ANÁLISE DE RISCO ERGONÔMICO: A APLICAÇÃO DO MÉTODO OCCUPATIONAL REPETITIVE ACTIONS (OCRA) EM UM POSTO DE TRABALHO DO SETOR GRÁFICO

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Transcrição:

III Workshop Gestão Integrada: Risco e sustentabilidade São Paulo, 25 e 26 de Maio de 2007 Centro Universitário Senac ANÁLISE DE RISCO ERGONÔMICO: A APLICAÇÃO DO MÉTODO OCCUPATIONAL REPETITIVE ACTIONS (OCRA) EM UM POSTO DE TRABALHO DO SETOR GRÁFICO Ronildo Aparecido Pavani 1 ronildo.pavani@itelefonica.com.br 1 Especialista em Ergonomia e Mestrando do curso de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente Centro Universitário Senac RESUMO: A gestão da saúde do trabalhador, em uma organização moderna, depende dentre outras exigências do seu desempenho na área de ergonomia. Por outro lado os gestores precisam de critérios confiáveis de análises de riscos ergonômicos para direcionar os investimentos de forma eficaz. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica dos métodos de análise de riscos ergonômicos e a aplicação prática, em um posto de trabalho do setor gráfico, do método Occupational Repetitive Actions (OCRA). Os resultados obtidos permitiram afirmar que, embora existam perigos ergonômicos no ambiente de trabalho, o risco encontrado está dentro do limite aceitável de acordo com o método aplicado. Palavras chave: Análise de risco, Ergonomia, Método OCRA. 1 INTRODUÇÃO Atualmente a ergonomia é solicitada para intervir em situações cujas problemáticas variam desde a concepção de postos de trabalho extremamente automatizados, passando por atividades de trabalho estritamente manual ou, ainda, por queixas relacionadas à saúde dos trabalhadores, em particular, as decorrentes dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho DORT s. Neste contexto os riscos ergonômicos no ambiente de trabalho têm causado uma série de impactos econômico e financeiro ameaçando tanto a sobrevivência das organizações quanto a saúde dos trabalhadores. Os gestores passaram a ter a missão da gestão eficaz dos 1

investimentos em saúde e segurança, de forma a atender a demanda por prevenção de acidentes e doenças ocupacionais no ambiente de trabalho e atender a legislação deste setor, porém com a preocupação de administrar os custos totais das empresas. 1.1 OBJETIVOS Como responder as demandas por prevenção de doenças se apoiando em um conjunto de teorias e modelos científicos? Como se caracteriza a prática científica da análise de risco ergonômico em seu modo operante? Essas questões constituem o fio condutor deste trabalho que busca, a partir da aplicação prática de um método científico de análise de risco ergonômico, avaliar a contribuição para a gestão da saúde no trabalho e o direcionamento eficaz dos recursos das organizações. 1. 2 METODOLOGIA A partir de um levantamento bibliográfico procurou-se conhecer em cada proposta de avaliação de risco ergonômico as suas características quanto aos fatores quantitativos, fatores influentes, limites e tipos de aplicação. Este artigo analisa três propostas de métodos de avaliação ergonômica elaborados por instituições e/ou autores estrangeiros, visando orientar as organizações interessadas na avaliação de seus riscos ergonômicos. A partir do conhecimento gerado foi escolhido o método Occupational Repetitive Actions OCRA para aplicação de campo onde resultou o estudo de caso. No levantamento de campo foram avaliados os modos operatórios a tecnologia empregada como maquinário, ferramentas, forma de organização do trabalho e condições ambientais. Para avaliação dos fatores biomecânicos foram realizadas observações sistemáticas das atividades, filmagens e fotografias em ângulos diferentes para melhor entendimento das posturas críticas para avaliação. A análise dos dados teve natureza predominantemente quantitativa para permitir a aplicação do método escolhido. 2

