Substituição de equipamentos



Documentos relacionados
Princípios Fundamentais

CAP. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS DE DECISÃO

Comparação de Projetos de Inves3mentos

Avaliação de Investimentos

ÍNDICE SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS...3 ESTUDOS DOS INSUMOS PASSADOS...4 HORIZONTE DO PLANEJAMENTO...5 CUSTO PRESENTE LÍQUIDO...6

Professor: Daniel Otto Brehm

FINANÇAS AS EM PROJETOS DE TI

MS 777 Projeto Supervisionado Professor: Laércio Luis Vendite Ieda Maria Antunes dos Santos RA:

Análise de Investimentos e Reposição de Ativos

MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO COM A UTILIZAÇÃO PRÁTICA DA CALCULADORA HP12C E PLANILHA ELETRÔNICA

CAPÍTULO 7 - ÁRVORES DE DECISÃO

ENGENHARIA ECONÔMICA I ANÁLISE DE INVESTIMENTOS. Prof. Edson de Oliveira Pamplona Prof. José Arnaldo Barra Montevechi OBJETIVO

04/08/2013. Custo. são os gastos com a obtenção de bens e serviços aplicados na produção ou na comercialização. Despesa

CAPÍTULO 2 MATEMÁTICA FINANCEIRA

Pindyck & Rubinfeld, Capítulo 15, Mercado de Capitais::REVISÃO

(*) Valor residual refere-se ao valor de compra ( ) deduzido da depreciação correspondente aos quatro anos do projeto (4 x 220.

18/04/2012. Substituição de equipamentos:

Viabilidade Econômica: Revisão Bibliográfica

CAP. 4b INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA

TIPOS DE INVESTIMENTOS IMPORTANTES NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA- PARTE l

O que é Custo de Oportunidade?

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

prestação. Resp. $93.750,00 e $5.625,00.

Unidade IV. Processo de inventário (Típico) Definir duplas de inventários. Aguardar segunda contagem. Não. Segunda dupla?

( ) Prova ( ) Prova Semestral

ANHANGUERA EDUCACIONAL ANHANGUERA - PÓS-GRADUAÇÃO

Viabilidade Financeira: Calculo da TIR e VPL

Administração Financeira

Princípios de Finanças

PERFIL DE INVESTIMENTOS PERFIL DE INVESTIMENTO

Tabela e Gráficos Dinâmicos Como estruturar dinamicamente dados no Excel

MS877 PROJETO SUPERVISIONADO II Técnicas de Análise de Investimentos

Aula 09 Matemática Financeira. Princípios Fundamentais da Engenharia Econômica

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DISCIPLINA: ECONOMIA DA ENGENHARIA

O EFEITO DE DIFERENTES CRITÉRIOS DE DEPRECIAÇÃO DE ATIVOS OPERACIONAIS NA ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA GERADO POR UM PROJETO

Importância dos Fluxos de Caixa na Avaliação Econômica

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS» ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA «

ANHANGUERA EDUCACIONAL ANHANGUERA - PÓS-GRADUAÇÃO

Resumo sobre Métodos de Análise de Investimentos

ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO - A IMPORTÂNCIA DO INTERVALO DE PERÍODO NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

ELEMENTOS DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO NO PLANO DE NEGÓCIOS Prof. Ms. Marco Arbex

Logística e a Gestão da Cadeia de Suprimentos. "Uma arma verdadeiramente competitiva"

Reavaliação: a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse for superior ao valor líquido contábil.

1. Avaliação de impacto de programas sociais: por que, para que e quando fazer? (Cap. 1 do livro) 2. Estatística e Planilhas Eletrônicas 3.

