FRUTIFICAÇÃO DO MARMELEIRO 'PROVENCE' 0)

Documentos relacionados
'DOURADO-1' E 'DOURADO-2': NOVOS CULTIVARES DE PÊSSEGO AMARELO PARA MESA O

QUATRO NOVOS CULTIVARES IAC DE PÊSSEGOS AMARELOS PARA MESA ( 1 )

( ) Recebida para publicação em 3 de maio de 1968.

'ROSA MINEIRA' NOVO CULTIVAR IAC DE AMEIXA POUCO EXIGENTE DE FRIO ( 1 )

FRUTIFICAÇÃO ALTERNADA EM CAQUI CULTIVAR POMELO (IAC 6-22) (*)

COMPORTAMENTO DO PÊSSEGO 'FLORDAPRINCE': NOVA SELEÇÃO BEM PRECOCE INTRODUZIDA DA FLÓRIDA ( 1 )

CANA-DE-AÇÚCAR: COMPORTAMENTO DE VARIEDADES EM PIRACICABA, SP 0

ÉPOCA E CICLO DE MATURAÇÃO DE PÊSSEGOS E NECTARINAS NO ESTADO DE SÃO PAULO( 1 )

PODA EM UVAIEIRA (Eugenia uvalha CAMB.)

ENXERTIA PRECOCE DA NOGUEiRA-MACADÂMIA(i)

PODA VERDE COMO ALTERNATIVA PARA AUMENTO DA FRUTIFICAÇÃO EM PEREIRA

ENXERTIA DE PLANTAS FRUTÍFERAS

Avaliação Preliminar de Híbridos Triplos de Milho Visando Consumo Verde.

QUATRO NOVAS CULTIVARES IAC DE PESSEGOS BRANCOS DE CAROÇOSOLTO 1

CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVARES DE PÊSSEGUEIRO E NECTARINEIRA APTAS ÀS REGIÕES SUBTROPICAIS E TROPICAIS DE SÃO PAULO. Introdução

PRODUÇÃO DE SEMENTES DE MANDIOCA EM PLANTAS COM UM E DOIS CICLOS VEGETATIVOS (1>

DENSIDADE BÁSICA DO COLMO E SUA CORRELAÇÃO COM OS VALORES DE BRIX E POL EM CANA-DE-AÇÚCAR ( 1 )

Produção de Uvas e Vinhos

PODA E CONDUÇÃO DA FIGUEIRA

COMPORTAMENTO DE NOVAS VARIEDADES DE PIMENTÃO NA REGIÃO DE CAMPINAS ( 1, 2 ) SINOPSE

COMPORTAMENTO DE CLONES DE CAFÉ CONILON DIANTE DE DOENÇAS NO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO E GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE. Jatropha curcas L.

CULTIVARES DE CAFÉ SELECIONADAS PELO INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS 1

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA-DOCE COM BASE NA PRODUTIVIDADE E TEOR DE AMIDO COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CULTIVARES DE FEIJÃO COM SEMENTES DISPONÍVEIS NO MERCADO

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE ABACATEIRO (Persea sp.), POR ESTAQUIA(1)

Planejamento e Instalação de Pomares

Palavras-chave: Cor da polpa. Textura. Aroma. Sabor. Psidium guajava L.

Híbrido simples de Milho BRS 1010

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E ZOOTECNIA FRUTICULTURA. Prof. Daniel M. Tapia T. Eng.

OBSERVAÇÕES SOBRE A ADUBAÇÃO FOLIAR EM FEI- JOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) II ( 1 ). EDUARDO ANTÔNIO

Potencial de produção de frutas de clima temperado no Nordeste brasileiro

Panorama da fruticultura temperada brasileira

EFEITO DO TAMANHO DO VASO E DA ÉPOCA DE CORTE DE PLANTAS DE TRIGO NO ESTUDO DA AÇÃO DOS NUTRIENTES N, P e K ( 1 )

Perspectivas de cultivo da ameixeira*

Melhoramento de mandioca

VARIEDADES PARA A PRODUÇÃO DE UVAS SEM SEMENTES NO NORDESTE BRASILEIRO. Patrícia Coelho de Souza Leão¹; Emanuel Élder Gomes da Silva²

