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Transcrição:

Cultura e Modernidade Prof. Elson Junior Santo Antônio de Pádua, julho de 2017.

Objetivos Refletir sobre os aspectos dinâmicos que conformam as identidades culturais contemporaneidade; Compreender o processo de deslocamentos da identidade nacional na sociedade globalizada; Entender como as identidades passam a ser mais contextuais e posicionais; Refletir sobre a importância dos novos atores políticos na globalização. 2

Introdução Vivemos a compressão acelerada do espaço-tempo (característica da modernidade, e da globalização). A globalização apresenta-se como um processo contraditório. Como se apresentam as identidades nacionais na contemporaneidade? Por um lado temos o fortalecimento de identidades comunitárias e regionais. Por outro emergem identidades globais. 3

www.theguardian.com Identidades culturais na contemporaneidade Apoiando-se em Giddens, Stuart Hall aponta novas combinações espaço-tempo da contemporaneidade, por alterar os sistemas de representação (formam-se novos sistemas culturais). 4

www.theguardian.com Identidades culturais na contemporaneidade Ocorrem mudanças acima e abaixo do nível do Estadonação (tensão entre global e local nas transformações da sociedade). 5

www2.warwick.ac.uk Identidades culturais na contemporaneidade O centro de sua discussão envolve os conflitos culturais que surgem na globalização (embora se baseie em Giddens, discorda de sua análise). 6

www2.warwick.ac.uk Identidades culturais na contemporaneidade Segundo Giddens a integração mundial teria duas fases: a primeira de domínio e expansão do ocidente, e a segunda, mais atual, representaria uma relação dialógica e menos assimétrica. 7

Identidades culturais na contemporaneidade Neste sentido, Giddens, inclusive, estabelece uma comparação entre a evolução da antropologia com a integração mundial. Neste ponto inicia-se a discordância de Hall, para ele as contratendências da globalização atual são distintas de uma interação dialógica. Os motivos principais seriam: Ocorre uma desigual distribuição do processo de globalização no mundo, exemplificadas nos desiguais fluxos sociais, materiais e culturais. 8

Identidades culturais na contemporaneidade Na realidade estamos vivenciando um processo predominante de ocidentalização. Ocorre uma mercantilização de etnias e de elementos culturas. Ex. latinos e orientais são vistos como exóticos, consumo de restaurantes e músicas típicas. Vem conduzindo aos movimentos de volta, que se referem à migração pós-colonial, ou seja, de população oriunda de antigas colônias em direção às antigas metrópoles (países centrais). 9

Identidades culturais na contemporaneidade Estes imigrantes alteram o cenário cultural local (identidades nacionais) e apresentam uma identidade cultural híbrida (denominada identidade traducional). Há um processo de reação à ocidentalização com a emergência de identidades que se pretendem purificadas. Ex. nacionalismo xenófobo europeu, o fundamentalismo islâmico em oposição a ocidentalização ou o revival do nacionalismo étnico após o colapso dos regimes comunistas. 10

Identidades culturais na contemporaneidade Desta forma Hall afirma que vivenciamos na atualidade o alargamento do campo das identidades, com a proliferação novas posições de identidade e crescente polarização entre elas. Neste cenário, este alargamento do campo das identidades ora fortalece as identidades locais, ora atua na produção de novas identidades. 11

Novos atores políticos em uma arena transnacional Nas últimas três décadas os movimentos políticos e lutas políticas mais importantes foram o dos grupos sociais congregados por identidades não classistas (ex. estudantes, mulheres, grupos étnicos e religiosos). Isso significa/representa uma nova forma de compreender a política e a cultura (não só ligadas às desigualdades sociais/de classe). 12

Novos atores políticos em uma arena transnacional Ocorre assim uma erosão da identidade mestra de classes, emergindo diferentes posições de sujeito (identidade). Alguns exemplos emblemáticos merecem ser analisados: O movimento negro na Inglaterra e no mundo foi fortemente influenciado pelos Black Power, nos EUA. Este movimento inverteu o sentido de ser negro, valorizando-o (orgulho). 13

Novos atores políticos em uma arena transnacional Dizemos que os significados culturais, no mundo contemporâneo, e as identidades se caracterizam por uma dinâmica distinta em relação ao período histórico prévio. As identidades na globalização tornam-se mais fluídas. Outro caso envolve a crescente escolarização feminina e paulatina participação das mulheres no mercado de trabalho que nos anos 60 e 70 culminou com o movimento feminista. 14

Novos atores políticos em uma arena transnacional Outro destaque envolve a luta encabeçada pelos movimentos GLSBT (homossexuais). A partir dos anos 60 a ordem normativa vigente passa a ser vista como doente e repressora. O movimento hippie e de forma mais ampla a contracultura marcam uma ruptura cultural sem precedentes. Surge efetivamente uma cultura juvenil global. 15

Novos atores políticos em uma arena transnacional Vale ainda ressaltar o movimento ambiental e o movimento pacifista. Esse contexto simboliza a emergência de contextos transnacionais em ação, não se exclui, contudo, a política nacional. O que ocorre é uma dinamização da política internacional com traduções em âmbito nacional (COSTA, 2006). 16

Os estudos sobre a globalização Anthony Giddens As consequências para a modernidade Stuart Hall A identidade cultural na Pós-modernidade Zygmunt Bauman A globalização e as consequências Humanas

Diferenças entre os autores Foco de análise Giddens: O foco de análise é a revisão do ponto de vista de como a sociologia clássica enxerga a modernidade (para ele deve ser revista).

Diferenças entre os autores Bauman: se preocupou com as mudanças econômicas, no que tange a tempo e as classes. Em especial na análise das transferências da empresa no espaço e em especial no que ele designou como proprietários ausentes. Hall: questões culturais, mas especificamente foco nas identidades.