1 FACULDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA S/A SESVALI S/A FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO MARIA GORETE BEZERRA DA NÓBREGA CLIMATÉRIO, EFEITOS DA ISOFLAVONA DA SOJA NA DIMINUIÇÃO DOS SINTOMAS: REVISÃO DE LITERATURA CARUARU 2011
2 MARIA GORETE BEZERRA DA NÓBREGA CLIMATÉRIO, EFEITOS DA ISOFLAVONA DA SOJA NA DIMINUIÇÃO DOS SINTOMAS: REVISÃO DE LITERATURA Monografia de Conclusão de Curso entregue à Faculdade do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Profª. MsC. Silvia Alves Silva CARUARU 2011
3 Catalogação na fonte - Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE N337c Nóbrega, Maria Gorete Bezerra da. Climatério, efeitos da isoflavona da soja na diminuição dos sintomas: revisão de literatura / Maria Gorete Bezerra da Nóbrega. Caruaru : FAVIP, 2011. 23 f. Orientador(a) : Silvia Alves da Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (Nutrição) -- Faculdade do Vale do Ipojuca. 1. Climatério. 2. Fogachos. 3. Sintomas Isoflavona da soja (Causa e efeito). I. Título. CDU 612.3[12.1] Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367
4 MARIA GORETE BEZERRA DA NÓBREGA CLIMATÉRIO, EFEITOS DA ISOFLAVONA DA SOJA NA DIMINUIÇÃO DOS SINTOMAS: REVISÃO DE LITERATURA Monografia de Conclusão de Curso entregue à Faculdade do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Profª. MsC. Silvia Alves Silva Aprovado em: 06/12/2011 Orientador(a):Profª Silvia Alves Silva 1º Avaliador(a): Kelly ReginaWanderley Falcão 2º Avaliador(a): Adriana M. F. de Paula Lopes CARUARU 2011
5 Dedico este trabalho ao meu pai Otávio Bezerra da Silva (in memória), que me ensinou o valor do conhecimento.
6 AGRADECIMENTOS A Deus pela oportunidade que meu deu de tornar realidade mais um objetivo em minha vida. A minha família, em especial minha mãe, pelo apoio e incentivo que me deu durante todo o curso. A minha irmã Fátima por sua disponibilidade todas as vezes que solicitei sua ajuda. A profº Drª Shirley Veras Maciel pela sua contribuição em sala de aula para a realização deste trabalho.
7 Leva tempo para alguém ser bem sucedido porque o êxito não é mais do que a recompensa natural pelo tempo gasto em fazer algo direito." (Joseph Ross)
8 SUMÁRIO Resumo... 9 Abstract... 10 Introdução... 11 Métodologia... 13 Revisão Literária... Conclusão... 13 21 Referências... 23
9 CLIMATÉRIO, EFEITOS DA ISOFLAVONA DA SOJA NA DIMINUIÇÃO DOS SINTOMAS: REVISÃO DE LITERATURA. MENOPAUSE, THE EFFECTS OF SOY ISOFLAVONES IN REDUCING THE SYMPTOMS: LITERATURE REVIEW. Maria Gorete Bezerra da Nóbrega I, Silvia Alves Silva II I Graduanda do curso de Bacharelado em Nutrição na Faculdade do Vale do Ipojuca. II Mestre em Nutrição pela UFPE, Docente do Curso de Nutrição da FAVIP, Nutricionista do HUOC/UPE e Especialista em Nutrição Clínica pela ASBRAN. Resumo Introdução: Devido ao crescimento da expectativa de vida das mulheres, a ciência tem despertado para o estudo de produtos que proporcione a elas uma melhor qualidade de vida, considerando que um terço desse tempo elas passarão na menopausa. As isoflavonas de soja, pela sua semelhança com os estrógenos humano, têm sido alvo de atenção. Elas se comportam como estrógenos verdadeiros, ligando-se aos receptores de estrógeno, mas não sendo capazes de causar os mesmos efeitos colaterais que esses. 7 O objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos das isoflavonas de soja na diminuição dos sintomas do climatério. Metodologia: revisão bibliografia foi realizada através de pesquisas em livros, artigos, teses, dissertações e monografias, além de pesquisas em sites científicos utilizando como palavras-chave as seguintes: climatério; fogachos; soja; isoflavonas; genisteina; fitoestrogênios. Conclusão: os estudos sugerem que as mulheres, no período do climatério, podem apresentar redução dos sintomas, especialmente no que se refere aos fogachos, se consumirem isoflavonas de soja.
