Sabrina Bortolin Nery. Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica Escola Paulista de Medicina Universidade Federal de São Paulo



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Transcrição:

Sabrina Bortolin Nery Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica Escola Paulista de Medicina Universidade Federal de São Paulo

Introdução Atualmente, o exame complementar mais utilizado no diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a phmetria de 24 horas, capaz apenas de fornecer valores de ph, porém, não é capaz de documentar o refluxo gastroesofágico Além disso, a ph metria de 24 horas não possibilita a detecção do RGE na faixa intermediária de ph (ph 4-7,0), devido à proximidade com o ph normal do esôfago que varia de 5-6,8. Esse é o chamado refluxo não ácido, responsável por cerca de 50 % dos eventos de refluxo Vandenplas e col. Acta Pædiatrica 2007. Wenzl. Am J Med 2003. Skopnik e col. JPGN 1996.

Introdução Observou-se uma importante relação na infância da DRGE com manifestações como dessaturação de oxigênio, episódios de apnéia, aspiração pulmonar, broncoespasmo, irritabilidade e distúrbios do sono Como essas situações podem ser induzidas tanto por refluxos ácidos como não ácidos, uma técnica capaz de estabelecer a presença do RGE independente do ph e que demonstre a altura atingida por esse refluxo no esôfago foi desenvolvida na década de 80 no Instituto Helmholtz de BiomedicinanaAlemanha-a Impedanciometria Intraluminal Multicanal Wenzl. Am J Med 2003. Skopnik e col. JPGN 1996.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal O princípio básico da impedanciometria é idêntico ao monitoramento do ph: o registro de dados é coletado através de uma sonda esofágica transnasal conectada a um gravador Após um registro de 24 horas a gravação é transferida a um software específico que proporciona o rastreamento e sua análise automática Vandenplas e col. Pediatrics 2007.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal Impedância elétrica é a medida em Ohms da resistência elétrica entre dois pontos É definida como a relação entre a voltagem e a corrente e é inversamente proporcional à condutividade elétrica Usando sensores pareados em contato com a mucosa do esôfago, o aparelho é capaz de detectar variações na resistência elétrica basal da mucosa esofágica quando substâncias ingeridas (ou refluídas) entram em contato com os sensores e alteram a resistência entre os referidos pontos Wenzl. JPGN 2002. Herbella e col. Rev. Col. Bras. Cir. 2008.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal Em lactentes, no Instituto Helmholtz, um catéter com um eletrodo de ph e sete eletrodos de impedância representando 6 canais de medição é utilizado O comprimento alcança da cárdia (canal 6) até a faringe (canal 1), com o sensor de ph situado ao nível do Canal 5, cerca de 3 cm acima da junção esôfago gástrica Skopnik e col. JPGN 1996.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal Hila e col. Clin Gastroenterol Hepatol 2007.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal Faringe Radiografia de tórax de um lactente com pneumonia aspirativa de repetição com um cateter esofágico para medição da impedância e do ph. Canais de impedância Z1 - Z6 e eletrodo de medição do ph ao nível do Z5 Cardia Skopnik e col. JPGN 1996.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal O princípio básico desta técnica é a mudança na impedância elétrica medida no lúmen durante a passagem de um bolus alimentar A condutividade elétrica do ar é quase zero, enquanto que a condutividade de um bolus (ex: formula láctea, saliva ou conteúdo gástrico) é relativamente elevada quando comparada com a baixa condutividade da parede muscular A impedância diminui durante a passagem de um bolus com alta condutividade, como a saliva, alimentos ou secreções gastrointestinais, e aumenta durante as fases de baixa condutividade, como durante a passagem do ar ou durante as contrações musculares da parede do órgão Wenzl. JPGN 2002. Skopnik e col. JPGN 1996.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal Representação gráfica da impedância intraluminal da parede esofágica em Ohms, começando no início e progredindo através da presença de ar e da presença de um bolus de fluido. A impedância aumenta na presença do ar e diminui na presença do fluido Tutuian, Castell. Am J Med. 2003.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal A passagem do bolus é caracteristicamente dividida em cinco fases: fase 1 estado de repouso: relaxamento muscular do esôfago fase 2 aumento da impedância causada pela passagem do ar na frente do bolus fase 3 a diminuição da impedância causada pela passagem de um bolus com alta condutividade fase 4 a constricção da parede: aumento da impedância após a passagem do bolus fase 5 o relaxamento da parede: a impedância retorna ao estado de repouso Wenzl. JPGN 2002.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal Wenzl. JPGN 2002.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal O uso de vários segmentos de medição ao longo de um catéter colocado no esôfago permite a análise do sentido do transporte do bolus - assim movimentos anterógrados e retrógrados podem ser distinguidos Uma diminuição da impedância maior que 50% do basal foi arbitrariamente definida como típica para a passagem de um bolus. Além disso, um episódio de impedância só é considerado se atingir pelo menos 3 anéis consecutivos (cada anel é separado por no mínimo 1 cm nas sondas para crianças) Se a queda na impedância começa no nível superior é uma deglutição. Se a queda começa no nível mais baixo é um episódio de refluxo Wenzl. Am J Med 2003. Vandenplas e col. Pediatrics 2007.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal Gráfico A: padrões espaciais de impedância para movimento anterógrado do bolus Gráfico B: padrões espacial e temporal de impedância para o movimento retrógrado do bolus Tutuian, Castell. Am J Med. 2003.

