Coral IFG de Aparecida de Goiânia

Coral IFG de Aparecida de Goiânia Eliton Perpétuo Rosa Pereira elitonpereira@gmail.com Resumo: Com base em uma abrangente gama de possibilidades de participação e produção, o projeto de extensão Coral IFG Aparecida de Goiânia tem colocado à disposição da comunidade de Aparecida de Goiânia uma proposta de atividade musical em grupo, com o objetivo de integrar escola e comunidade em um trabalho de estudo e produção musical que envolve o contato com alguns instrumentos musicais populares e com o canto. O foco cultural abarca os regionalismos locais no sentido de tê-los como ponto de partida para uma ampliação de acesso a produções da música popular brasileira. Assim, o projeto procura valorizar uma produção musical que envolve a cultura local, mas que contextualiza essa produção na música brasileira. Como o foco do trabalho se dará com participantes sem experiência musical formal prévia, este trabalho tem sido uma oportunidade de contato com a arte e com obras musicais pertencentes à cultura brasileira, sendo que as produções musicais desenvolvidas no projeto se encontram à disposição da comunidade do IFG e da comunidade Aparecidense como um todo. O projeto tem sido um espaço para integração social, socialização dos participantes de modo a contribuir para formação artística e musical coletiva e, ainda, espaço para divulgação nos trabalhos desenvolvidos pelo IFG em Aparecida de Goiânia, bem como espaço para divulgação do IFG Campus Aparecida de Goiânia na comunidade externa por meio das apresentações artísticas realizadas pelo grupo. Palavras-chave: Canto Coral. Socialização. Integração. Música. Arte. INTRODUÇÃO O canto coletivo se constitui em uma das mais profícuas atividades de formação cultural e de educação em arte. Nesse âmbito procura desenvolver competências ligadas às dimensões Pessoais, Coletivas, Comunitárias e Sociais (MATHIAS, 1986, PEREIRA e VASCONCELOS, 2007). Na dimensão pessoal, a educação em arte, através de atividades vocais coletivas, propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética: ampliando a sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artístico-musicais, quanto na ação de apreciar e conhecêlas. Propicia o desenvolvimento do conhecimento ajustado de si mesmo e do sentimento de confiança em suas capacidades: afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de integração social. Na dimensão Coletiva e Comunitária, o participante perceber-se integrante, dependente e agente

transformador do ambiente; valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva, física, mental, e social em uma cultura de paz. No âmbito social e político, desenvolve competências ligadas a noções de cidadania, como conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional; conhecendo e valorizando a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outras culturas. No Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), em seus diversos campi, experienciamos a prática de Projetos de Canto Coral (Conjuntos Vocais) com grande sucesso na integração da comunidade externa e alunos às atividades desenvolvidas, inclusive com reconhecimento social, comunitário e científico (MENDONÇA, 2011; CARNEIRO, 2011). A ampliação e continuidade de projetos nesses moldes, em específico, no campus de Aparecida de Goiânia, vêm contemplar o desenvolvimento das competências acima supracitadas, bem como responder às expectativas e estímulos de nossa comunidade e alunos, dando continuidade á um processo de integração sociocultural, contextualizada às nossas necessidades comunitárias e com as realidades contemporâneas emergentes em Arte/Educação. CONHECIMENTOS ABORDADOS As áreas de conhecimento abordadas neste projeto envolvem a Arte, a Música e suas especificidades focadas no canto coletivo. De modo complementar o projeto ainda abarca a dimensão social, histórica, antropológica e a dimensão estética em seu campo de estudo da relação entre o homem, o seu campo sociocultural e o conhecimento artístico historicamente valorado e contextualizado (NANNI, 2000). Por envolver membros da comunidade externa e interna em atividade grupal, prática e ativa, o projeto tem sido ser lócus de ação social e de integração coletiva ao reunir diferentes grupos sociais, como comunidade externa, docentes, discentes, servidores e técnico-administrativos. Por aceitar participação de crianças, jovens e adultos o projeto amplia ainda mais sua rede ao alcançar possíveis futuros alunos da instituição, famílias das adjacências e