10 Entretanto, ainda faltam maiores evidências científicas para resultados mais confiáveis. Palavras-chave: Climatério. Fogachos. Soja. Isoflavonas. Genisteína. Fitoestrogênios. Abstract Introduction: Due to the increase of the life expectancy of women, science has aroused attention for the study of products that provides to them a better quality of life, since a third of this time they will pass in the menopause. Isoflavones of soy, due to its similarity with the human estrógens, have received attention. They behave as genuine estrogens, linking themselves to the estrogens receptors, but not being capable to cause the same collateral effect that estrogens may cause. The objective of this study is to analyze the effect of isoflavones of soy in the reduction of the menopause symptoms. Methodology: bibliographic revision carried through research in books, articles, theses, dissertations and monographies, as well as research in scientific websites, using as word-keys the following: menopause; hot flashes; soy; isoflavonas; genistein; Phytoestrogens. Conclusion: the studies suggest that the women, in the period of the menopause, can present reduction of the symptoms, especially as for the hot flashes, if they consume soy isoflavones. However, there is still lack of scientific evidences for more reliable results. Word-key: Menopause. Hot Flashes. Soy. Isoflavones. Genistein. Phytoestrogens.
11 INTRODUÇÃO As mulheres são maioria no Brasil e segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a expectativa de vida delas está acima de 77 anos. 1 As mudanças sociais estão interferindo no modo como elas envelhecem e esse fato tem despertado a atenção dos órgãos de saúde no Brasil. As políticas de saúde antes direcionadas apenas para a mulher em sua função materna, hoje são expandidas para outras áreas visando à qualidade de vida. 1 Entre outros fatores, as políticas evoluíram levando-se em consideração que elas passarão um terço de suas vidas no climatério, período que deve ser entendido como transição normal de vida. 2 Definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma fase de alterações fisiológicas no organismo da mulher, o climatério é considerado o período em que a mulher deixa de menstruar e com ele termina o ciclo de reprodução. 3 Para muitas mulheres esse assunto é um tabu, pois ele é associado com o início do envelhecimento e da decadência da sexualidade, pensamento característico da cultura ocidental. 2 Alguns fatores podem agravar o estado físico e emocional das mulheres no climatério, tais como: condições de vida, história reprodutiva, carga de trabalho, dificuldade de acesso aos órgãos de saúde para obtenção de serviços e informações, assim como outros conflitos socioeconômicos, culturais e espirituais associados ao período da vida e as individualidades. 4 Apesar de todos esses fatos, têm sido os sintomas físicos, como fogachos, enjôos e sudoreses objetos da maioria dos estudos que buscam encontrar formas para que as mulheres passem por essa fase da vida de maneira saudável. 5 O uso de medicamentos durante o climatério é uma constante na medicina. Entretanto, há práticas e terapias tradicionais que aliadas a um estilo de vida
12 saudável como exercícios físicos, saúde mental e emocional, além de boa alimentação podem apoiar de forma satisfatória a mulher no climatério. 3 Entre muitas descobertas, a alimentação equilibrada parece desempenhar importante papel no alívio dos sintomas referentes ao climatério, com destaque para a soja rica em isoflavonas por ser um produto que contém alta quantidade de proteínas, fibras e fitoesteróides. 6 Seu consumo tem sido associado à prevenção de doenças. 7 Entre os fitoestrógenos, destaque para as isoflavonas de soja devido a sua estrutura química ser bastante semelhante ao estrógeno humano. Elas se comportam como estrógenos verdadeiros, ligando-se aos receptores de estrógeno, mas não sendo capazes de causar os mesmos efeitos colaterais que esses. 7 A soja é um alimento consumido especialmente por orientais e seu consumo data de pelo menos 5000 anos. Pesquisas mostram que mulheres que fazem uso da soja em suas dietas, como japonesas, chinesas e coreanas, por exemplo, apresentam menor taxa de ondas de calor. 5 Esses trabalhos buscam entender os resultados do consumo de soja na amenização de problemas como fogachos, 8;5 depressão, 9 além dos problemas hormonais que ocorrem nesse período. 11 Apesar do número crescente de estudos, nota-se ainda uma falta de intimidade das mulheres quando o assunto refere-se ao tema climatério, especialmente quando se trata da alimentação necessária para melhor qualidade de vida nessa fase, o que motivou a elaboração desse trabalho. Visto que estudos trazem evidências de que a alimentação saudável pode ser um desses recursos, esse trabalho tem como objetivo analisar os efeitos das isoflavonas de soja na diminuição dos sintomas do climatério.
