1 DIREITO CIVIL PONTO 1: Direitos Reais PONTO 2: Da Posse PONTO 3: Do Direito Real de Propriedade 1. DIREITOS REAIS Clóvis Beviláqua conceitua: é o complexo de normas reguladoras das relações referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem.. Excetuam-se dos direitos reais os bens públicos e bens de uso especial. 1.1 Direitos Reais versus os Direitos Obrigacionais: DIREITOS REAIS Define o sujeito ativo do direito (ex: proprietário do bem) e o sujeito passivo é toda coletividade, erga omnes. São numerus clausus. Objeto são bens materiais, móveis ou imóveis. Caracteriza-se pela perenidade. DIREITOS OBRIGACIONAIS Em regra, imediatamente há a identificação do sujeito ativo e passivo da relação jurídica. São numerus apertus. Objeto é uma prestação (de dar, fazer ou nãofazer). Caracteriza-se pela transitoriedade, a efermidade. 1.2 Das Obrigações Propter Rem, Ob Rem ou Obrigações Reais É a obrigação que nasce em razão da coisa, ou seja, a obrigação acompanha a coisa. Ex: dívidas condominiais, IPTU, IPVA. 1.3 Caracteres dos Fundamentais dos Direitos Reais: a) adere imediatamente à coisa, sujeitando o titular; b) segue o seu objeto onde quer que este encontre (direito de seqüela); c) é exclusivo, não é possível instalar-se direito real onde outro já exista; d) é provido de ação real, que prevalece contra qualquer detentor da coisa; e) seu número é limitado, enquanto os direitos pessoais são infinitos. Art. 1225 do CC. São direitos reais: I a propriedade; II a superfície;
2 III as servidões ; IV o usufruto; V o uso; VI a habitação; VII o direito do promitente comprador do imóvel; VIII o penhor; IX a hipoteca; X a anticrese XI a concessão de uso especial para fins de moradia; XII a concessão de direito real de uso. Além dos direitos reais referidos, outros direitos reais podem vir a ser criados por lei. CC. A posse não é um direito real, uma vez que não está elencada no rol do art. 1225 do 1.4 Classificação a) Direitos reais sobre coisa própria b) Direitos reais sobre coisa alheia b.1) direitos de gozo e fruição: superfície, servidão, uso, usufruto, habitação, concessão de uso especial para fins de moradia e direito real de uso. b.2) direitos de garantia: hipoteca, anticrese, penhor. b.3) direito de promessa irrevogável de venda: sui generis. 2.1 Terias: 2. DA POSSE a) Teoria Subjetiva de Savigny Presente a detenção da coisa (corpus) e a vontade de tê-la para si (animus). b) Teoria Objetiva de Ihering Basta o corpus, o ânimo não é elemento essencial. Foi a teoria adotada pelo Código Civil no art. 1196. Jornada III STJ, 236: Considera-se possuidor para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida da personalidade jurídica. 2.2 Classificação da Posse
3 2.2.1 Da Posse Direta e da Posse Indireta Art. 1.197 do CC. Ex: no contrato de locação, o locatário tem a posse direta possui a coisa, enquanto o locador mantém a posse indireta. Jornada I STJ 76: O possuidor direito tem direito de defender a sua posse contra o indireto, a este contra aquele. 2.2.2 Da composse Art. 1.199 do CC. Conforme entendimento do STJ (Resp n. 136922-TO), é cabível ação possessória intentada por compossuidores para combater turbação ou esbulho praticado por um deles cercado fração de gleba comum. 2.2.3 Da Posse Justa e da Posse Injusta Art. 1.200 do CC A posse será justa quando não for: a) violenta adquirida pela força (física, moral, natural); b) clandestina às ocultas daquele que tem interesse em conhecê-la; c) precária aquela havida com abuso de confiança. Ex: caseiro. Será injusta quando for violenta, clandestina ou precária. 2.2.4 Da Posse de Boa-fé e da Posse de Má-fé. Art. 1.201 do CC A posse de boa-fé se dá quando o possuidor ignora vício, ou obstáculo que impede a aquisição da coisa. Justo título é aquele título que seria hábil a transferir o domínio, caso fosse firmado pelo verdadeiro proprietário, art. 1.201, parágrafo único do CC. Jornada IV do STJ 302: Pode ser considerado justo título para posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no CC 113. Jornada III STJ 327: É cabível a modificação do título da posse interversio possessionis na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini. 2.2.5 Da Posse e da Detenção Art. 1.198 do CC. Não tem posse aquele que se limita a deter a coisa, em nome de outro, como no caso do empregado, que cuida de um imóvel. É mero detentor. É fâmulo da posse, ou seja, servidor da posse.
