ATUAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE

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Transcrição:

ATUAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE Eduardo Alves da Silva ¹ Aryeli Cunha Gonçalves ² Geovana Andrade Fernandes ² Jaqueline Cabral Neiva ² Lanessa Lopes Lima² ¹ Secretaria Municipal de Saúde Palmas/TO. Superintendência de Atenção Básica. eduardoalves.go@gmail.com ² Instituto Federal do Tocantins Campus Palmas. aryeli.poof@gmail.com, geovanaagronegocio@gmail.com, jaqueline.jcnn@gmail.com, lanessatur@gmail.com Resumo O presente trabalho teve como objetivo refletir sobre as atividades de educação popular em saúde mediadas pelo Agente Comunitário de Saúde que vão desde a promoção em saúde à prevenção e controle de doenças na comunidade. Historicamente, este profissional da saúde representa o elo entre o sistema de saúde e a comunidade onde vive e trabalha, sendo, por isso, um trabalhador singular no âmbito da saúde. O Agente Comunitário de Saúde têm como principal atribuição o exercício de atividades de promoção da saúde, vigilância, prevenção e controle de doenças, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor de seu município. A metodologia do estudo foi a partir de pesquisa descritiva exploratória, bibliográfica, com dados fundamentados na literatura e nos relatos de cada agente. Apresenta-se um breve histórico sobre a Estratégia Saúde da Família, enquanto proposta de reorganização da Atenção Básica, e questões referentes ao serviço do ACS, suas competências e o processo de trabalho. Foi possível perceber a importância desse profissional pelo número crescente de profissionais em atividade, pela demanda e pela relevância de seu trabalho na vigilância e promoção da saúde e principalmente pelo vinculo que conseguem criar entre a comunidade e o serviço publico de saúde. Palavras chave: agente de saúde, educação em saúde, saúde da família. INTRODUÇÃO O agente comunitário de saúde é um profissional que faz parte da equipe de saúde família, inserida na comunidade onde mora. É uma pessoa preparada para orientar famílias sobre cuidados com sua própria saúde e também com a saúde da comunidade. Esse trabalhador apresenta características especiais, uma vez que atua na mesma comunidade onde vive, tornando mais forte a relação entre trabalho e vida social (FERRAZ, 2005). A cidade de Palmas (TO) é referencia em saúde pública na região norte brasileira, conta com 510 agentes comunitários de saúde inseridos à mais de 83 equipes de Saúde da Família (ESF) e 65 equipes de Saúde Bucal, um aumento significativo nos últimos anos em número de equipes e profissionais que contribuiu para que no ano de 2016 a capital do Estado do Tocantins, Palmas, alcançasse 100% de cobertura na Atenção Básica (O GIRASSOL, 2016). Segundo Neto (2015), cada Equipe de Saúde da Família (ESF) é composta minimamente por um médico generalista ou de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde. A profissão do Agente Comunitário de Saúde (ACS) é amparada pela Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006. Segundo o Art. 3º, cabe aos ACS exercer, sob supervisão, atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde, por meio de ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas de acordo com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Além do

Agente Comunitário de Saúde existe também o Agente de Combate as Endemias (ACE), juntos aos ACS têm como atribuições os exercícios de atividades de promoção da saúde, vigilância, prevenção e controle de doenças, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão do gestor de cada ente federado (BRASIL, 2006). O Agente Comunitário de Saúde é um profissional, proveniente de sua comunidade, tendo que residir na própria área de trabalho, conhecedor da realidade local, sendo fundamentais os aspectos de solidariedade e liderança e que trabalha com adscrição de famílias em base geográfica definida. É responsável pelo acompanhamento de, no máximo, 750 pessoas. A complexidade de seu trabalho se deve a diversificação e amplitude de ações, desempenhando múltiplas tarefas com alto grau de exigências e responsabilidades (CAMELO; GALON; MARZIALE, 2012). É um profissional conhecedor da realidade local, pois além de trabalhar na comunidade, é sujeito da mesma, sendo considerado um importante personagem na organização da assistência (PERES et al., 2011). O ACS vivência os mais diversos tipos de situações e problemas, podendo ser negativamente afetado pelas experiências de saúde-doença originadas pelo trabalho, resistência da população às informações e dificuldade em atender suas expectativas e relacioná-las às exigências impostas pelo trabalho. Está também exposto a situações geradas pela pobreza, condições sociais, deficiência na interação entre os setores dos serviços de saúde, o que exige flexibilidade e habilidade para desenvolver tecnologias que visem superar as adversidades de seu cotidiano (THEISEN, 2004). Assim, este trabalho tem por objetivo fazer uma reflexão sobre a atuação do Agente Comunitário de Saúde inserido em um contexto de desafios e demandas atuais pelo modelo de atenção básica à saúde. METODOLOGIA O presente trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa exploratória descritiva e bibliográfica entre os meses de abril e junho de 2017 em um Centro de Saúde Comunitária da cidade de Palmas, Estado do Tocantins. A pesquisa se concentrou nas falas de 18 ACS, na leitura de documentos e relatórios disponibilizados no site da Secretaria da Saúde de Palmas e na relação entre diversos autores que discutem estratégia saúde da família (ESF) e o programa de agentes comunitários de saúde (PACS) e cujas ideias sejam consoantes ou em divergentes com o atual modelo. Foram analisadas as práticas e os discursos sobre os ACS, produzidos na realização de seu trabalho, por parte de usuários e profissionais das equipes de saúde. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Agente Comunitário de Saúde (ACS) configura-se como importante ator na reorientação do modelo assistencial proposto pela ESF, uma vez que representa o elo entre as equipes e a comunidade e contribui para o acesso da população aos serviços de saúde. Desenvolve ações de integração entre a equipe e a comunidade, ações educativas individuais e coletivas, acompanhamento das famílias e atividades de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos e de vigilância à saúde. O quadro 1 apresenta de forma resumida as principais atividades dos agentes de saúde.

