Palavras-chave: Educação sexual, gênero, diversidade sexual, adolescência, identidade sexual.

Documentos relacionados
EDUCAÇÃO INFANTIL E A SEXUALIDADE: O OLHAR DO PROFESSOR

GÊNERO E SEXUALIDADE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES. Palavras-chave: Formação de professores. Prática pedagógica. Diversidade de gênero.

FRIDAS: UMA PROPOSTA DE GRUPO DE ESTUDOS SOBRE GÊNERO E DIVERSIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR.

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

ENSINO DE HISTÓRIA E TEMAS TRANSVERSAIS: UMA ABORGAGEM PÓS-ESTRUTUTAL A PARTIR DO EIXO NORTEADOR RELAÇÕES DE GÊNERO.

Compreender o conceito de gênero e as questões de poder implícitas no binarismo;

A SEXUALIDADE NO ÂMBITO EDUCACIONAL: UM DILEMA

A EXPERIÊNCIA DE DOIS PIBIDIANOS NO TRABALHO SOBRE GÊNERO E SEXUALIDADE DENTRO DA ESCOLA

Conceito de Gênero e Sexualidade no ensino de sociologia: Relato de experiência no ambiente escolar

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NAS LICENCIATURAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ESTADO DA PARAÍBA

ANÁLISE DOS CURRÍCULOS DOS CURSOS DE GEOGRAFIA E PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG NA BUSCA DAS QUESTÕES DE GÊNERO

Maria Santa Simplicio da Silva

HOMOSSEXUALIDADE NA ESCOLA: ELIMINANDO PARADIGMAS SOCIAIS.

O PIBID/BIOLOGIA UNIEVANGÉLICA - UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA: ABORDANDO O TEMA EDUCAÇÃO SEXUAL

A UTILIZAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA INTERATIVA PARA LEVANTAMENTO DAS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS SOBRE EDUCAÇÃO SEXUAL

Código / Área Temática. Código / Nome do Curso. Etapa de ensino a que se destina. Nível do Curso. Objetivo. Ementa.

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Pró-Reitoria de Graduação. Plano de Ensino 1º Quadrimestre de 2016

CONTRIBUIÇÕES DE UMA OFICINA SOBRE GENÊRO E SEXUALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

CORPO, SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO: MARCAS DO DESEJO NA ADOLESCÊNCIA FEMININA

DIVERSIDADE SEXUAL NA ESCOLA: ESTRATÉGICAS DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA POPULAÇÃO LGBTT NO IFPE RECIFE E NA REDE ESTADUAL DE PERNAMBUCO

PROMOVENDO EDUCAÇÃO SEXUAL NA UNIDADE ESCOLAR JOSÉ LUSTOSA ELVAS FILHO (BOM JESUS-PIAUÍ)

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 SAÚDE E CIDADANIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PROGRAMA ADOLESCENTE APRENDIZ

PERCEPÇÕES E VIVÊNCIA DE DOIS GRADUANDOS EM ENFERMAGEM E BIOLOGIA NO CONTEXTO DO ENSINO BÁSICO

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: TRABALHO PEDAGÓGICO DE PREVENÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR

EDUCAÇÃO SEXUAL: UM RETRATO HISTÓRICO DO CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESCOLA COMO ESTRATÉGIA DE PREVENÇÃO DE ISTS E GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

EDUCAÇÃO SEXUAL: UMA ANÁLISE DO CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE UBERABA

SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO: A REVISTA PRESENÇA PEDAGÓGICA EM ANÁLISE. Michelle Barbosa de Moraes 1 Márcia Santos Anjo Reis 2

PERCEPÇÃO DE ADOLESCENTES FRENTE À EDUCAÇÃO E SEXUALIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR

O RACIOCÍNIO PROPORCIONAL UTILIZADO PELOS ALUNOS DO 1 ANO DO ENSINO MÉDIO AO RESOLVER PROBLEMAS

EDUCAÇÃO SEXUAL INFANTIL: A IMPORTÂNCIA DE SE ABORDAR O TEMA NO ÂMBITO FAMILIAR E ESCOLAR

Projeto Atitude para Curtir a Vida e a importância da educação sexual no ensino fundamental

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA PROF MARIA DA GRAÇA BRANCO

A educação mundial ganhou novos rumos e contornos após a reunião da UNESCO realizada em Jontiem, Tailândia. Neste encontro fora formulado o documento

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES QUANTO AO USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONCEPÇÃO DOS DISCENTES SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DOS LICENCIANDO EM QUÍMICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

MATEMÁTICA, AGROPECUÁRIA E SUAS MÚLTIPLAS APLICAÇÕES. Palavras-chave: Matemática; Agropecuária; Interdisciplinaridade; Caderno Temático.