13 METODOLOGIA A revisão bibliografia foi realizada através de pesquisas em livros, artigos, teses, dissertações e monografias referentes às publicações realizados nos últimos 10 anos. Também incluiu pesquisas em sites científicos na internet, tais como: www.scholar.google.com.br; www.scielo.br; abstracts de periódicos indexados nas bases de dados como Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), utilizando como palavras-chave: Climatério. Fogachos. Soja. Isoflavonas. Genisteina. Fitoestrogênios. REVISÂO DA LITERATURA CLIMATÉRIO O Climatério é comumente definido como o fim da menstruação e o encerramento do período reprodutivo. Entretanto, estudiosos do assunto refinam cada vez mais esse conceito. A Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 11 por exemplo, define como sendo a fase da vida da mulher em que ocorre a transição do período reprodutivo (menacme) ao não-reprodutivo (senectude). O Ministério da Saúde do Brasil 3 divide o climatério em três fases, sendo elas: pré-menopausa que inicia, em geral, após os 40 anos. Para essa instituição existe aqui uma diminuição da fertilidade em mulheres com ciclos menstruais regulares ou com padrão menstrual similar ao ocorrido durante a vida reprodutiva. Em seguida, a mulher passa por uma fase chamada perimenopausa que normalmente se inicia dois anos antes da última menstruação e vai até um ano após. Nessa fase podem-se perceber ciclos menstruais irregulares e alterações
14 endócrinas; por fim, a fase pós-menopausa que começa um ano após o último período menstrual. Poli, Schwanke e Cruz 12 em seu estudo sobre climatério destacam a visão de Speroff, Glass, Kase (1995) sobre o assunto. Para esses autores a menopausa refere-se à última menstruação, quando não há mais níveis de estradiol suficientes para proliferar o endométrio. Eles afirmam que o termo menopausa vem sendo usado também com o significado de período que sucede a última menstruação (climatério pós-menopausa) e chamam atenção para o fato de que esse período constitui um marco muito importante da vida da mulher, pois está associado a uma sucessão de eventos de grande significado, com repercussões biológicas, psicológicas e sociais. O fato da expectativa de vida das mulheres ser em torno de 75 anos, sugere que elas passarão 1/3 desse tempo no climatério. Mesmo com as proporções crescentes de mulheres entrando na meia-idade, ainda parece haver pouca informação sobre o assunto. 2 SINAIS E SINTOMAS CLÍNICOS DO CLIMATÉRIO Durante o climatério as mulheres passam por modificações biopsicossociais que ocorrem de maneira variável de mulher para mulher. 13 A maioria das mulheres relata sintomas somáticos e dificuldades emocionais nos anos que seguem a menopausa, com destaque para ondas de calor ou fogachos, devido as suas implicações negativas para a sua qualidade de vida. 13 Essas ondas de calor que se caracterizam por uma sensação transitória e súbita do aumento da temperatura corporal, frequentemente são acompanhadas por sudorese, palpitações e cefaléias, e parecem ser as principais queixas das mulheres. 13
15 Entretanto, De Lorenzi et al. 14 citam outros sintomas lembrados por Bossemeyer (1999) tais como a atrofia urogenital que pode causar intenso desconforto a mulher, mudanças comportamentais, descontrole emocional e até dificuldades com a memória. Referem-se também a sintomas de depressão que poderiam estar relacionadas ao medo de envelhecer aliado a sentimentos de inutilidade e carência afetiva. 15 Sintomas como tristeza, nervosismo e preocupações, também são relatados no estudo de Galvão et al. 16 Além dos sintomas citados um merece atenção particular, a sexualidade. Muitas mulheres apresentam disfunções sexuais nessa fase, vezes por mudanças físicas, vezes pela baixa auto-estima quando se consideram envelhecendo. 