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Transcrição:

Países em destaque Fachada de loja no Quénia. Um ambiente de negócios robusto contribui para a diversificação económica (foto: Harry Hook/Getty Images) Países em destaque África Subsariana: Reiniciar o Motor do Crescimento 9 de maio de 2017 O crescimento na África Subsariana caiu para o nível mais baixo registado em duas décadas, referiu o FMI no seu mais recente relatório sobre as perspetivas económicas regionais para a África Subsariana. Embora alguns países, como o Senegal e o Quénia, continuem a experimentar taxas de crescimento superiores a 6%, o crescimento abrandou em dois terços dos países da região, o que fez o crescimento médio cair para 1,4% em 2016 (Gráfico 1). É de esperar uma recuperação modesta do crescimento em 2017, para 2,6%, mas o relatório refere que o ímpeto regional subjacente permanece fraco e, mantido este ritmo, o crescimento da África Subsariana continuará a ficar bem abaixo das tendências passadas de 5%-6%, e apenas ligeiramente acima da taxa de crescimento da população.

2 Por que é que o crescimento abrandou? Embora observe que muitos países sofreram os efeitos de um choque bastante substancial dos preços das matérias-primas, o relatório aponta também para o ajustamento insuficiente das políticas como uma das causas do abrandamento generalizado do ímpeto de crescimento na região. Os países mais atingidos foram os exportadores de matérias-primas e, sobretudo, os exportadores de petróleo, como Angola, Nigéria e os países da Comunidade Económica e Monetária da África Central (CEMAC). Segundo o relatório, os atrasos na aplicação de políticas de ajustamento de importância crítica estão a provocar o aumento da dívida pública, criar incertezas e adiar os investimentos, e ameaçam gerar dificuldades ainda mais graves no futuro. Estão também a emergir vulnerabilidades nos países cujas exportações não são fortemente dependentes das matérias-primas. Embora tais países como Côte d Ivoire, Quénia e Senegal tenham mantido taxas de crescimento elevadas na generalidade, já há vários anos

3 registam grandes défices orçamentais, à medida que seus governos buscam, acertadamente, colmatar os défices sociais e de infraestruturas. A consequência atual, porém, é a elevação da dívida pública e dos custos de endividamento. (Gráfico 2). Sem margem para complacência O relatório mostra também que, embora a conjuntura externa tenha se tornado mais favorável recentemente, ela deverá proporcionar um apoio apenas limitado. As melhorias recentes nos preços da matérias-primas oferecem alguma margem de manobra, mas não o suficiente para abordar os desequilíbrios existentes nos países intensivos em recursos. Os preços do petróleo, por exemplo, deverão continuar muito abaixo do nível máximo registado em 2013. Da mesma forma, a despeito da sua tendência decrescente desde o início de 2016, os custos financeiros ainda são mais altos nas economias de fronteira da região do que nos outros mercados emergentes (Gráfico 3), e poderiam sofrer um novo aperto num contexto de abrandamento da política orçamental e normalização da política monetária nos Estados Unidos. As perspetivas são também obscurecidas pela incidência de secas, pragas e problemas de segurança, segundo o relatório. O impacto da seca que atingiu parte da África Austral em 2016 está a se dissipar, mas a insegurança alimentar parece estar a crescer em partes da África Austral e Oriental que sofrem os efeitos de secas e pragas. E, mais grave ainda, uma situação

4 de fome foi decretada no Sudão do Sul e está iminente no nordeste da Nigéria, em consequência de conflitos passados e presentes. Prioridades de política para reiniciar o motor do crescimento Face a todos esses desafios, o Diretor do Departamento de África do FMI, Abebe Aemro Selassie, afirmou que decisões vigorosas de política poderiam mudar esse panorama. A África Subsariana é ainda uma região com um potencial extraordinário de crescimento a médio prazo, mas dada a perspetiva de apoio limitado da conjuntura externa, são urgentemente necessárias medidas de política interna fortes e sólidas para concretizar esse potencial, disse Selassie. E o relatório saliente três áreas prioritárias. Deve-se priorizar a ênfase renovada na estabilidade macroeconómica, para lançar as bases da viragem do crescimento. Nos países mais duramente atingidos, a consolidação orçamental é urgentemente necessária para estancar o declínio das reservas internacionais e contrabalançar as perdas permanentes de receitas, especialmente na CEMAC. Noutros casos, e sempre que possível, a maior flexibilidade cambial e a eliminação das restrições cambiais serão importantes para absorver uma parte do choque. Entretanto, nos países em que o crescimento ainda é vigoroso, será importante abordar as vulnerabilidades emergentes a partir duma posição de força.

5 A segunda prioridade é abordar as debilidades estruturais para apoiar o reequilíbrio macroeconómico. São necessárias medidas estruturais para garantir uma posição orçamental sustentável e contribuir para um crescimento mais duradouro, através de melhorias na arrecadação de impostos, reforço da supervisão financeira e solução das debilidades de longa data no ambiente de negócios que impedem a diversificação económica. A terceira prioridade deve ser o reforço da proteção social aos mais vulneráveis. O atual ambiente de baixo crescimento e intensificação dos desequilíbrios macroeconómicos ameaça reverter os progressos recentes na redução da pobreza. Os programas de proteção social existentes são muitas vezes fragmentados, mal direcionados e cobrem uma parcela reduzida da população. O relatório sugere que os recursos poupados com a eliminação de mecanismos generalizados e mal direcionados, como os subsídios aos combustíveis, poderiam ser empregados para amparar os grupos vulneráveis. Em dois estudos de base, o relatório sobre as perspetivas económicas regionais examina também a experiência da região com episódios de crescimento sustentado e os fatores que os impulsionaram, bem como o papel do setor informal na África Subsariana. Links relacionados Leia o relatório Ouça o podcast