Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo: desigualdades e indicadores para as Políticas Sociais

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Transcrição:

Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo: desigualdades e indicadores para as Políticas Sociais Financiamento FINEP FNDTC/NEPP/Regiões Metropolitanas Estudos Regionais Organizadores: Claudio Dedecca, Lilia Montali, Rosana Baeninger. Março/2009 FINEP/NEPP/NEPO/IE UNICAMP

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO... 5 CAPÍTULO 1 ECONOMIA E MERCADO DE TRABALHO... 7 Claudio Dedecca CAPÍTULO 2 DINÂMICA DEMOGRÁFICA...25 Rosana Baeninger e Claudia Gomes de Siqueira Introdução...25 Evolução da População...27 Tendências do Crescimento da População...35 Movimentos Migratórios Inter e Intra-regionais...48 Estrutura Etária da População...66 Bibliografia...72 ANEXO 1 - Municípios da Região de Governo de Santos e da Região Metropolitana da Baixada Santista...74 CAPÍTULO 3 A QUESTÃO SOCIAL NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA (*)...75 Lilia Montali, Eugenia Troncoso Leone e Stella B. Silva Telles Introdução...75 1. Renda, Pobreza e Desigualdade na...76 2. Mudanças no domicílio, na inserção domiciliar no mercado de trabalho e as políticas sociais...84 2.2. Mudanças nos arranjos domiciliares de inserção no mercado de trabalho e na provisão dos domicílios....98 2.3. Arranjos domiciliares mais suscetíveis ao empobrecimento...108 2.4. A mulher e a renda dos domicílios: 1991-2000...123 3. Políticas sociais na...131 3.1. Os programas de transferência de renda na Região Metropolitana da Baixada Santista - Mapeamento e Acesso...131 3.2 Educação Básica na...143 3.3 Atenção Básica à Saúde e Acesso à Ações e Serviços de Saúde - Região Metropolitana da Baixada Santista...161 Referências Bibliográficas...179 3

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Apresentação Nesses últimos 20 anos, a dinâmica socioeconômica paulista não mais se associa a dualidade região metropolitana interior prevalecente até os anos 70. Novas regiões metropolitanas se consolidaram, outras se encontram em processo de formação e pólos regionais com algum grau de integração econômica vêm sendo constituídos. Essa nova configuração impõe tanto um melhor conhecimento da dinâmica espacial como a construção de instrumentos de política pública adequados da estrutura socioeconômica do Estado de São Paulo. A implantação de bases industriais em diversas regiões do interior do Estado e o revigoramento da atividade agrícola, nestes quase 30 anos, induziram um processo de transformação substantiva da configuração econômica e social do interior do Estado, que tem resultado em progressiva metropolização, bem como na constituição de diversos pólos econômicos com alguma integração e especialização no espaço local. Os desequilíbrios sociais hoje presentes no Estado exigem a construção de um diagnóstico mais integrado de sua diversidade regional, que apóie adequadamente a elaboração de políticas públicas mais consistentes para o desenvolvimento econômico e social paulista. Este projeto tem o propósito de produzir um mapa da dinâmica socioeconômica do Estado com foco nas regiões metropolitanas e em alguns pólos econômicos, que possibilite acesso estruturado e rápido à informação básica para a elaboração e implementação das políticas públicas para o desenvolvimento estadual. Três eixos temáticos são adotados na análise e no sistema informação produzidos: i. economia e trabalho, ii. dinâmica demográfica; e iii. proteção social. Os dois primeiros eixos articulam as dinâmicas econômica, social e demográfica. O último congrega, no âmbito das políticas públicas, o acesso dos segmentos específicos da população, a disponibilidade de equipamentos e de serviços pelos órgãos competentes e o perfil das recentes políticas de transferência de renda. Em suma, este projeto espera contribuir para a compreensão da complexidade econômica e social presente no Estado, bem como para o desenho e a gestão das políticas públicas voltadas para o Estado de São Paulo. 5

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Capítulo 1 Economia e Mercado de Trabalho 1 A Fundação Seade, para o ano de 2005, estimou uma população residente, na (RMBS), da ordem de 1,6 milhões de pessoas. Do total da população do Estado de São Paulo, a Baixada Santista representa cerca de 5,6%, sendo que os municípios mais expressivos são Santos e Guarujá, respectivamente, o que dá a idéia da importância desses municípios, no que tange ao peso do mercado de trabalho, nesta região. A RMBS apresentou uma das maiores taxas anuais de crescimento populacional, aproximadamente 2%, entre os pólos regionais deste estudo, revelando-se importante para a compreensão da dinâmica demográfica e econômica dentro do Estado de São Paulo. Apesar de situar-se distante, tanto em termos demográficos como em termos econômicos, da região metropolitana mais importante do estado, qual seja São Paulo, a Baixada Santista em termos populacionais perde apenas para a Região Metropolitana de Campinas. Vale destacar a importância da dinâmica econômica e do mercado de trabalho para questões que envolvam dificuldades ocupacionais, como renda e qualidade de vida. A RMBS pode ser um grande atrativo para pessoas que buscam melhores condições de vida e de trabalho. Tabela 1 Evolução da População Residente, 2000-2005 População total Taxa anual de 2000 2005 crescimento 1.476.820 1.625.115 1,9 Bertioga 30.039 44.517 8,2 Cubatão 108.309 117.289 1,6 Guarujá 264.812 296.368 2,3 Itanhaém 71.995 85.438 3,5 Mongaguá 35.098 42.525 3,9 Peruíbe 51.451 61.705 3,7 Praia Grande 193.582 232.225 3,7 Santos 417.983 424.665 0,3 São Vicente 303.551 320.383 1,1 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Fundação Seade. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. 1 Ficha Técnica: Claudio Dedecca, Auxiliares de pesquisa: Adriana Jungbluth, Cassiano Trovão, Camila Ribeiro, Fernando Hajime. 7