Jornada IV STJ 301: É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios. 4 2.2.6 Posse Ad Interdicta e Posse Ad usucapionem O possuidor, em regra, tem posse ad interdicta, ou seja, poderá utilizar-se dos interditos possessórios (manutenção da posse, reintegração de posse ou interdito proibitório) para defender a sua posse. A posse também pode ser ad usucapionem, ou seja, posse prolongada que poderá dar causa à usucapião. 2.2.7 Posse Nova e Posse Velha Posso nova é aquela dentro de ano e dia, enquanto a velha é a mais de ano e dia. Art. 924 do CC. Na posse nova caberá liminar para as ações possessórias; na posse velha, não será lícito à parte o requerimento de liminar. 2.3 Da Aquisição da Posse Art. 1.204 do CC Teoria Objetiva de Ihering. Súmula 228 do STJ. Art. 1.205 do CC lista quem pode adquirir a posse. Posse do herdeiro art. 1784 do CC. O herdeiro tem posse e propriedade desde a abertura da sucessão, mesmo que ignore o falecimento e, ainda, independentemente da aceitação da herança. Adquire-se com as qualidades e vícios de que se revestia a posse do autor da herança. O herdeiro pode valer-se dos interdicta para a defesa de sua posse. Constituto Possessório art. 1.267 do CC. É medida excepcional, razão por que não se presume e deve ser expressamente convencionado entre as partes, ou resultar logicamente do conteúdo do contrato, por exemplo, da cláusula que preveja a conservação da posse do vendedor, a título de aluguel. Art. 1.206 do CC. Posse imemorial - ainda que os silvícolas tenham perdido a posse por longos anos, por configurar direitos indisponível, podem postular sua restituição, desde que ela, obviamente, decorra de tradicional (imemorial, antiga) ocupação, equivalente a verdadeiro pedido reivindicatório da coisa. Art. 1.207 do CC. Acessio Possessionis. A lei faculta ao sucessor singular unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. (RT 657/163). Na sucessão universal não há essa faculdade, obrigatoriamente soma o período anterior.
5 2.4 Dos Efeitos da Posse Do Direito aos Interditos Possessórios: art. 1.210 do CC. Turbação da Posse Esbulho Ameaça a posse Ação de Manutenção de Posse Reintegração da Posse Interdito Proibitório. Art. 1.210, parágrafo único do CC autoriza a autotutela Desforço imediato, incontinenti. Desforço incontinenti (autodefesa ou defesa imediata da posse) é o princípio da legítima defesa facultado tanto no caso de esbulho como no de turbação e constitui-se no uso da própria força no ato em flagrante. O desforço é pessoal e espécie de autotutela autorizada pelo sistema, de modo que não tipifica crime de exercício arbitrário das próprias razões, art. 345 do CP. Da Percepção dos Frutos Art. 1.214 e 1.215 do CC. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto durar a boa-fé, aos frutos percebidos; por seu turno, o possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tendo direito somente às despesas da produção e custeio. Da Perda e Deterioração da Coisa Art. 1.218 e 1.219 do CC. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa; o possuidor de má-fé, responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. Do Direito à Indenização quanto às Benfeitorias Art. 1.219 e 1.220 do CC. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis; enquanto ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. 2.5 Da Perda da Posse Perde-se a posse quando cessa o poder sobre o bem, embora contra a vontade do possuidor, ou seja, cessa de fato o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade, nos termos dos artigos 1.196, 1.223, e 1.224 do CC.
6 3. DO DIREITO REAL DE PROPRIEDADE O art. 1.228 do CC aduz que o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa (jus utendi, fruendi e abutendi), e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha (direito de sequela). Os parágrafos havidos no art. 1.228 do CC, decorrem do fenômeno da constitucionalização do Direito Civil, que passa pela função social da propriedade, bem como a aplicação do princípio da boa-fé. 3.1 Da aquisição da Propriedade em Geral 3.1.1 Dos Bens Móveis a) Pela Usucapião, art. 1.260 e 1.261 do CC. b) Pela Tradição/Entrega art. 1.267 do CC. c) Pela ocupação, caça, pesca, invenção ou descoberta, tesouro, especificação, comistão e adjunção art. 1.263 do CC. 3.1.2 Dos Bens Imóveis 3.1.2.1 Da Usucapião a) Usucapião Extraordinário Art. 1.238 do CC. b) Usucapião Ordinário art. 1.242 do CC. c) Usucapião Especial c.1) Rural art. 191 da CF c/c 1.239 do CC. c.2) Urbano art. 183 da CF c/c art. 1.240 do CC. 3..1.2.2 Do Registro de Título art. 1.245 e 1.2466 do CC. 3.1.2.3 Por Acessão art. 1.248 do CC.
7 3.2 Perda da Propriedade Art. 1.275 do CC: Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I - por alienação; II pela renúncia; III por abandono; IV por perecimento da coisa; V por desapropriação. 3.3 Direito de Vizinhança Principais dispositivos legais: Do uso anormal art. 1.277 do CC. Das árvores limítrofes art. 1.282, 1.283, 1.284 do CC. Da Passagem Forçada art. 1.285 do CC. Da Passagem de Cabos e Tubulações art. 1.286 do CC. Das Águas art. 1.288 do CC. Dos limites entre Prédios e o Direito de Tapagem art. 1.297 do CC. Do Direito de Construir art. 1.299, 1.300, 1.301, 1.308, 1.309 do CC.