ANAIS A DISTRIBUIÇÃO DE MERCADORIAS URBANAS NA PERSPECTIVA DO CONCEITO DE CITY LOGISTICS: UM ESTUDO DE CASO EM SOROCABA SP.



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Transcrição:

A DISTRIBUIÇÃO DE MERCADORIAS URBANAS NA PERSPECTIVA DO CONCEITO DE CITY LOGISTICS: UM ESTUDO DE CASO EM SOROCABA SP. Amanda Cardoso B. da Silva; amancardbueno@gmail.com; FATEC-SO. Orientador: Prof. Ms. José Itamar Monteiro RESUMO O presente artigo tem por objetivo estudar os conceitos fundamentais de City Logistics e analisar as vantagens e desvantagens na implantação em Sorocaba-SP. Para o desenvolvimento do projeto, realizaram-se pesquisas exploratórias e bibliográficas, envolvendo a leitura de artigos científicos, teses e levantamento de dados a respeito do assunto. Espera-se obter como resultados, informações sobre o tema que possam contribuir para a otimização da entrega de mercadorias urbanas na cidade de Sorocaba, impactando em melhorias relacionadas à sustentabilidade, qualidade de vida e otimização no transporte de mercadorias urbanas. Palavras-Chave: Distribuição, Mercadorias Urbanas, City Logistics. ABSTRACT This article study the fundamental City Logistics concepts and anlized the advantages and disadvantages in the implantation in Sorocaba city. To project development, were realized exploratory researches and bibliographics one, involving the scientific articles literature, theses and data collection about the subject. Expected to get like results, informations about the theme yhat can give a contribution to optimize urban goods delivery in Sorocaba city, impacting in improvments related sustanbility, life quality and optimize urban goods delivery. Keywords: Distribution, Urban Goods, City Logistics. 1/11

1- INTRODUÇÃO Com o advento da globalização, percebe-se que hoje as distâncias entre produtores e consumidores são muito maiores. Logo, tornou-se indispensável a utilização da Logística de distribuição, a fim de deslocar mercadorias no perímetro das cidades que, segundo Ogden (1992 apud Oliveira, Novaes, 2008 pág. 02), define o transporte de carga urbana como sendo o transporte e movimentação de mercadorias, para vários destinos urbanos, atendendo as mais variadas finalidades. Portanto, dentro desta realidade de globalização onde os fluxos de distribuição de mercadorias urbanas são cada vez mais intensos, percebe-se que o ambiente físico e social é afetado; envolvendo poluições, sendo elas: sonoras, visuais e atmosféricas. Neste âmbito, então, torna-se indispensável estudos que possam amenizar os problemas causados por essa necessidade tão intensa nos dias atuais. À vista disto, como medida de otimização dos fatos citados, estuda-se a viabilidade de aplicação do conceito de City Logistics na cidade de Sorocaba SP no presente artigo. Afinal, tem-se em vista que esta é uma cidade que por estar muito próxima à capital do estado, São Paulo, por ser influenciada por muitas cidades da região e, por possuir um grande polo industrial, sofre diretamente os reflexos do intenso fluxo desta distribuição de mercadorias urbanas. Neste sentido, este artigo visa verificar se os ganhos obtidos através do conceito de City Logistics otimizarão a Logística de distribuição de cargas urbanas na cidade de Sorocaba- SP. Para tanto, vale questionar: A implantação do conceito de City Logistics impactará positivamente na Logística de distribuição de cargas urbanas na cidade de Sorocaba-SP? 2-DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA Para responder ao problema apresentado, utilizou-se inicialmente a pesquisa exploratória que circundou os temas: Mobilidade Urbana, Logística Urbana, Engenharia de Tráfego, entre outros títulos. Já a pesquisa bibliográfica, envolveu a leitura de artigos científicos, teses e levantamento de dados a respeito do assunto, sendo este o método principal de pesquisa que conduziu o desenvolvimento do artigo. Para a finalização, realizou-se um estudo de caso que, segundo Yin (2005 apud Gomes, 2008 pág. 01), pode ser tratado como importante estratégia metodológica para a pesquisa em