O crescimento mais expressivo do número de pessoas se deu no Município de Bertioga, apresentando uma taxa anual superior a 8%, o que indica que a estância balneária revela fortes atrativos demográficos. Ademais, deve-se notar o crescimento populacional no litoral sul do Estado de São Paulo, representados pelos municípios de Praia Grande, Peruíbe, Mongaguá e Itanhaém, que apresentaram taxas relevantes, pouco inferiores a 4%. Estes municípios estão fortemente ligados ao setor de serviços, em especial o turismo, que está intimamente relacionado à questão da evolução do dinamismo econômico e do crescimento da renda. Ainda que, no Estado, a Região Metropolitana de São Paulo possua o maior peso em termos populacionais, a RMBS representa um lócus de acolhimento da população que busca melhor qualidade de vida e melhores condições de trabalho, principalmente nas ocupações do setor de serviços e da indústria. Apesar do crescimento relevante da população na RMBS, a comparação das participações, tanto do valor adicionado quanto da população, mostra certa manutenção da condição da região frente aos pólos do estado de São Paulo. Houve um suave aumento da participação da região no total da população do Estado e uma ligeira diminuição na participação do valor adicionado, na primeira metade desta década. Gráfico 1 - Participação do Valor Adicionado e da População da Região Metropolitana da Baixada Santista nos Totais do Estado de São Paulo, Estado de São Paulo, 2002/2005 6,0 5,5 5,6 5,0 Valor Adicionado População 4,0 3,0 3,4 3,3 2,0 1,0 0,0 2002 2005 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE; Fundação Seade. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. 8

A evolução recente do valor adicionado das diversas regiões metropolitanas e pólos permite situar absoluta e relativamente o desempenho econômico da Região Metropolitana da Baixada Santista, no âmbito do Estado. Durante o período de recuperação econômica recente, o Estado de São Paulo conheceu um crescimento anual de seu produto interno bruto da ordem de 3% ao ano. A apresentou um crescimento do valor adicionado da ordem de 2%, ao ano, que apesar de baixo e de se situar abaixo da média do Estado, mostrou-se positivo, indicando que o produto tem crescido e provavelmente será importante para a incorporação da crescente população no mercado de trabalho regional. Gráfico 2 - Taxas Anuais de Crescimento do Valor Adicionado, segundo Regiões Geográficas e Pólos Econômicos, Estado de São Paulo, 2002-2005 Total 3,0 Demais municípios 1,2 Presidente Prudente (0,3) Araçatuba São José do Rio Preto 0,2 0,5 Bauru 4,2 Ribeirão Preto 3,8 RM de Campinas Sorocaba 5,6 5,4 São José dos Campos (2,2) RM da Baixada Santista 2,0 RM de São Paulo 3,8 (3,0) (2,0) (1,0) - 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE; Fundação Seade. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. A recuperação substancial da economia brasileira no período recente é de suma importância para entender as dinâmicas econômicas e do mercado de trabalho, pois como se sabe o crescimento econômico é condição fundamental para o desenvolvimento nacional. 9

A RMBS não foge a regra, pois, sob a crescente recuperação econômica, apresentou um setor industrial com robustez apresentando um crescimento anual próximo dos 3%, na primeira metade dessa década. Gráfico 3 - Taxas Anuais de Crescimento do Valor Adicionado, 2002-2005 4,0 2,9 2,3 2,0 1,6 2,0 2,0 0,0-1,1-2,0 Agroindústria Indústria Serviços Total Setor Privado Administração Pública Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE; Fundação Seade. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Total O setor de serviços que representa quase 70% de todo o valor adicionado do setor privado da região apresentou a menor taxa de crescimento de todos os setores, cerca de 1,6%, que apesar de baixa é uma taxa que garante a forte participação do setor no produto, tanto privado como total. Vale destacar que a administração pública apresentou um crescimento superior à média dos setores, o que permitiu o aumento da sua participação no total do valor adicionado. No que tange aos fatores estruturais da dinâmica econômica da região, pode-se perceber que o contexto de crescimento e de recuperação econômica recente, fortalecendo o setor industrial e proporcionando um robusto crescimento anual, não é suficiente para alterar a estrutura econômica, cujo pilar mestre ainda é o setor de serviços. No entanto, 10

deve-se salientar que o crescimento industrial é de suma importância como fonte geradora de postos de trabalho e que se mostra como relevante complemento dos fatores que permitem mudanças positivas sobre o mercado de trabalho da região. Nesse sentido deve-se se focar a análise na composição do valor adicionado e da população segundo municípios da RMBS, o que permite avaliar tanto a contribuição de cada um deles para o produto da região, como as possíveis disparidades das dimensões da atividade econômica e da população na região. Gráfico 4 - Composição do Valor Adicionado e da população, segundo municípios RM da Baixada Santista, 2005 São Vicente Santos Praia Grande Peruíbe Mongaguá Itanhaém População Valor adicionado Guarujá Cubatão Bertioga - 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 Fonte: Fundação Seade. Elaboração Própria A observação do gráfico 4 permite entender a dinâmica que existe entre população e produto, que mostra que os municípios de Santos e Cubatão apresentam posição favorável, no que se refere à participação do produto na estrutura populacional. A conclusão que se pode chegar é de que esses dois municípios apresentam uma posição mais vantajosa, pois seu produto é relativamente superior ao contingente populacional. O fato relevante que se pode destacar é que Santos e Cubatão, juntos, representam mais da metade de todo o valor adicionado da Baixada Santista, o que indica que possivelmente esses municípios continuem sendo os motores que impulsionam o crescimento do produto da região. Ademais, deve-se destacar que Santos e Cubatão fomentam o crescimento regional de formas diferentes, o primeiro via setor de serviços e o segundo por meio do setor industrial, que representa o principal determinante do seu produto. 11

Quanto aos outros municípios pode-se perceber que, no que tange à relação população-produto, ainda encontram-se em situação menos favorável. Como mencionado anteriormente, o produto da região cresceu anualmente, durante a primeira metade desta década, aproximadamente 2%, o que faz com que se suponha que o crescimento econômico continua sendo condição indispensável para que esses municípios possam absorver adequadamente a oferta de trabalho com a viabilização de melhores remunerações em seus mercados de trabalho. Como mencionado anteriormente, nota-se um crescimento de 3,3% a.a. do valor adicionado da região durante o período de recuperação atual da economia brasileira. A partir do incremento da população em idade ativa e da população economicamente ativa, mesmo que pequeno, ao longo dos anos 2000, torna-se relevante o fato de que Região Metropolitana da Baixada Santista tenderá a demandar um aumento razoável da atividade econômica para permitir tanto uma absorção adequada da oferta de trabalho como para viabilizar uma elevação das remunerações em seu mercado de trabalho. De acordo com o resultado do Censo Demográfico de 2000, no que tange a estrutura do mercado de trabalho, nesta região, pode-se perceber que, juntos, Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande representam mais de 80% da PIA e da PEA. Vale destacar a elevada participação da cidade de Santos, que apresenta cerca de 30% do total. Quando observadas as taxas de desemprego percebe-se que Santos, com elevada participação do total da população economicamente ativa, apresenta um dos menores indicadores de desemprego, o que deve ser ressaltado, pois esse município é um dos mais representativos, tanto em termos de população quanto em termos de atividade econômica. 12