Quadro 1. Principais atividades dos ACS e ACE. Fonte: Ministério de Saúde (2006) Foram observados, em relação ao trabalho dos ACS: um aumento do seu poder de resolutividade; o papel de tradutor do universo científico ao popular; a entrada no mundo familiar das pessoas; ser facilitador do acesso das pessoas da comunidade aos serviços de saúde o reconhecimento do seu trabalho; um aumento do conhecimento biomédico; aumento de trabalho e de responsabilidades e, também, dificuldades de relacionamento com membros da comunidade. Devido a essas condições, os ACS podem sofrer, a cada dia, inúmeras situações de tensão, nas quais devem rever suas práticas diante de novos desafios. Por residirem nas áreas onde trabalham, vivem o cotidiano da comunidade, com seus aspectos positivos ou negativos, certamente com mais intensidade do que os outros membros da equipe de saúde. Apesar das dificuldades encontradas na prática profissional, é inegável o benefício que o trabalho dos ACS em atividade no país tem proporcionado à saúde da população, pela contribuição na qualificação das ações de saúde, que resultam, por exemplo, em reduções dos índices de mortalidade infantil, aumento das taxas de cobertura pré-natal, de vacinação, de vigilância à saúde de mães, crianças, adolescentes, adultos e idosos.

CONCLUSÕES Considerando o número de Agentes Comunitários de Saúde atuando em Palmas (TO), pode-se salientar que o seu trabalho é de extrema importância para o atual estágio de cobertura da Atenção Básica em Palmas, pois entram em contato com diferentes demandas diariamente, sendo, por esta razão, profissionais que merecem especial atenção. Sem dúvida, o Agente Comunitário de Saúde trabalhando como elo entre a equipe profissional e a comunidade, desenvolve ações em três dimensões: a técnica, operando com saberes da epidemiologia e clínica; a política, utilizando saberes da saúde coletiva, e a de assistência social, possibilitando o acesso com eqüidade aos serviços de saúde16 o que lhe confere uma condição especial. No entanto, apesar de todas essas atribuições, em alguns aspectos incongruentes, trata-se, em geral, do grupo de menor escolaridade na equipe de saúde da família e, consequentemente, de pior remuneração. As tensões envolvidas no processo de trabalho e as respectivas ações e desempenho profissional certamente afetam a qualidade de vida do agente comunitário de saúde, o que, sem dúvida, merece estudos mais aprofundados, posto serem assuntos também relevantes para viabilização da Atenção Basica e, por conseguinte, do próprio SUS. Destacam a integração entre o ACS e a comunidade, o que torna fundamental o desenvolvimento de ações pelas equipes da ESF que deem visibilidade à comunidade sobre o trabalho do ACS, além da criação de novas estratégias que incentivem estes profissionais a desenvolverem suas atividades na perspectiva de alcançar a integralidade do cuidado, priorizando a corresponsabilidade para a transformação das praticas de saúde. REFERÊNCIAS BRASIL. LEI Nº 11.350, DE 5 DE OUTUBRO DE 2006. Regulamenta o 5o do art. 198 da Constituição, dispõe sobre o aproveitamento de pessoal amparado pelo parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de 2006, e dá outras providências. BRASIL. PORTARIA Nº 2.488, DE 21 DE OUTUBRO DE 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). CAMELO, S.H.H, GALON T, MARZIALE M.H.P. Formas de Adoecimento pelo Trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e Estratégias de Gerenciamento. Revista Enfermagem. UERJ, Rio de Janeiro, v. 20, p. 661-667, dez. 2012. FERRAZ, L.; AERTS, D. R. G. C. O cotidiano de trabalho do agente comunitário. Ciência & Saúde Coletiva, p. 347-355, 2005. KLUTHCOVSKY, A.C.G.; TAKAYANAGUI, A.M.M., O trabalho do Agente Comunitário de Saúde. Rev Bras Med Fam e Com. Rio de Janeiro, v.2, n 5, abr / jun 2006. NETO, D.F.M., Curso de Direito Administrativo. 16 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

PORTAL O GIRASSOL. <http://www.ogirassol.com.br/estado/ministerio-da-saude-confirma-quepalmas-tem-100-de-cobertura-na-atencao-basica>. Ano de 2016. Acesso em 29 de julho de 2017. PERES, et al. O agente comunitário de saúde frente ao processo de trabalho em equipe: facilidades e dificuldades. Revista Escola de Enfermagem. USP, vol.45, n.4, p. 905-911, 2011. THEISEN, N.I.S. Agentes comunitários de saúde (ACS): condições de trabalho e sofrimento psíquico. 2004. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, 2004.