A INFLUÊNCIA DO PREPARO PSICOLÓGICO PARA CIRURGIA EM MULHERES COM CÂNCER DE MAMA DANTAS, Patrícia Rigoni 1 ; FREITAS-JUNIOR, Ruffo de 2 ; MONTES, Isabela Márcia Freitas 3 ; OLIVEIRA, Eleniete Nunes de 4 ; VELOSO, Márcia de Faria 5. Palavras-chave: Preparo Psicológico Pré-Operatório, Estado Emocional, Câncer de Mama Introdução O câncer de mama ainda é uma doença carregada de estigmas e sofrimento, provocando alterações significativas na vida da mulher, (Venâncio, 2004). Mesmo com avanços tecnológicos, incentivo a prevenção, combinação de técnicas terapêuticas, o diagnóstico ainda é tardio e o número de diagnóstico precoce é pequeno. Prevalecendo 60% de Cirurgias mutiladoras e mais de 90% em situação de diagnóstico (Medeiros, 2001; Costa e Leite 2009). A cirurgia pode ser usada na forma diagnóstica, profilática, paliativa, reconstrutiva. Sendo do tipo excisão local conservadora ou radical (Brunner & Suddarth, 2002, citado por Passos, 2009; Maluf, 2006). Situações alarmantes uma vez que a estimativa de câncer de mama para 2011, no centro-oeste é de 38/100.000 (MS/INCA,2009). O adoecimento e tratamento pelo câncer de mama geram sérias consequências emocionais que podem ser temporárias ou permanentes na vida do indivíduo. Em situação de cirurgia é presente: angústia, medo da dor, da anestesia, de mutilação, das mudanças na imagem corporal e da morte. Ocorrem também sentimentos de impotência, de isolamento, preocupações com futuro incerto e dúvidas sobre pós- cirúrgico, dentre outros. Situações vivenciadas como uma ameaça a sua integridade física, psíquica e social. Maluf (2006),cita os estudos de Resumo revisado pelo Prof. Dr. Ruffo de Freitas Júnior, Coordenador da Ação de Extensão Liga da Mama (FM-34) 1 Universidade Federal de Goiás e-mail: prigoni@hotmail.com 2 Coordenador do Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas email: ruffojr@terra.com.br 3 Universidade Federal de Goiás email: isabela_montes@hotmail.com 4 Pontifícia Universidade Católica de Goiás email: eleniete@gmail.com 5 Psicóloga do Programa de Mastologia HC/UFG e-mail: velosomf1@hotmail.com
Moorey S. e Greer S (1989), destacando que as mulheres em alguma fase do tratamento de câncer de mama, desenvolverão de 25 % a 35% de ansiedade e/ou depressão e que sem ajuda psicológica, muitas podem permanecer nesse estado. Revelam ainda que há prevalência nos níveis de moderado a alta (Magalhães Filho, Segurado & Marcolino (2006); Alves, Pimentel, Marcolino, Gozzani, & Mathias, 2007). Níveis elevados destes sintomas no pré-operatório estão associados à natureza de experiências anestésicas e cirúrgicas prévias, às fantasias e crendices populares sobre esses procedimentos e ainda ao histórico das representações construídas sobre o câncer (Padilha & Kristensen, 2006; Maluf, Jo Mori & Barros, 2005; Santos & Sebastiani 2003; Maguire, 1999; Campos, 1995). Uma das estratégias desenvolvidas para diminuição da ansiedade gerada pelo procedimento médico, para redução da dor e para um enfretamento adequado destes é a preparação psicológica (Santos, 2002). Esta consiste em amenizar o sofrimento do paciente; torná-lo participativo, possibilita a expressar livremente seus sentimentos e preocupações, auxiliá-lo a controlar sua ansiedade facilitar a canalização de informações necessárias, adequadas e suficientes, avaliar suas condições psicoemocionais, verbalizar os fantasmas suscitados pela perspectiva da cirurgia pré e/ou no pós-cirúrgico. Favorecer ainda, a criação de clima de confiança entre a equipe-paciente-familia, colocá-los em contato com outros pacientes com a mesma experiência, fornecer suporte emocional no problema focal a ser enfrentado: a cirurgia, (Veloso, n.d.; Almagia, 2000). Desta forma, a preparação psicológica possibilita ressignificar o estado atual do paciente, melhorar os recursos psíquicos para enfrentamento da situação estressora e generalizar para os diversos momentos do tratamento, (Medeiros, 2001; Santos, 2002). Ao contrário desta, quanto maior a tensão vivida pela pessoa, maior serão as dificuldades para superar ou administrar as possíveis limitações de uma cirurgia ou doença (Sebastiani & chaves 2005). Justificando a significância desse estudo, pode se observar que as pacientes diante de um procedimento cirúrgico, expressam ansiedade, medo e depressão, dentre outros. Frente às intervenções realizadas pelo serviço de Psicologia no preparo psicológico para cirurgia foi possível notar redução da intensidade nas questões emocional presentes no pré-operatório. É um estudo relevante, de grande interesse para a comunidade científica, serviços de saúde e população.