Tabela 2 Participação dos municípios, segundo indicadores de mercado de trabalho e taxas de desemprego, 2000 Taxa de PIA PEA Desemprego 100,0 100,0 19,0 Bertioga 1,9 2,2 14,8 Cubatão 7,1 7,1 21,9 Guarujá 17,4 18,2 19,5 Itanhaém 4,7 4,6 19,3 Mongaguá 2,1 2,2 20,8 Peruíbe 3,3 3,2 23,1 Praia Grande 12,8 12,9 20,2 Santos 30,6 29,7 16,0 São Vicente 20,1 20,0 20,8 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. A menor taxa de desemprego refere-se ao município de Bertioga, 14,9% ficando bem abaixo da média da região, o que mostra que a região, principalmente no seu setor de serviços, consegue, em grande medida, absorver mão-de-obra. Já, a maior taxa de desemprego pode ser observada no município de Peruíbe, indicando que a região poderá ser beneficiada pelo recente crescimento da economia, no que tange a absorção da mãode-obra e no incremento da renda dos trabalhadores. O fato de que as taxas de desemprego, com exceção de Santos e Bertioga, situaram-se em torno de 20%, torna evidente, a recorrência de pressões de oferta de trabalho sobre o mercado da região não só em termos da necessidade de geração de postos de trabalho, mas também a necessidade de se levar em conta a distribuição populacional, vis-a-vis o movimento da atividade econômica. Uma recuperação do nível de atividade pode se traduzir em geração de novos postos de trabalho, mas pode também não atenuar os problemas de renda e, e mesmo de trabalho observados nos municípios com maior participação da PEA. Esta constatação explicita, ademais, a importância de se pensar as ações de fomento à atividade econômica e a geração de empregos em uma perspectiva regional, que contemple a espacialidade da distribuição populacional. A questão migratória é importante para se observar o movimento conjunto da economia e do mercado de trabalho, em especial, quando se observam condições econômicas favoráveis e se estas serão capazes de favorecer uma maior absorção da população pelo mercado de trabalho e se este será capaz de garantir melhores remunerações. 13

Tabela 3 Participação da população por município e por condição de migração, 2000 Natural Até 3 anos 4 a 9 anos 10 anos e mais Total 45,5 4,3 6,8 43,4 100,0 Bertioga 28,1 13,2 18,2 40,5 100,0 Cubatão 48,1 4,8 8,0 39,0 100,0 Guarujá 50,5 4,5 7,2 37,8 100,0 Itanhaém 33,8 4,8 9,3 52,1 100,0 Mongaguá 26,5 5,2 8,4 59,8 100,0 Peruíbe 33,9 4,0 7,1 55,0 100,0 Praia Grande 26,2 6,4 9,8 57,7 100,0 Santos 56,6 3,0 3,9 36,5 100,0 São Vicente 45,1 3,3 6,2 45,3 100,0 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. O Censo demográfico de 2000 é capaz de mostrar como a RMBS é composta por uma população predominantemente natural ou que reside nos municípios a mais de 10 anos, indicando assim que a região não se mostra um pólo de expulsão de mão-de-obra, pelo contrário, o advento do crescimento econômico poderá se traduzir num incremento da sua população, tornando a região um atrativo para a população. A tabela 3 mostra que a população que reside na região a menos de 10 anos não se mostra representativa. O município que mais se afasta dessa situação é Bertioga, que apresenta cerca de 30% da população nessa condição. Pode ser considerado com um lugar de recente atração de pessoas, o que se traduzirá, como mostrado anteriormente, numa situação de elevado crescimento populacional ao longo da recente década. A recuperação recente da economia brasileira aponta para uma tendência de alteração da configuração do mercado de trabalho, tanto pelo lado da criação de novos postos de trabalho como pelas modificações na estrutura das remunerações. No que se refere às remunerações, devem-se fazer algumas considerações e apresentar os resultados que podem ser extraídos do Censo demográfico de 2000. A questão que se coloca diz respeito à possibilidade de alteração do quadro observado no início da década passada, promovida pela dinamização da economia, sob a ótica do crescimento recente do produto. O foco, nesse sentido, é a diferenciação dos municípios, no que concerne aos estratos de renda, por meio de alguns indicadores capazes de identificar características importantes para se entender a estrutura de renda, na década passada. A taxa de formalização representa a proporção dos ocupados que contribuem para a previdência social no total dos ocupados. De maneira geral o que se pode perceber é que cerca de 63% dos trabalhadores da região da Baixa Santista estavam inseridos no mercado 14

