TINHA UMA DISCIPLINA DE LIBRAS NA MÚSICA. NA MÚSICA, TINHA UMA DISCIPLINA DE LIBRAS: E AGORA CAO BENASSI?

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Transcrição:

TINHA UMA DISCIPLINA DE LIBRAS NA MÚSICA. NA MÚSICA, TINHA UMA DISCIPLINA DE LIBRAS: E AGORA CAO BENASSI? BENASSI, Claudio Alves 1 (UFMT) INTRODUÇÃO A música, apesar de ter sido profícua no período colonial, num passado recente, esteve ausente das salas de aula. Em 2008, mais precisamente em 18 de agosto de 2008, enquanto cursava Música Licenciatura na Universidade Federal de Mato Grosso, festejava a promulgação da Lei 11.769, 2 que dispõe sobre a obrigatoriedade da música como conteúdo curricular. No ano de 2002, era então divulgada no Diário Oficial da União (DOI), a sanção da Lei 10.436 3 de 24 de abril de 2002, que dispõe a respeito da obrigatoriedade da inserção da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no ensino brasileiro. Isso fez com que, a disciplina fosse inserida na grade curricular do curso de Música Licenciatura da UFMT. No 9º (nono) semestre do curso, chegava a sala H, primeiro piso do Instituto de Linguagens da UFMT, com a seguinte pergunta ecoando na cabeça: o que vamos aprender. Pergunta que logo seria respondida com muito conteúdo da Libras, basicamente, vocabulário e outros de cunho discursivo. A partir daí, fiz vários cursos de Libras. Já em 2013, cursei uma especialização em Libras, em que realizei uma pesquisa a respeito do ensino de música para visuais (pessoas que linguisticamente são caracterizadas pela emissão e captação de mensagens linguísticas pelo campo visual), que resultou num glossário de sinais da área musical em Libras. Em 2014, ingresso como professor de Libras na UFMT e... tinha uma disciplina de Libras na música. Na música, tinha uma disciplina de Libras: e agora Cao Benassi? OBJETIVOS 1. Apresentar contextualmente um panorama das mudanças de abordagem dos conteúdos da Libras no curso de Música Licenciatura da UFMT; 1 Professor da Coordenação de Letras-Libras. Universidade Federal de Mato Grosso. Editor gerente Revista Diálogos (RevDia). profesorcaobenassi@codimus.net 2 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11769.htm. Consulta em 17 de abr. 2016. 3 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Consulta em 17 de abr. 2016. 40

2. Refletir a respeito das dificuldades e apontar soluções. METODOLOGIA Esse trabalho se caracteriza por um relato de experiência. Tal experiência se inicia em 2011 com meu primeiro contato com a Libras no curso de Música - Licenciatura. Posteriormente, cursos de extensão e de pós-graduação lato sensu em Libras me coloca no cenário do ensino dessa língua. Esse fato me leva a docência de Libras no ensino superior e obviamente, aos problemas metodológicos e didáticos aí encontrados, característicos não só da Libras, propriamente dito, como também, da música e suas peculiaridades. Assim sendo, pretendo realizar uma exposição e uma reflexão a respeito dos conteúdos abordados na disciplina de Libras no curso de Música, bem como, outros aspectos da didática e da metodologia do ensino de Libras no curso de Música. FUNDAMENTAÇÃO BASILAR Esse trabalho apresenta fundamentação no livro A musicalidade do surdo: estigma e representação de autoria da Nadir Haguiara-Cervellini; no artigo Evelyn Glennie: como ouvir realmente relato de experiência da musicista visual Evelyn Glennie; no artigo Música e surdez: um paradoxo de autoria de Regina Fink; na monografia de especialização em Libras Além dos sentidos: aprendizagem de Libras por surdos; mitos, verdades e possibilidades de autoria de Claudio Alves Benassi, Rosa Cardoso Leandro e Anderson Simão Duarte; e ainda, no glossário Além dos sentidos: glossário de termos e conceitos da área musical em Libras de autoria de Claudio Alves Benassi e Anderson Simão Duarte. DESENVOLVIMENTO Ao ingressar na disciplina de Libras no curso Música Licenciatura, como aspirante a professor de música, me preocupava (a princípio) com a descrição dos conceitos e termos da música para o aluno visossinalizante (pessoa que apreende, compreende e se expressa o/no mundo usando o corpo e o espaço). Logo, as perguntas começaram a surgir. Perguntas que o docente da disciplina não conseguia responder, pois não possui formação na área. Dificuldades que enfrento na docência da disciplina em cursos 41