A CONFIGURAÇÃO CURRICULAR PARA EDUCAÇÃO SEXUAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA.

SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONCEPÇÕES DE PROFESSORAS NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB

Relato de caso: educação sexual para crianças e adolescentes.

CONVERSANDO SOBRE SEXO - EDUCAÇÃO SEXUAL PARA ADOLESCENTES DE ENSINO FUNDAMENTAL

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO SEXUAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNIÍPIO DE IPORÁ, GOIÁS, BRASIL

A RELEVÂNCIA DO LÚDICO NO ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

NUREGS NÚCLEO DE RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DE GÊNERO E SEXUALIDADE

Expressão da Sexualidade na Adolescência AS. Sexualidade. é...

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: CONCEPÇÕES E DESAFIOS

A Educação para a paz na formação de professores

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CEAD PLANO DE ENSINO

A ORIENTAÇÃO SEXUAL NO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Educação

HOMOPHOBIA NA ESCOLA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA PAUTADO EM TEMÁTICAS ATUAIS

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

QUESTÕES DE GÊNERO: A IMPORTÂNCIA DA TEMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL DE NÍVEL MÉDIO

PRÁTICAS CORPORAIS NA SAÚDE PÚBLICA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

LEI / 2003: NOVAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DA CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA.

Prfª. Drª. Eugenia Portela de Siqueira Marques

ITINERÁRIOS DE PESQUISA: POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO E PRÁXIS EDUCACIONAIS

Palavras-chave: Formação docente, Concepção didática, Licenciatura

ENSINO INTEGRAL: MELHORIAS E PERSPECTIVAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Revisão Sistemática de Literatura Científica. Adolescência, Juventude e Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil ( )

PALAVRAS-CHAVE: Currículo escolar. Desafios e potencialidades. Formação dos jovens.

A FORMAÇÃO INICIAL DO ALFABETIZADOR: UMA ANÁLISE NOS CURSOS DE PEDAGOGIA

Orientação Sexual na escola: para além dos Parâmetros Curriculares Nacionais

Formação inicial de professores de ciências e de biologia: contribuições do uso de textos de divulgação científica

ENESEB V ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE SOCIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA. 23 à 25 de julho de 2017 PAINEL/POSTER

ABORDANDO A TEMÁTICA SEXUALIDADE EM GRUPO DE ADOLESCENTES DO NUCLEO DE ATENÇÃO A SAÚDE INTEGRAL DO ADOLESCENTE (NASA) RIO DAS OSTRAS/RJ

EXPERIÊNCIAS ESCOLARES, NO ÂMBITO DA SEXUALIDADE, DE FUTUROS/AS PROFESSORES/AS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: AMBIENTES E PRÁTICAS MOTIVADORAS NO ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Apresentação: Pôster

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso Licenciatura em Matemática. Ênfase. Disciplina A - Temas Transversais em Educação

Material Para Concurso

XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática A sala de aula de Matemática e suas vertentes UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CEAD PLANO DE ENSINO

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA: CONSTRUINDO CONHECIMENTOS COM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA FUNDAMENTAL DE ENSINO

A FORMAÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE 1

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

EDUCAÇÃO SEXUAL: UMA ABORDAGEM NECESSÁRIA NO ÂMBITO EDUCACIONAL Jacineirde Gabriel Arcanjo. Paulo Ricardo dos Santos

PERSPECTIVAS DO PLANEJAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

SÉCULO XXI: O DESAFIO PARA ENSINAR

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA DO MUNICIPIO DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA SP, SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA NO ENSINO REGULAR

SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA

CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE NA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA CAMPO DO PIBID DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM CATALÃO/GO.