ciências humanas, pois permite ao investigador um aprofundamento em relação ao fenômeno estudado, revelando nuances difíceis de serem enxergadas a olho nu. O instrumento utilizado para o estudo de caso foi o estudo prático que, realizou-se no centro da cidade de Sorocaba, sendo os dados obtidos através da contagem de veículos em dias e horários estabelecidos, a fim de verificar qual a incidência de acesso de veículos de carga no perímetro central. E, também, questionários aplicados aos cidadãos sorocabanos a fim de constatar quais os meios de locomoção mais utilizados e a opinião destes acerca do transporte público de Sorocaba. 3-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Atualmente, sabe-se que devido a vários fatores, como a Revolução Industrial, a globalização e, principalmente, ao sistema econômico ao qual estamos inseridos, o mundo vivencia um desenvolvimento rápido e contínuo. Ou seja, pode-se dizer que esta é uma visão macro. Contudo, não se pode ignorar o fato de que tais mudanças afetaram a realidade atual de maneira micro, como exemplo, os centros urbanos de grandes e médias cidades. 2/11

É notável que nos grandes centros urbanos, percebe-se uma grande movimentação de pessoas diariamente, estejam elas se movimentando a pé, de bicicletas, motocicletas, veículos particulares ou até mesmo utilizando os transportes coletivos. Aliado a isso, também diariamente, nota-se o grande fluxo de caminhões circulando as cidades. Entre as várias funções desempenhadas por este tipo de veículo, está principalmente, o transporte de mercadorias urbanas. Que, por sua vez, é um termo que é definido por Dablanc (1997 apud França e Rubin, 2005 pág. 02) como a organização do deslocamento de produtos dentro do território urbano. Sendo assim, percebe-se que segundo a perspectiva da realidade esboçada, o índice de tais movimentações tornou-se diretamente proporcional ao desenvolvimento galopante ao qual o mundo vivencia hoje, ou seja, percebe-se que a repercussão das tendências verificadas no setor de distribuição nas últimas décadas, intensificou-se, principalmente, com a crescente globalização no mercado. Além desse fato se contabiliza: a forte utilização do Just in time 1, a grande concentração de população nos centros urbanos, o surgimento de novas tecnologias e, por conseguinte, o Business to Consumer 2 e o comércio eletrônico, que são responsáveis diretos pelo aumento do fluxo de entrega de mercadorias urbanas devido às compras on-line. Afinal, para este público em específico, segundo Bayles (2001 apud Bornia, Donadel e Lorandi, 2006 pág. 06) a entrega a domicílio pode ser vista como um dos alicerces do comércio eletrônico, uma vez que é através dela que se viabiliza a comodidade de os consumidores realizarem suas compras sem a necessidade de sair de casa. Nesse âmbito, devido à necessidade de otimizar este grande fluxo unida à percepção macro de futuro e à visão holística dos países europeus (Alemanha, Bélgica, Suíça e Dinamarca), na década de 90, deu-se início a projetos-pilotos alternativos, que tomavam como exemplo a distribuição nos centros urbanos ou, igualmente designados atualmente, por City Logistics (PETRI e NIELSEN, 2002 apud DUTRA, 2004). O termo City Logistics designa um conceito de Logística Urbana, que visa otimizar os problemas advindos do caos urbano causado pelo grande fluxo de pessoas, automóveis, caminhões e entregas urbanas, aglomerados num espaço que não foi planejado para tamanha demanda. Todavia, este conceito não aborda somente esta vertente, mas vai mais afundo, considerando o aumento do congestionamento, poluição, ruídos, entre outros fatores que possam comprometer o bem estar global do ambiente urbano. Em conjunto aos objetivos do conceito de City Logistics já citados, ressalta-se, ainda, segundo Ricciard et. al. (2003 pág 03), a importância de outros objetivos que, por sua vez, são indispensáveis à eficiência da aplicação do conceito em território urbano: Integração, parceria, coordenação e consolidação constituem os conceitos fundamentais no projeto e operação de sistemas City Logistics; Acordo entre os vários atores e tomadores de decisão, envolvidos no transporte urbano de carga: autoridades municipais, 1 Just in time é um sistema de administração da produção que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora exata. 2 Business to consumer (B2C) é o segmento dentro do comércio eletrônico que abrange qualquer transação em que uma companhia ou organização vende seus produtos ou serviços para as pessoas que navegam pela Internet. 3/11