estranhos a minha formação. Esta preocupação norteou a minha pesquisa na especialização em Libras. Pesquisei a aprendizagem de música por visossinalizantes (fato real e possível. Dentre os vários casos de sucesso, posso citar o de Evelyn Glennie, percussionista escocesa, virtuose de renome internacional) e também, a catalogação de sinais da área musical existentes e criação de novos sinais. A primeira disciplina de Libras que ministrei no curso de Música, eu ainda não contava com o glossário, apenas com os sinais catalogados e os que foram criados pela equipe de estudantes visuais, que eu havia registrado. Ao final da disciplina, a necessidade de organizar o material ficou evidente. Em 2015, consegui com a colaboração de uma equipe composta por vários acadêmicos ligados a docência e discência de Libras, publicar o glossário em formato eletrônico (PDF) para facilitar o acesso. No entanto, ao final da disciplina, relatos dos acadêmicos de música, matriculados na disciplina de Libras, deixou claro que apenas o glossário não atendia as demandas método-didáticas do ensino de Libras na música. Observei que a disciplina se dividiu em dois momentos. O primeiro refere-se ao atendimento da ementa da disciplina que é semelhante a ementa da mesma disciplina nos cursos de Letras, que prioriza os aspectos discursivos da Libras e as particularidades linguísticas. Fazendo com que a mesma, não atenda a formação do professor de música, frente ao ensino inclusivo. Segundamente, observei que havia a necessidade de esquematizar um material didático específico para o ensino de Libras, com aulas, atividades e regras da língua em suporte impresso, vocabulários e atividades em vídeo. Problema que foi resolvido com a implementação do projeto Libras para docentes como Segunda Língua (L2) e a publicação do livro didático Sequências didáticas para o ensino de Libras como L2. No segundo semestre letivo de 2015 (janeiro a maio de 2016, ainda em andamento) deu-se a aplicação do livro didático acima citado. Quanto a aplicação do material, no geral, o mesmo cumpriu seu objetivo de tornar as aulas mais objetivas, dinâmicas e, sobretudo, o material fomenta a prática posterior, pois consiste num registro escrito e, também visual (por meio dos vídeos) do novo conhecimento linguístico, em que o acadêmico de música se insere. No entanto, algumas atividades na prática, não funcionaram bem, como por exemplo, uma das frases da atividade 01, apresentada na página 18, que devido ao enquadramento da imagem, a percepção da datilologia fica comprometida. Outro exemplo, são as atividades apresentadas na página 21. Trata-se de dois pequenos textos que são sinalizados e ao estudante, é solicitado que perceba os pronomes utilizados e preencha as lacunas no texto. 42

Como já afirmada noutro trabalho, o material didático Sequências didáticas para o ensino de Libras como L2 é artesanal. Foi elaborado com recursos próprios, em espaços e com equipamentos improvisados (filmagens e edição), no entanto, vale ressaltar que essas características, não retira o mérito do trabalho realizado, tampouco, prejudica a aplicação do mesmo. Esperamos (eu e minha equipe) que na próxima edição, consigamos espaços e equipamentos adequados para a reelaboração e reedição do material. A partir da segunda metade do semestre letivo, comecei a preparar a inserção do conteúdo específico de música (sinais da área musical em Libras). O glossário Além dos sentidos: glossário de termos e conceitos da área musical em Libras passou por revisão e no momento em que o conteúdo foi inserido na disciplina, notou-se uma ruptura na sequência didática e metodológica na disciplina. Essa ruptura foi sentida por mim como docente e também pelos acadêmicos, segundo relatos dos mesmos. Nesse aspecto, tem-se a impressão de que existem duas disciplinas de Libras na curso de música, dentro das 60 (sessenta) horas dedicadas ao estudo da Libras nesse curso. Dois fatores corroboraram para isso. Primeiro, graças a ementa da disciplina no curso e segundo, pela divisão sistemática de conteúdos nos materiais didáticos usados como suporte metodológicos. Quanto a esses fatores, duas medidas foram tomadas, no intuito de minimizar os sintomas sentidos: 1) foi apresentada à coordenação do curso de música, uma nova ementa para a disciplina de Libras 2) um material que funde os conteúdos do livro didático Sequências didáticas para o ensino de Libras como L2 com o glossário Além dos sentidos: glossário de termos e conceitos da área musical em Libras começou a ser elaborado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo os pesquisadores Andréia Michiles Lemos e Ernando Pinheiro Chaves (2012), as ementas das disciplinas de Libras são muito semelhantes. De acordo com os autores, isso é danoso ao aprendizado, pois os alunos recebem os mesmos conteúdos e com isso são privados de um ensino específico que enfoque um vocabulário específico do curso em que a disciplina foi inserida. Um dos aspectos que influencia essa característica apontada pelos autores, está relacionada com o pouco conhecimento da Libras, não concepção como língua e ausência de docentes da área de conhecimento do curso de formação na área de 43

Libras, o que tem causado a réplica da ementa da disciplina de Libras, elaborada pelo curso de Letras nas diversas licenciaturas. Mas, como resolver essa questão? Há dois caminhos possíveis: 1) capacitação e/ou formação permanente do docente das áreas do ensino (licenciatura) em Libras; 2) capacitação e/ou formação do docente de Libras nas áreas em que atua, para então propor ao curso uma ementa que atenda as especificidades da área de formação. Tal capacitação e/ou formação permanente estaria em tese sob a responsabilidade da coordenação do curso de Letras-Libras, que deveria oferecer cursos de capacitação e/ou formação permanente para docentes de outras licenciaturas ou para sua própria equipe. Esse tipo de ação fomentaria a adequação da disciplina de Libras, de acordo com a área de formação/conhecimento em que ela se insere e proporcionaria uma formação mais coerente com as demandas de ensino do público visual. REFERÊNCIAS 1. BENASSI, C. A.; DUARTE, Além dos sentidos: glossário de termos e conceitos da área musical em Libras. Cuiabá: Claudio Alves Benassi, 2015. 2. ;. Sequências didáticas para o ensino de Libras como L2. Cuiabá: Claudio Alves Benassi, 2016. [http://periodicoscientificos.ufmt.br/index.php/revdia/issue/view/236] 3. FINK, R. Surdez e música: será este um paradoxo? In.: Anais do XVI Encontro Anual da ABEM e Congresso Regional da ISME na América Latina, 2007. 4. GLENNIE, E. Evelyn Glennie: como ouvir realmente. Revista Diálogos, Cuiabá, V.2, N.1, jul. 2014. Disponível em: <http://periodicoscientificos.ufmt.br/index.php/revdia/article/view/2759>. Acesso em: 20 Abr. 2016. 5. HAGUIARA-CERVELLINI, N. A musicalidade do surdo: representação e estigma. São Paulo: Plexus Editora, 2003. 44