DIREITOS HUMANOS: A ESCOLA COMO ESPAÇO SOCIAL DE DISCUSSÃO Alan de Angeles Guedes da Silva¹

1º SEMINÁRIO ELAS NAS EXATAS: PELA EQUIDADE DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO PÚBLICA

TEENCONTREI: ONDE A GURIZADA SE ENCONTRA RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA POSSÍVEL NO ESPAÇO ESCOLAR

COMO ESTÁ SENDO INCLUSA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA/PB: O QUE DIZ PROFESSORES E ALUNOS DO 9º ANO

CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL 1 DO IPOJUCA SOBRE A IMPORTÂNCIA DE ENSINAR EDUCAÇÃO FINANCEIRA

REPRODUÇÃO HUMANA: FECUNDAÇÃO

UM PAPO SÉRIO SOBRE SEXUALIDADE 1. Professora de Ciências do Instituto Estadual de Educação Professor Osmar Poppe. 3

SUGERIDO NOS PCNS E OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. KARPINSKI, Lila Fátima 1,3, NOAL, Rosa Elena 2,3,4

A RELAÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA COM A PRÁTICA DOCENTE

NARRATIVAS DE PROFESSORES/AS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO MUNICÍPIO DE RIO GRANDE/RS

DROGAS E EDUCAÇÃO UMA RELAÇÃO PARA A VIDA

DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL: PERCEPÇÕES DE PROFESSORES E ALUNOS DO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

TECENDO OLHARES EDUCATIVOS SOBRE O RACISMO E A DISCRIMINAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR: REFLEXÕES NO ENSINO FUNDAMENTAL I

AS PERSPECTIVAS DOS ALUNOS DO 6ª ANO SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE REFORÇO EM MATEMÁTICA

EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA: UMA ABORDAGEM TEÓRICO-PRÁTICA Raíza Nayara de Melo Silva Universidade Federal de Pernambuco

Transcrição:

EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DE DISCUTIR IDENTIDADE SEXUAL E GÊNERO NA ADOLESCÊNCIA Desyrée Amanda Laport Maciel Ribeiro Dias; Emily Cabral dos Santos; Joseval dos Reis Miranda; Natália Marques da Silva Soares Universidade Federal da Paraíba dias_desyree@hotmail.com emilycabraldossantosmeireles@gmail.com josevalmiranda@yahoo.com.br nataliamarquespb@gmail.com Resumo: A educação sexual é um tema fundamental de ser trabalhado na educação básica, podendo ser abordada em uma perspectiva transversal, interdisciplinar ou dentro de disciplinas específicas. A escola é um espaço para a construção de conhecimentos e de formação dos(as) educandos(as) para a vida social. Quando se trata da sexualidade, sabemos que não existe uma fórmula pronta, não há uma receita que deve ser aplicada na vida de todas as pessoas. A sexualidade é uma construção social e plural. Entre os(as) adolescentes esta temática carece ser debatida, especialmente devido a fatores como gravidez não planejada, infecções sexualmente transmissíveis, aborto etc., todavia, as escolas têm evitado exercer seu papel de educar para a sexualidade. Na sala de aula, a sexualidade não deve ser abordada apenas por um olhar biológico-higienista como geralmente vimos, mas deve trazer também questões de gênero, identidade e diversidade sexual, no sentido de garantir espaços de questionamentos e reflexão sobre as diversas formas de construção da identidade e da sexualidade. Argumentamos que a escola deve ser um dos principais espaços para formar os/as adolescentes em relação à sexualidade, ajudando-os a tomar decisões responsáveis em relação ao sexo e à sua sexualidade. Nesta perspectiva, o trabalho tem como objetivo compreender a importância de abordar o tema educação sexual e as questões de gênero na escola. Utilizou-se como percurso metodológico um questionário online aplicado com adolescentes que fazem parte do Grupo LDRV, no Facebook, além da revisão de literaturas para melhor compreensão dos resultados obtidos. Palavras-chave: Educação sexual, gênero, diversidade sexual, adolescência, identidade sexual. Introdução Com as diversas mudanças na sociedade, surgem variações nos comportamentos relacionados à sexualidade e as diversas expressões da sexualidade passam a ser possíveis. Segundo Carvalho; Andrade; Junqueira (2009), sexualidade é a manifestação de desejos e prazeres que compreendem experiências e preferências sejam físicas ou de comportamentos de pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto ou de ambos os sexos. Desse modo, vivemos um momento de mudança e transformação dos padrões referentes ao comportamento sexual e afetivo da nossa sociedade, porém mesmo com toda diversidade sexual a nossa volta, ainda é possível observar comportamentos e atitudes que evidenciam práticas discriminatórias e violentas em diferentes âmbitos, incluindo as escolas.