de trabalho formal. Esse dado indica que uma parcela significativa da população ocupada ainda se encontrava inserida de forma precária, isto é, informalmente no mercado de trabalho. Peruíbe, Mongaguá, Bertioga e Itanhaém são municípios cuja atividade informal de trabalho mostrava-se muito elevada, mais da metade dos ocupados dessas localidades, não possuíam carteira de trabalho assinada, no início da década passada. Tabela 4 Taxa de Formalização segundo Municípios e Intervalos decílicos de Renda Domiciliar, 2000 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Total 36,2 54,8 55,8 58,9 61,4 62,3 65,3 67,4 72,0 75,4 63,3 Bertioga 33,4 43,8 42,5 45,3 45,9 36,3 52,4 43,2 54,5 58,9 45,3 Cubatão 53,4 75,9 76,8 72,3 71,5 74,2 76,3 78,5 79,4 81,8 74,3 Guarujá 33,2 54,0 53,1 55,5 61,5 61,2 60,4 62,9 68,1 71,6 58,4 Itanhaém 27,0 39,5 35,8 45,9 41,7 51,0 54,4 54,4 58,6 61,1 45,6 Mongaguá 26,9 34,6 36,0 40,0 43,6 48,2 41,5 48,7 56,3 54,8 42,5 Peruíbe 23,6 30,2 29,7 43,3 33,4 45,1 46,5 49,7 59,9 60,0 41,2 Praia Grande 27,0 51,5 48,5 55,5 54,2 55,2 55,7 61,8 64,8 64,2 55,2 Santos 47,4 60,3 65,5 66,0 68,7 69,2 72,5 72,7 76,1 78,7 72,6 São Vicente 41,8 59,7 61,1 62,8 67,5 66,0 70,8 70,1 74,0 77,9 66,5 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Os municípios que apresentaram as maiores taxas de formalização foram os municípios de Santos e Cubatão, cujas taxas foram próximas de 72% e 74%, respectivamente. Esses dois municípios apresentam características fundamentais e que estão intimamente relacionadas com o dinamismo da atividade econômica. O setor de serviço e o setor industrial são, respectivamente para Santos e Cubatão, os pilares que garantem a incorporação dos trabalhadores ao mercado de trabalho, indicando assim que o crescimento econômico pode ser fundamental para que esses municípios melhorem suas taxas de formalização, bem como para aqueles que apresentaram indicadores menos favoráveis possam reverter essa situação. Os indicadores referentes ao mercado de trabalho, quando analisados por classes de rendimento, representadas por intervalos decílicos, podem ser de suma importância para se identificar características próprias de cada segmento de renda. A tabela 3 indica uma tendência de que quanto maior o estrato de renda menor é a proporção dos ocupados que se encontram no mercado informal de trabalho. Pode-se observar que os estratos inferiores apresentam baixas taxas de formalização o que indica que municípios como: Peruíbe, Mongaguá e Itanhaém apresentavam mais de 60% dos ocupados mais pobres como trabalhadores informais. Isso mostra que ocupações de baixa remuneração faziam e fazem parte do setor informal da economia, quadro esse que parece mostrar alterações positivas, sob o advento recente da 15

recuperação econômica. Nesse ponto, algumas considerações devem ser feitas à configuração do desemprego, no início da década passada, no que tange às classes de renda. Como apresentado anteriormente, a RMBS apresentou elevadas taxas de desemprego, no entanto, a questão relevante que deve ser explicitada, refere-se às diferenças entre os extratos de renda. Tabela 5 Taxa de Desemprego segundo Municípios e Decis de Renda Domiciliar, 2000 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Total 41,6 29,2 24,5 21,3 19,2 17,7 16,9 13,1 10,9 7,2 19,0 Bertioga 34,6 17,5 18,0 12,2 14,4 18,9 9,8 7,9 8,3 2,2 14,8 Cubatão 43,8 27,1 25,9 23,4 18,5 18,1 16,7 16,8 8,4 9,5 21,9 Guarujá 37,9 27,2 24,0 19,3 19,5 17,4 15,6 12,2 9,1 6,5 19,5 Itanhaém 39,0 26,7 19,8 18,2 13,7 15,8 13,3 9,6 8,2 6,6 19,3 Mongaguá 37,9 30,3 29,8 18,3 9,7 15,7 14,6 12,0 14,2 7,6 20,8 Peruíbe 42,5 32,4 23,7 19,3 19,6 18,5 22,0 15,3 10,3 4,6 23,1 Praia Grande 44,1 29,7 24,5 23,6 19,8 16,5 15,4 13,0 11,4 7,9 20,2 Santos 43,1 30,1 25,5 23,4 20,4 19,1 17,9 13,1 11,6 7,0 16,0 São Vicente 44,4 32,9 25,3 21,5 20,1 17,3 18,5 13,2 11,2 9,1 20,8 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. O que se pode observar é uma tendência inexorável de que quanto menor a remuneração maior é a taxa de desemprego. Isso indica que o mercado de trabalho apresentava-se com dificuldades, pois a população com maiores dificuldades, em termos de remuneração, é aquela que mais sofre com a situação de elevado desemprego. Os primeiros e segundos intervalos decílicos, para todos os municípios, apresentaram taxas de desemprego próximas de 30%, com alguns casos podendo chegar a mais de 40%, situação muito grave, principalmente por que essas pessoas representam os 20% mais pobres da população. Já os 10% mais ricos da estrutura do mercado de trabalho deparam-se com uma taxa muito mais baixa de desemprego, inferiores a 10%. Outro indicador que deve ser levado em conta é a taxa de assalariamento, que representa a participação dos trabalhadores empregados sobre o total dos ocupados. O que se pode observar é que, com exceção de Bertioga, Peruíbe, Itanhaém e Mongaguá, os outros municípios que compõem a RMBS possuem mais de 60% dos seus ocupados sob a forma de remuneração assalariada. O motivo para que isso ocorra é o elevado peso que os trabalhadores autônomos e os domésticos possuem na estrutura do mercado de trabalho desses municípios. 16

