catarina (UDESC); e Rio Grande do Sul Univ. Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Univ. Federal de Pelotas, (UFPEL), Univ. Federal de Santa Maria (UFSM), Univ. Federal da Fronteira Sul (UFFS)). 2 Metodologia

O Ranking de Cursos do Jornal Folha de São Paulo e o Site do Ministério da Educação foram as fontes consultadas para obtenção dos dados. A partir das buscas pela internet e sites das instituições, se adquiriram os Projetos Pedagógicos de Curso (PPC s) e ementas das disciplinas, porém quando necessário, houve contato via e-mail ou telefone. Filtros de pesquisa foram utilizados nos textos através de palavras-chave dentro do campo semântico rural ou que possam relacionar a tal área (são elas: rural, arquitetura do campo, arquitetura agrícola, moradia do campo, espaço nu, espaço urbano, arquitetura rural, moradia rural e arquitetura sustentável). Os trechos e ementas com tais elementos foram separados e estudados. 3 Fundamentação teórica Assim como o espaço urbano é delimitado pelo perímetro urbano, por que o espaço rural não é tratado da mesma forma, ou seja, por que não se pensa em delimitar por um perímetro rural áreas de forte vocação para atividades agrárias de maneira a se valorizar e desenvolver a paisagem rural a partir do seu rico patrimônio? (ARGOLLO, 2007). Um município geralmente tem seu território classificado entre perímetro urbano e nãourbano, a área rural fica subordinada à cidade, dependendo da mesma. Porém a matéria-prima necessária para o sustento da vida urbana advém do campo. O processo de ordenação territorial vigente é calcado na ideia de que o contínuo e desmesurado crescimento das cidades é sinônimo de desenvolvimento socioeconômico (ARGOLLO, 2007). Urbano é sinônimo de desenvolvimento, não-urbano é tido como atrasado, por exemplo, as áreas, aparentemente, rurais existentes em Foz do Iguaçu são consideradas espaços a espera de urbanização ou em processo de urbanização, ou seja, subdesenvolvidas. Ao retratar de uma superfície rural o senso-comum leva a descrever paisagens e estilos de vida atrasados, em relação a tecnologia vivida na cidade. Elementos como energia elétrica, vias asfaltadas, água encanada, rede pública de esgoto, e etc. são considerados específicos da cidade, não possuem espaço para a imagética campesina. Este paradigma induz fortemente a desvalorização do espaço rural. Neste mesmo paradigma a valorização do campo só acontece com as atividades agrícolas e turísticas praticadas. A cidade e o campo devem co-evoluir num processo integrado e sustentável, de forma que um ambiente viabilize e alimente o outro (ARGOLLO, 2007). Reconhecer a importância da boa relação entre os dois meios é essencial para o desenvolvimento mútuo. Exemplo ao campo da Arquitetura e Engenharia é trazer técnicas com materiais naturais às práticas de construção e projetos, trabalhando em conjunto para amenizar a desvalorização do meio rural.

