Rompimento da Barragem de Rejeitos de Mineração de Fundão Desastre socioeconômico e ambiental construído Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2017

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Transcrição:

Rompimento da Barragem de Rejeitos de Mineração de Fundão Desastre socioeconômico e ambiental construído Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2017 Marcelo Belisário Campos Superintendente do Ibama em Minas Gerais

Barragem de Rejeitos de Mineração de Fundão Fonte: SISCOM/IBAMA (siscom.ibama.gov.br)

Barragem de Rejeitos de Mineração de Fundão Solução de engenharia: Barragem de Rejeitos com alteamentos a montante. Premissas de Projeto (Respeitar e revisitar periodicamente) Premissas desrespeitadas: Taxa de carregamento da barragem - Aumento de 33% da produção - Adicional de lançamento de lama pela Vale Problemas crônicos e críticos nas Drenagens - Perda de material interno da barragem (Piping) Vazamentos c/ água suja Modificação da geometria de projeto da barragem. Ampliação acelerada da barragem de rejeitos (alteamentos). Exposição a uma sequência de riscos que representaram a abdicação da sustentabilidade (econômica, social e ambiental) da própria empresa. Resultado: Rompimento da barragem de rejeitos (Maior desastre do genero no Mundo)

Barragem de Rejeitos de Mineração de Fundão

Barragem de Rejeitos de Mineração de Fundão

Abrangência Espacial: Fundão Foz do Rio Doce/Mar 24 Autos de Infração 73 Notificações Administrativas

Fases: Emergencial Recuperação definitiva TRANSIÇÃO Foco da fase EMERGENCIAL: Fundão UHE Risoleta Neves (Candonga) = 115Km X X X - Fundão pré-acidente: 56,4 Mm³ de rejeitos de mineração - Total de rejeitos liberados de Fundão com o evento: 43,6 Mm³ - Remanescente na área da Samarco (Fundão + montante dique S3): 12,8 + 4,5 = 17,3Mm³ - Liberados para o meio ambiente (externamente à área da Samarco): 56,4 17,3 = 39,1Mm³

Principais impactos decorrentes do evento: a) impacto de habitats e da ictiofauna ao longo dos rios Gualaxo, Carmo e Doce, perfazendo 680 km de rios; b) alteração na qualidade da água dos rios impactados com lama de rejeitos de minério; c) suspensão no abastecimento público decorrente do EVENTO nas cidades e localidades impactadas; d) suspensão das captações de água decorrente do EVENTO para atividades econômicas, propriedades rurais e pequenas comunidades ao longo dos Rios Gualaxo do Norte, Rio do Carmo e Rio Doce; e) assoreamento no leito dos Rios Gualaxo do Norte, Carmo e do Rio Doce até o reservatório da barragem de UHE Risoleta Neves; f) impacto nas lagoas e nascentes adjacentes ao leito dos rios; g) impacto na vegetação ripária e aquática; h) impacto na conexão com tributários e lagoas marginais; i) alteração do fluxo hídrico decorrente do EVENTO; j) impacto sobre estuários e manguezais na foz do Rio Doce; k) impacto em áreas de reprodução de peixes;

Principais impactos decorrentes do evento: I) impacto em áreas "berçários" de reposição da ictiofauna (áreas de alimentação de larvas e juvenis); m) impactos na cadeia trófica; n) impactos sobre o fluxo gênico de espécies entre corpos d'água decorrente do EVENTO; o) impactos em espécies com especificidade de habitat (corredeiras, locas, poços, remansos, etc) no Rio Gualaxo do Norte e do Rio do Carmo; p) mortandade de espécimes na cadeia trófica decorrente do EVENTO; q) impacto no estado de conservação de espécies já listadas como ameaçadas e ingresso de novas espécies no rol de ameaçadas; r) comprometimento da estrutura e função dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados decorrente do EVENTO; s) comprometimento do estoque pesqueiro, com impacto sobre a pesca decorrente do EVENTO; t) impacto no modo de vida de populações ribeirinhas, populações estuarinas, povos indígenas e outras populações tradicionais; e u) impactos sobre Unidades de Conservação.

Construção do processo de gestão e governança do evento: - NOVEMBRO/15 Presença integral da equipe de atendimento a emergências do IBAMA no local do evento; - JANEIRO/16 Iniciam-se as tratativas para construção de um termo de ajustamento de conduta; - MARÇO/16 Assinatura do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) em 02/03/16, tendo como signatários: UNIÃO (IBAMA, ICMBio, ANA, DNPM, e FUNAI) ESTADO DE MINAS GERAIS (IEF, IGAM, e FEAM) ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (IEMA, IDAF, e AGERH) Empresas SAMARCO, VALE e BHP BILLITON BRASIL Principais ações desempenhadas pelo Ibama (internas e externas ao TTAC): Acompanhamento sistemático de reuniões semanais até a assinatura do TTAC; Vistoria sistemática de todas as ações emergenciais; Presidência do CIF; Coordenação das seguintes Câmaras Técnicas: CT de Gestão de Rejeitos e Segurança Ambiental (CTRejeitos) e CT de Restauração Florestal e Produção de Água (CT-Flor); Participação nas demais Câmaras Técnicas. Criação dos Núcleos de Atenção Permanente SUPES/MG e Ibama/SEDE.

Não substituem as competências específicas de cada organização governamental

Câmaras Técnicas do CIF 41 programas Total de 104 deliberações do CIF

OBRIGADO Consultas de documentos do CIF: www.ibama.gov.br/informes/rompimento-da-barragem-de-fundao; Marcelo Belisário Campos Superintendente IBAMA/MG Coordenador Câmara técnica de gestão de rejeitos e segurança ambiental (CT-Rejeitos) Contato: marcelo.campos@ibama.gov.br