17;18 Os sintomas associados ao climatério frequentemente não persistem nas mulheres idosas. No entanto, essa associação não significa que todos os sintomas sejam específicos desta faixa etária. Enquanto os sintomas vasomotores como os fogachos são típicos deste período, os sintomas neuropsíquicos, embora ocorram com certa frequência nesta época, principalmente nos países ocidentais, não são específicos do climatério. 3 O Ministério da Saúde do Brasil 3 alerta que as alterações do humor, a ansiedade e a depressão também são encontradas em outras faixas etárias e, portanto, não têm relação exclusiva com a insuficiência estrogênica. Além do mais, alguns sintomas são restritos a países ocidentais, sendo que os poucos estudos feitos em outras populações da África e Ásia, revelaram que o declínio estrogênico é universal, mas não as manifestações clínicas. Isso significa que nem toda mulher no climatério é afetada por sintomas relacionados à insuficiência estrogênica. A intensidade das modificações presentes no climatério depende do ambiente sociocultural, das condições de vida da mulher e do grau de privação
16 estrogênica. 2 O climatério é um processo de profundas mudanças físicas e emocionais, que sofre influência de fatores inerentes a historia de vida pessoal e familiar, ao ambiente, a cultura, aos costumes, ao psiquismo, entre outros, como, por exemplo, escolaridade e renda familiar. 16 É importante salientar que a menopausa é um processo biológico natural e não uma doença. Entretanto, e apesar disso, proporciona, em um grande número de mulheres, sinais e sintomas associados que podem lhes causar sofrimento, prejudicando a sua qualidade de vida, alterando o sono, minando as energias e, ao menos indiretamente, despertando sentimentos de tristeza e perda. 12 Em busca do alivio desses sintomas, cresce o interesse por alimentos denominados genericamente nutracêuticos e isso coloca a soja em uma posição de destaque. Em princípio a sua importância nutricional era relacionada exclusivamente ao elevado teor protéico, tendo sido chamada por alguns de carne vegetal. Atualmente outros componentes da soja têm despertado considerável interesse na comunidade científica, especialmente as isoflavonas pelo poder de amenizar sintomas relacionados à menopausa. 18 SOJA Única fonte de proteínas de origem vegetal, a soja, que possui todos os aminoácidos essenciais, é considerada fonte protéica de alto valor biológico, além de rica em vitaminas, minerais e fibras. É rica em gorduras, podendo chegar a 47% de sua composição. Os ácidos graxos predominantes nos grãos são poliinsaturados, sendo o ácido linoléico (ômega 6) o mais abundante. Também contém ácido linolênico (ômega 3), e cerca de 8% do conteúdo total de gordura provém desse tipo de ácido graxo. 19
17 A soja além de conter 1 a 3 mg por grama de proteína de isoflavonas é um fitoestrógeno considerado um composto químico não hormonal com estrutura semelhante a dos hormônios estrogênicos humanos. 20 Foi observado que condições de cultivo e crescimento, ano da colheita, bem como o tipo de soja e processamento, influenciam na quantidade de isoflavonas no grão. 21 O termo soja é geralmente usado em relação a produtos feitos a partir de grãos integrais, enquanto proteína de soja refere-se à extração da parte protéica dos mesmos. Tanto a soja quanto a proteína de soja contém as isoflavonas, além de outros compostos fitoestrógenos. 7 ISOFLAVONAS E SUAS CARACTERÍSTICAS Os fitoestrogênicos ocorrem naturalmente em alguns vegetais, mas biologicamente inativos. Após ingestão, ocorre complexo mecanismo enzimático de conversão no trato gastrointestinal que resulta na formação de componentes estrutural e funcionalmente similares ao estradiol. 22 Existem quatro classes principais de fitoestrogênicos: isoflavonas, lignanos, flavonóides e cumestranos. 8 Os fitoestrogênicos com maior ação estrogênica são as isoflavonas. Elas estão presentes nos alimentos ligadas a açucares e betaglicosídeos. Nesta forma não são absorvidos pelo organismo. Somente as isoflavonas livres sem a molécula de açúcar, as chamadas agliconas são capazes de atravessar a membrana plasmática. 22 As isoflavonas de soja são consideradas estrógenos, devido a sua estrutura química ser bastante semelhante ao estrógeno humano. As isoflavonas se comportam como estrógenos verdadeiros, mas não sendo capazes de causar os mesmos efeitos colaterais que eles. Os receptores esteróides sexuais endógenos são do tipo alfa e beta. Os receptores alfa são encontrados principalmente na mama
