USO DE GEOTECNOLOGIA NA ANÁLISE DOS PONTOS DE ACÚMULO DE LIXO NO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO-CE Stallone da Costa Soares 1, Nicolau Matos da Costa 2, Daniela Queiroz Zuliani 3, Antônio Ricardo Souza Júnior 4 Rafaella da Silva Nogueira 5 Resumo: A dengue é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti encontrado principalmente no meio urbano, em recipientes que armazenam água e servem como criadouros ocorrendo assim um avanço da doença. O presente trabalho objetiva identificar as áreas mais críticas de acúmulo de resíduos sólidos que podem contribuir para a geração de problemas de saúde para a população, auxiliando assim, na tomada de decisão no que diz respeito à limpeza urbana contribuindo para uma melhoria na qualidade de vida da população. O trabalho foi realizado na zona urbana do município de Redenção. A atividade foi desenvolvida no período de 18 de maio a 10 junho de com auxílio do GPS modelo GPSMAP 60csx. Foram georreferenciados 94 pontos de acúmulos de resíduos sólidos nos quais definiu-se as seguintes situações presença de depósito de resíduos, sem depósito de para resíduos, resíduo com/sem odor, resíduo com resto de poda de árvores, resíduo sem resto de poda, resíduo com material de construção e resíduo sem resto de material de construção. A análise da dependência espacial foi realizada com o auxílio do software Surfer 13.0. Os mapas de isolinhas foram interpolados por meio do método de krigagem para visualizar e detectar a variabilidade especial dos locais de acúmulo de resíduos sólidos e efluentes líquidos. Os resultados obtidos indicaram que a quantidade de pontos de acúmulo de resíduos sólidos vem aumentando na cidade. É necessária maior conscientização tanto dos moradores como os tomadores da decisão no município. Palavras-chave: resíduos sólidos. limpeza urbana. dengue. análise espacial. geoprocessamento. INTRODUÇÃO O aumento populacional na região do Maciço de Baturité-CE promovido pela instalação da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), tem promovido um aumento de resíduos sólidos descartados no ambiente. Diante deste cenário, as cidades têm se empenhado bastante para manter a limpeza de suas ruas, mas sua realização é algo muito complexo. A falta de coleta seletiva, aterros sanitários adequados, bem como a dificuldade da 1 Desenvolvimento Rural, e-mail: stallonesoares@hotmail.com 2 Desenvolvimento Rural, e-mail: nicolaumatos512@yahoo.com 3 Desenvolvimento Rural, e-mail: danielaqzuliani.unilab.edu.br 4 Desenvolvimento Rural, e-mail: juniorsouza10fla@hotmail.com 5 Desenvolvimento Rural, e-mail: rafaellanogueira@unilab.edu.br
sensibilização de uma massa populacional maior são comuns nessa região. Os resíduos sólidos são constantemente dispersos no ambiente, além disso, o lixo exposto ao ar pode atrair vários animais que são vetores de doenças para o ser humano como por exemplo a dengue. A dengue é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes egypti encontrado principalmente no meio urbano, em recipientes que armazenam água e servem como criadouros ocorrendo assim um avanço da doença. É considerada um dos principais problemas de saúde pública no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) estima que 80 milhões de pessoas se infectem anualmente em 100 países de todos os continentes, exceto na Europa. Lutinski et al. (2013) observando o tipo de criadouro, verificaram que o lixo representou a maior causa de proliferação do mosquito em todo o período avaliado. Neste sentido, a realização de georreferenciamento de pontos de acúmulo de resíduos é bastante valiosa, pois proporciona a identificação dos locais das áreas urbanas mais atingidas, indicando os locais que não possuem depósitos para disposição dos resíduos. Assim, é possível definir as áreas que são necessárias para realizar a limpeza com maior rigor e a manutenção dos sistemas de esgotos sanitários com maior eficiência. O presente trabalho objetiva identificar as áreas mais críticas de acúmulo de resíduos sólidos que podem contribuir para a geração de problemas de saúde para a população, auxiliando assim, na tomada de decisão no que diz respeito à limpeza urbana e contribuindo para uma melhoria na qualidade de vida da população. METODOLOGIA O trabalho foi realizado na zona urbana do município de Redenção que abrange uma área de 225,63 km 2, com clima tropical quente úmido e tropical quente sub-úmido. A pluviosidade média é de 1.062,0 mm com temperatura média compreendida ente 26º a 28º (IPECE, 2014). A atividade foi desenvolvida no período de 18 de maio a 10 junho com auxílio do GPS modelo GPSMAP 60csx. Foram georreferenciados 94 pontos de acúmulos de resíduos sólidos nos quais definiu-se as seguintes situações conforme ilustradas na Figura 1: PDR (presença de depósito de resíduos), SDL (sem depósito de para resíduos); RO (resíduo com/sem odor); CRP (resíduo com resto de poda de árvores); SRP (resíduo sem resto de poda); CRC (resíduo com material de construção); SRC (resíduo sem resto de material de construção).