Valorizar o campo e suas atividades é descolonizar o conceito da vida perfeita e essencial tida na cidade. A sociedade sempre buscou formas para simplificar suas atividades, a vida urbana em comparação a campesina é menos complexa e o modelo econômico seguido prega agilidade e rapidez, a tecnologia é sua ferramenta e o centro urbano o cenário. 4 Resultados Na UEM, o PPC discute sobre o papel do arquiteto na questão ambiental sustentável, porém não aborda especificamente o ambiente rural. Somente a disciplina Território e Paisagem (obrigatória) trata, mesmo parcialmente, o campo. Sua ementa estuda planos e projetos para o território regional e seu objetivo é: desenvolver propostas para a região visando seu desenvolvimento futuro e tratar da paisagem urbana e rural. Trabalha a dualidade cidade/ campo, entretanto o meio rural é tido como elemento subordinado ao planejamento urbano. Na não há citações ou abordagens sobre algum tipo de habitação rural no projeto de curso da UFPR e da UEL. Na UTFPR, a disciplina Patrimônio Cultural e Restauro I (obrigatória) trata sobre materiais naturais: barro, pedras, madeira, palha; Materiais artificiais: argamassas, tijolos, concreto, vidro; Técnicas construtivas: barro, madeira (enxaimel), alvenaria, concreto. A UNILA foi criada e formada por ideias relacionadas a temática integração latinoamericana. O Curso de Arquitetura e Urbanismo (CAU-UNILA) tem por missão formar profissionais atentos às desigualdades espaciais, econômicas e sociais. O curso tem por foco fugir dos paradigmas modernistas e bauhausista da arquitetura. As disciplinas: História da Casa e Habitação (obrigatória) estuda as diversas formas de morar, os fatores em questão para formação de uma moradia; Estudos do Território (obrigatória) apresenta a sociologia do território, relação urbano-rural, problemáticas regionais campo-cidade; Planejamento Territorial e Regional I (obrigatória) trabalha o planejamento do espaço rural, quilombos, terras indígenas, e dinâmicas dos municípios rurais; e as disciplinas de Canteiro Experimental (obrigatórias) trabalham técnicas construtivas consideradas primitivas com barro, galhos, pedras e outros materiais naturais. Na UDESC, a disciplina Macropaisagem (obrigatória) não aborda o tema pesquisado especificamente, porém apresenta a relação do campo com a cidade, focando a invasão do espaço urbano no campo. O curso da UFRGS apresenta a questão sanitária e hidráulica das edificações rurais na disciplina Instalações Hidráulicas Prediais B (optativa), estudando a diferença sanitária da cidade e do campo, e condicionantes para escolha de tipo de instalação. A UFPEL e a UFSC não apresentam discussões relacionadas ao tema abordado.

Na UFSM, a disciplina Projetos Ambientais (obrigatória) visa a introdução ao planejamento rural e urbano, dando condições ao estudante de entender o campo e a cidade e suas diferenças. A dinâmica dos dois espaços é estudada para melhor compreensão e também os impactos causados pela hegemonia urbana no ambiente rural. A graduação da UFFS estuda mais a fundo o meio rural, localiza-se no interior do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, fronteira com a Argentina. As disciplinas: Introdução a Arte, Arquitetura e Urbanismo (obrigatória) visa introduzir noção espacial e artística, pensando nos espaços urbanos e rurais; Projeto Arquitetônico e Paisagem (obrigatória) apresenta as influencias que o projeto arquitetônico tem no espaço e na paisagem urbana ou rural; Aspectos da Arquitetura Regional (obrigatória) estuda o entorno da universidade, características arquitetônicas da região, estudando suas formas, estilos e técnicas construtivas; Projeto Arquitetônico e Equipamentos Rurais (obrigatória) trata das potencialidades arquitetônicas que o campo pode proporcionar, modernizando a construção, mas permanecendo com a tradição das técnicas. 5 Conclusões A maioria dos cursos não abordam ou pouco tratam o tema pesquisado. Eles em suma trilham uma linha colonialista, influenciado pelas estéticas e conceitos euro-centristas, imitando o modelo bauhausista arquitetônico de trabalhar e ensinar. Além de adotar tais ideais seguem uma arquitetura que Oscar Niemeyer (15/12/1907 05/12/2012) representa, o Modernismo Brasileiro, influenciado por Le Corbusier (06/10/1887 27/08/1965). O movimento (modernismo) tem como principal característica trabalhar as formas arquitetônicas em concreto armado. Logo técnicas construtivas e materiais considerados fora do padrão colonial são considerados arcaicos, pouco estudados e desenvolvidos nas universidades. Grande parte das graduações estão presentes em centros urbanos, tornando outro fator para dificultar o estudo para moradias rurais. As universidades que abordam mais especificamente sobre o tema são instituições que se localizam em regiões rurais. A abordagem da habitação rural é pouco representativa, o espaço urbano é o cenário e objeto principal de estudo para as graduações de Arquitetura e Urbanismo do sul do país. 6 Principais referências bibliográficas FERRÃO, André Munhoz de Argollo (2007). Arquitetura Rural e o espaço não-urbano. Revista Labor & Engenho pp. 89 112. Campinas/SP. SORDI, Diogo Gustavo (2006). Habitação Rural: O Sentido da Nova Moradia para os Agricultores Familiares do Oeste Catarinense. UNOCHAPECÓ, Chapecó?SC. PRUDENTE, COSTA e RIPOLL (2009). Habitação Social Rural: Bioconstrução em Assentamento da Reforma Agrária no Pampa Gaúcho. Herval/RS.