Impedanciometria Intraluminal Multicanal A impedanciometria tem a vantagem de ser independente do ph e, como conseqüência, é melhor adaptado para medir o refluxo (especialmente no período pós-prandial, quando o refluxo é tamponado) e detectar os sintomas associados aos episódios de refluxo não ácidos ou fracamente ácidos A relevância clínica da detecção do refluxo fracamente ácido e não ácido também é ainda uma questão que requer maior investigação, uma vez que os dados publicados hoje são inconclusivos e um tratamento específico não se encontra disponível Vandenplas e col. Pediatrics 2007.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica Antes do desenvolvimento da impedanciometria, a associação entre refluxo ácido ou não ácido e sintomas respiratórios em crianças era controversa Em 1996, Skopnik e cols. publicaram um estudo sobre a capacidade de detectar o RGE em lactentes de 1 a 6 meses utilizando a impedanciometria combinada à phmetria Foram analisados os resultados obtidos a partir de 6 horas de análise em 17 crianças que apresentavam sintomas clínicos de RGE apnéia recorrente, aspiração pulmonar, broncoespasmo e déficit do crescimento Tutuian, Castell. Am J Med. 2003. Skopnik e col. JPGN 1996.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica Foram detectados 596 episódios de refluxo pela impedanciometria dos quais apenas 185 (31%) foram identificados pela phmetria Um total de 391(65%) episódios de refluxo ocorreram nas 2 primeiras horas pós-prandial sendo que 356 (89%) destes tiveram ph maior que 4 o chamado refluxo não ácido Outra constatação importante foi que 84% de todos os episódios de refluxo atingiram o canal mais proximal da impedanciometria, localizado na orofaringe Skopnik e col. JPGN 1996.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica Em 1999, Wenzl e cols. estudaram 22 pacientes com idades variando de 69 dias de vida + 38 que apresentavam regurgitação (n = 10) ou sintomas respiratórios (n = 12) Foram encontrados 364 ocorrências de RGE pela impedanciometria e apenas 11,4% tiveram ph inferior a 4, sendo portanto reconhecidos pela phmetria Trezentos e doze (84,8%) ocorrências foram associadas com anormalidades respiratórias e apenas 11,9% destes foram detectados pela phmetria Wenzl e col. JPGN 1999.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica Dezenove casos foram acompanhados por uma diminuição da saturação de oxigênio superior a 10% do valor inicial. Apenas três (15,8%) destes tiveram ph inferior a 4 Após a análise do software pré-aided, 165 casos de apnéia foram validados visualmente, dos quais 49 foram acompanhadas por RGE. Trinta e oito (77,6%) destes foram exclusivamente gravados pela impedanciometria Wenzl e col. JPGN 1999.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica Novo estudo realizado por Wenzl e cols., em 2002, em 50 lactentes em investigação para a presença de RGE encontrou 1887 episódios de refluxo detectáveis pela impedanciometria durante 318 horas de gravação. Destes, apenas 282 (14,9%) episódios foram de refluxo ácido detectáveis pela phmetria Ao analisar as gravações de ph, 270 episódios foram identificados como eventos de refluxo. Destes, 153 também foram associados com o movimento retrógrado do bolus detectado pela impedanciometria (sensibilidade de 54,3% para detecção de refluxo ácido, 56,7%, valor preditivo positivo) e 117 episódios não foram associados com o movimento retrogrado do bolus na impedanciometria Wenzl e col. JPGN 2002.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica Na tentativa de correlacionar o RGE com a presença de tosse crônica ou de broncoespasmo, Claude Thilmany e cols., em estudo publicado em 2007, investigaram 25 crianças com idade de 6 meses a 15 anos Após a realização da impedanciometria de 6 canais associada à phmetria de duplo canal (esôfago distal e proximal) encontrou-se alta prevalência de refluxo ácido nessa população (94,9%), porém não foi possível estabelecer um papel relevante para o refluxo não ácido Thilmany e col. Respir Med 2007.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica Considerando se que em recém-nascidos poucos episódios de refluxo gastro-esofágico causam acidificação do ph, Manuel López-Alonso e cols. estudaram 21 pré termos assintomáticos, substituindo a sonda nasogástrica convencional por uma sonda especial que continha nove eletrodos de impedância no tamanho 8 French O ph gástrico e esofágico foram monitorizados utilizando outro catéter em paralelo no tamanho 6 French Alonso e col. Pediatrics 2006.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica O ph gástrico foi superior a 4 em 69,3 + 20,4% durante o tempo de gravação O número médio de eventos de refluxo foi de 71 sendo que 25,4% foram considerados ácidos e 72,9% foram fracamente ácidos e 2% fracamente alcalinos Comparado ao período de jejum o período correspondente à alimentação apresentou um maior número de eventos de refluxo por hora (3.36 + 1.23/h durante a alimentação vs 2.65 + 1.02/h durante o jejum; P = 0.068) Alonso e col. Pediatrics 2006.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica Vandenplas e cols., em recente estudo prospectivo publicado em 2009, procuraram correlacionar os dados obtidos na impedâncio-phmetria com a presença de esofagite histológica Foram analisadas biópsias e dados de impedânciophmetria de 45 crianças com idade média de 69 + 55 meses Salvatore e col. JPGN 2009.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica No total, observou-se a presença de 3592 episódios de refluxo na impedâncio-phmetria sendo que destes, 1749 (48,7%) eram ácidos, 1777 (49,5%) eram fracamente ácidos e 66 (1,8%) eram alcalinos A esofagite foi diagnosticada em 25 dos 45 pacientes (56%) Concordância entre a phmetria e a análise histológica foi encontrada em 19 pacientes (42%) phmetria alterada em 3 dos 25 casos de esofagite histológica e phmetria normal em 16 dos 20 pacientes com histologia normal Salvatore e col. JPGN 2009.