senhores e senhoras da comunidade aparecidense. Tais participantes, devidamente inscritos e matriculados via chamada pública estão envolvidos em atividades que forçosamente exigem um contato social entre si no sentido de ampliar o conhecimento de si mesmos e do outro social, ampliando assim os horizontes e perspectivas dos participantes em relação ao seu contexto social, tanto no sentido de compreender as realidades de vida dos participantes, quanto em relação a vislumbrar possibilidades de melhores condições socioculturais e qualidade de vida (ANDRADE, 2003; MATHIAS 1986; SOUZA, 1996). Deste modo, o desenvolvimento artístico e musical do grupo parte do seu contexto social e cultural com vistas a abarcar os regionalismos e ampliar os horizontes corporais, vocais, musicais e sociais. Assim, os conhecimentos vocais, musicais e artísticos constituem a amálgama deste projeto em ação, que por considerar a música como atividade social e cultural, acredita que os conhecimentos musicais não podem estar deslocados dos seus sentidos semânticos e políticos. Deste modo, o projeto considera relevante o desenvolvimento de competências relacionadas à atividade de Canto Coral, fundamentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a educação (BRASIL, 1997, 1998, 2000). Do mesmo modo, são imprescindíveis os conhecimentos em técnica vocal, impostação, e manejo das estruturas geradoras do som vocal (BEHLAU & REHDER, 1997; BLOCH, 1986; DINVILLE, 1993; FERREIRA, 1998). Ainda abarca a consciência sobre as características da musica vocal e suas possíveis formações (COELHO, 1994; COSTA & SILVA, 1998). Também ainda são trabalhados repertórios musicais de canções populares, eruditas e folclóricas, abrangendo o âmbito da cultura regional, nacional e mundial de modo a considerar o nível técnico e didático-pedagógico dos participantes, ampliando segundo o seu desenvolvimento progressivo (SWANWICK, 2003). Por fim, a integração da comunidade externa e alunos em atividades interdisciplinares onde participam de atividades cênicas e sonoras, abrangem figurinos e cenários que se relacionam com as artes musicais e performáticas (FONTANELLA, 1995; GARDNER, 1995; FINDLAY, 1971). PÚBLICO ALVO

O público alvo do projeto constitui-se basicamente da comunidade externa, envolvendo crianças, jovens e adultos classificados por ordem de inscrição no projeto: até 48 vagas de um total de 60. Ainda são destinadas vagas para a comunidade interna do campus envolvendo docentes, técnico-administrativos e discentes matriculados em quaisquer cursos, classificados por ordem de inscrição na cota inicial de 20% das vagas ofertadas: 12 vagas do total de 60. Caso haja vagas ociosas entre aquelas destinadas à comunidade externa, essas são conduzidas para a comunidade interna. Vale ressaltar que por objetivar alcançar a comunidade externa no quadro de 80% das vagas, são realizadas vizitas em cerca de cinco escolas públicas, municipais e/ou estaduais, da região central do município de Aparecida de Goiânia. Também são visitados centros comunitários e instituições religiosas a fim de divulgar as inscrições no projeto. Acredita-se que esta divulgação traz resultados no sentido de se obter presença da comunidade externa no projeto, garantindo assim a participação do público alvo. OBJETIVOS DO PROJETO O objetivo geral consiste em desenvolver atividade de Canto Coletivo misto, a fim de integrar comunidade externa e interna em uma produção artística onde participam crianças, jovens e adultos de atividades de produção, apreciação e contextualização musical, as quais propicia o desenvolvimento da reflexão e interpretação, além de competências musicais pessoais e coletivas. Objetiva-se desenvolver competências com vistas a propiciar a aquisição de conteúdos básicos do Canto Coral, entre os objetivos específicos podemos listar: 1) Desenvolvimento da acuidade rítmica, pulsação, fluência sonora, silêncio, e dos parâmetros do som: altura, intensidade, volume e timbre; 2) Vivencia musical: trabalhando, relacionando, combinando e discutindo sobre construções sonoras, e as possibilidades de buscar sons no corpo, nos objetos, nos ambientes, nos instrumentos musicais, na voz, nos equipamentos eletrônicos, e no mundo a nossa volta;

3) Aproximação da escrita e da leitura musical em partituras, reconhecendo pentagrama, claves de sol e de fá, notas, ritmos essenciais, tons maiores e menores, acidentes = sustenido e bemol, compassos simples e formações instrumentais e vocais; 4) Noção de melodia, frase, formas simples, acompanhamentos harmônicos, polifônicos, solos, duetos, trios, quartetos e diversas formações criando, produzindo, compondo, ensaiando, apresentando, ouvindo e assistindo aos colegas; 5) Domínio das técnicas relacionadas ao canto: Postura; Respiração; Relaxamento; Aquecimento; Impostação vocal no canto erudito, popular e em seus diversos estilos; Vocalizes; Classificação vocal; Problemas relacionados às vozes infantis, adultas, masculinas e femininas; Saúde e conservação vocal: cuidados com a voz; O canto e a voz ao longo da história da música; O canto na música brasileira e a musica vocal e coral popular, erudita e folclórica das nossas diversidades regionais; 6) Conhecimento das integrações interdisciplinares e do significado do canto nas suas relações com outras linguagens artísticas, em diversas culturas no tempo e no espaço; 7) Ensaios e apresentações de repertório tecnicamente apropriado ao grupo formado, com temática diversificada, abrangendo e enfocando a cultura de paz e a busca pela harmonia nas relações interpessoais, sociais e políticas, no respeito pelo próximo e por outras culturas. METODOLOGIA As Aulas (ensaios) são coletivas, expositivas e participativas, com uso de instrumentos como teclado e instrumentos de percussão. Estes ensaios envolvem repertório musical com participação corporal, cênica, vocal e com memorização de melodias, canções em diversos idiomas e expressões vocais e musicais de base homofônica e/ou polifônica. Nesse sentido, é feito um acompanhamento do desenvolvimento do grupo e de cada integrante no domínio das técnicas e conhecimentos e avaliando o envolvimento com o conteúdo e com as expectativas do conjunto. São utilizados recursos audiovisuais como caixas amplificadas, notebook, CD s, DVD s e Projetor multimídia. Do mesmo modo, busca-se uma