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Os impactos para as organizações decorrentes das LER/DORT atingem diversas áreas, tanto no que se refere à redução da produtividade e ao aumento dos custos quanto da menor qualidade de vida dos trabalhadores (COUTO, 1998 e MAENO, 2001). Neste contexto a ergonomia contribui na elaboração dos projetos de postos de trabalhos e no diagnóstico dos riscos para melhoria do ambiente. Segundo a International Ergonomics Association IEA a ergonomia é definida como: A disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam otimizar o bem estar humano e a performance global dos sistemas. A Ergonomics Research Society, da Inglaterra, define ergonomia como sendo o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos destes relacionamentos. Para conciliar os relacionamentos entre as demandas por saúde no trabalho e a performance global das organizações a gestão da saúde e segurança do trabalho, neste cenário, se faz necessária e neste sentido, a gestão da saúde do trabalhador em uma organização moderna depende, dentre outras exigências, do seu desempenho na área de ergonomia. Uma forma de avaliação deste desempenho pode se dar através do uso de instrumentos de avaliação de riscos ergonômicos que direcione o investimento com base em critérios técnico-científicos, de forma a reduzir a margem de erro e auxiliar os gestores a alcançarem seus objetivos (PAVANI, 2006). A análise de riscos ergonômicos requer a identificação de perigos (fatores de risco) e a quantificação destes fatores para a análise e tomada de decisão. Para tanto é necessário aplicar metodologias e técnicas apropriadas às possíveis causas de doenças e acidentes de trabalho, visando solucionar exigências de melhorias nas condições de trabalho (KEE, 2001). Identificar os perigos e dar o tratamento adequado aos riscos ergonômicos no ambiente de trabalho das organizações é evitar incalculáveis prejuízos que afetam centenas de empresas e trabalhadores todos os anos no Brasil. Segundo estudos do professor José Pastore, da Universidade de São Paulo (USP), as empresas estão gastando R$ 12,5 bilhões por ano apenas com os acidentes de trabalho e doenças profissionais que poderiam ser evitados (PASTORE, 1999). A legislação brasileira, na norma regulamentadora NR de número 17 da portaria de número 3214 de 8 de junho de 1978 do Ministério do Trabalho e Emprego, embora afirme que visa estabelecer parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e que para avaliar esta adaptação cabe aos empregadores 3

realizar análise ergonômica do trabalho (BRASIL, 1978), não sugere metodologias para estas avaliações e não estabelece limites de exposição ao risco como faz em relação às outras normas, como a NR 15, por exemplo. No manual de aplicação da NR 17, editado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, também não define ou orienta quanto aos métodos a serem utilizados para avaliação dos riscos ergonômicos das atividades ocupacionais citando apenas a equação do National Institute for Occupational Safety and Health NIOSH, órgão do governo americano que desenvolveu uma equação que permite calcular qual seria o limite recomendável para levantamento e transporte manual de peso levando-se em conta certos fatores (BRASIL, 2002). Existem muitos métodos de análise de riscos ergonômicos, encontrados na literatura disponível, delineados para determinar a exposição a fatores de risco devido à sobrecarga biomecânica de todo o corpo ou dos membros superiores. Entre eles destacam-se aqueles que evidenciam de forma qualitativa a presença de características ocupacionais que podem levar o avaliador em direção à possível presença de um risco (COLOMBINI, 2005), porém poucos métodos se propõem a quantificar a exposição e definir limites de tolerância de exposição ao risco. Procurou-se aqui identificar e discutir um número limitado de métodos de avaliação de risco ergonômico que, pelas suas características intrínsecas e pela sua propagação, parecem ser mais úteis ao leitor. 2.1 O método Rapid Upper-limb assessment Rula É um instrumento ágil e veloz que permite obter uma avaliação das posturas dos membros superiores (braços, cotovelos e punhos) e do pescoço e tronco em uma tarefa ocupacional. Como os próprios autores enfatizam, este método deve ser utilizado em um contexto de avaliação ergonômica geral (McATAMNEY e CORLETT, 1993). 2.2 O método Ovaco Working Posture Analysing System OWAS O método se baseia na amostragem das atividades em intervalos constantes ou variáveis, verificando-se a freqüência e o tempo gasto em cada postura. Nas amostragens são consideradas as posturas das costas, braços, pernas, uso de força e fase da atividade. Os autores do método sugerem que sejam realizadas no mínimo 100 observações para que se possa inferir corretamente sobre a tarefa analisada (KARHU, KANSI e KUORINKA, 1997). 4

