AULA DIA 13/04 Docente: TIAGO CLEMENTE SOUZA E-mail: tiago_csouza@hotmail.com DIREITO PROCESSUAL PENAL IV
1.2. Procedimento nos crimes contra a honra (arts. 519 a 523 do CPP) - Procedimento Especial que abrange todos os delitos contra a honra, inclusive a difamação, não citada no art. 519 do CPP, porque, antes do CP de 1940, não era considerado tipo penal autônomo. - Excluem-se os crimes contra a honra previstos em leis especiais, como é o caso do Código Eleitoral. - Ultrapassada a fase preliminar, segue-se o rito comum. Entretanto, a audiência de conciliação volta-se somente aos delitos de ação pública de iniciativa privada (não se aplica quando funcionário público é vítima, havendo injúria real ou injúria discriminatória.
- Os crimes contra a honra, via de regra, são de ação penal privada, porém, serão de ação penal pública quando: a) injúria real da qual resulte lesões corporais (pública incondicionada); b) injúria decorrente de preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência (pública condicionada); c) crime contra a honra do presidente da República ou chefe de governo no estrangeiro (condicionada à requisição do Min. da Justiça); d) crime contra a honra de funcionário público no exercício de suas funções (condicionada).
- Antes de receber a queixa, o juiz deve oferecer às partes a oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer à sua presença, ouvindo-as separadamente, sem os advogados presentes, não se lavrando termo (art. 520, CPP). - A designação de audiência de conciliação é obrigatória, implicando nulidade caso não ocorra (não estando presente qualquer das partes na audiência não haverá nulidade, subtendendo-se que a parte faltante não deseja a conciliação).
- Entretanto há posicionamento pela aplicação da perempção em caso de ausência do querelante na audiência e condução coercitiva no caso do querelado. * Nucci não concorda: I) a tentativa de conciliação é medida anterior à própria ação, razão pela qual seria consequência muito severa ao querelante; II) a condução coercitiva não auxiliaria na conciliação, mas somente exaltaria os ânimos das partes. - Tem prevalecido a ideia de que a audiência é essencial, implicando perempção (querelante) - art. 60, III, CPP, ou condução coercitiva (querelado).
- Caso o juiz sinta que há possibilidade efetiva de reconciliação, deve promovê-la na presença dos advogados, estando as partes envolvidas frente a frente (art. 521, CPP). - Hipótese de extinção da punibilidade não prevista no art. 107 do CP. - Sendo positiva a conciliação, a queixa será arquivada (art. 522, CPP), julgando-se extinta a punibilidade do querelado.
- Nos crimes de calúnia e difamação (somente se o ofendido for funcionário público e a ofensa for relacionada com suas funções públicas) é possível apresentar exceção da verdade ou de notiriedade do fato imputado. Exceção da verdade (art. 138) 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
- Se oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato imputado, o querelante pode contestar a exceção no prazo de dois dias, sendo viável inquerir testemunhas (art. 523, CPP). - A exceção é uma questão prejudicial de mérito, isto é referindo-se ao direito material posto em discussão, necessita ser decidida antes do mérito da ação principal, fazendo com que seja sustado o andamento do processo, a fim de ser decidido o incidente gerado.
- Exceção da verdade diz respeito ao crime de calúnia, enquanto que a exceção da notoriedade do fato refere-se ao delito de difamação de funcionário público, no exercício das suas funções (art. 139, único). - Provada a exceção, falece o direito do órgão acusatório de alcançar a condenação, pois não há sentido em se tratar de calúnia quando há verdade na prática do crime, nem tampouco falar em difamação de funcionário público, quando o fato é evidente e interesse à Administração Pública a punição de quem assim se conduziu.
- Não se admite, ainda, exceção da verdade ou da notoriedade no caso de injúria, uma vez que este delito atinge a honra subjetiva, que é o amor-próprio ou a autoestima do ofendido, tornando incabível qualquer prova da verdade. - Prazo: deve ser apresentada no prazo previsto para a defesa prévia, do querelado. Mirabete sustenta que pode ser apresentado a qualquer tempo já que a lei não especifica.
- Oferecida a exceção, o juiz, suspende o curso do processo principal, intimando o querelante ou MP para apresentar a contestação, no prazo de 2 dias. O rol de testemunhas da queixa ou da denúncia será mantido, podendo ser alterado, observando o limite legal (8). - Após a contestação à exceção, o juiz determina o prosseguimento do feito, pelo rito comum, ouvindo-se as testemunhas de acusação e, depois, as de defesa, abrangendo, na formação da prova, tanto os fatos constantes da queixa ou da denúncia quanto os alegados na exceção, tendo em vista que a apreciação será feita em conjunto, ao final.
- A decisão da exceção será dada por ocasião da sentença final, após as alegações finais das partes. Caso o juiz considere que a exceção procede, o juiz absolverá o querelado, determinando providências para que o querelante ou funcionário seja processado penal ou administrativamente.