aproximação com as realidades da profissão e dos profissionais artistas, músicos, instrumentistas, cantores. Aproximação aos diversos instrumentos de trabalho dos músicos: partituras, instrumentos musicais, ambientes de apresentações, sonorizações e acústica. Ainda objetiva-se a participação de palestras e recitais de Canto, Corais, Orquestras, Eventos Culturais e Apresentações Artísticas. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto, em seu primeiro ano de existência, tem alcançado suas metas, que objetiva, fundamentalmente, o desenvolvimento de competências relacionadas à atividade de Canto Coral. Do mesmo modo, tem trabalhado conhecimentos em técnica vocal, impostação, e manejo das estruturas geradoras do som vocal, abrangendo ampliação da consciência dos aspectos fisiológicos da produção vocal: laringe, respiração, postura, relaxamento, aquecimento, exercícios, registros vocais, classificação e muda vocal. Os conhecimentos musicais têm sido trabalhados como parte das ações desenvolvidas, como: características de musica vocal, solo, grupos, formações, natureza física do som e sua produção. Assim, temos conseguido desenvolver o conhecimento cultural acerca de repertório de canções populares, eruditas e folclóricas, abrangendo o âmbito de nossa cultura regional, nacional e mundial. Nesse sentido, estamos trabalhando repertórios relativos ao nível técnico e didático-pedagógico dos participantes, ampliando segundo o seu desenvolvimento progressivo. Finalmente, consideramos relevante a integração da comunidade externa e alunos em atividades interdisciplinares, participando de atividades Cênicas e Sonoras, alçando assim, a integração social dos participantes advindos de diferentes contextos socioais e culturais. Referências: ANDRADE, Margaret Amaral. Avaliação do Canto Coral: critérios e funções. In: HENTSCHKE & SOUZA (Orgs.). Avaliação em música: reflexões e práticas. São Paulo: Moderna, 2003. p. 76-90. BEHLAU, Mara & REHDER, Maria Inês. Higiene Vocal para o Canto Coral. ED. Revinter Ltda. RJ, 1997.

BLOCH, Pedro. Melhor sua voz. Rio de Janeiro, Ediouro, 1986. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Proposta entre Instituições Formadoras e Sistemas de Ensino. Mimeo. Brasília, 2000.. Ministério da Educação e Cultura. Departamento de Ensino Fundamental. O Canto na escola de 1º grau, 1978.. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte / Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1997. CARNEIRO, Vinícius Inácio. A prática do canto coral juvenil como recurso integrador para o ensino técnico em música. Dissertação de Mestrado EMAC- UFG. Goiânia, 2011. COELHO, Helena Wohl. Técnica vocal para Coros. Ed. Sinodal. São Leopoldo, RS, 1994. COSTA, Henrique Olival; SILVA, Marta A de Andrade e. VOZ Cantada Evolução, Avaliação e Terapia Fonoaudiológica. Ed. Lovise. SP, 1998. DINVILLE, Claire. A técnica da voz Cantada. Biblioteca fonoaudiológica. EneLivros. RJ, 1993. FERREIRA, Leslie Piccolotto (org.). Trabalhando a Voz Vários enfoques em Fonoaudiologia. Summus. São Paulo, 1998. FONTANELLA, Francisco Cock. O Corpo no limiar da subjetividade. Piracicaba: Editora Unimep. 1995. FINDLAY, Elsa. Rhythm and Movement. Applications of Dalcroze Eurhythmies, New Jersey, USA, Birch Thre Groups Ltda, 1971. GARDNER, Howard Inteligências múltiplas: a teoria na prática; trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995; MATHIAS, Nelson. Coral um canto apaixonante. Brasília: Musimed, 1986. MENDONÇA, Rita de C. ADOLESCENTE e CANTO: Definição de repertório e técnica vocal adequados à fase de mudança vocal. Dissertação de Mestrado EMAC-UFG. Goiânia, 2011. NANNI, Franco. Mass Media e Socialização musical. In: Revista Em Pauta - v. 11; n.16-17. p. 108-143. Porto Alegre. 2000. PEREIRA, Éliton; VASCONCELOS, Miriã. O processo de socialização no canto coral: um estudo sobre as dimensões pessoal, interpessoal e comunitária. Música Hodie, 2007, v. 7, n. 1, p. 99-120.

SOUZA, Jusamara. Contribuições teóricas e metodológicas da sociologia para a pesquisa em educação musical mesa redonda. In: Anais do V encontro anual da ABEM. Londrina, p. 11-39, 1996. SWANWICK, Keith. Ensinando musica musicalmente. Trad. De Alda de Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo. Moderna, 2003.