2.3 O método Occupational Repetitive Actions OCRA Neste método os fatores de risco quantificados são: o tempo de duração do trabalho, a freqüência de ações técnicas executadas, a força empregada pelo operador, as posturas de risco dos membros superiores, a repetitividade, a carência de períodos de recuperação fisiológica e os fatores complementares como temperaturas extremas, vibração, uso de luvas, compressões mecânicas, emprego de movimentos bruscos, precisão no posicionamento dos objetos e a natureza da pega dos objetos a serem manuseados (COLOMBINI, 2005). 3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO MÉTODO Não existem métodos de avaliação de risco que podem atender completamente todos os critérios, apesar disso, alguns deles se apresentam mais completos em sua formulação, tanto pela quantidade e tipo de fatores de risco em questão quanto pela abordagem metodológica que se propõem a seguir. O método OCRA foi escolhido para aplicação prática no estudo de caso em função da quantidade superior de fatores avaliados e principalmente por considerar aspectos de organização do trabalho como a repetitividade e a carência de períodos de recuperação fisiológica, aspectos estes que os outros métodos não apresentaram. 4 O MÉTODO OCRA O método OCRA foi desenvolvido pelos Drs. Daniela Colombini, Enrico Occhipinti e Michele Fanti a pedido da International Ergonomics Association (IEA) a partir de 1996. Estes pesquisadores desenvolveram esse trabalho na Unidade de Pesquisa de Ergonomia da Postura e do Movimento (EPM) da Clinica del Lavoro em Milão na Itália. Este método avalia e quantifica os fatores de riscos ergonômicos presentes na atividade de trabalho e estabelece, através de um modelo de cálculo, um índice de exposição a partir do confronto entre as variáveis encontradas na realidade de trabalho e aquilo que o método preconiza como recomendável naquele mesmo ambiente de trabalho (COLOMBINI, 2005). 4.1 A CLASSIFICAÇÃO DO RISCO O método OCRA resumiu a classificação do risco em uma analogia à lógica do semáforo (verde, amarelo e vermelho) conforme tabela 1. 5

Tabela 1 Classificação dos resultados do índice OCRA Área Valores OCRA Nível de Risco Ações Verde Até 2,2 Aceitável Nenhuma Amarela Entre 2.3 e 3.5 Risco muito baixo Vermelha Maior 3,5 Risco Presente Verificar a situação e implementar melhorias Redesenhar o posto de trabalho e avaliar a saúde do pessoal. Fonte: (COLOMBINI, 2005, p.138) A tabela 1 apresenta os valores do índice OCRA, correlacionando com o nível de risco, com as áreas verde, amarela ou vermelha e com o nível de ação requerida. Quando o índice apresenta valores até 2,2 representa uma área verde (aceitável), e não requer intervenção no ambiente de trabalho; Quando o índice apresenta valores entre 2,3 e 3,5 representa uma área amarela (apresenta nível de risco não relevante), mas requer uma avaliação das condições gerais e melhoria das condições de trabalho, pois pode apresentar alguns casos de patologias de membros superiores no grupo de pessoas expostas em relação ao grupo de controle; Quando o índice apresenta valores superiores a 3,5 representa uma área vermelha (Indica uma exposição significativa) e a intervenção se faz necessária para reduzir o risco. 4.2 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA A DETERMINAÇÃO DAS VARIÁVEIS PARA O CÁLCULO DO ÍNDICE OCRA 4.2.1 A constante de freqüência de ação técnica A freqüência de ações técnicas é a principal variável que caracteriza a exposição ao risco neste método. Uma vez definido a quantidade de ações técnicas envolvendo os membros superiores em uma determinada tarefa, a questão principal passa a ser o estabelecimento da freqüência de ações técnicas para todo o turno de trabalho. As pesquisas de Colombini e Occhipint confirmaram a referência para a freqüência de ações técnicas em 30 ações por minuto. Essa referência passa a ser constante no modelo de cálculo do índice OCRA. 4.2.2 Multiplicador para força A relação entre a freqüência de ações técnicas e a força média necessária para realizá-la tem sua importância no fato que, quanto maior a força empregada para realizar uma ação, menor deve ser a sua freqüência para evitar uma lesão. Estudos de biomecânica indicam 6