Tabela 6 Taxa de Assalariamento segundo Municípios e Decis de Renda Domiciliar (1), 2000 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Total 48,4 64,2 63,4 65,4 66,2 65,9 68,8 70,1 67,9 55,9 64,4 Bertioga 35,6 57,3 48,9 53,3 52,0 43,1 54,5 52,7 49,5 43,4 49,6 Cubatão 62,8 81,6 78,2 75,0 78,1 71,2 79,7 81,5 74,8 62,6 75,9 Guarujá 46,4 61,6 62,9 61,6 63,6 66,3 63,9 67,9 70,3 52,5 62,6 Itanhaém 38,4 50,3 47,9 51,3 53,3 56,5 57,5 65,2 62,5 39,2 52,2 Mongaguá 38,7 52,3 45,9 57,3 59,0 55,8 47,1 60,8 49,3 43,7 50,9 Peruíbe 42,6 50,3 49,3 57,7 49,9 53,1 53,7 52,9 53,1 33,3 49,5 Praia Grande 45,0 65,1 59,6 64,9 64,1 62,2 64,7 65,1 60,5 48,0 60,8 Santos 55,8 68,1 69,0 71,6 69,4 69,8 73,8 73,1 69,3 58,1 67,4 São Vicente 52,4 66,5 66,4 67,5 70,6 69,8 73,4 71,4 71,2 62,4 68,3 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. (1) Assalariados, exclusive o emprego doméstico, no total da população ocupada. Ademais, deve-se destacar que há uma tendência de que as posições de menor remuneração apresentem formas diferentes da condição de assalariado, esses em sua grande maioria são trabalhadores domésticos, autônomos ou não remunerados que trabalham mais de 15 horas semanais, isto é, os 10% mais pobres da população estão excluídos, em grande medida, de ocupações vinculadas ao recebimento de salários. As diferenças observadas entre classes de rendimento também podem ser encontradas, não somente no âmbito do mercado de trabalho, mas também no que se refere à questão das condições de vida da população, mais precisamente, o acesso a bens públicos como no caso do tratamento geral de esgoto. Tabela 7 Porcentagem de Domicílios com Rede Geral de Esgotamento Sanitário, 2000 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Total 47,3 51,2 57,1 59,6 64,5 69,5 73,6 80,0 85,8 90,7 68,5 Bertioga 10,0 13,3 14,4 18,3 19,0 21,2 20,9 30,0 45,9 39,3 21,6 Cubatão 33,3 32,1 40,5 44,1 50,6 54,5 57,8 63,5 65,4 66,7 48,0 Guarujá 60,2 61,3 67,7 69,6 71,6 79,1 77,2 84,2 90,5 86,8 73,2 Itanhaém 12,0 13,4 11,8 14,6 16,8 18,3 19,0 24,7 24,4 20,1 16,3 Mongaguá 14,2 15,1 20,5 23,5 22,0 24,9 25,7 24,8 27,0 36,3 21,8 Peruíbe 5,4 3,0 10,3 9,1 12,4 8,9 12,8 15,0 18,7 23,6 10,6 Praia Grande 47,9 51,5 52,1 50,7 57,9 59,2 64,6 69,2 74,7 85,2 60,0 Santos 79,7 84,5 85,5 87,9 91,6 94,4 97,1 97,5 98,6 99,2 94,4 São Vicente 50,1 54,5 61,1 62,0 64,8 69,3 73,2 78,9 85,2 92,8 68,0 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. 17

A compilação dos dados do Censo de 2000 pressupõe que esta questão é importante para se entender as nítidas e presentes divergências e diferenças entre as diversas classes de renda. O que se pode perceber é que a população mais pobre ainda sofre com a falta de acesso aos bens necessários para que se tenha uma melhor qualidade de vida. No caso do acesso ao esgotamento geral, a parcela dos 10% mais pobres da população ainda se encontra em condições desfavoráveis. Isto torna-se mais evidente quando são comparados os 10% mais pobres com os 10% mais ricos, os mais pobres possuem cerca de 47% de pessoas com acesso ao esgotamento geral, enquanto que os segundos esse valor sobe para mais de 90%, indicando assim, a forte disparidade entre classes de renda. O município que aparece em melhores condições de acesso a esse bem é Santos, que em média chega a atingir 94% de pessoas atendidas. Porém as disparidades de renda não desaparecem, pois aqueles mais pobres continuam tendo participação, não baixa, mas insuficiente. Deve-se destacar ademais, que os municípios de Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Bertioga, apresentaram condições de acesso à chamada rede geral de esgoto muito precária, o que implica em afirmar que é necessária uma ação coordenada e planejada do Estado e das prefeituras, para que essa população possa ter acesso a um conjunto de bens, em especial as redes gerais de esgoto, cuja importância para a melhoria das condições de vida é fundamental. A configuração da estrutura das classes de renda é importante para se observar a forma como aparecem as diferenças entre os municípios que constituem a RM da Baixada Santista. No entanto, a recente recuperação da economia brasileira certamente proporcionou significativas mudanças em todo o mercado de trabalho, basicamente sob três aspectos: crescimento da PEA, crescimento do número de ocupados e principalmente o incremento do emprego formal. Esses aspectos devem ser ressaltados e analisados, a partir das alterações que ocorreram sobre o mercado de trabalho da região, ao longo da atual década. Em 2000, a taxa de emprego formal na RMBS correspondia a 43%, o que significa que, mais da metade da população da região encontrava-se fora do mercado de trabalho assalariado formal. O que se pode notar é que há grandes diferenças entre os municípios da região como, por exemplo, Santos e Cubatão que apresentam menos de 1/3 da sua população no mercado de trabalho informal, enquanto que outros municípios a população que está forma 18

do mercado formal é muito elevada, como o caso das cidades que compõem o litoral sul do Estado. No entanto, pode-se notar que o emprego formal tem crescido consideravelmente, apesar desses municípios conviverem com taxas de desemprego respeitáveis e taxas de emprego formal muito aquém do desejável, o incremento do número de empregos formais, ao longo da presente década, revela algumas questões importantes: uma caracterizada pelo incremento da população economicamente ativa; outra determinada pelo aumento da ocupação em geral; e, por fim, a dinâmica de crescimento do emprego formal. Estas questões parecem não apresentar especificidades espaciais, pelo contrário, nota-se que há a possibilidade de se ter um elevado crescimento do emprego formal pari passu a uma alta taxa de desemprego, observada na maioria dos municípios da região. Tabela 8 Taxa de crescimento do emprego formal, número de estabelecimentos e tamanho médio do estabelecimento, 2000-2005 Emprego formal Taxa de emprego formal (1) 2000 2005 Taxa anual de crescimento Número de estabelecimentos 2005 Tamanho médio do estabelecimento 2005 RM da Baixada Santista 43,0 238.016 287.742 3,9 29.430 11 Bertioga 34,4 4.407 10.030 17,9 952 30 Cubatão 71,8 27.290 34.279 4,7 1.136 9 Guarujá 29,2 29.291 35.793 4,1 4.182 8 Itanhaém 24,6 6.274 8.311 5,8 987 7 Mongaguá 22,4 2.661 3.449 5,3 511 6 Peruíbe 25,0 4.206 5.482 5,4 854 7 Praia Grande 28,6 20.005 26.801 6,0 3.872 10 Santos 69,7 118.694 133.152 2,3 13.841 10 São Vicente 23,3 25.188 30.445 3,9 3.095 10 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE e Relação Anual de Informações Sociais 2000 e 2005. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. (1) Emprego formal informado pela RAIS sobre o total da ocupação encontrada no Censo Demográfico A Relação Anual de Informações Sociais, RAIS, permite mostrar a evolução do emprego formal, entre os anos de 2000 e 2005, segundo município. Esse movimento dá a idéia de como o crescimento econômico é capaz de dinamizar a economia e por conseqüência o mercado de trabalho. Pode-se observar que a RMBS apresentou expressivas taxas de crescimento do emprego formal, cuja média situou-se muito próxima de 4% a.a. Com exceção do município de Santos, apesar de representar quase metade de todo o emprego formal, todos os outros municípios apresentaram taxas bastante significativas, indicando que o mercado de trabalho, apesar das elevadas taxas de desemprego observadas no início dos anos 2000, pode ser capaz de absorver o crescimento da PEA. 19