Desenvolvimento e Produção de Sementes de Feijão Adzuki em Função da Adubação Química

JOSÉ EMILIO BETTIOL NETO DESEMPENHO PRODUTIVO E CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE CULTIVARES DE MARMELEIRO E PEREIRA EM JUNDIAÍ - SP

QUALIDADE DA BEBIDA DE GENÓTIPOS DE CAFÉ COM RESISTÊNCIA À FERRUGEM-DO-CAFEEIRO CUP QUALITY OF LEAF RUST RESISTANT COFFEE GENOTYPES

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MANDIOCA NO ESTADO DE SÃO PAULO ( 1 )

II. GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS

RECOMENDAÇÕES DE CULTIVARES DE PESSEGUEIRO, VIDEIRA E FIGUEIRA PARA O SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS

PRAZER DE COMER E BEBER BEM: A ESSÊNCIA DA MARCA RAR.

Palavras-chave: Fitotecnia, fruticultura, qualidade de frutos.

Nei Peixoto 1,4 ; Francisco da Mota Moreira 1,4 ; Josimar Alberto Pereira 2,4 ; Waldivino Gomes Firmino 3,4 RESUMO

Pesquisa, conhecimento e tecnologias da Embrapa em frutas nativas brasileiras

Aula 1 -Importância e Objetivos do Melhoramento Genético

Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas

A agricultura: Atividade económica do setor primário; A palavra agricultura significa a cultura do campo;

02 IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DAS SEMENTES

VIVEIRO COMERCIAL DO BRASIL

O material proveniente de cada colheita foi analisado no laboratório da Seção de Tecnologia de Fibras, Instituto Agronômico, determinando-se o

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

Acacia dealbata Link. 20 Exemplares no Parque

Implantação e Manutenção de Gramados

DominiSolo. Empresa. A importância dos aminoácidos na agricultura. Matérias-primas DominiSolo para os fabricantes de fertilizantes

MANEJO DE IRRIGAÇÃO REGINA CÉLIA DE MATOS PIRES FLÁVIO B. ARRUDA. Instituto Agronômico (IAC) Bebedouro 2003

MELHORAMENTO DE FRUTEIRAS DE CLIMA TEMPERADO

MELHORAMENTO GENÉTICO DO TRITICALE. Palestrante: Allan Henrique da Silva. Introdução

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MANGA VISANDO O MERCADO DE CONSUMO IN NATURA LAERTE SCANAVACA JUNIOR 1 ; NELSON FONSECA 2

Rendimento das cultivares de cenoura Alvorada e Nantes Forto cultivadas sob diferentes espaçamentos

CLONAGEM NO GRUPO GERDAU HISTÓRICO DA PROPAGAÇÃO VEGETATIVA NA FAZENDA DO GAMA

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ALHO DE CURTO E MÉDIO CICLOS, NA REGIÃO DE CAMPINAS ( 1,2 )

CARACTERÍSTICAS DAS CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO INDICADAS PARA SEMEIO NA SAFRA 2009/10 EM RORAIMA

Caracterização do Crescimento de Frutos de Clones Elites de Cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum (Willd ex Spreng) Schumm

Melhoramento Genético do Arroz

FINEZA E COMPRIMENTO DE FIBRA DE DEZ VARIEDADES DE RAMI ( 1 )

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MANEJO DE POMARES DE MACIEIRA E PEREIRA

Uso da cama de Peru na substituição parcial ou total da adubação química na cultura da soja¹

Fenologia e Produção de Seleções e Cultivares de Amoreira-Preta em Pelotas-RS

Planejamento e instalação de pomares

COMPORTAMENTO DE PROGENIES DE CAFEEIROS COM RESISTENCIA À FERRUGEM, SELECIONADAS DE ENSAIOS EM VÁRIOS CAMPOS EXPERIMENTAIS DO PROCAFÉ

Cultivares comerciais de milho não transgenico de instituições publicas

COMPORTAMENTO DE LINHAGENS DE MAMONA (Ricinus communis L.), EM BAIXA ALTITUDE NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 1

Identificação de alelos que conferem o fenótipo de milho-doce no banco ativo de germoplasma de milho 1

Influência da Adubação Nitrogenada e do Ambiente na Produção de Grãos de Variedades de Milho

CARACTERIZAÇÃO DOS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO DE BANANA RESISTENTE À SIGATOKA NEGRA VARIEDADE CAIPIRA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Resultados de Pesquisa dos Ensaios de Melhoramento de Soja Safra 2008/09

PRINCIPAIS VARIEDADES DE UVAS DE MESA E PORTA-ENXERTOS

Resumo Expandido. Título da Pesquisa: PRODUÇÃO DE MORANGOS EM REGIÕES NÃO TRADICIONAIS.