que alguns músculos tornam-se isquêmicos quando as forças de contração alcançam 50% da máxima contração voluntária (MCV) (CHAFFIN, 2001). O método OCRA emprega a Escala Psicofísica de Borg que é um método reconhecido cientificamente de quantificação subjetiva de força (esforço percebido pelo operador) relacionando com a máxima contração voluntária, o que possibilita aplicar um fator multiplicador de acordo com a média ponderada de força declarada pelos operadores, representada na tabela 2. Tabela 2 Elementos para a determinação do multiplicador para a força Nível de força em % MCV 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% Escala Borg 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 Multiplicador 1 0,85 0,75 0,65 0,55 0,45 0,35 0,2 0,1 0,01 Fonte: (COLOMBINI, 2005, p.139) 4.2.3 Multiplicador para a postura de risco Segundo Colombini (2005) os modelos já propostos para a descrição de posturas e de movimentos confirmam a presença de risco em excedentes entre 40% e 50% da variação articular de um segmento corpóreo empregado em torno de um terço do tempo total do ciclo de trabalho conforme tabela 3. Tabela 3 Síntese para as principais articulações do membro superior Abdução 45º - 80º Pontuação 4 Articulação Escapulo-umeral Flexão / Abdução + 80º (10 20%) Pontuação 4 (ombro) Extensão +20º Pontuação 4 Supinação +60º Pontuação 4 Articulação Cotovelo Pronação +60º Pontuação 2 Flexo-extensão +60º Pontuação 2 Flexão +45º Pontuação 3 Articulação Pulso Desvio radial +15º Pontuação 2 Desvio ulnar +20º Pontuação 2 Extensão +45º Pontuação 4 Fonte: (COLOMBINI, 2005, p.108) A tabela 3 apresenta a síntese para as principais articulações dos membros superiores, dos graus que representam a superação de 40% e 50% da amplitude de articulação e a relativa pontuação ponderada (para um terço do tempo do ciclo). Este método desenvolveu um esquema de multiplicadores para postura de risco baseado no tempo de exposição e do empenho postural, apresentados na tabela 4. 7

Tabela 4 Elementos para determinação do multiplicador para o empenho postural. Valor da pontuação do empenho postural 0 3 4 7 8 11 12 15 16 19 20 23 24 27 28 Multiplicador 1 0,70 0,60 0,50 0,33 0,1 0,07 0,03 Fonte: (COLOMBINI, 2005, p.140) 4.2.4 Multiplicador para a estereotipia (repetitividade) Segundo Couto (1998) o critério mais antigo e aceito sobre repetitividade e também o mais seguido pelas empresas norte-americanas foi proposto por Silverstein em 1985 ao sugerir que qualquer ciclo de trabalho de duração menor que 30 segundos seria altamente repetitivo, porém seguindo os mesmos critérios metodológicos, mesmo em situações de ciclos maiores de 30 segundos poderiam ser caracterizados como altamente repetitivos, caso um mesmo elemento de trabalho ocupasse mais que 50% do ciclo. No método OCRA a repetitividade é tratada como estereotipia e o fator multiplicador está relacionado com este conceito, conforme tabela 5. Tabela 5 Elementos para determinação do multiplicador para a estereotipia Presente com gestos mecânicos iguais entre Presente com gestos mecânicos iguais > Característica da Ausente 51 e 80% do tempo. Ou duração de ciclo 80% do tempo. Ou duração de ciclo entre estereotipia entre 8 e 15 segundos 1 e 7 segundos Multiplicador 1 0,85 0,7 Fonte: (COLOMBINI, 2005, p.141) A tabela 5 correlaciona um fator multiplicador para cada cenário de repetitividade encontrado no posto de trabalho. 4.2.5 Multiplicador para a presença de fatores complementares Na literatura sobre análise de risco ergonômico os fatores de exposição ocupacional como temperaturas extremas, ruído e outros são considerados nas avaliações, porém não como fatores principais e sim como complementares aos fatores biomecânicos. No Brasil, a norma regulamentadora sobre ergonomia define parâmetros para a questão do conforto térmico, conforto acústico e iluminação somente para locais onde exijam solicitação intelectual. O método OCRA contempla essas exposições, quantificando-as e aplicando um fator multiplicador, conforme tabela 6. Tabela 6 Elementos para determinação do multiplicador para os fatores complementares Valor pontuação fatores complementares 0 3 4 7 8 11 12 15 16 Multiplicador 1 0,95 0,90 0,85 0,80 Fonte: (COLOMBINI, 2005, p.141) 8

