Viver com afasia Implicações na qualidade de vida Autores: Luís Jesus, University of Aveiro Madeline Cruice, City University London Palestrante: Terapeuta da Fala Docente na Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto (ESTSP-IPP), Portugal Membro do CATs, Societal Reintegration Group Membro do Speech, Language and Hearing Laboratory abp@eu.ipp.pt brigidapatricio@gmail.com Portugal, 10 de Outubro de 2015 Afasia na vida das PCA Perturbação da linguagem e comunicação causada por lesão cerebral adquirida Impacto psicossocial: Participação nas actividades de vida diária Actividades sociais - isolamento social Humor (sintomatologia depressiva) Mudança de papéis Dependência de outros A afasia interfere com os aspectos da qualidade de vida (QV) da pessoa com afasia (PCA) 1
Qualidade de vida A QV resulta da percepção do indivíduo acerca da sua posição na vida, tendo em conta a sua cultura, o seus sistema de valores, os seus objectivos, expectativas, padrões e preocupações. (OMS, 1998) Objetivo Determinar a influência das alterações da comunicação na QV das pessoas com afasia (PCA) Determinar a influência das alterações da comunicação nas relações sociais (RS) das PCA 4 2
Método Estudo transversal descritivo, correlacional (e comparativo) Amostra: N=25 PCA Instrumentos utilizados: World Health Organization Quality of Life Bref (WHOQOL-Bref) Center for Epidemiologic Studies Depression Scale (CES-D) Mini-Mental State Modificado (MMSM) Bateria de Avaliação de Afasia de Lisboa (BAAL) Frenchay Activities Index (FAI) Barthel Index (BI) Communicatin Disability Profile (CDP) 5 Dados sociodemográficos (N=25) Amplitude Média ± DP Idade 20-71 54.00 ± 14.90 n Percentagem (%) Género Masculino 13 52.00 Habilitações Literárias Feminino 12 48.00 Iliterado 1 4.00 1-4 anos 6 24.00 5-6 anos 4 16.00 7-9 anos 5 20.00 10-12 anos 6 24.00 Universidade 3 12.00 Pós-graduado 0 0.00 6 3
Dados sobre o AVC e sobre a afasia (N=25) n Percentagem (%) Défice motor Hemiparésia 16 64.00 Sensibilidade 2 8.00 Sem comprometimento 7 28.00 Tipo de afasia Anómica 6 24.00 Condução 6 24.00 Broca 6 24.00 Transcortical motora 7 28.00 Amplitude Média ± DP Coeficiente de afasia 42.50-97.60 71.35 ±16.80 Tempo pós-avc (meses) 4-148 26.68 ± 31.79 7 Média da QV e dos domínios da vida (N=25) N Amplitude Média Desvio padrão QV 25 0-75 41.00 27.37 Domínio físico 25 14.29-89.29 50.71 23.12 Domínio psicológico 25 16.67-87.50 53.00 23.31 Domínio das RS 25 0-91.67 50.67 25.90 Domínio do ambiente 25 18.75-87.50 57.38 18.24 QV entre má e nem boa nem má Nem satisfeitos nem insatisfeitos com as suas RS 8 4
QV correlacionada com: Estado emocional (ρ=-0.56, p=0.003) Escolaridade (ρ=0.46, p=0.021) Atividades BI (ρ=0.55, p=0.005), Atividades FAI (ρ=0.68, p=0.000), Atividades CDP (ρ=-0.73, p=0.000) Participação (ρ=-0.77, p=0.000) RS correlacionadas com: Estado emocional (ρ=-0.42, p=0.037) Atividades BI (ρ=0.45, p=0.025) Atividades FAI (ρ=0.60, p=0.001) Atividades CDP (ρ=-0.67, p=0.000) Participação (ρ=-0.71, p=0.000) Preditores da QV: Participação (55%) Estado emocional (63%) Participação (47%) Idade (58%) Preditores das RS: 9 QV e RS não são influenciada por: Idade Sexo Nível socioeconómico Estado civil Ocupação Saúde Cognição Comprometimento motor Tempo pós-lesão cerebral Etiologia da afasia Severidade da afasia Escolaridade (apenas para as RS) 10 5
PCA (N=25) Cuidador (N=25) População em geral (N=255) Média Média Média QV 41.00 63.00 71.81 Domínio físico 50.71 68.86 76.09 Domínio psicológico 53.00 66.83 74.44 Domínio das RS 50.67 58.67 73.69 Domínio do ambiente 57.38 59.38 66.30 QV significativamente pior que a dos Portugueses em geral e que a dos seus cuidadores PCA significativamente menos satisfeitas com as RS que a população em geral; sem diferenças em relação aos cuidadores 11 Discussão e Conclusão Afasia tem um impacto negativo na QV e nas RS das PCA QV significativamente pior que a dos Portugueses em geral (Patrício, Jesus, Cruice & Hall, 2014) e que a dos seus cuidadores (Patrício, Jesus & Cruice, no prelo) QV diminuída (Bose et al., 2009; Hinckley, 1998; Manders et al., 2010; Ribeiro, 2008; Ross & Wertz, 2002, 2003) Níveis de satisfação mais baixos que a população em geral em todos os domínios (Manders et al., 2010; Ribeiro, 2008; Ross & Wertz, 2002, 2003) (Patrício, Jesus, Cruice & Hall, 2014) PCA estão significativamente menos satisfeitas com as suas RS que a população em geral (Patrício, Jesus, Cruice & Hall, 2014); sem diferenças em relação aos cuidadores (Patrício, Jesus & Cruice, no prelo) Estado emocional, atividades e participação são muito importantes para a QV e para as RS (Brown et al., 2010; Cruice et al., 2006; Cruice et al., 2010; Cruice et al., 2003; Hilari et al., 2003) 12 6
Implicações para a prática clínica Focar a avaliação e a intervenção nos aspetos importantes da vida Identificar fatores que interferem com a participação e atividades da PCA Avaliação e aconselhamento psicológico, encaminhamento para profissionais adequados Negociar prioridades e métodos de intervenção com a equipa e com a instituição 13 abp@eu.ipp.pt brigidapatricio@gmail.com 14 7