O litoral sul do Estado de São Paulo apresentou taxas elevadas de crescimento do emprego, ficando a cima dos 5% a.a. Mais uma vez, deve-se destacar não só o crescimento da população, na estância balneária de Bertioga, como também o seu elevadíssimo crescimento anual do emprego formal, pouco inferior a 18%, o que representa que esta região tem se tornado um atrativo recente de mão-de-obra. O Mercado de trabalho da RMBS possui uma configuração complexa em termos de ocupação e desemprego, que se reflete nas informações obtidas sobre a renda. Há disparidades entre os municípios, mas o que mais chama a atenção é o fato de que todos os municípios, com exceção de Santos, encontravam-se abaixo da média, de acordo com o Censo Demográfico, em 2000. Gráfico 5 - Rendimento médio, Região metropolitana da Baixada Santista, 2000 RM Baixada Santista 815 São Vicente 678 Santos 1.182 Praia Grande 731 Peruíbe Mongaguá Itanhaém Guarujá Cubatão Bertioga 619 641 565 625 585 622-200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. A Renda média da Baixada Santista encontra-se muito abaixo da observada na RM de São Paulo, cujo valor estava em torno de R$ 1.028,00, em valores correntes. Vale destacar que na maioria dos municípios da RMBS, o rendimento era quase metade da média de Santos e da RMSP, o que mostra que há dificuldades a serem enfrentadas pelo mercado de trabalho, mesmo com a sua recente recuperação. Outra questão relevante para se entender a dinâmica da renda no interior do mercado de trabalho da região é a distinção entre salários e rendimentos médios, que apresentam divergências intermunicipais. Os rendimentos dizem respeito ao rendimento médio revelados pelo Censo Demográfico e abarca o total da ocupação residente em cada 20

município, já os salários referem-se aos ganhos do trabalho formal, no ambiente de trabalho. O que se pode notar é a forte heterogeneidade entre os municípios da RMBS, pois alguns apresentavam uma relação entre salário médio e rendimento médio, superior a 100%, o que significa que os ganhos do trabalho formal mostraram-se superiores aos ganhos médios do total da ocupação, no início da década. Em suma, os dados ressaltam uma configuração heterogênea da estrutura de renda no interior da RMBS além de identificar o papel diferenciado da dinâmica do mercado formal de trabalho para a composição da renda dos municípios. Em municípios como Cubatão e Guarujá, exemplos mais expressivos dessa dinâmica, o setor formal pode contribuir positivamente para o comportamento do rendimento médio, na medida em que o emprego gerado abarque a população residente do próprio município. Por outro lado, nos municípios em que o setor formal contribui menos, para a composição da renda, há, de certa forma, uma dependência da estrutura produtiva, que apresenta maior capacidade de geração de empregos com carteira assinada e que está intimamente ligada ao crescimento econômico. Tabela 9 Indicadores de Rendimento Médio, Salário Médio, Massa Total de rendimentos e Massa Total de Salários (1), 2000-2005 Rendimento Médio 2000 Crescimento 2000 anual do Salário Salário Médio Salário Médio / Rendimento Médio Médio Real 2000-2005 Massa Total de Rendimentos Massa Total de Salários Massa Total de Salários / Massa Total de Rendimentos Crescimento anual da Massa Real de Salários 2000-2005 RM da Baixada Santista 815 819 100,6-1,2 450.981.880 195.050.705 43,3 2,6 Bertioga 622 772 124,1-4,8 7.957.246 3.402.208 42,8 12,3 Cubatão 585 1.155 197,4 0,3 22.236.435 31.509.553 141,7 5,0 Guarujá 625 829 132,7-1,8 62.700.000 24.287.660 38,7 2,2 Itanhaém 565 649 114,8-2,2 14.382.075 4.069.159 28,3 3,4 Mongaguá 641 580 90,5-2,8 7.618.926 1.542.899 20,3 2,3 Peruíbe 619 649 104,9-2,8 10.414.056 2.730.026 26,2 2,5 Praia Grande 731 654 89,5-2,6 51.065.467 13.086.944 25,6 3,3 Santos 1.182 830 70,2-1,0 201.149.214 98.542.181 49,0 1,3 São Vicente 678 630 93,0-0,9 73.243.662 15.880.076 21,7 2,9 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE e Relação Anual de Informações Sociais 2000 e 2005. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. (1) Os dados sobre rendimentos tem como fonte o Censo Demográfico e aqueles de salários a Relação Anual de Informações Sociais Considerando-se apenas o segmento formal do mercado de trabalho, pode-se perceber que este apresentou, em média, uma tendência desfavorável à evolução do salário médio real. Verificou-se que, ao longo do período, que a grande maioria dos municípios da região apresentou perdas reais de salário significativas, com destaque para Bertioga, cuja perda real, foi aproximadamente 5% a.a. A dinâmica geral e mais importante que deve ser apreendida, no que concerne à estrutura e à configuração da renda no âmago do mercado de trabalho da RMBS, entre 21