A cada fator complementar identificado na tarefa 6 é atribuído o valor 4 para exposição de um terço do tempo do ciclo, valor 8 para exposição de dois terços do tempo do ciclo e valor 12 para exposição por todo o tempo do ciclo. Especificamente para o fator de vibração é atribuído valor 8 para exposição de um terço do ciclo, valor 12 pra exposição de dois terços do ciclo e valor 16 para exposição por todo o ciclo. Para escolha do multiplicador é considerado o maior valor encontrado. 4.2.6 Multiplicador para o fator de períodos de recuperação O fator de recuperação difere dos demais em função da sua consideração ser feita sobre todo o turno de trabalho, enquanto os demais fatores são quantificados em cada uma das tarefas repetitivas que compõem o turno, conforme apresentado na tabela 7. Tabela 7 Elementos para determinação do multiplicador para os períodos de recuperação Número de horas sem recuperação adequada 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Multiplicador 1 0,90 0,80 0,70 0,60 0,45 0,25 0,10 0 Fonte: (COLOMBINI, 2005, p.142) O fator multiplicador de recuperação, sintetizado na tabela 7, aplica-se sobre o número absoluto de ações técnicas recomendadas para ponderar a exposição em função da presença, distribuição e adequação dos períodos de recuperação ao longo do turno de trabalho. 4.2.7 Multiplicador para a duração total do trabalho repetitivo no turno A duração total das tarefas que envolvem movimentos repetitivos e ou forçados dos membros superiores no turno de trabalho representa um elemento muito relevante para caracterizar a exposição total do trabalhador ao risco ergonômico, conforme tabela 8. Tabela 8 Elementos para determinação do multiplicador para a duração da tarefa Minutos gastos no turno com tarefas repetitivas 120 121-180 181-240 241-300 301-360 361-420 421-480 > 481 Multiplicador 2 1,7 1,5 1,3 1,2 1,1 1 0,5 Fonte: (COLOMBINI, 2005, p.142) O método OCRA prevê na tabela 8 os parâmetros para a utilização do multiplicador para a duração total de tempo em minutos gastos no turno na execução de todas as tarefas repetitivas. 9

5 A APLICAÇÃO DO MÉTODO OCRA EM UMA EMPRESA DO SETOR GRÁFICO 5.1 DADOS GERAIS DO POSTO DE TRABALHO O posto de trabalho, objeto deste estudo, consiste de uma atividade de acabamento final na fabricação de formulários em uma indústria gráfica da região do ABC Paulista. O posto de trabalho, mesa de acabamento, se encontra em um prédio de alvenaria com área total de 219 m 2. A iluminação natural é proveniente de janelas e a artificial através de luminárias fluorescentes. A ventilação desta área é natural, através das janelas citadas, não existindo ventilação forçada. A atividade repetitiva é intercalada com outras atividades não repetitivas como alimentação de máquinas de aplicação de ilhós, serrilhadeiras, grampeadoras, furadeiras e dobradeiras. A tabela 9 trás um resumo dos dados organizativos do posto de trabalho de aplicação de cola e destacamento de blocos de formulários. Tabela 9 Dados organizativos do posto de trabalho Posto Jornada T. exposição Horário Descanso Pausas Revezamento Aplicação de cola e destacamento de blocos Fonte: Autor 9 horas 280 minutos 07: 15 às 17:15 80 minutos Inexistente Existente 5.2 DESCRIÇÃO DA TAREFA 3.2.1 Operadora separa e prepara os blocos de impressos, passa cola para montagem dos formulários com auxílio de um pincel e deixa secar por alguns minutos. 3.2.2 Após secagem da cola, operadora destaca os formulários com auxílio de um estilete e faz o cruzamento dos blocos. 10

5.3 CÁLCULO DE AÇÕES TÉCNICAS OBSERVADAS (ATA) A tabela 10 trás o resumo do cálculo do ATA para membro superior direito (membro dominante). Tabela 10 Dados do posto de trabalho para cálculo do ATA Parte do corpo Ações / ciclo Duração ciclo Freqüência Duração tarefa repetitiva Total de ações observadas (ATA) Braço direito 108 3 minutos 36 ações / minuto 280 10080 Fonte: Autor Para o ciclo de 3 minutos foram observadas 108 ações técnicas, representando uma freqüência de 36 ações técnicas por minuto. Como a duração da tarefa repetitiva é de 280 minutos na jornada de trabalho, chegou-se a 10080 ações técnicas na tarefa. 5.4 CÁLCULO DAS AÇÕES TÉCNICAS RECOMENDADAS (RTA) Tabela 11 Dados do posto de trabalho para cálculo do RTA Freqüência Fm* Força Fm* Postura Fm* Complementares Fm* Recuperação Fm* Minutos Duração tarefa Total de Ações Recomendadas (RTA) 30 1 0,70 1 1 1,3 280 7644 Fonte: Autor / *Fm: Fator Multiplicador A tabela 11 trás os elementos de cálculo das ações técnicas recomendadas. Partindo da constante de 30 ações por minuto e aplicando os fatores de multiplicação para força, postura, fatores complementares, recuperação fisiológica e duração da tarefa, chegou-se ao resultado de 7644 ações técnicas recomendadas. 5.5 CÁLCULO DO ÍNDICE DE EXPOSIÇÃO (IE) O índice OCRA é calculado através da fórmula: IE = (ATA / RTA) IE = 10080 / 7644 IE = 1,32 5.6 RESULTADOS O índice OCRA para esta atividade ficou em 1,32, dentro da faixa verde da tabela 1, portanto, de acordo com os critérios deste método, este resultado se encontra no nível de risco aceitável e não requer ações para alteração do ambiente de trabalho. 11