embarcadores, transportadores, gerentes de plataformas intermodais etc.; Coordenação do planejamento e dos processos de decisão, referentes aos embarcadores, despachantes; Consolidação das diferentes mercadorias em um mesmo veículo entre pontos comuns das entregas finais. Dessa forma, entende-se que ao seguir as especificações citadas acima, na realização da aplicação deste conceito num centro urbano, tem-se que as intervenções podem ser otimizadas, gerando sustentabilidade, qualidade de vida e mobilidade à população. Portanto, é com embasamento nessas questões que o presente artigo tomou como objeto de estudo o tema estabelecido, com foco na viabilidade de aplicação do conceito na cidade de Sorocaba SP. Pois, visa-se que após a otimização do centro urbano sorocabano, devido à utilização do conceito de City Logistics, considera-se que além de obter maior qualidade de vida à população, haverá também, ganho de tempo das empresas que aqui prestam serviço de entrega ou de escoamento da produção, o que implica, consequentemente, na redução de custos de tais empresas. 3.1 Desmistificando o conceito de City Logistics Em meio às altas necessidades de movimentação de cargas em que o mundo vive atualmente, surgem em conjunto, algumas complicações ao território urbano das cidades. Como exemplo disso, pode-se verificar tais impactos na cidade de Sorocaba com o alto índice de trânsito nas vias, comprometendo a qualidade de vida da população e, também, o meio ambiente. Como alternativa de resposta as tais complicações, surge o conceito de City Logistics. De maneira resumida, este conceito se consiste, basicamente, na integração da parte pública com a privada a fim de obter redução no número de viagens diárias realizadas por caminhões no perímetro urbano e, por conseguinte, a redução dos impactos negativos causados pelas movimentações de cargas urbanas (RENSSELAER, 2002 apud DUTRA, 2004). Nesse sentido de integração entre o setor público e o privado, considera-se que o City Logistics visa a otimização das vias urbanas em sua totalidade. Desta maneira, cabe ao setor privado e transportadores reduzir seus custos, pois, quando esse fato acontece, consequentemente a utilização dos recursos naturais é minimizada, visando à sustentabilidade; já ao setor público, cabe a função de avaliar o congestionamento do tráfego urbano e o problemas ambientais. Já segundo a teoria de Taniguchi (2003 pág. 10) acerca do assunto, ele cita ser City Logistics o processo para a completa otimização das atividades logísticas e de transportes pelas companhias privadas em áreas urbanas, considerando o aumento e o congestionamento do tráfego e o consumo de combustível dentro de uma estrutura de economia de mercado. Percebe-se que em ambas as linhas de pensamento, há convergência de que o conceito de City Logistics prioriza a sustentabilidade urbana. Contudo, este é apenas um quesito, que sustenta os três pilares do City Logistics, sendo eles: sustentabilidade, qualidade de vida e mobilidade urbana (TANIGUCHI, 2003). Além destes pilares, Hesse (1995 apud Dutra, 2004), afirma que o sistema City Logistics é considerado como o mais eficiente processo de distribuição. Por intermédio de estudos e comprovação de que este conceito compreende-se num processo eficiente, conforme 4/11