18 e no útero, enquanto o receptor beta é encontrado frequentemente nos ossos e no sistema cardiovascular. As isoflavonas são seletivas para esses dois tipos de receptores. 7 As concentrações desses compostos são relativamente maiores nas leguminosas e, em particular, na soja, sendo que as principais isoflavonas encontradas neste grão e seus derivados são a genisteína, a daidzeína e a gliciteína. 22 Em estudo realizado Barbosa et al 23 analisaram as formas de isoflavonas presentes em diferentes derivados de soja, entre eles, a farinha integral, a farinha desengordurada de soja, isolado protéico de soja, proteína texturizada de soja e concluíram que os derivados de genisteína, seguidos pelos de daidzeína predominam em todos os produtos estudados. Entretanto, as concentrações de isoflavonas a base de soja são variáveis, dependendo da qualidade do grão, das condições de crescimento, do solo e especialmente do processamento. Em 60g de soja encontram-se em média 70mg de isoflavonas, sendo 40mg de genisteína e 30mg de daidzeína. 8 As isoflavonas receberam considerável atenção pelo seu potencial na redução do risco de doenças crônicas e pela sua habilidade em aliviar os sintomas da menopausa. 19 Elas exercem um efeito de equilíbrio nos níveis de estrógenos endógenos que é benéfico durante toda a vida da mulher. Na pós-menopausa, quando as concentrações endógenas diminuem, os receptores de estrógeno ficam mais disponíveis, favorecendo a fraca ação estrogênica das isoflavonas, que acabam compensando a deficiência hormonal dessa condição. 7 EFEITOS DAS ISOFLAVONAS NOS SINTOMAS DO CLIMATÉRIO
19 Estudos sugerem que as isoflavonas têm um efeito de equilíbrio nos níveis de estrógenos endógenos que é benéfico durante toda a vida da mulher. Han et al 10 avaliou o efeito das isoflavonas nos sintomas do climatério, perfil lipídico e níveis hormonais. Mulheres em pós-menopausa que receberam 100mg por 16 semanas apresentaram redução dos sintomas de climatério, redução do colesterol total e aumento do estradiol. Em seu estudo Nahas et al 8 observaram os efeitos das isoflavonas sobre os sintomas climatéricos e o perfil lipídico na mulher em menopausa. Os resultados mostraram que as concentrações dos diversos metabólitos dos fitoestrogênios e seus efeitos clínicos têm variação individual mesmo quando controlada a quantidade de isoflavonas administrada, sendo difícil estabelecer a dose ideal. No seu estudo foi utilizada 60g de soja e constatou-se redução na frequência de alguns problemas típicos do climatério especialmente no que se refere aos fogachos. Entretanto, o trofismo vaginal do grupo estudado não foi alterado. Nahas et al 8 concluíram em seu trabalho que ainda não existem evidências suficientes para recomendar o uso dos fitoestrogênios como substituto da Terapia de Reposição Hormonal (TRH) convencional, mas o resultado do seu estudo sugere que as isoflavonas, em cápsulas de gérmen de soja, na dose de 60mg/dia, obteve efeitos favoráveis sobre os sintomas do climatério e o perfil lipídico, revelando-se opção interessante como terapêutica alternativa para mulheres em menopausa. Considerando-se os vários sintomas que as mulheres enfrentam no climatério, Sousa et al 9 escolheram estudar os efeitos das isoflavonas de soja sobre a sintomatologia depressiva. Ao final do trabalho os resultados indicaram que houve redução significativa dos sintomas depressivos mensurados no grupo experimental,