A B C Figura 1- Ilustração das seguintes situações: locais sem depósito para colocar os resíduos (A), resíduo com materiais de poda (B), resíduo sem materiais de construções (C). A análise da dependência espacial foi realizada com o auxílio do software Surfer 13.0. Os mapas de isolinhas foram interpolados por meio do método de krigagem para visualizar e detectar a variabilidade espacial dos locais de acúmulo de resíduos sólidos e efluentes líquidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise espacial dos parâmetros estudados permitiu correlacionar o tipo e/ou condições em que os resíduos são alocados com o risco de atrair a presença de animais como o mosquito Aedes aegypti devido gerarem o acúmulo de água parada ou odores perceptíveis e atrativos a proliferação de doenças. Os resultados obtidos indicaram que a quantidade de pontos de acúmulo de lixo vem aumentando na cidade, no mapeamento feito em 2014 foram georreferenciados 56 pontos, em dois anos houve um aumento de 38 pontos. O primeiro mapa gerado refere-se ao odor que é extremamente importante por interferir diretamente na saúde pública e qualidade de vida, pois a presença ou ausência de odores propícia ou não a atração de vetores de transmissão de doenças (Figura 2A). Neste sentido, pode-se inferir que os pontos de acúmulo de lixo que apresentam odores encontram-se nas extremidades da direção noroeste, provavelmente por serem os locais de maior e melhor acesso, além do número de residências, centros comerciais e outras coisas que favorecem de igual forma o aumento da densidade populacional. Analisando o mapa referente aos pontos de depósito para lixo verifica-se que a escala que está próxima de 2 indica maior acúmulo que se refere a zona urbana de Redenção. A maioria dos locais georreferenciados indicaram que haviam depósito para colocar lixo, porém esse índice apenas remete as ruas de fácil acesso, o mesmo não acontece com os locais de difícil acesso, sem asfalto ou terrenos baldios sem muros (Figura 2B).
(A) (B) (C) (D) Figura 2 Mapas de distribuição espacial da ocorrência de resíduo com/sem odor (A), locais com/sem depósito para colocar os resíduos (B), resíduo com/sem materiais de construções (C), resíduo com/sem materiais de poda (D). Costa e Barraza (2011) também chegaram a essa conclusão visitando os bairros da cidade Mogi Guaçu. Há que se tomar uma posição em relação a isso, pois segundo Pignatti (2002), os terrenos baldios se destacaram como o terceiro tipo de imóvel com maior número de criadouros do Aedes aegypti pelo fato do lixo não coletado que geralmente é depositado pela população nessas áreas. Vale ressaltar que, em alguns locais em que apresentava percentual menor de SDL, não havia acúmulo de lixo em grande quantidade, pois, provavelmente os moradores colocam o lixo para ser coletado próximo ao horário que o carro coletor passa, porém, há necessidade de se fazer visita de monitoramento para confirmar tais resultados. Os locais de acúmulo de materiais de construção apresentaram um comportamento oposto aos locais que apresentaram odores mais intensos (Figura 2C). A maior variabilidade foi observada na direção noroeste, porém com maior acúmulo deste tipo de resíduo na região Sudeste. Isso se deve provavelmente a construção de várias infraestruturas com a implantação da UNILAB e entrada anual de novos alunos.
Na análise do mapa (Figura 2D) que engloba os lixos que tinham resto de podas de árvores ou material vegetal e os lixos que tinham não havia presença de resto de podas, observase que a maioria dos dados georreferenciados estão concentrados na coloração alaranjada escura representando assim os locais sem ocorrência de resto de podas, poucos foram os pontos em que se encontrou presença de restos de podas, isso se deve pelo fato do centro da cidade se encontrar com poucas árvores por conta disso, houve recentemente inserção de plantas nativas no reflorestamento da mesma. CONCLUSÕES O georreferenciamento dos pontos de acúmulo indicou que a quantidade de pontos de acúmulo de lixo vem aumentando na cidade. É necessária uma maior conscientização tanto dos moradores como os gestores do município, favorecendo assim uma melhoria na qualidade de vida da população. Neste sentido, o projeto de extensão Amigo Semeador promovendo saúde pública no Maciço de Baturité: cidadania, desenvolvimento urbano e geração de trabalho e renda intensificará ainda mais as ações e divulgação destes resultados para toda comunidade. AGRADECIMENTOS À equipe do Programa Semear, aos moradores dos municípios de Redenção, à UNILAB- PROEXT. REFERÊNCIAS CÂMARA, G; et al. Introdução à ciência da geoinformação. São Jose dos Campos: INPE, 2002. 186 p. COSTA, A. C.; BARRAZA LARIOS, M. R. Análise ambiental e geoespacial dos depósitos de lixos clandestinos da cidade de Mogi Guaçu. Interciência & Sociedade. Vol. 1. 2012. BARRETO, F. A. F.D; et al. Perfil básico municipal 2014 redenção. IPECE. Disponível em: http://www.ipece.ce.gov.br/perfil_basico_municipal/2014/redencao.pdf. Organização Mundial de Saúde (OMS) 1948. Conceito de saúde. Disponível em: http://www.saude.gov.br/saude.data 26. Fev. 2012. LUTINSKI, J. A; et al,. Infestação pelo mosquito Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) na cidade de Chapecó SC. Revista Biotemas, 26 (2), junho de 2013. PIGNATTI, M. G. Políticas ambientais e saúde: as práticas sanitárias para o controle do dengue no ambiente urbano. Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, 2002. p. 1-12