6 CONCLUSÃO Podemos concluir a partir deste estudo que a aplicação do método OCRA para esta atividade permitiu quantificar os perigos ergonômicos e, dentro da literatura técnicacientífica, comparar os resultados com os limites de tolerância e verificar que estavam dentro da faixa aceitável de risco, portanto não requer investimentos para adequações. A partir do resultado podemos afirmar que nem todas as posturas de risco e aplicação de força realizada pelo trabalhador no ambiente de trabalho podem causar prejuízo à sua saúde. A escolha do método a ser aplicado deve preceder uma análise dos objetivos a serem alcançados, se a idéia é ter um mapeamento geral de um posto de trabalho tanto o método OWAS quanto o RULA são os mais indicados em função da possibilidade de obter uma visão geral de onde se encontram os riscos; Se o objetivo é uma avaliação específica dos membros superiores, principalmente com relação à repetitividade, o método indicado é o OCRA. Importante ressaltar que o resultado encontrado se deu através da análise das variáveis dentro das condições específicas no momento do estudo, portanto qualquer alteração das variáveis analisadas pode alterar seu resultado. Quanto ao estudo de caso, os resultados não podem ser generalizados, mas o método pode ser reaplicado. 7 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual de aplicação da norma regulamentadora nº 17. 2.ed. Brasília: MTE, SIT, 2002. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma regulamentadora nº 17 Ergonomia. Aprovada pela portaria 3.214 de 08 de junho de 1978. CHAFFIN, D.B., ANDERSON, G.B.J. e MARTIN, B. J. Biomecânica ocupacional. Tradução de Fernanda Saltiel Barbosa da Silva. Belo Horizonte: Ergo, 2001. COLOMBINI, D.; OCCHIPINTI, E.; FANTI, M. Il Metodo OCRA per l analisi e la prevenzione del rischio da movimenti ripetuti. Manuale per la valutazione e la Gestione del rischio. Milão: FrancoAngeli, 2005. COUTO, H. de Araújo. Como gerenciar as questões das l.e.r. / d.o.r.t. lesões por esforços repetitivos / distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Belo Horizonte:Ergo,1998. Ergonomics Research Society. The borderland of anatomy and ergonomics. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query. Acesso em 01/05/2007. International Ergonomics Association IEA. What is ergonomics. Disponível em: http://www.iea.cc/browse.php?contid=what_is_ergonomist. Acesso em 29/04/2007. KARHU, O.; KANSI, P.;KUORINKA, I.Correcting working postures in industry: a practical method for analysis, Applied Ergonomics, V.8, P.199-201, 1997. KEE, D.; KARWOWSKI, W. LUBA: an assessment technique for postural loading on the upper body based on joint motion discomfort and maximum holding time. Applied Ergonomics, v.32, p.357-366, 2001. 12

LUEDER, R. Ergonomics of seated movement: A review of the scientific literature: San Diego. Humanics ErgoSystems, Inc, 2004. MAENO, M. Cadernos de saúde do trabalhador: Lesões por esforços repetitivos LER. São Paulo: INST, 2001. McATAMNEY, L.; CORLETT, E. N. RULA a survey method for the investigation of work-related upper limb disorders. Applied Ergonomics, v.24(2), p.91-99, 1993. PASTORE, José. O custo dos acidentes do trabalho. Artigo publicado no Jornal da Tarde em 21/03/2001. Disponível em: http://www.josepastore.com.br/artigos/relacoestrabalhistas/134.htm. Acesso em 26/04/2007. PAVANI, R.A. A avaliação dos riscos ergonômicos como ferramenta gerencial em saúde ocupacional. XIII SIMPEP Bauru, SP, Brasil, 06 a 08 de novembro de 2006. 13