Uso da Impedanciometria na faixa etária pediátrica De acordo com a impedâncio-phmetria, os valores médios e a mediana do ph foram significativamente maiores no grupo com esofagite, além de um maior tempo de depuração esofágica quando comparada ao grupo histologicamente normal Concluiu-se neste estudo que a impedanciometria intraluminal multicanal em associação à phmetria não é capaz de predizer a presença de esofagite histológica nas crianças Salvatore e col. JPGN 2009.

Considerações finais Apesar da precisão encontrada na impedanciometria em relação à velocidade do bolus, seu sentido (ingerido ou refluído) e a altura alcançada pelo mesmo, os valores normais da impedanciometria nos vários grupos etários pediátricos continuam a ser definidos, o que faz com que seu uso ainda seja restrito a estudos Os dispositivos e eletrodos de medição de impedância são cerca de 3 vezes mais caros que o eletrodo da phmetria e o dispositivo como um todo é mais que 4 vezes o valor da phmetria Wenzl. JPGN 2002. Vandenplas e col, Acta Pædiatrica 2007.

Considerações finais Embora a impedância registre claramente mais eventos de RGE do que a phmetria, a vantagem e/ou relevância de obtermos mais episódios de RGE na prática clínica diária ainda precisa ser demonstrada A relevância clínica da detecção do refluxo fracamente ácido e não-ácido também é uma questão que necessita de maior investigação uma vez que os dados atuais são inconclusivos e um tratamento específico ainda não se encontra disponível Vandenplas e col, Acta Pædiatrica 2007.

Considerações finais A correlação de sintomas com a presença de RGE parece ser mais convincente com a impedâncio-phmetria, em especial na presença de sintomas extra-esofágicos. Mais estudos no entanto são necessários para que essa relação seja estabelecida O tempo de análise visual dos dados requeridos pela impedanciometria ainda limita a aplicabilidade da mesma e o aprimoramento do software de leitura se faz necessário Wenzl. JPGN 2002. Vandenplas e col, Acta Pædiatrica 2007.

Obrigada!