Avaliação de Híbridos Simples, Triplo e Duplos e Suas Respectivas Gerações Endogâmicas.

COMPORTAMANTO DA SAFRA 2015/2016 UMA ANÁLISE DO INÍCIO DO CICLO

LANÇAMENTO DKB 290 MULTI PLANTIO O NOVO HÍBRIDO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES CATÁLOGO DE HÍBRIDOS SAFRINHA REGIÃO NORTE 2014/2015. dekalb.com.

LANÇAMENTO DKB 290 MULTI PLANTIO O NOVO HÍBRIDO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES CATÁLOGO DE HÍBRIDOS SAFRINHA REGIÃO SUL 2014/2015. dekalb.com.

GASTOS COM INSETICIDAS, FUNGICIDAS E HERBICIDAS NA CULTURA DO MILHO SAFRINHA, BRASIL,

VARIEDADES DE SOJA INDIFERENTES AO POTOPERIO- DISMO E TOLERANTES A BAIXAS TEMPERATURAS ( 1 ) -agrônomos, Seção ãe Leguminosas, Instituto Agronômico

TÍTULO: ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DE COFFEA ARÁBICA L. SOB CONDIÇÕES DE CULTIVO COM MULCHING PLÁSTICO EM CAMPO GRANDE-MS

XII. METODOLOGIA E TÉCNICAS EXPERIMENTAIS DENSIDADE GLOBAL DE SOLOS MEDIDA COM ANEL VOLUMÉTRICO E POR CACHIMBAGEM DE TERRA FINA SECA AO AR ( 1 )

GERMINAÇÃO DAS SEMENTES DE MARMELO: MEIOS E PERÍODOS DE ESTRATIFICAÇÃO E PROCESSOS DE PREPARO ( 1 )

AVALIAÇÃO PRODUTIVA DE LINHAGENS DE FEIJÃO-VAGEM EM CULTURA TUTORADA EM IPAMERI. Bolsista PBIC/UEG, graduanda do curso de Agronomia, UnU Ipameri-UEG.

Palavras chave: bagaço seco, fração fibrosa, teste sensorial

BRS 1035 Híbrido Simples de Milho

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO E COOPERATIVISMO SERVIÇO NACIONAL DE PROTEÇÃO DE CULTIVARES >ATO Nº. 3, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2005.

Capítulo IV Variedades

PRODUÇÃO E ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE CULTIVARES DE MARMELEIRO NA REGIÃO LESTE PAULISTA 1

Semina: Ciências Agrárias ISSN: X Universidade Estadual de Londrina Brasil

Transcrição:

FRUTIFICAÇÃO DO MARMELEIRO 'PROVENCE' 0) FERNANDO ANTÓNIO CAMPO DALL'ORTO ( 2 ' 5 ), MÁRIO OJIMA ( 2 ), WILSON BARBOSA ( 2 > 5 ), ORLANDO RIGITANO ( 3 ), JOSÉ CARLOS SABINO ( 4 ' s ) e ARY DE ARRUDA VEIGA ( 4 ) RESUMO O emprego do marmeleiro como porta-enxerto de pereiras paia a formação de plantas anãs constitui prática cultural antiga na Europa, notadamente na França, de cujos trabalhos de seleção, com essa finalidade, resultaram os marmeleiros tipo 'Provence', atualmente disseminados em todo o mundo, nos pomares comerciais de pereiras enxertadas sobre marmeleiro. Propagado vegetativamente, o 'Provence' não é normalmente reconhecido como um tipo de marmeleiro de valor comercial para o aproveitamento de seus frutos. Entretanto, de modo surpreendente, constatou-se em um experimento realizado com essa variedade, na Estação Experimental de Tietê, do Instituto Agronómico, em plantas com quatro anos de condução, e na safra de 1984, uma produção média de 4.750kg/ha de marmelos de bela aparência e ótima qualidade, enquanto 'Portugal', a mais importante variedade cultivada em São Paulo, produziu apenas 2.021kg/ha. Ao lado das boas características produtivas das plantas, os frutos apresentaram-se como de possível aptidão comercial e, industrializados experimentalmente, propiciaram a manufatura de excelente marmelada. Termos de indexação: 'Provence', marmeleiro, frutificação, doce em pasta. (*) Os autores agradecem aos Irmãos Caji, da Fruticultura Cristal, Atibaia (SP), a cessão do material de propagação, e ao Sr. A. S. Viotto, da Indústria Fafá, Tietê, a confecção experimental da marmelada. Recebido para publicação em I o de junho de 1984. ( 2 ) Seção de Fruticultura de Clima Temperado, Instituto Agronómico (IAC), Caixa Postal 28, 13100 - Campinas (SP). ( ) Divisão de Horticultura, IAC. ( ) Estação Experimental de Tietê, IAC. ( ) Com bolsa de suplementação do CNPq.