a citação acima, que países europeus realizaram a implantação deste conceito na realidade das cidades, através de alternativas expressas, como exemplo: Integração entre os setores públicos e privados; Terminais logísticos centrais; Parceria na utilização de veículos de cargas; Restrição de acesso nos perímetros centrais; e Utilização maciça de tecnologia de informação. Contudo, sabe-se que este é um sistema que está presente em países europeus, mas ainda não no Brasil. Sabe-se também que, no exterior este conceito foi implantado visando primordialmente a redução de congestionamentos em prol da sustentabilidade. Em conjunto ao mesmo objetivo dos países europeus e com base no interesse de montar uma infraestrutura que abranja as alternativas citadas acima, que o estudo de caso se embasou. Mas além de visar a sustentabilidade, o foco de implantação do City Logistics está em verificar quais os ganhos obtidos na cidade de Sorocaba, após a implantação do conceito, visando a distribuição de mercadorias urbanas. 3.4 A influência do automóvel na cidade de Sorocaba Avaliando o princípio de organização das cidades a partir da segunda metade do século XX, pode-se perceber que o conceito de organização e planejamento se extinguiu, trazendo à tona um ambiente controlado pelas tensões sociais movidos pelo sistema capitalista ao qual estamos inseridos. Vários motivos podem ser enumerados como causadores dessa evolução retrógrada, porém, evidencia-se o automóvel como um dos principais deles. A introdução do veículo privado na cidade constitui fator determinante às maiores mudanças em sua organização, não só pelo fato de se tornar o principal meio de transporte motorizado, mas por sua circulação influenciar a própria organização formal da cidade (VALLEJO, 2007 apud JUNIOR et. al., 2008). Hoje, também se observa que as cidades mais dependentes do automóvel possuem maiores congestionamentos e menos mobilidade do que aquelas que oferecem outras opções de meio de transporte. Verifica-se que a cidade de Sorocaba, oferece algumas opções de transporte aos munícipes, como por exemplo: o transporte coletivo urbano, aproximadamente 115 km de ciclovia espalhados pela cidade interligando todas as regiões e para as pessoas que não possuem bicicletas, para a utilização de tal ciclovia, a Prefeitura Municipal disponibiliza às pessoas cadastradas, o projeto IntegraBike 3 (ALMEIDA, 2013). Entretanto, mesmo contando com essas opções alternativas de transporte, Sorocaba enfrenta diariamente o caos do congestionamento no trânsito. Conclui-se, portanto que, a aquisição de automóveis em grande escala, como tem acontecido atualmente, passou a se intensificar mundialmente. Inclusive a China, recordista em bicicletas, está aderindo aos meios de transporte rodoviários, principalmente o particular, em detrimento aos menos poluentes. Esta realidade também pode ser observada na cidade de Sorocaba, de acordo com o gráfico a seguir: 3 Criado em 2013 pela Prefeitura Municipal de Sorocaba, trata-se de um projeto constituído por uma rede de 19 estações, totalizando 152 bicicletas públicas que são disponibilizadas à população cadastrada, no período de uma hora, de maneira gratuita. 5/11

Figura 3 - A evolução da frota veicular em Sorocaba Font e: http://www.urbes.com.br/uploads/file/estatistica/2013/acidentes_site_frota_2011-2012-2013.pdf; 2013. Este é um fato que é totalmente controverso à razão ao qual o veículo foi criado: a mobilidade. Pois, as notícias diárias de telejornais, revistas, ou de outros meios comunicativos comprovam a fala de Brown (2003, pág. 10): o próprio veículo, cuja grande promessa era a mobilidade, está, na realidade, imobilizando populações. E esta, por sua vez, é uma realidade que está se instalando cada vez mais em Sorocaba, conforme apresentado pelo gráfico acima. Percebe-se que Sorocaba duplicou sua frota veicular desde 2001. À vista disso, os efeitos são sentidos nas ruas da cidade, afinal, todos os dias 100 novos carros passam a circular as vias urbanas sorocabanas (URBES, 2013). Para estudiosos deste assunto, enumeram-se três fatores que contribuíram significativamente para o aumento da frota de veículos no país e, consequentemente na cidade de Sorocaba: a facilidade de acesso ao crédito à população, os incentivos fiscais por parte do Governo Federal às montadoras e o aumento da renda das famílias. No