FTAD - Formação técnica em Administração Módulo - Contabilidade e Finanças. Prof. Moab Aurélio

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS

COMO CALCULAR E PROJETAR A DEPRECIAÇÃO PELO MÉTODO DA LINHA RETA COM O AUXÍLIO DO EXCEL

Luciano Silva Rosa Contabilidade 03

COMO SALVAR UM PRODUTO DE UMA BAIXA IRREVERSÍVEL (?) NO PREÇO DE VENDA (investindo em diferenciais competitivos)

ESTRUTURANDO O FLUXO PUXADO

Tópicos Especiais de Análise de Balanços

CONCEITOS PRINCÍPIOS CONSIDERAÇÕES. Economia da Engenharia

Pesquisa Operacional. 4x1+3x2 <=1 0 6x1 - x2 >= 20 X1 >= 0 X2 >= 0 PESQUISA OPERACIONAL PESQUISA OPERACIONAL PESQUISA OPERACIONAL PESQUISA OPERACIONAL

INDENIZAÇÃO CONTRATUAL EXIGIDA PELA LEI INTERMUNICIPAL DE PASSAGEIROS

Capítulo 7. Árvores de Decisão. 1. Considerações Iniciais. Estrutura: Nós de Decisões. Nós de Incerteza

Programa de Incentivo à Renovação da Frota de Caminhões em Minas Gerais

ELABORAÇÃO DE UM ORÇAMENTO DE CAPITAL

Prof. Msc. David Custódio de Sena

Administração Financeira

COMO ANALISAR E TOMAR DECISÕES ESTRATÉGICAS COM BASE NA ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL DAS EMPRESAS

A IMPORTÂNCIA DA CADEIA DE SERVIÇOS DO FUNDAP NA ECONOMIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: SÍNTESE

CAPITULO 7. Poupança e Investimento

2. Função Produção/Operação/Valor Adicionado

Gerenciamento de Projeto: Criando o Termo de Abertura II. Prof. Msc Ricardo Britto DIE-UFPI rbritto@ufpi.edu.br

Aula Nº 9 Depreciação Conceitos e Métodos

PROCEDIMENTOS PARA ANALISAR PROJETOS EXCLUDENTES COM VIDAS ESTIMADAS DIFERENTES

FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA

METODOLOGIA PARA DIMENSIONAMENTO DE ATIVOS RESERVAS EM EMPRESAS CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA, APLICADA A TRANSFORMADORES DE FORÇA

Curso de Graduação em Administração. Administração da Produção e Operações I

1. Função Financeira 2. Modelo Sistêmico da Função Financeira 3. Principais Atribuições do Administrador Financeiro

Objetivos. Engenharia de Software. O Estudo de Viabilidade. Fase do Estudo de Viabilidade. Idéias chave. O que Estudar? O que concluir?

INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. Prof. Eric Duarte Campos

Gerenciamento de Projetos Técnicas e Ferramentas iniciais

DESAFIOS NA GESTÃO DE ATIVOS EM PROJETOS DE MINERAÇÃO DE PEQUENO PORTE: EXEMPLO PRÁTICO

PARTE ANÁLISE DE INVESTIMENTO

A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS NO ENSINO DA DISCIPLINA DE ENGENHARIA ECONÔMICA

TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES

PLANEJAMENTO OPERACIONAL - MARKETING E PRODUÇÃO MÓDULO 3 O QUE É PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES?

Instalações Máquinas Equipamentos Pessoal de produção

ESTUDO DE VIABILIDADE. Santander, Victor - Unioeste Aula de Luiz Eduardo Guarino de Vasconcelos

Unidade III FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO ALTO VALE DO ITAJAÍ CEAVI DIREÇÃO DE ENSINO DEN PLANO DE ENSINO

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO ALTO VALE DO ITAJAÍ CEAVI DIREÇÃO DE ENSINO DEN PLANO DE ENSINO

OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO CLÍNICA DE ESTÉTICA

Financiamento de automóveis: Investimento ou gasto dispendioso? *

INVESTIMENTO A LONGO PRAZO 1. Princípios de Fluxo de Caixa para Orçamento de Capital

Ponto de partida para o estudo da organização industrial. CT determinante das tomadas de decisões das empresas.

