Código Florestal - Lei /2012

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Transcrição:

CURSO Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará Nº 06 DATA 31/08/2016 DISCIPLINA Direito Ambiental PROFESSOR Romeu Thomé MONITOR Thaís da Mata AULA 06 - A Legislação Brasileira Florestal, blocos 2 e 3. Código Florestal - Lei 12.651/2012 Dizem respeito às limitações ao exercício do direito de propriedade a A.P.P. e a Reserva Legal. O proprietário tem sua propriedade garantida, mas há uma limitação ao uso da mesma no sentido da observância do princípio da função sócio ambiental da propriedade. Área de Reserva Legal Conceito: art. 3, III, Lei 12.651/2012. Art. 3 o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. (grifo nosso). A reserva legal é uma área protegida apenas em propriedades rurais. Apenas propriedades rurais devem manter a reserva legal. Já a A.P.P. deve ser mantida tanto na propriedade rural quanto na propriedade urbana. A Reserva Legal admite o uso econômico de modo sustentável. Na reserva legal, é possível o uso sustentável dos recursos naturais previstos. Admite-se o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais, sendo possível o manejo

sustentável dos recursos. Na A.P.P. a regra é a intocabilidade da vegetação, em que não é permitido o uso ou a exploração econômica dos recursos naturais, exceto nos casos do art. 8 do Código Florestal. A reserva legal não está vinculada a um recurso natural específico, em que a sua localização pode variar dentro da propriedade rural. Já na A.P.P., onde há nascente tem-se 50 metros de raio de área ambientalmente protegida, e onde há curso d água tem-se a margem do rio como uma A.P.P. O percentual da Reserva Legal é variável, de acordo com o art. 12 do Código Florestal. Se o imóvel estiver localizado na Amazônia legal a reserva legal deve ser de 80% da área do imóvel se este estiver localizado em área de vegetação de florestas. Caso o imóvel esteja na Amazônia legal, mas situado em um local de vegetação de cerrado, a reserva legal deve ser de 35%. E, por fim, se a vegetação na Amazônia legal for de campos gerais, o imóvel deve deixar 20% de reserva legal. I. Amazônia legal: 80% Floresta. 35% Cerrado. 20% Campos gerais. O art. 12 do Código Florestal diz que, nas demais regiões do país, ou seja, fora da Amazônia legal, o percentual é de 20%. II. Demais regiões: 20%. - Atenção ao art. 15 do novo Código Florestal, que altera uma regra existente no Código Florestal anterior de 1965. O código anterior falava que, além das A.P.P.s, o proprietário deveria deixar também os percentuais da reserva legal. O novo Código Florestal altera essa regra, e diz que essa vegetação já protegida como A.P.P. pode entrar no cálculo para computar o percentual da reserva legal. Ex.: proprietário tem uma área de A.P.P. que corresponde a 10% do tamanho do imóvel. Só faltarão mais 10% para que ele complete a reserva legal no percentual de 20%, já que a lei permite computar a vegetação da A.P.P. para alcançar a vegetação da reserva legal. Com isso, há uma redução da proteção ambiental, de modo a haver um grande debate em relação ao princípio da vedação ao retrocesso.

Art. 15. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que: I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo; II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei. Localização da área de Reserva Legal. Ao definir qual área será de reserva legal para que se alcance o percentual exigido pela Lei, é necessária a autorização do órgão ambiental competente. No art. 14 do Código Florestal há uma determinação que diz que na definição da área da reserva legal, atenta-se a uma área protegida próxima de outra área ambientalmente relevante. Quanto mais próximas estiverem as áreas de reserva legal às áreas protegidas, melhor será para o meio ambiente, pois esse contato das áreas protegidas é fundamental. Exemplo: reserva legal próxima a propriedade vizinha Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em consideração os seguintes estudos e critérios: I - o plano de bacia hidrográfica; II - o Zoneamento Ecológico-Econômico III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida; IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e V - as áreas de maior fragilidade ambiental. 1 o O órgão estadual integrante do Sisnama ou instituição por ele habilitada deverá aprovar a localização da Reserva Legal após a inclusão do imóvel no CAR, conforme o art. 29 desta Lei. 2 o Protocolada a documentação exigida para a análise da localização da área de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor rural não poderá ser imputada sanção administrativa,

inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão ambiental competente integrante do Sisnama, em razão da não formalização da área de Reserva Legal. Cadastro Ambiental Rural - CAR. Surge com o Código Florestal de 2012, sendo um registro público eletrônico das propriedades rurais do país a partir da declaração dos proprietários rurais, com consequente fiscalização do poder público. Nessa base de dados do poder público há o registro das áreas de reserva legal, em que a ideia é que o proprietário cadastre a sua reserva legal no CAR. O CAR é obrigatório para todas as propriedades rurais, em que o proprietário deve delimitar todas as áreas ambientalmente protegidas, sejam elas áreas de reserva legal ou de A.P.P., de modo a criar um banco de dados eletrônico das propriedades rurais. O Código Florestal de 1965 falava que a reserva legal deveria ser averbada na matrícula do imóvel, mostrando a localização da mesma. O Código de 2012 diz que não é mais necessário averbar a reserva legal na matrícula do imóvel, e basta que a informação seja averbada no CAR. Assim, o CAR substitui a averbação na matrícula do imóvel. A inscrição no CAR e a proteção da área de reserva legal se faz necessária para o proprietário rural e também para o possuidor, de modo a abranger a propriedade e a posse. Assim, o Código Florestal cita a necessidade do CAR tanto o proprietário quando o possuidor. Reserva Legal Condominial. Os proprietários podem fazer um regime de condomínio da reserva legal, desde que sejam respeitados os 20% de cada propriedade. A ideia é que a reserva legal de uma área pode ser compensada na propriedade do vizinho, mas cada área deve contar com os 20% de reserva legal, e não menos do que essa porcentagem. Assim, há alguns requisitos para a reserva legal condominial: Propriedades contíguas ou vizinhas; Respeito ao percentual legal em relação a cada imóvel; Comprovação das averbações (inclui as averbações na matrícula do imóvel já existentes antes do Código Florestal de 2012) ou realizadas as inscrições no cadastro ambiental rural (CAR) referente a todos os imóveis. Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre propriedades rurais, respeitado o percentual previsto no art. 12 em relação a cada imóvel.

Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal poderá ser agrupada em regime de condomínio entre os adquirentes. Legal. Responsabilidade civil e as áreas protegidas do Código Florestal - A.P.P. e Reserva Um ponto muito cobrado é a relação desse tema com a responsabilidade civil por dano ambiental. O Código Florestal fala expressamente da natureza real das obrigações que estão nessa lei. Os danos que ocorrem nas áreas de reserva legal e nas A.P.P.s são obrigações de natureza real, obrigações propter rem, segundo o art. 2º, parágrafo segundo, de modo que seguem o imóvel. Art. 2 o. 2 o As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. Assim, quem deve recuperar a área que sofreu um dano é o proprietário atual. O imóvel deve ter a porcentagem adequada de reserva legal, e, se não tiver, o atual proprietário responderá pelo dano, de modo que a lei tem o intuito de acelerar a reparação do prejuízo. Exemplo: propriedade rural tem uma reserva legal de 20% do imóvel em que há um dano que fora causado por um antigo proprietário. O atual proprietário é que deverá arcar com o dano da área, visto que essa é uma obrigação propter rem. Sistema Nacional do S.N.U.C. - Lei 9.985/00 Áreas especialmente protegidas (art. 225, parágrafo primeiro, III CF). - A.P.P.: Código Florestal. - R.L.: Código Florestal. - U.C.: Unidades de Conservação - Lei 9.985/00, Lei do S.N.U.C. As unidades de conservação são áreas ambientalmente relevantes que contemplam áreas de proteção mais intensa (áreas de proteção integral) e áreas de proteção menos intensas (áreas de uso sustentável). Conceito de unidade de conservação. Art. 2 o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder

Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob-regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; Federal. As unidades de conservação podem ser criadas pela União, Estados, Município e Distrito Um ponto importante diz respeito à classificação das unidades de conservação. Art. 7 o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas: I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades de Uso Sustentável. 1 o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei. 2 o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Assim, as unidades de conservação, presentes no art. 7º da Lei do SNUC, são divididas em dois grandes grupos: 1. Unidades de Conservação de PROTEÇÃO INTEGRAL: 5 tipos. Tem proteção ambiental mais intensa. É admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais, aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. É possível utilizar os recursos de forma indireta. Seguem os 5 tipos de unidades de conservação de proteção integral, conforme o art. 8º da Lei 9.985/2000: Art. 8 o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação: I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural;

V - Refúgio de Vida Silvestre. Dicas para lembrar os nomes das unidades de conservação, os quais devem ser memorizados: a Reserva Biológica é área de uso de proteção integral, e, todas as outras reservas são áreas de uso de proteção sustentável. Cuidado para não confundir o Parque nacional com a Floresta Nacional. Parque Nacional é de proteção integral, e Floresta Nacional é de uso sustentável. Importante salientar que a Estação Ecológica e a Reserva Biológica são as áreas de proteção mais intensa quando comparadas com as outras áreas de proteção integral e não admitem nem a presença humana. Não confunda A.P.A. (Área de Proteção Ambiental) com a A.P.P., pois a A.P.P. está no Código Florestal e diz respeito às áreas de preservação, enquanto a A.P.A. é um dos tipos de unidade de conservação de uso sustentável. 2. Unidades de Conservação de USO SUSTENTÁVEL: 7 tipos. Proteção ambiental menos intensa. É possível a utilização ou exploração de parcela dos seus recursos naturais em regime de manejo sustentável, desde que observada o zoneamento da área, as limitações legais e o plano de manejo da unidade de conservação. Seguem os 7 tipos de unidade de conservação de uso sustentável, conforme o art. 14 da Lei 9.985/2000: Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de conservação: I - Área de Proteção Ambiental - APA; II - Área de Relevante Interesse Ecológico - A.R.I.E.; III - Floresta Nacional; IV - Reserva Extrativista; V - Reserva de Fauna; VI Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural - R.P.P.N.; Algumas unidades de conservação necessitam sofrer desapropriação para serem criadas, caso estejam em uma área particular. A estação ecológica, que está no art. 9 da Lei do SNUC, deve ser criada em uma área de posse e domínio público, de modo que, caso necessário, essa área deverá sofrer desapropriação.

Art. 9 o A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. 1 o A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. 2 o É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico. 3 o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. de: 4 o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas; IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares. Há outras unidades de conservação, entretanto, que não necessitam sofrer desapropriação, e podem ser instituídas em áreas particulares, desde que o proprietário respeite as características ambientais daquela área, como por exemplo, o Monumento Natural. Art. 12. O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. 1 o O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. 2 o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.

3 o A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento. Integral. Seguem os artigos que tratam das outras unidades de preservação de Proteção Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. 1 o A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. 2 o É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico. 3 o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. 1 o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. 2 o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. 3 o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. 4 o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.

Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. 1 o O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. 2 o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei. 3 o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. 4 o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. Seguem os artigos que tratam das unidades de preservação de Uso Sustentável. Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. 1 o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas. 2 o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental. 3 o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade. 4 o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.

5 o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser no regulamento desta Lei. Art. 16. A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. 1 o A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou privadas. 2 o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico. Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. 1 o A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei. 2 o Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. 3 o A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua administração. 4 o A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em regulamento. 5 o A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais residentes.

6 o A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal. Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. 1 o A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. 2 o A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade. 3 o A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. 4 o A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento. 5 o O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho Deliberativo. profissional. 6 o São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou 7 o A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. Art. 19. A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnicocientíficos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. 1 o A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.

2 o A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração. 3 o É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional. 4 o A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos. Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. 1 o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações. 2 o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. 3 o O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica. 4 o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade. 5 o As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável obedecerão às seguintes condições: I - é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área; II - é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à

prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento; III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação; e IV - é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área. 6 o O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas de proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade. Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. 1 o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. 2 o Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural, conforme se dispuser em regulamento: I - a pesquisa científica; II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais; III - (VETADO) 3 o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade. Modo de criação, supressão e alteração das unidades de conservação. Já falamos na parte constitucional. A área protegida pode ser criada através de lei ou decreto, pois quanto maior o número de instrumentos para a criação da área protegida, melhor será para o interesse difuso. Para suprimir ou diminuir o tamanho de uma unidade de conservação, entretanto, pode-se fazê-lo somente através de lei. A Lei do SNUC fala exatamente o que a CF fala.

Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público. 7 o A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei específica. Ato do poder público pode dizer respeito à lei ou ao decreto, Zona de Amortecimento. É o entorno de uma unidade de conservação, e tem a finalidade de amortecer o impacto do meio externo para o interior da unidade de conservação. É uma área de transição. A lei fala de uma limitação ao uso do entorno da unidade exatamente para proteger as características da mesma. A zona de amortecimento não faz parte da unidade de conservação, pois ela está do lado de fora da unidade de conservação. Art. 2º, XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; Há dois tipos de unidades de conservação que não precisam de zona de amortecimento: Área de Proteção Ambiental - A.P.A. e a Reserva Particular do Patrimônio Natural - R.P.P.N.. Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos. 1 o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos de uma unidade de conservação. 2 o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas de que trata o 1 o poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente. Plano de Manejo. É a norma interna da unidade. Toda unidade de conservação, ao ser criada, deve ter o seu plano de manejo que diz respeito às normas que regulamentaram o uso da área. O plano de manejo da unidade de conservação deve abordar também o que pode ou não ser feito na zona de amortecimento, assim, apesar da zona de amortecimento estar no entorno da área de conservação, o plano de manejo deve abranger também as atividades da mesma.

Art. 2º, XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade; Art. 27. As unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo. 1 o O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas. 2 o Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e, quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico, será assegurada a ampla participação da população residente. 3 o O Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da data de sua criação. 4 o O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo de organismos geneticamente modificados nas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento das demais categorias de unidade de conservação, observadas as informações contidas na decisão técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio sobre: I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres; II - as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo geneticamente modificado; III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus ancestrais diretos e parentes silvestres; e IV - situações de risco do organismo geneticamente modificado à biodiversidade. Compensação Ambiental. Toda atividade que causa um grande impacto ambiental em que se deve fazer o E.P.I.A./R.I.M.A. - Estudo Prévio de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental - irá pagar um valor a título de compensação. Assim, o empreendimento, no momento do licenciamento ambiental, antes de começar a funcionar, já deve pagar um valor a título de compensação ambiental, visto que a sua atividade é impactante. É uma forma de compensar a

sociedade pelo impacto da atividade. O valor referente à compensação ambiental deve ser pago em dinheiro para o órgão ambiental competente, que deve utilizar o mesmo para criar ou manter as unidades de conservação, segundo a Lei do SNUC. Assim, se a atividade é de grande impacto, ela deve compensar à sociedade através da compensação ambiental, em que se deve reutilizar esse valor prioritariamente nas unidades de conservação integral. Apenas no caso do empreendimento afetar diretamente uma unidade específica, é que esse dinheiro proveniente da compensação ambiental poderá ser utilizado em uma unidade de conservação de uso sustentável, pois a regra é que o valor seja utilizado nas unidades de conservação de proteção integral. Chegou ao STF uma discussão acerca da constitucionalidade do parágrafo primeiro do art. 36 que fala que o empreendedor deve pagar no mínimo 0,5% do valor total do empreendimento a título de compensação ambiental. O STF, na ação direta de inconstitucionalidade 3378, já julgou a constitucionalidade da compensação ambiental, e disse que só é inconstitucional a parte do parágrafo primeiro que fala no mínimo 0,5% a título de compensação ambiental, pois, quem define o percentual a ser cobrado é o órgão ambiental licenciador. Assim, o órgão ambiental competente, de acordo com o impacto ambiental da atividade, irá decidir acerca da porcentagem da compensação ambiental a ser cobrada. Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei. 1 o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. 2 o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação. 3 o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo.

Contatos do professor: Prof. Romeu Thomé Email: romeuprof@hotmail.com Bibliografia: THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental, editora Juspodim. www.editorajuspodim.com.br