tocante a isso, apesar de Sorocaba ser uma cidade de porte médio, hoje ocupa a 10ª posição do país e a 6ª no Estado na proporção de veículos/ habitante. Atualmente, a relação é de 1,83 pessoa por veículo, segundo dados do Jornal Cruzeiro do Sul (http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/395078/sorocaba-e-10-no-pais-com-maior-relacaoveiculohabitante). Em função disso, é notório que os veículos impactaram de maneira significativa a cidade que, desde sua fundação, não apresentou planejamento para enfrentar esta realidade que vivemos atualmente. Seguindo, portanto, essa evolução, a tendência é de que este cenário se expanda, ocasionando no aumento de veículos nas vias da cidade e, por conseguinte, a multiplicação do caos sorocabano, fato que levará ao impedimento da movimentação de caminhões pela cidade, impactante na ineficiência das entregas de mercadorias urbanas. Seguindo esta linha de raciocínio, verifica-se a seguir os dados obtidos com a realização do estudo de caso prático, realizado no perímetro central da cidades de Sorocaba- SP. 4. APLICAÇÃO Aplicou-se frente à todas as abordagens realizadas neste artigo acerca do trânsito, um estudo prático na Av. Comendador Oeterer, uma das principais vias de acesso ao centro de 6/11

Sorocaba, durante três dias por semana, em horários alternados, sendo: nos dias 1, 3, e 5 4 de julho de 2014, das 16h30 às 18h e nos dias 8, 10 e 12 de julho de 2014, das 06h30 às 08h, a fim de verificar a credibilidade das informações teóricas sobre o caos do tráfego sorocabano em comparação à realidade. Desenvolveu-se o estudo em horários considerados de pico, - ou seja, intenso fluxo de pessoas a fim de chegarem ao seu destino, principalmente escola e trabalho -, para verificação das maiores dificuldades no período onde há maior incidência de carros que adentram o perímetro central. E, ao contrário do que se esperava, a incidência de caminhões no centro é baixa (conforme anexos 1 e 2, que expressam a primeira e última amostras realizadas). Em contrapartida, os automóveis de passeio compensam tal expectativa. Conforme apresentado nestes gráficos, percebe-se que este é o veículo que mais ocupada a via central estudada. Desta maneira, após observar os resultados obtidos nos seis dias de estudo, analisou-se que as pessoas que utilizam automóveis particulares nos horários observados estão, em sua grande maioria, deslocando-se até o trabalho ou realizando atividades rotineiras do cotidiano. Sendo assim, surgiu o seguinte questionamento: Se a maioria das pessoas possuem essas necessidades e estas podem ser satisfeitas através da utilização do transporte coletivo urbano, por que não utilizá-lo? Dentro dessa perspectiva, então, realizou-se a aplicação de um questionário no dia 09 de agosto, das 09 às 12h. Este foi composto por quatro perguntas diretas, fechadas, que questionavam acerca da quantidade de vezes que o entrevistado ia ao centro da cidade, qual o veículo que geralmente utilizava, e qual o grau de satisfação com o transporte público de Sorocaba. Vale ressaltar que para fins de detectar através de amostras qual a posição de todas as faixas etárias dos usuários, entrevistou-se pessoas de diversas idades dividas em: jovens (0 a 19 anos), adultos (20 a 59 anos), e idosos (60 ou mais anos); além disso, de 58 entrevistados, o público feminino representou 43% dos entrevistados e, por consequência, o masculino 57%. Obteve-se que: 58% das pessoas vão ao centro apenas uma vez por semana; 24% vão de 2 a 4 vezes; e 18% mais de 4 vezes. Também se obteve que 7% das pessoas utilizam as motocicletas como meio de locomoção ao perímetro central; 22,4% utilizam os automóveis particulares; 60,3% o transporte coletivo urbano; e 10,3% outros tipos de locomoção. Neste ponto cabe ressaltar que, ao contrário do que se verificou na Av. Comendador Oeterer, a maior incidência de utilização de locomoção até o centro se dá através dos ônibus. Contudo, a terceira pergunta aplicada comprovou que 47% das pessoas que utilizam este meio de transporte, só o fazem devido à falta de opção. Pois, 