1. INTRODUÇÃO O marmeleiro {Cydonia oblonga Mill.) vem sendo cultivado em diversas regiões do País, desde o início do período colonial, dando produções exuberantes de frutos que eram comercializados em profusão, até os primeiros decénios deste século. Com a introdução da doença fúngica entomosporiose, causada por Entomosporium maculatum Lev., os marmeleiros existentes na época em grande número, principalmente na região de Delfim Moreira (MG), e nas proximidades da Capital paulista, foram praticamente dizimados (CAMARGO & GONÇALVES, 1943). A situação das culturas remanescentes foi posteriormente ainda mais agravada, pelo abandono dos tratamentos, em vista, principalmente, dos baixos preços alcançados pelo marmelo junto às indústrias de transformação. Ultimamente, a diminuição da oferta dessa matéria-prima e sua consequente valorização vem sendo percebida pelas próprias fábricas de conserva, que a têm inclusive importado, sob a forma de polpa, da Argentina ou do Uruguai, ou a têm substituído em parte pela de maçã, mais abundante. Esses fatores fizeram com que surgisse novamente estímulo gradual para a produção comercial de marmelo. Pode-se afirmar que a cultura do marmeleiro se encontra hoje em fase de transição, ou seja, existe uma forte tendência para ela sair do ponto de estagnação em que se encontra, para dar lugar à implantação de novos marmeleirais mais produtivos. A fim de atender a essa finalidade, torna-se necessária, porém, maior racionalização da cultura, através da adoção de técnicas de cultivo mais adequadas, bem como de novos cultivares que ofereçam aos produtores alternativas melhores que a variedade Portugal, a mais cultivada atualmente. Desse modo, é de relevante interesse o desenvolvimento de trabalhos de melhoramento genético do marmeleiro, visando, inicialmente, à reunião e ao estudo de novos tipos de germoplasma, e, em seguida, à obtenção e seleção de novas variedades, com características superiores de produção comercial, sobretudo alta produtividade, adaptabilidade, precocidade, rusticidade e resistência à entomosporiose, além de boa qualidade dos frutos às diferentes finalidades: indústria e mesa. Para esses trabalhos, a Seção de Fruticultura de Clima Temperado tem procurado introduzir e estudar o comportamento de alguns tipos de marmeleiros disponíveis nas principais Tegiões produtoras mundiais, a exemplo dos seguintes cultivares: Portugal, Cheldow, Champion, Açúcar (Sugar), Manning, Orange (Apple), INTA 37, INTA 117, INTA 147, EM-A (Tipo-A ou Anger) e, mais recentemente, Provence, objeto deste estudo (CAMPO DALL'ORTO, 1982; LAINE &QUAMME, 1975;MARTINEZ-ZAPORTA, 1964; RIGITANO, 1957).