Segundo Nunes (2005), o ambiente em que vivemos é sexualizado e os discursos sobre a sexualidade atravessam todos os âmbitos da nossa vida. Desse modo, percebemos que a sexualidade é inerente aos seres humanos, ou seja, perpassa por diversos âmbitos da vida de uma pessoa, sendo fundamental que possamos falar sobre a temática, a fim de desconstruir a ideia de que a sexualidade é algo que não se deve ser debatido por jovens e adolescentes, principalmente no espaço escolar. Vivemos numa cultura onde o que predomina é o patriarcado e o machismo, de acordo com Carvalho; Andrade; Junqueira (2009), gênero se constitui na organização social dos corpos, baseado nas diferenças sexuais, podendo ser entendido de modo individual como jeito de ser/parecer ou social, onde se constituem as relações de poder baseada nos valores androcêntricos, que ditam como modelo/padrão o homem, ou seja, o homem é o centro da sociedade, é o que padroniza os corpos, as linguagens, os espaços, de modo que nos baseamos a partir do sujeito homem. Quando falamos de educação sexual, o/a educador/a deve obter informações e experiências que sirvam de subsídios para atender as necessidades dos/as alunos/as, pois de acordo com o Ministério da Saúde (PCAP), os(as) adolescentes começam a sua vida sexual cada vez mais cedo, por isso é importante que eles estejam preparados para lidar com esse processo de maneira livre e consciente. A escola é uma instituição que tem a função de formar e preparar crianças e jovens para viver em sociedade. Assim como a família, ela (a escola) também tem um papel fundamental de orientar e transmitir valores, porém nem sempre é vista como um ambiente favorável para a expressão e discussão sobre as temáticas que envolvem sexualidade e gênero. Pensando nisso, este trabalho tem como objetivo compreender a importância de abordar o tema educação sexual e as questões de gênero na escola, com a finalidade de romper paradigmas, construir conceitos mais igualitários e proporcionar uma reflexão sobre aspectos relativos à abordagem desses temas na escola. Com isso, o artigo se divide em três momentos. No primeiro, falaremos sobre os conceitos de educação sexual, gênero e identidades de gênero e sexual. Em seguida, discutiremos a importância da educação sexual no âmbito escolar. Por fim, faremos a análise dos dados obtidos por intermédio de um questionário, tomando por base referenciais teóricos. Metodologia O percurso metodológico escolhido para a construção desta pesquisa se deu a partir da revisão de literaturas que discorrem sobre os temas gênero e educação sexual na escola. Para tanto, utilizamos autores/as como Nunes (2005), Furlani (2008), Louro (1997) e Bourdieu & Passeron (2009). O artigo