O Método de Custeio por Absorção e o Método de Custeio Variável

! Revisão de conceitos importantes! Fluxo com VRG diluído! Fluxo com VRG no final do contrato! Comparação com outras alternativas de financiamento

PROBLEMAS ATUAIS DA LOGÍSTICA URBANA NA ENTREGA DE MATERIAIS HOSPITALARES UM ESTUDO INVESTIGATIVO

PLANO DE ENSINO 2009 Médio Profissionalizante ( ) Profissionalizante ( )

OBJETIVO DO CONTROLE PATRIMONIAL NORMAS E PROCEDIMENTOS PARA CONTROLE PATRIMONIAL

QUANTO CUSTA MANTER UM ESTOQUE

Análise de Investimentos Disciplina: Projeto Supervisionado MS777

Análise e Resolução da prova do ISS-Cuiabá Disciplina: Matemática Financeira Professor: Custódio Nascimento

Grande parte dos planejadores

Teste de recuperabilidade Impairment test

UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 15

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM NOVO EQUIPAMENTO: UM ESTUDO DE CASO PARA INDÚSTRIA MOVELEIRA

Transcrição:

PLANEJAMENTO ECONÔMICO E FINANCEIRO Prof. Marco A. Arbex Substituição de equipamentos Para Souza e Clemente (1999), o nome substituição de equipamentos refere-se a qualquer ativo fixo da empresa, como móveis, veículos, máquinas. Assim, o termo equipamento é utilizado em sentido amplo, para abranger qualquer bem de capital. Ainda para Souza e Clemente (1999), o procedimento mais adequado para essa análise é estabelecer um prazo de vida útil para cada ativo, e desenvolver todas as implicações financeiras e econômicas para a análise (aplicação dos métodos). Principais razões que levam uma empresa a substituir um ativo fixo ou apenas deixar de utilizá-lo (HUMMEL; TASCHNER, 1995): a) Existência de alternativas tecnicamente melhores; b) Obsolescência física: equipamento gasto, que apresenta alto custo de manutenção; c) Inadequação: baixa capacidade de produção ou não atende às mudanças nas exigências de produção; d) Obsolescência funcional: a demanda para o produto do equipamento decresceu; e) Possibilidade de arrendamento ou aluguel de outros meios para a produção. Possibilidades de substituição, de acordo com Souza e Clemente (1999): Exemplo: análise de substituição da frota de veículos de uma empresa: - Baixa sem reposição: quando os serviços de transporte serão descontinuados; nesse caso a decisão será relativa ao tempo que ainda compensa continuar utilizando os veículos na empresa; - Substituição por equipamento similar: quando pretende-se renovar a frota por veículos similares. Nesse caso, a decisão será relativa ao momento correto de trocar os veículos antigos por novos; - Substituição por equipamento não similar: quando pretende-se utilizar equipamentos com características distintas ou utilizar outros meios que fazem a mesma função, como por exemplo, locar veículos ao invés de comprar. A seguir, dois exemplos serão trabalhados: primeiramente, considerando a baixa de equipamentos, sem haver reposição. Posteriormente, considerando que haverá substituição do equipamento.