2.1. Origem do material 2. MATERIAL E MÉTODOS O clone do marmeleiro 'Provence', utilizado neste estudo, foi cedido à Seção de Fruticultura de Clima Temperado, em 1979, pelos irmãos Caji, fruticultores e viveiristas estabelecidos em Atibaia (SP). Nessa localidade, o material fora introduzido diretamente da França, pelo saudoso fruticultor Rolf Herz, com a finalidade de servir como porta-enxerto para a produção comercial de mudas de pereiras das novas seleções lançadas pelo IAC (RIGI- TANO & OJIMA, 1972; RIGITANO et alii, 1975). 2.2. Observações fito técnicas As estacas, já enraizadas, recebidas no inverno de 1978, foram plantadas em recipientes de plástico contendo terra esterilizada, e deixadas a se desenvolver em condições de ripado, sob inspeções frequentes. Em março de 1980, verificada a sanidade do material, 16 mudas foram plantadas na Estação Experimental de Tietê, em linhas duplas, no espaçamento de 3,0 x 1,0 x l,0m, formando quincõncio, como parte integrante do ensaio de densidade de plantio do cultivar Portugal, e intercaladas como um dos blocos experimentais. Somente após a condução inicial com três ramos primários, a partir de 1980, seis ramos secundários, em 1981, e doze ramos terciários, em 1982, é que se consideraram as plantas com o esqueleto básico já formado. Durante o período de formação, o lote recebeu todos os tratamentos culturais e fitossanitários necessários. Em agosto de 1983, efetuou-se o tratamento de quebra de dormência e desfolhamento, o que induziu, a partir do início da segunda quinzena de outubro, abundante e coincidente florescimento nos dois cultivares Provence e Portugal. Durante o florescimento, pôde-se verificar uma intensa movimentação de abelhas, por todo o ensaio, do que resultou um bom pegamento de frutos, cuja colheita foi efetuada em abril de 1984. Após contados e pesados, os frutos foram enviados, separadamente, a uma indústria na cidade de Tietê, especializada na confecção de doces de frutas, para o preparo experimental de amostras de marmelada dos dois cultivares destinados a posteriores testes de comparação. 3.1. Produtividade 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O experimento mostrou que 'Provence' é muito mais produtivo que 'Portugal'. Plantas de quatro anos de idade, no espaçamento de 3,0 x 1,0 x

1,0m, em sua frutificação inicial apresentaram produções médias de frutos equivalentes a 4.750kg/ha e 2.021kg/ha, para os marmeleiros 'Provence' e 'Portugal' respectivamente. A produção média do 'Portugal', no bloco de plantas contíguas às do 'Provence', foi 2.808kg/ha, ao passo que ela foi cerca de sete vezes menor nas plantas localizadas mais distante, as quais produziram em média apenas 392kg/ha, indicando haver a ocorrência de efetiva interpolinização entre as duas variedades. Tais resultados permitem considerar o marmeleiro 'Provence' material opcional de grande valor agronómico para acompanhar o 'Portugal' nas novas plantações de marmelo, inclusive como eficiente polinizante. 3.2. Descrição do material O fruto é de tamanho médio a grande (150g), globoso, achatado, um tanto irregular, apresentando três suturas bastante evidentes e outras duas menos nítidas, as quais divisam externamente as lojas internas. Cavidade peduncular geralmente rasa, com pouca suberificação. Extremidade calicinal protuberante, com cavidade meio profunda, irregular, bem fechada, sem atingir o interior do fruto (Figura 1). Película de pubescência escassa, coloração amarelo-esverdeado-musgo, parcialmente recoberta com pontuações ferrugíneas. Polpa creme-claro, macia, de granulação fina, lembrando a de maçã. Sabor levemente adstringente junto à película, nos frutos "de vez", porém, doce-acidulado, equilibrado, agradável, e com aroma suave nos maduros. Sementes abundantes 45 a 50 em cinco lojas amplas de paredes coriáceas, levemente esverdeadas e cobertas por espessa camada de mucilagem.