20 superior a resposta do grupo controle, sugerindo que as isoflavonas podem ter um efeito sobre esses sintomas climatéricos. Revisando a literatura Simão et al 7 comentam vários autores que realizaram pesquisas sobre os efeitos das isoflavonas nos sintomas do climatério e concluíram que o consumo das isoflavonas tem demonstrado efeitos benéficos muito importantes na prevenção dos sintomas do climatério, como por exemplo, diminuição dos fogachos, mas chama atenção para o fato de que existem controvérsias sobre a dose diária ideal a ser consumida ou a real efetividade na prevenção e tratamento de doenças. Simão et al 7 a semelhança de Nahas et al 8 sugerem que apesar dos benefícios apresentados pelo uso das isoflavonas no período do climatério ainda existem controvérsias quanto ao consumo da soja especialmente no que se refere à dose recomendada. Em trabalho realizado mais recentemente, Sanches et al 20 selecionaram 30 mulheres que apresentavam sintomas climatérios. Elas receberam uma dosagem de 30g dia de proteína isolada de soja. No final da pesquisa também concluíram que as isoflavonas presentes na proteína de soja se mostram eficazes para a amenização dos sintomas climatérios. Segundo informações técnicas da ANVISA 24 o conteúdo de isoflavonas dos alimentos é extremamente variável, sendo recomendado o consumo diário de produtos com isoflavonas para se obter uma ingestão suficiente (25mg/dia) O perfil de absorção varia com a dieta, sensibilidade individual, componentes genéticos e fases da vida. A estrutura das isoflavonas, o processamento industrial e a composição do produto também influenciam sua absorção.
21 Considerando-se o crescente interesse pelas isoflavonas, os conflitos relacionados a seu uso no climatério, a publicidade feita pelos próprios laboratórios, Livinalli e Lopes 25 desenvolveram trabalho que avaliou como os prescritores utilizam os medicamentos contendo esse fitoestrógeno e concluíram que a prescrição é realizada sem base cientifica; que os médicos não têm acesso a material técnico cientifico confiável sobre a prescrição da dose, indicação e tempo do uso. CONCLUSÃO Ao final desse trabalho pode-se perceber que existe um consenso entre os autores estudados no que vem ser a fase do climatério, qual o período da vida em que ele acontece, seus sintomas e os efeitos deles na vida das mulheres. Também se observa uma concordância quando o assunto é a soja à origem do grão, sua utilização e sua composição, como também a sua importância para a economia e a sua utilidade, especialmente na alimentação da mulher. No que se refere às isoflavonas de soja e seus efeitos na redução dos sintomas do climatério, os trabalhos diversos estudados apresentam resultados favoráveis ao uso destas para a redução dos sintomas climatéricos, especialmente os fogachos, sendo esse parâmetro mais sensível ao uso das isoflavonas. Mas também são controversos quanto à redução de sintomas específicos, como por exemplo, a maturidade vaginal. Muitos dos estudos abordam o fato de que por apresentar reações individuais fica muito difícil estabelecer a dosagem ideal para se conseguir efeitos satisfatórios na redução de sintomas apesar de resultados terem aparecido com o uso de 30g, 45g ou 60g. Também sugerem que os prescritores das isoflavonas não se baseiam
22 em estudos científicos e que ainda são vagos os resultados encontrados, sendo necessário maiores evidências quanto aos resultados confiáveis. Ainda há muito a ser pesquisado, estudado e entendido em relação às isoflavonas e ao grão de soja, no que se refere à saúde da mulher; no entanto, existe a recomendação de introduzir ou aumentar o consumo de soja e de seus produtos na alimentação uma vez que eles não apresentam risco de efeitos colaterais e podem oferecer benefícios à saúde.
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