1) Baixa sem reposição: Para o cálculo desse tipo de caso, utilizamos o método do VPL (Valor Presente Liquido). Análise: o ativo será mantido por mais um período se o VPL de sua manutenção nesse período for maior que zero. Exemplo: Ano Valor de venda Custos de operação Receita 0 (hoje) 400.000 1 300.000 80.000 240.000 2 200.000 100.000 220.000 3 100.000 120.000 200.000 Considera-se uma TMA de 10% ao ano. VP1 (ano 1) = (300.000 + 240.000 80.000) - 400.000 = 18.181,82 (1 + i) VP2 (ano 2) = (200.000 + 220.000 100.000) - 300.000 = -9.090,91 (1 + i) OBS: Quando o VPL ficar negativo, deve-se parar a análise e concluir que neste segundo ano já não compensa continuar com o equipamento. 2) Substituição de equipamentos O intervalo ótimo entre duas substituições é chamado de vida econômica. Para Casarotto Filho e Pitke (2000), a determinação da vida econômica consiste em achar o custo anual uniforme equivalente (CAUE) do ativo para todas as vidas úteis possíveis. O ano para o qual o CAUE é mínimo é o da vida econômica do ativo. Exemplo 1: Substituição de um caminhão velho por um caminhão novo. Caminhão novo Preço: 200.000,00 Custo anual de operação: 15.000,00 Vida útil: 15 anos Caminhão velho Valor atual: 80.000,00 Custo anual de operação: 30.000,00 Vida útil: 5 anos Considere uma TMA de 14% ao ano. Para o cálculo do CAUE, deve-se contar com o auxílio da tabela financeira. Os livros de análise de investimentos normalmente apresentam essa tabela no final da publicação. A tabela a seguir foi retirada de Casarotto Filho e Pitke (2000):

Solução: CAUE novo = (200.000 x (A/P; 14%; 15)) + 15.000 CAUE novo = (200.000 x 0,162809) + 15.000 CAUE novo = 47.561,8 CAUE velho = (80.000 x (A/P; 14%; 5)) + 30.000 CAUE velho = (80.000 x 0,291284) + 30.000 CAUE velho = 53.302,72 Nesse caso, vale mais a pena adquirir o caminhão novo, pois apresenta menor CAUE.

Desdobramento do exemplo: -Uma outra alternativa seria terceirizar o serviço de transporte através da contratação de um operador logístico. -Nesse caso, considerando um horizonte de 15 anos (vida útil do caminhão novo), o custo anual médio de mantê-lo em funcionamento é 47.561,8. -Suponha que um operador logístico que oferte um serviço similar (considere que o prestador de serviço irá transportar a mesma quantidade que seu caminhão novo e gerará as mesmas receitas). Se o custo dessa terceirização for menor que 47.561,8, economicamente é viável não comprar o caminhão e terceirizar o serviço de transporte. Exemplo 2: Estudo para decidir quando deve ser realizada a troca de um veículo antigo por um veículo novo similar. - Preço do veículo novo: 60.000 - TMA: 14% ao ano Ano Valor de revenda Custo de manutenção 1 54.000 10.000 2 49.000 11.000 3 45.000 12.500 4 41.000 15.000 Passo 1: Montagem dos fluxos de caixa

Passo 2: Cálculo do CAUE CAUE1 = [60.000 + ((10.000-54.000) x (P/F; 14%; 1))] x (A/P; 14; 1) 24.400,00 CAUE2 = [60.000 + ((10.000 x (P/F; 14%; 1) + (11.000 49.000) x (P/F; 14%; 2))] x (A/P; 14%; 2) 24.007,00 CAUE 3 = [60.000 + ((10.000 x (P/F; 14%; 1) + 11.000 x (P/F; 14%; 2) + (12.500-45.000) x (P/F; 14%; 3))] x (A/P; 14%; 3) 23.819,00 CAUE 4 = [60.000 + ((10.000 x (P/F; 14%; 1) + 11.000 x (P/F; 14%; 2) + 12.500 x (P/F; 14%; 3) + (15.000 41.000) (P/F; 14%; 4))] x (A/P; 14%; 4) 24.120,00 Conclui-se que a vida econômica do veículo é de 3 anos, pois para esse tempo, apresenta o menor CAUE. REFERÊNCIAS CASAROTTO FILHO, Nelson; KOPITTKE, Bruno Hartmut. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2000. HUMMEL, Paulo Roberto Vampre; TASCHNER, Mauro Roberto Black. Análise e decisão sobre investimentos e financiamentos: engenharia econômica: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1995. SOUZA, Alceu; CLEMENTE, Ademir. Decisões financeiras e análise de investimentos: fundamentos, técnicas e aplicações. São Paulo: Atlas, 1999.