Planta vigorosa, de porte medianamente compacto, apresentando, no tronco e nos ramos básicos, intensa nodosidade; ramos frutíferos longos e bem enfolhados, acinzentado-escuros, bastante produtivos, com numerosas brindilas em toda a sua extensão e principalmente na porção terminal, formando "spurs". Folhas persistentes, verde-escuras, meio arredondadas, de consistência rija, textura meio grosseira e com baixa suscetibilidade à entomosporiose. Flores abundantes, grandes, róseo-claras, com anteras apresentando polínio amarelo vivo, bastante atraentes. Em testes laboratoriais, constataram-se, em média, 17,1 anteras por flor, e 5.600 grãos de pólen por antera, ou cerca de 95.000 grãos de pólen por flor, com capacidade germinativa de 50 a 70%. 3.3. Teste de utilização para conserva O teste de utilização do marmelo 'Provence' para fins industriais mostrou que esse cultivar, bastante rico em pectina e acidez equilibrada, presta-se perfeitamente ao fabrico de excelente marmelada. O produto apresenta coloração avermelhada mais vistosa e de consistência menor que o elaborado com o marmelo 'Portugal', caracterizando-se pela sua textura de granulação mais fina e delicada. Em testes de degustação efetuados com vinte provadores, verificou- -se que a preferência foi equilibrada, pendendo ora a um cultivar, ora a outro, porém todos foram concordes em reconhecer que 'Provence' propicia a elaboração de marmelada com características próprias, de superior qualidade e de padrão comparável ao da tradicional marmelada de marmelo 'Portugal' (Figura 1). 3.4. Perspectivas agronómicas A boa adaptabilidade das plantas do marmeleiro 'Provence', nas condições da Estação Experimental de Tietê (SP), sua alta produtividade, maior do que a do próprio 'Portugal', sua baixa suscetibilidade à entomosporiose, e a superior qualidade de seus frutos com teor adequado de pectina, possibilitando a elaboração industrial de excelente marmelada, constituem características relevantes para indicá-lo como nova opção, juntamente com 'Portugal', no restabelecimento da cultura do marmeleiro em São Paulo. Dessa maneira, justifica-se que o marmeleiro 'Provence', afora a sua mais conhecida destinação, como porta-enxerto de pereira, seja também plantado para a produção de frutos destinados à industrialização, criando-se, assim, alternativa valiosa ao plantio de 'Portugal', nas regiões brasileiras de aptidão climática favorável à espécie. Justifica-se também, ainda que. preliminarmente, o seu cultivo comercial intercalado ao 'Portugal', para melhorar a

ocorrência de interpolinização, com reflexos certamente favoráveis ao aumento da produtividade dos pomares de marmelo. SUMMARY FRUTIFICATION OF THE QUINCE TREE CV. PROVENCE This paper relates the behavior of 'Provence' quince trees at Tietê Experimental Station of the Instituto Agronómico, State of São Paulo, Biazil. This quince variety has been improved mainly to be used in Euiopean countries, particularly in France, as pear rootstock for the growing of dwarf pear trees. It is not commercially grown for its fruits utilization. However, it was recently observed that four-year-old 'Provence' quince trees, in the first crop, yielded an average of 4,750kg/haof high quality fruits. In the same plot, similar 'Portugal' quince trees, the main commercial variety grown in the State of São Paulo, yielded only 2,021kg/ha. Besides the good characteristics of vigor and fruitfulness of the 'Provence' quince trees, its fruits showed to be an excellent raw material for industrialization as jam of superior quality. Index terms: 'Provence', quince tree, frutification, jam. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMARGO, F.C. & GONÇALVES, R.D. A cultura do marmeleiro - o combate à entomosporiose. 2.ed. São Paulo, Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado de São Paulo, 1943. 18p. (Circular, 13) CAMPO DALL'ORTO, F.A. Marmeleiro propagação seminífera, cito genética e radiossensitividade bases ao melhoramento genético e a obtenção de porta-enxertos. Piracicaba, ESALQ/USP, 1982. 161p. Dissertação. (Mestrado) LAINE, R.E.C. & QUAMME, H.A. Pears - quince rootstocks. In: AD VANCES in Fruit Breeding. West Lafayette, Indiana, Purdue University Press, 1975.p.63-64. MARTINEZ-ZAPORTA, F. Propagation de las variedades frutales comercia les. In: FRUTICULTURA. Madrid, Instituto Nacional de Investagaciones Agronômicas, Ministerio de Agricultura, 1964. p.327-464. RIGITANO, O. O marmeleiro e sua cultura. São Paulo, Ed. Melhoramento, 1957. 3lp., & OJIMA, M. Seleção de peras pouco exigentes de frio. In: REU NIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, 24., São Paulo, 1972. Resumos, p.416. ; & ALVES, S. Pereiras enxertadas sobre marmeleiros. Campinas, Instituto Agronômico, 1975. 15p. (Boletim técnico, 25)