2000 e 2005, é um duplo movimento: por um lado observa-se uma queda no salário real médio e por outro há um considerável incremento na massa real de salários. Esse duplo movimento, que está na base da dinâmica da renda, desse período, revela que o crescimento do emprego formal, e não o aumento dos salários foi o determinante do incremento da massa de salários, na composição da renda da região. Em síntese, pode-se perceber que se houver uma elevação nos níveis de rendimentos e/o de salários e ao se somar ao crescimento nos níveis de emprego formal, poderá haver uma ampliação significativa da massa total de rendimentos/salários. Após a exploração das dimensões gerais do mercado de trabalho, algumas considerações devem ser feitas a respeito da dinâmica do mercado de trabalho regional, sob a ótica da estrutura setorial da atividade econômica. Tabela 10 Estrutura e crescimento anual do número de trabalhadores do mercado de trabalho formal, segundo municípios e setores de atividade, 2005 Estrutura de emprego, 2005 Servicos Ind. Indústria de Construção de Util. Transformação Civil Pública Comércio Serviços Administração Pública Agropecuária, Extração Vegetal RM da Baixada Santista 7,3 1,7 5,0 21,1 50,8 13,5 0,6 100,0 Bertioga 0,8 24,7 2,2 17,3 40,9 14,1 0,0 100,0 Cubatão 32,3 0,5 19,4 8,6 26,9 12,1 0,4 100,0 Guarujá 2,3 0,6 3,9 22,6 56,2 13,2 1,2 100,0 Itanhaém 2,7 3,4 2,7 26,8 34,9 26,9 2,6 100,0 Mongaguá 3,0 0,9 5,8 31,8 24,1 33,6 0,7 100,0 Peruíbe 2,3 0,7 3,5 35,7 29,2 27,0 1,6 100,0 Praia Grande 2,1 3,2 7,6 28,9 34,2 23,8 0,1 100,0 Santos 4,6 0,5 2,2 19,9 63,8 8,5 0,6 100,0 São Vicente 6,4 0,3 2,2 27,7 44,0 19,4 0,0 100,0 Crescimento anual, 2000-2005 RM da Baixada Santista 2,5 23,2 0,9 5,4 3,0 5,9 (0,7) 3,9 Bertioga 1,3 141,7 44,9 10,6 11,0 13,0-17,9 Cubatão 1,6 9,8 3,2 9,1 8,5 5,2 29,1 4,7 Guarujá (5,6) (3,0) (1,9) 7,1 5,2 0,3 1,1 4,1 Itanhaém (5,8) 5,5 9,8 2,9 6,7 9,1 11,3 5,8 Mongaguá (5,2) (14,8) 5,3 8,0 1,8 11,3 (23,9) 5,5 Peruíbe (1,5) - 0,1 7,2 2,0 10,1 (0,2) 5,5 Praia Grande (1,5) 43,9 0,9 5,7 2,9 12,8 43,1 6,0 Santos 4,3 (0,0) (1,9) 3,9 1,9 3,0 (4,7) 2,3 São Vicente 12,5 (13,8) (6,7) 6,3 1,3 7,5 (24,2) 3,9 Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2000 e 2005. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Total De maneira geral, como já mencionado anteriormente, a RMBS, no que tange a estrutura setorial de emprego, apresenta grande volume de trabalhadores no setor de serviços (inclusive comércio), isso representa mais de 70% do mercado formal de trabalho da região. Deve-se destacar que é de suma importância a observação das diferenças entre os 22

municípios, pois algumas características específicas do mercado formal de trabalho regional revelam a possibilidade de se avaliar a relevância das dimensões da participação de cada setor de atividade, na composição da estrutura municipal do mercado de trabalho. A dimensão não desprezível da participação da indústria de transformação, no município de Cubatão, que, segundo a RAIS, continua tendo seu nível de emprego crescendo durante o período analisado aponta para a questão do crescimento econômico como forma de incorporação de parte da população ao mercado de trabalho. Contudo, percebe-se que, de modo geral, o setor que realmente tem maior relevância na estrutura do mercado de trabalho é o setor de serviços, que apresentou crescimento expressivo durante todo o período. Em síntese, pode-se perceber que os municípios da RMBS guardam certa identidade entre si, apresentam uma estrutura de empregos homogênea caracterizada por um forte setor de serviços que, como mencionado anteriormente, abarca mais de 70% de todos os trabalhadores. A característica comum entre os municípios reside na elevada participação, tanto do comércio como de outros serviços, tanto ligado à questão do turismo como ligado à questão portuária, como é o caso de Santos. Ademais, pode-se notar que em alguns municípios o setor de administração pública também é um forte lócus de ocupações formais, como em Itanhaém, Peruíbe, Mongaguá e Praia Grande, cujas dimensões de sua participação no total do mercado formal de trabalho mostram-se maiores que 20%. Um caso peculiar é a Estância Balneária de Bertioga, pois esta apresentou um elevado crescimento do emprego total, com destaque para o setor de serviços de utilidade pública, o que representa, de certa forma, uma maior participação da esfera de governo municipal como criadora de novos postos de trabalho. Ademais, o setor de construção civil cresceu a uma elevada taxa de 44% ao ano, impulsionado certamente pela recente recuperação da economia e pelo aumento da massa de renda. O setor de serviços é o pilar central da geração de postos de trabalho, na região metropolitana da Baixada Santista. Apesar da idéia de que o setor de serviços tenda a ser um espaço de criação de empregos ligados ao mercado informal, os dados apontam para uma situação diametralmente oposta, pois comércio e serviços foram responsáveis, entre 2000 e 2005, pela criação de mais de 34 mil novos postos de trabalho formal. 23

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Capítulo 2 Dinâmica Demográfica 23 Introdução O presente estudo analisa a evolução populacional da Região, de 1940 a 2007, destacando as tendências atuais, particularmente das últimas duas décadas, quanto ao crescimento da população e a importância do componente migratório na configuração urbano-regional. O objetivo principal do estudo foi analisar as seguintes questões: se a tendência de pólo secundário de atração populacional no Estado, registrado nos anos 70, havia se consolidado nos anos 80 e nas décadas posteriores; se emergiram pólos no contexto intraregional; e verificar, ainda, a relação entre as dinâmicas dos municípios, o impacto da crise econômica, os processos de conurbação e o papel desempenhado pela migração neste contexto. A (RMBS) é formada pelos municípios de Santos, Bertioga, Cubatão, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Itanhaém, Peruíbe e Mongaguá. Tais municípios tiveram como origem o município de São Vicente, a partir do qual foram ocorrendo os desmembramentos apresentados na Figura I. Esta Região sempre desempenhou importante papel no contexto estadual, tanto do ponto de vista econômico quanto populacional. O processo de ocupação da faixa litorânea paulista iniciou-se no século XVI, com vistas à expansão dos mercados europeus. Já por volta de 1780, servindo a uma agricultura de exportação, a RMBS beneficiou-se do cultivo da cana-de-açúcar do Planalto, que se dirigia à Europa através do porto. A introdução da atividade cafeeira, em meados do século, propiciou a construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí, para o escoamento do café, contribuindo para o desenvolvimento da Região, com a valorização de terras ao longo das novas vias de comunicação que foram abertas no caminho do mar (ARAÚJO, 1969). 2 Este estudo consiste em versão atualizada e ampliada de Baeninger & Souza (1994). Texto NEPO 28 (1994). Migração em São Paulo 5. Região de Governo de Santos. 3 Ficha Técnica: Coordenação: Rosana Baeninger, Coordenação Adjunta: Claudia Gomes de Siqueira, Auxiliares de Pesquisa: Juliana Arantes Dominguez, Kátia Isaías, Karina Silveira, Maria Ivonete Zorzetto Teixeira, Camila Mathias, Natália Belmonte, Katiane Shishito, Flávia Cescon. 25