Objetivo Verificar se o preparo psicológico em mulheres com câncer de mama indicadas para cirurgia (quadrantectomia, mastectomia, com ou sem reconstrução imediata ou tardia), influencia nos estados emocionais (medo, ansiedade e depressão), e comparar os dois grupos: um preparado psicologicamente, Grupo Experimental - (GA) e o outro não Grupo Controle - (GB). Como objetivo específico: verificar se o preparo psicológico em mulheres com câncer de mama indicadas para cirurgia, influencia nos estados emocionais, e comparar os dois grupos: GA e GB. Método A pesquisa é do tipo ensaio clínico, exploratório, descritivo, e intervencionista, em andamento, com dados parciais de janeiro a agosto de 2011. Participaram 20 mulheres com câncer de mama, atendidas no Programa de Mastologia HC/UFG. Foram critérios de inclusão para os dois grupos: mulheres indicadas para cirurgia de câncer de mama, sem limite de idade. Como instrumento foi utilizado questionário de dados sócio-demográfico, Vídeo informativo, Técnica de Relaxamento com Visualização, Técnica de Imaginação ativa, escuta livre referente aos estados emocionais, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (Hospital Anxiety and Depression Scale HADS), e Escala visual analógica EVA. Os materiais utilizados foram: folhas de papel A4, DVD, pendrive, caneta prancheta, tinta para impressora, computador, filmadora, gravador, mesa, cadeiras, 65 cópias de termo de consentimento livre e esclarecido, de Questionário de dados sócio-demográfico e das Escalas: Hospitalar de Ansiedade e Depressão- HADS e visual analógica- EVA. Teve início após a aprovação do Comitê de Ética do HC/UFG, do aceite da paciente a participar da mesma e da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Foram randomizadas por meio de sorteio, compondo o GA(10 mulheres) ou GB(10 mulheres). Composta por cinco fases para o GA e três para o GB: Primeira - coleta de dados da parte 1 (um) do questionário sócio-demográfico (comum ao GA e GB); intervenção psicológica com aplicação da técnica de relaxamento com visualização (GA). Segunda - apresentação de um vídeo informativo dos procedimentos cirúrgicos, através de um notebook, análise da absorção das informações obtidas e esclarecimento sobre as dúvidas, seguido por aplicação de técnica de relaxamento e visualização (GA). Terceira - aplicação da
técnica de imaginação ativa sobre todos os passos cirúrgicos, com vivência, percepção e expressão dos sentimentos (com intervenções psicológicas se necessário) seguida por Técnica de relaxamento (GA). Quarta - aplicação de técnica de relaxamento com visualização (GA), sendo comum aos dois grupos nesta fase a utilização da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão HADS, bem como a segunda parte do questionário sócio-demográfico. Quinta - coleta de dados da terceira parte questionário sócio-demográfico (comum ao GA e GB) aplicados em sala adequada no Programa de Mastologia do HC/UFG (da primeira à terceira fase). A quarta,foi realizada na enfermaria da clinica cirúrgica e a quinta, no centro cirúrgico do HC/UFG. Para análise de dados foi utilizado o Programa Statistical Package for Social Science - 18.0. Resultados e conclusões No Ga a idade variou entre 32 a 72 anos, com média - 48,6 anos, (DP=11,05), com renda familiar de 1,0 a 4,5 salários