32,87% das pessoas classificaram o transporte público de Sorocaba como péssimo. Já 3,4% classificaram como ruim, 37,9% como regular, 24,13% como bom e apenas 1,7% como ótimo. Tendo em vista que o City Logistics visa a Sustentabilidade, Qualidade de Vida e Mobilidade Urbana, constata-se ser a utilização do transporte público urbano, entre outros meios menos agressivos ao meio ambiente, como o uso de bicicletas, locomoção a pé, etc; como uma alternativa de minimização dos problemas enfrentados pelo trânsito caótico em que a cidade presencia atualmente e, que possui fortes tendências de serem acentuados de maneira negativa no futuro. Contudo, através dos dados obtidos no levantamento teórico e do estudo de caso desenvolvido em duas etapas, conclui-se que o transporte público em Sorocaba só é aderido 4 A amostra não se aplicou neste dia, pois, o trânsito se desenvolve em função dos pontos comerciais do centro da cidade, e estes encerram suas atividades às 14h. 7/11

em grande escala pela população porque não há outra alternativa a ser utilizada. Considera-se que, devido à oportunidade de aquisição de um veíulo particular, as pessoas o fariam, o que impactaria diretamente ainda mais na mobilidade urbana. Dessa forma, tem-se que em Sorocaba, hoje, uma oportunidade de melhoria significativa, seria a melhor gestão do transporte público e maior investimento nesse tipo de transporte a fim de que a satisfação das pessoas seja alcançada. Ocasionando, assim, na opção pelo ônibus ao carro. Fato que resultaria no alcance dos três pilares essenciais do City Logistics, já citados acima: Sustentabilidade, afinal, um ônibus possui capacidade de carga de passageiros muito supeior aos automóveis, ou seja, mais pessoas são transportadas, com menor emissão de gases poluentes; Qualidade de vida, pois, se o transporte púbico oferecer uma condição digna de aos passageiros, o trânsito será otimizado, gerando menos estresse aos que estão inseridos nele; e Mobilidade Urbana, porque sabe-se que esta só pode ser vivenciada de fato quando há planejamento da cidade e infraestrurura ou, como no caso de Sorocaba que não possui nenhum desses dois quesitos devido ao crescimento desordenado, a melhor opção a ser seguida seria a diminuição de carros nas ruas. Tomando como alternativa de melhoria a otimização do transporte público e consequentemente a diminuição de veículos particulares nas vias, e sob todas as perspectivas apresentadas no discorrer do presente artigo, responde-se à questão-problema proposta de maneira positiva, afirmando que sim, a implantação do conceito de City Logistics impactará positivamente na realidade sorocabana. Pois, com vias desobstruídas, a distribuição de cargas urbanas se dará de maneira muito mais eficiente do que atualmente. 5. CONCLUSÕES Detectou-se que durante a execução da primeira etapa do estudo de caso, a contagem dos veículos na Av. Comendados Oeterer, não foram vivenciadas muitas dificuldades. Contudo, estas foram bem presentes na segunda etapa, durante a aplicação do questionário aos usuários de coletivos urbanos, pois, presenciou-se certa resistência do público para despender tempo frente à resolução das perguntas. Já com relação a estudos futuros embasados neste tema, sugere-se que a cidade proposta tida como objeto de estudo seja São Paulo por ser um centro urbano carente de melhorias neste sentido. Ou, em Curitiba, para se verificar que apesar de a cidade possuir infraestrutura e planejamento, qual a necessidade que ainda existe no trânsito desta. Além disso, sugere-se a viabilidade de implantação do pedágio urbanos nestas cidades como alternativa de otimização do trânsito nos perímetros centrais. Almeja-se que, com o presente artigo, a realidade de tráfego da cidade de Sorocaba possa ter sido entendida, a fim de que as otimizações propostas possam ser consideradas e aplicadas, objetivando a melhoria de fluxo nas rotas urbanas. 8/11

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7- ANEXOS Anexo 1 Contagem de veículos em 01/07/2014 Anexo 2 Contagem de veículos em 10/07/2014 11/11