Figura I Desmembramentos dos municípios 1545-2000 Fonte: Fundação Seade. Informe Demográfico 1 (1980) e Fundação IBGE apud Baeninger & Souza (1994) para municípios criados até 1990; Siqueira (2003), para municípios criados a partir de 1991. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. 26

Evolução da População O avanço econômico, em função da atividade cafeicultora, no Estado de São Paulo, do final do século passado até a crise de 1929, fez com que a RMBS prosperasse economicamente, consolidando a sua vocação portuária. No início dos anos 30, com a crise cafeeira, a política federal de retomada do crescimento econômico estimulou a produção industrial e a diversificação de produtos agrícolas para atividade comercial-exportadora no Estado. Nesse novo contexto, a Região da Baixada Santista se beneficiou com a construção da Rodovia Anchieta, em 1947, e a implantação de importante pólo industrial em Cubatão (SANTOS, 1992). Dentro desse processo, ocorreram, concomitantemente: o desenvolvimento de atividades turísticas e balneárias na Região, a chegada de expressivos contingentes populacionais e modificações na estrutura portuária em função dos novos produtos industrializados. Em termos demográficos, já em 1940, essa Região chegava a representar quase 3% da população do Estado, tendência que se acentuou nas décadas seguintes. De fato, o crescimento populacional da Região da Baixada Santista, desde os anos 40, manteve-se num ritmo maior que a taxa de crescimento estadual (Tabela 1). No período 1940/1950, enquanto a taxa média de crescimento da população do Estado era de 2,44% a.a., a da RMBS apresentava-se ligeiramente superior: 2,88% a.a. A construção da Rodovia Anchieta, em 1947, contribuiu para a maior circulação de população e de atividades econômicas, fazendo emergir a baixada santista como um pólo de turismo estadual. Nesse sentido, houve necessidades crescentes de melhorias na infra-estrutura urbana da Região, a fim de atender essa demanda turística (FARIA, 1977). 27

Tabela 1: Evolução da População Total Estado de São Paulo e 1940/2007 Ano RG / RM de Santos Estado de São Paulo Dist. Relat. RG/ESP (%) Taxas de crescimento (%a.a.) RG / RM de Santos Estado São Paulo 1940 201.279 7.180.316 2,80 2,88 2,44 1950 267.387 9.134.423 2,93 4,67 3,45 1960 422.073 12.829.806 3,29 4,47 3,31 1970 653.441 17.771.948 3,68 3,94 3,49 1980 961.249 25.040.712 3,84 2,15 2,09 1991 1.214.980 31.436.273 3,86 2,17 1,82 2000 1.473.912 36.974.378 3,99 1,92 1,50 2007 1.683.214 41.029.414 4,10 Fonte: Fundação IBGE. Censos Demográficos de 1940 a 2000; Fundação SEADE. Projeção populacional de 2007. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. Os anos 50 marcaram o período de maior ritmo de crescimento da população na Região: 4,67% a.a. contra 3,45% a.a. para o conjunto do Estado, no mesmo período. De fato, nessa etapa iniciou-se a implantação de indústrias na Região, impulsionando o desenvolvimento dos setores econômicos ligados às atividades secundárias e, particularmente, terciárias. Nesse processo, o município de Cubatão desempenhou importante papel econômico regional, uma vez que o implante industrial concentrou-se neste município; em 1950, este município participava com 9% da atividade industrial da Região, passando a responder por 72,5%, em 1960, em função da instalação da indústria 28

petroquímica. Nesta ocasião, o município de Santos consolidava sua característica de centro portuário. No período 1960/70, a Região já havia consolidado seu parque industrial, com a ampliação da infra-estrutura de transportes, intensificação da construção civil e de atividades terciárias. Nos anos 70, houve, com o processo de interiorização da indústria paulista e a ação do Estado, um aumento na capacidade de produção siderúrgica e petroquímica, com a implantação de novas unidades industriais: as obras do plano de expansão da COSIPA, a ampliação da PETROBRÁS e a consolidação do maior parque industrial de fertilizantes do País (SEP/CAR, 1991). O grande investimento do Estado em obras de infra-estrutura, nesse período, proporcionou a construção da Rodovia dos Imigrantes em 1976, o que contribuiu para o aumento de empregos na Região, além de efeitos positivos no desempenho industrial, no complexo portuário e no turismo. Assim, até os anos 70, a taxa de crescimento da população regional permaneceu em torno de 4% a.a., o que representou um acréscimo de mais de 690 mil habitantes entre 1950 e 1980. Nesse período, a taxa de crescimento estadual manteve-se em torno de 3,5% a.a. (Tabela 1). O desenvolvimento das atividades portuárias contribuiu para maior absorção de mãode-obra no setor terciário regional. Além disso, a demanda por serviços ligados à infraestrutura urbana, comércio e turismo contribuíram também para o crescimento populacional da Região, ao longo desse período. Nos anos 80, a Região de Santos, assim como as demais regiões paulistas, não apresentou o mesmo desempenho econômico e demográfico verificado em décadas anteriores; os efeitos da crise econômica do país se fizeram sentir de maneira acentuada na área com aumento no número de desempregados e acirramento das questões sociais, como violência urbana, favelas e empobrecimento da população. Aliás, o período 1980/1991 registrou menor ritmo de crescimento populacional para o Estado de São Paulo em seu conjunto, passando este de uma taxa de crescimento populacional de 3,49% a.a., entre 1970/1980 para 2,09% a.a., no período 1980/1991. Acompanhando esta tendência, a RMBS, que registrava uma taxa de crescimento de 3,94% a.a., nos anos 70, passou para 2,15% a.a., entre 1980/1991. Este acentuado decréscimo na taxa de crescimento regional deveu-se, fundamentalmente, ao menor ritmo de crescimento do município-sede (Santos). Nos anos 90, o Estado de São Paulo manteve a tendência decrescente já verificada 29