será embasado numa pesquisa exploratória e bibliográfica, na qual, fizemos o uso de um questionário aplicado com adolescentes, para que possamos conhecer o que eles/as pensam acerca das temáticas abordadas neste trabalho. A abordagem utilizada foi e caráter quanti-qualitativo, com o propósito de analisar e identificar as perspectivas no âmbito educacional e social envolvendo as temáticas aqui sugeridas. De acordo com Gil (2006), a pesquisa exploratória tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, a fim de formular problemas e/ou hipóteses pesquisáveis em estudos posteriores. A pesquisa bibliográfica, segundo Lakatos (1992, p. 44) pode ser considerada como o primeiro passo de toda pesquisa científica e é ela que nos dará uma melhor investigação e compreensão do objeto de estudo através da coleta material de diversos autores, por isso a importância da pesquisa bibliográfico-exploratória para este artigo. Utilizamos um questionário destinado à adolescentes de diferentes regiões do Brasil que estivessem cursando ou tenham concluído o Ensino Médio. Os/as estudantes estão presentes em um grupo chamado Grupo LDRV da rede social Facebook, com o intuito de coletar dados para esta pesquisa. O questionário contém perguntas sobre educação sexual, gênero e diversidade sexual para conhecer se e como esses temas são abordados com esse grupo. O motivo pelo qual o Facebook foi utilizado como ferramenta para coletar dados, foi o fato de que esta rede social é acessada diariamente por adolescentes, de acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil em 2013. Desse modo, compreendemos que ao aplicar o questionário online, os/as adolescentes sentirão mais liberdade em expressar sua opinião sobre os temas propostos, além de nos proporcionar uma visão mais ampla sobre a realidade de diferentes escolas brasileiras. Resultados e Discussão Os resultados e discussões são embasados na leitura acerca da temática, que nos leva entender que a nossa sociedade consiste em uma grande diversidade, seja ela sexual, social, cultural, de identidade, etc. Com isso, se faz necessário abordar esses temas em sala de aula, a fim de promover uma reflexão, tendo em vista que é comum haver a propagação do modelo hegemônico e heterormativo imposto pela sociedade, desconsiderando as diversidades que também envolvem as relações de gênero e poder existentes no cotidiano dos/as alunos/as. Nessa perspectiva, a coleta de dados se pautou em aplicar um questionário online compartilhado no Grupo LDRV, no Facebook, entre os dias 15/06/2017 e 17/06/2017. O questionário foi composto por 22 questões que tinham o intuito de saber a cidade/região, idade, gênero, orientação

sexual, como a escola aborda as questões de gênero e sexualidade, entre outras coisas. O questionário obteve até a participação de 40 adolescentes. Houve a participação de 23 meninas e 17 meninos com idade de 14 a 18 anos. 57,5% dos participantes estão cursando o Ensino Médio e 42,5% já concluíram. Segundo Junqueira (2008, p.12), nos últimos anos, em praticamente todas as regiões do mundo, temos notado uma crescente atenção em relação a questões concernentes à diversidade sexual e de gênero. Com isso, percebemos que ao passo em que essa diversidade sexual e de gênero vem crescendo, ainda é possível perceber atitudes discriminatórias, violentas e preconceituosas por parte da sociedade tradicional e moralista. Corroborando com esta ideia, Louro (1998, p. 87) afirma: são múltiplas as práticas sociais, as instituições e os discursos que cercam os sujeitos, produzindo e reproduzindo diferenças, distinções e desigualdades, ou seja, é comum na escola acontecer situações em que excluam indivíduos por meio da reprodução de atitudes discriminatórias. Para Joca (2009, p. 99): É verdade que, apesar dos avanços obtidos no campo da sexualidade, precisamos reconhecer a permanência de tabus e preconceitos em torno da sexualidade humana, especialmente aos relacionados a orientação sexual alimentados pelos diversos espaços de produção e reprodução de valores sociais e sexuais. De acordo com os dados coletados no questionário, pudemos perceber o quanto ainda é indispensável a inserção da educação sexual nas escolas. Houve a participação de jovens das regiões nordeste, sudeste, sul e centro-oeste, totalizando 40 participantes com idades entre 12 e 18 anos, sendo 23 meninas e 17 meninos, como ilustra o gráfico abaixo:

Gráfico 1: Disposição de participantes por região do Brasil Fonte: Levantamento realizado através do formulário online O gráfico apresentado anteriormente mostra a porcentagem da participação de adolescentes de acordo com as regiões do Brasil. No nordeste, adolescentes de três estados participaram, sendo eles: Paraíba com 13 participantes, Pernambuco com 5 participantes e Rio Grande do Norte com 1 participante. No Sudeste, houve a participação de adolescentes em 3 estados, sendo eles: São Paulo com 4 participantes, Rio de Janeiro com 5 participantes e Minas Gerais com 1 participante. No Sul, contamos com a part5icipação de dois estados, sendo eles: Rio Grande do Sul com 3 participantes e Santa Catarina com 2 participantes. Por fim, no Centro-Oeste, contamos com a participação de dois estados, sendo eles: Goiás com 1 participante e Mato Grosso do Sul com 1 participante, além da participação do Distrito Federal com 3 participantes No questionário, perguntamos o que eles/as sabiam sobre educação sexual e relações de gênero. Cerca de 90% das respostas obtidas indicou que eles/as vêm a educação sexual por uma concepção biológico-higienista, e a percepção que eles/as demonstraram ter sobre o que são relações de gênero são vagas e/ou equivocadas. As duas primeiras falas correspondem a pergunta sobre o que é educação sexual, e as duas últimas falas são referentes a pergunta sobre o que é relação de gênero, como vemos a seguir. Sempre é bom usar preservativos, pra não pegar doenças sexualmente transmissível e nem engravidar.

Se proteger com camisinha pra evitar doenças e não engravidar. Homem e mulher. Transar loucamente com pessoas do mesmo sexo. Segundo Jimena Furlani (2008, p. 18), a educação sexual costuma conferir ênfase na biologia essencialista (baseada no determinismo biológico) e é marcada pela centralidade ao ensino como promoção da saúde, da reprodução humana, das DSTs, da gravidez indesejada, do planejamento familiar, etc. Segundo Soares (2016, p. 2), as determinações que a sociedade estabelece para o ser homem e ser mulher chegam ao contexto escolar e tendem a ser reproduzidas pelos alunos e alunas, configurando assim as relações de gênero presentes nas escolas, no entanto pouco se é discutido acerca do tema. De acordo com Bourdieu & Passeron apud Rosendo (2009, p. 05) A ação pedagógica reproduz a cultura dominante, reproduzindo também as relações de poder de um determinado grupo social. O ensino encarnado na ação pedagógica tende a assegurar o monopólio da violência simbólica legítima. Outra questão que buscou saber se eles/as já presenciaram ou vivenciaram alguma experiência discriminatória e/ou preconceituosa na escola. Obtivemos as seguintes respostas: Sim, maioria dos alunos com os outros de outra sexualidade ou gênero. Sim, muitos ainda usam o termo "gay" como se fosse uma ofensa. Já vi um amigo meu ser tratado diferente na escola por ser gay. Para essa questão, apenas 6 respostas foram não, as 34 respostas restantes foram afirmativas sobre presenciar e/ou vivenciar situações discriminatórias e/ou preconceituosas na escola. De acordo com Costa, Joca e Loiola (2009, p. 102) Por outro lado, a escola apresenta grandes dificuldades em estabelecer relações sociais positivas com os sujeitos LGBTT s, uma vez que tem se configurado como um espaço de produção e reprodução das diferenças hierarquizadas e desiguais, tendo como base a binaridade do gênero, reafirmando, assim, as relações sociais e sexuais hegemônicas, especialmente, no âmbito das questões de gênero e da orientação sexual.