mínimos, média 1,67, (DP=1,01). No GB, mulheres com idade entre 33 a 76 anos, média 47,43 anos e (DP 14,21). Renda familiar de 0,5 a 3,0 salários mínimos, média 1,35 (DP=0,85). Os resultados revelaram que os objetivos foram alcançados. A ocorrência destes estados emocionais encontra-se com médias de moderados a baixo, mostrando a diferença entre os achados deste com os apresentados na literatura. Quanto ao medo da cirurgia 33%, da anestesia 45% (Barbosa e Radomile, 2006). Quanto a ansiedade e/ou depressão 25% a 35%. Em alguma fase do tratamento (Moorey et al 1989, citado por Maluf 2006), 20% a 25% pacientes mastectomizados (Alves et al 2007) 40,6 % em diferentes tipos de câncer (Magalhães Filho et al 2006). Houve pequena diferença nos estados emocionais entre os grupos, exceto quanto ao medo da anestesia, justificado pela possível influência das intervenções psicológicas nos diversos momentos do tratamento no GB(71%) passou pelo atendimento de Psicologia e a atuação do Psicólogo, visa manter o bem estar psicológico da paciente, reduzir conflitos emocionais provenientes da doença e do tratamento, possibilitando a re-significação deste processo (Silva, Loureiro & Sousa, 2004). As Mulheres do GA foram mais agredidas pelos vários procedimentos do tratamento, apesar de que quando comparada à freqüência entre grupos, em alguns aspectos, não houve diferença significativa. Na amostra geral 18 (95%) pacientes
realizaram esvaziamento axilar, com uma predisposição maior destas a ter um linfedema, principal complicação decorrente do tratamento de câncer de mama, afetando 50% a 70% das mulheres que realizam mastectomia radical(silva, 2002). Gerando conflitos emocional físico (perda da funcionalidade deste membro), psíquico e social (e na imagem corporal). O preparo psicológico para cirurgia em mulheres com câncer de mama reduziu os estados emocionais destas pacientes. Embora, com pequenas diferenças e não significativas entre os grupos nos estados emocionais, com exceção do medo da anestesia e do nível de informação GB. Contudo, na continuidade deste estudo é necessário maior rigor para o grupo controle, compondo-o por pacientes com menor numero de intervenção psicológica durante o tratamento, e com isso mostrar quantitativamente a eficácia do preparo psicológico na redução dos estados emocionais. Referências Bibliográficas Barbosa, V. C. & Radomile M. E. S. (2006). Ansiedade pré-operatória no hospital geral. Psicópio: Revista Virtual de Psicologia Hospitalar e da Saúde. 2(3): 45-50.; Costa P. & Leite RCBO (2009). Estratégia de enfrentamento utilizado pelos pacientes ontológicos submetidos a cirurgias mutiladoras. Revista Brasileira de Cancerologia, 55(4), 355-364.; Magalhães Filho, L. L., Segurado, A., Marcolino J. A. M. & Mathias, L. A. S. T. (2006). Impacto da avaliação pré-anestésica sobre a ansiedade e depressão dos pacientes cirúrgicos com câncer. Revista Brasileira Anestesiologia, 56(2), 126-136.; Passos, U. C. (2009). Ansiedade, depressão, desesperança e estresse do enfermo cirúrgico oncológico. Dissertação de mestrado, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia. Santos, M. K. (2002). Importância da preparação psicológica pré-cirúrgica na diminuição da ansiedade. Monografia de Conclusão de Especialização em Psicologia Hospitalar. IEP. Goiânia-Go.;