Desse modo, vemos a necessidade de abordar questões mais amplas, que tratem também a subjetividade dos indivíduos e as diversas formas de viver e expressar as sexualidades e as identidades de gênero, além disso percebemos que as relações de gênero e poder não são debatidas em sala e aula, de modo a não promover o pensamento crítico dos/das estudantes sobre o tema. Uma das perguntas presentes no questionário buscou saber se, em alguma matéria, haviam sido abordados os temas sexualidade e gênero. 17 adolescentes responderam que não e 23 adolescentes disseram que as poucas vezes que o tema se fez presente em sala, foi nas disciplinas de sociologia, história, biologia e redação. Apesar de não ser mais utilizado, os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs mostram a importância da inserção e discussão da sexualidade nas escolas, mas o que pudemos perceber com as respostas é que os professores e professoras mostraram-se despreparados para lidar com a temática, deixando de causar reflexão dos alunos e alunas às questões ligadas a sexualidade, além de não promover a transversalidade do tema com as demais matérias. A última pergunta aqui analisada pautou-se em saber se os/as adolescentes gostariam que a escola realizasse atividades, projetos e/ou gincanas sobre sexualidade e gênero. 37 adolescentes responderam que sim e 3 responderam que não. De acordo com Britzman (1998), a sexualidade nos proporciona a curiosidade em saber mais sobre nós mesmos, de modo que tenhamos consciência do nosso direito ao prazer, a questionamentos e a informação adequada. Podemos perceber, assim, a necessidade que os/as adolescentes têm em receber da escola momentos que promovam um pensamento crítico e debates sobre a sexualidade envolvendo diferentes abordagens. A escola tem o dever de promover a educação sexual de forma plural, ou seja, focando não apenas no biológico, mas também nas questões de gênero e diversidade sexual. Conclusão Podemos dizer que a sexualidade se manifesta na escola através de brincadeiras, rodas de conversas, escritos nos banheiros, carteiras, etc. desse modo, a escola tem o papel de formar sujeitos, além de ter a responsabilidade de tratar questões que promovam a desconstrução de preconceitos com livre orientação e expressão sexual. De acordo com os dados coletados, percebemos que ainda há muito o que discutir e trabalhar em questão de gênero e sexualidade nas escolas. Percebemos, ainda, que existem dificuldades por parte dos docentes ao trabalhar esses assuntos em sala de aula, e isso se dá, talvez, por lacunas na formação destes profissionais, o que nos mostra o quão relevante é estudar essa temática durante nossa formação. Enfatizamos que se devem ter mais disciplinas que tratem as questões de gênero e

sexualidade nas matrizes curriculares das licenciaturas em geral, pois chegamos à conclusão que estudos e pesquisas nesta área da educação são de suma importância para obtermos dados, sobre como essas questões estão sendo trabalhadas nas escolas e destacamos ainda, o quão é fundamental a formação continuada dos/as professores/as tendo em vista a necessidade de ampliar o conhecimento desses/as profissionais para oferecer educação sexual aberta para a diversidade no espaço escolar. Referências BOURDIEU, P.; PASSERON, J.C. A reprodução: Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Recensão: ROSENDO, Ana Paula. (Org). Covilhã: LusoSofia, 2009. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural e orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Secretária de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Pesquisa de conhecimentos, atitues e práticas na população brasileira. Brasília: MS/SVS, 2011. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_conhecimentos_atitudes_praticas_populacao_b rasileira.pdf BRITZMAN, Deborah. Sexualidade e cidadania democrática. In: Luis Heron da Silva (Org.). Educação cidadã no contexto da globalização. Petrópolis: Vozes, 1998. JOCA, A. M. Educação escolarizada e diversidade sexual: problemas, conflitos e expectativas. In: COSTA, A.H.C.; JOCA, A.M.; LOIOLA, L.P (Orgs). Desatando nós: fundamentos para a práxis educativa sobre gênero e diversidade sexual. Fortaleza: Edições UFC, 2009. FURLANI, Jimena. Abordagens contemporâneas para a educação sexual. In: FURLANI, Jimena (Org.). Educação sexual na escola: equidade de gênero, livre orientação sexual e igualdade étnicoracial numa proposta de respeito às diferenças. Florianópolis, UDESC, 2008, p. 18-42. JUNQUEIRA, Rogério Diniz. Corpos, gêneros e sexualidades na escola: por uma educação promotora do reconhecimento da diversidade sexual e de gênero In: RIBEIRO, Paula Regina Costa; RIZZA, Juliana Lapa; MAGALHÃES, Joanalira Corpes; QUADRADO, Raquel Pereira (Orgs.). Educação e sexualidade: identidades, famílias, diversidade sexual, prazeres, desejos, homofobia, AIDS. Rio Grande, Editora da FURG, 2008, p. 12-26. LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997. NUNES, César Aparecido. Desvendando a sexualidade. 7. Ed. Campinas, SP: Papirus, 2005.

SOARES, N.M.S. Violência de gênero no ensino médio: análise do comportamento dos/das alunos/as e professores/as. Anais III Conedu, v. 1, 2016, ISSN 2358-8829. Disponível em: <http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/trabalho_ev056_md1_sa1 1_ID7551_15082016120407.pdf>. TIC Online Brasil. Disponível em: <http://cetic.br/tics/usuarios/2013/total-brasil/c5/>.